domingo, 26 de julho de 2020

Fraqueza


A Alegria da Fraqueza

Daniel Lima
Basta ouvir alguns relatos e elogios sobre líderes cristãos para perceber como nosso “ideal” é alguém forte, visionário, criativo, resistente, humilde, sensível, “homem de Deus” – em resumo, a imagem da perfeição. É verdade que muitos aparentam ser exatamente isso. E também é verdade que muitos, além de aparentar, possuem várias qualidades, tanto inatas como cultivadas. Eu pessoalmente agradeço a Deus pelos líderes fortes, visionários, dispostos, criativos, sensíveis, determinados, organizados e devotos que conheci.
No entanto, a totalidade dos cristãos que eu conheço e com quem tive o privilégio de caminhar me mostra uma outra realidade. Uma realidade que está mais próxima de quebrar o coração do que de inspirar imitação. Na semana passada partiu para casa o conhecido teólogo cristão J. I. Packer. Em um dos seus últimos textos, li seu testemunho de como o avanço da idade nos faz lembrar de nossa fraqueza, de como somos limitados. Ao final ele afirma: “A fraqueza é o caminho!”. Refleti um pouco sobre isso e acredito que precisamos falar da alegria da fraqueza.
Quando pensamos em um líder forte e competente, pensamos em alguém que sabe, que é capaz, que tem uma visão clara e que caminha com segurança conduzindo sua igreja ou organização. Misturamos nesta imagem algumas virtudes como humildade e devoção, mas não fraqueza. Fraqueza parece desqualificar, pois parece que – mesmo com as virtudes cristãs – o líder deve ser forte. Com certeza, uma fraqueza que é fruto de desinteresse, egoísmo e falta de dedicação desqualifica, mas os líderes sobre os quais lemos na Bíblia eram homens e mulheres fortes apenas em sua dependência de Deus. Eram resistentes, sim, mas à tendência humana de autonomia; eram visionários devido à sua compreensão do que Deus estava revelando. Em resumo, eram fortes ao reconhecer sua fraqueza e ao caminhar na dependência de Deus.
Pensem comigo: Abraão entregou sua esposa para salvar sua vida; Jacó era um enganador; José, um filho mimado; Moisés, em um acesso de raiva, perdeu a chance de entrar na terra prometida; Davi era adúltero e assassino; Pedro negou conhecer Jesus para salvar sua pele; Tomé duvidou; Timóteo lutava com timidez e hesitação. O apóstolo Paulo é quem nos ensina com mais clareza a alegria da fraqueza em 2Coríntios 12.7-10:
Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco, é que sou forte.
No verso 10, Paulo afirma: “... regozijo-me nas fraquezas...”. Como pode alguém se regozijar em fraqueza? A fraqueza em si não é motivo de regozijo, mas sim a graça da qual podemos depender somente quando nos damos conta de nossa fraqueza. Se confio e dependo de minha força, estou sempre com medo do próximo teste, se serei forte o suficiente para o próximo desafio, se serei competente, enfim, se eu vou conseguir. Quando me dou conta de minha fraqueza e confio na força de Deus, posso descansar e me alegrar que Ele é o responsável pelos resultados.
Quem assume que não pode mudar sua própria vida, e que só Deus pode restaurá-la, admite que sua alegria, sua esperança, está no Todo Poderoso.
Seguindo o mesmo raciocínio, o ministério cristão chamado Celebrando Restauração ensina, como primeiro passo para uma experiência de transformação, reconhecer que minha vida está fora de controle (Romanos 7.18). Isso não significa uma isenção de culpa, mas um reconhecimento de culpa e de incapacidade de controlar minha própria vida. O passo seguinte é assumir que apenas em Deus posso ser restaurado (Filipenses 2.13). Isso não significa uma atitude derrotista e entreguista, mas sim uma dependência ativa e cheia de fé. Quem assume que não pode mudar sua própria vida, e que só Deus pode restaurá-lo, admite que sua alegria, sua esperança, está no Todo-Poderoso; em contrapartida, quem acha que tem controle sobre si mesmo e que sem Deus pode conseguir alguma transformação ainda está preso à sua arrogância e autonomia.
Deus, em sua misericórdia, permite que encaremos nossa fraqueza de modo coletivo com uma pandemia mundial e de modo individual com os vários desafios e mesmo tragédias em nossas vidas. Se nada mais, o tempo e a idade nos farão enfrentar a fraqueza. Minha oração por você e por mim é que encontremos a alegria de Paulo que afirma “quando sou fraco, é que sou forte”. Assim, viveremos nesta vida com mais leveza e misericórdia para com os fracos (ou seja, toda a humanidade) e mais prontos para buscar a Deus em nossa fraqueza!

A CIDADE DO CÉU - Luciano Subirá

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Falsas Esperanças


Cuidado com falsas esperanças

Daniel Lima
No clássico livro de ficção de George Orwell, A Revolução dos Bichos, o autor descreve eventos em uma fazenda em que os animais se rebelam contra o fazendeiro e o expulsam. A partir daí, os próprios bichos implantam uma democracia em que todos seriam iguais. Infelizmente os porcos, ajudados pelos cães, começam a explorar os demais animais, enganando-os para ganhar mais e mais poder. Uma das tramas descreve o cavalo Sansão, que trabalha muito duro pela comunidade, crendo cegamente na promessa de que logo poderá se aposentar e viver confortavelmente no pasto. No entanto, quando ele adoece de tanto trabalhar, os porcos prometem levá-lo a um hospital veterinário. Quando o “hospital” vem buscá-lo, um dos animais lê na lateral do caminhão: “Matadouro de Cavalos, Fabricante de Cola... Peles e Farinha de Ossos. Fornece para Canis”.[1] Os porcos explicam que o hospital comprou o caminhão do matadouro e esqueceu de trocar a placa. E, mesmo que após alguns dias os porcos anunciem que Sansão morreu no “hospital”, os demais animais respiram aliviados, pois, segundo o autor, “eles nunca perderam a esperança”.
A obra é uma clara crítica a qualquer sistema totalitário, em especial ao comunismo. No entanto, apesar do estilo um tanto deprimente, o autor aponta com muita propriedade como somos suscetíveis a falsas esperanças. Na obra, o cavalo Sansão trabalhou até adoecer pela esperança de uma aposentadoria confortável; ao nosso redor, homens e mulheres correm desesperadamente atrás daquilo que, esperam eles, vai lhes trazer felicidade. Um dos amigos de Jó afirmou:
Esse é o destino de todo o que se esquece de Deus; assim perece a esperança dos ímpios. Aquilo em que ele confia é frágil, aquilo em que se apoia é uma teia de aranha. (Jó 8.13-14)
O ser humano precisa de esperança. Provérbios 13.12 afirma: “A esperança que se retarda deixa o coração doente, mas o anseio satisfeito é árvore de vida”. Sabendo dessa necessidade humana por esperança, o mercado das falsas esperanças prospera o tempo todo. Basta olhar um comercial ou as promessas de qualquer ideologia. Muitos, alguns até mesmo depois de se tornarem discípulos de Cristo, cedem às tentações das falsas esperanças. Não é sem razão que Paulo nos alerta em Efésios 5.6: “Ninguém os engane com palavras tolas...”.
O que marca uma falsa esperança? Deixe-me alistar pelo menos alguns princípios:
  1. Qualquer ideia que ignore a Deus. É comum vermos cristãos se aliando a ideologias e partidos que têm como base uma oposição a Cristo. Qualquer esperança que exclua Deus é – sem exceção – uma falsa esperança.
  2. Qualquer ideia que exalte a natureza humana. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Somos o ápice da criação, mas ao mesmo tempo estamos condenados sob a ira de Deus. Por isso nossa esperança deve incluir a salvação em Cristo.
  3. Qualquer ideia que conceda a alguém ou a um grupo o direito de decisões absolutas. A história está repleta de indivíduos que foram elevados à condição de salvadores ou de líderes absolutos. O resultado final sempre foi tragédia e abuso.
O que então marca uma esperança verdadeira? Podemos começar com a passagem que o apóstolo Pedro escreve em 1Pedro 3.15-16:
Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.
Esperança verdadeira começa com santificar (consagrar) Cristo como Senhor em teu coração. Não há esperança verdadeira sem Cristo. Todas as outras esperanças são falsas ou passageiras; em resumo, não dá para “apostar” sua vida nelas. Por isso somos chamados a estar sempre prontos a explicar por que nossa esperança está em Cristo. O verso seguinte dá uma séria indicação de como devemos defender nossa esperança. Não somos chamados a defendê-la com desrespeito ou com hostilidade. Não somos chamados a uma Jihad (guerra santa islâmica). Nosso discurso, nossas ações, a defesa de nossa fé devem imitar a atitude de Jesus – que foi mansa e cheia de amor. Se cremos que somos discípulos de Cristo, somente agindo como ele agiu vamos promover seu nome, seu reino vindouro. Infelizmente, temos ouvido muito discurso de ódio de não cristãos. É trágico, mas revela seus corações. O que deve nos surpreender e espantar é discurso de ódio vindo daqueles que se dizem cristãos. Cuidado para que “ninguém os engane com palavras tolas”!
Quero concluir copiando a oração de Paulo em Romanos 15.13: “Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo”.

Nota

  1. George Orwell, A Revolução dos Bichos: Um conto de fadas (São Paulo: Companhia das Letras, 2007), p. 97.

sábado, 18 de julho de 2020

Insegurança Política


Da Insegurança Política à Certeza Profética

Norbert Lieth
O poder mundial é limitado pela impotência humana. A onipotência é ilimitada em virtude da autoridade divina. Ou, como diz a Bíblia: “O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração por todas as gerações. Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança” (Sl 33.10-12).

Da insegurança política

A insegurança das nações reflete-se hoje em muitas áreas:
  • nas discussões políticas sobre as mudanças climáticas: a única certeza, sempre manifestada por unanimidade, é a concordância em marcar a próxima reunião.
  • na economia: há orgulho por causa do progresso, enquanto grandes bancos quebram e perdem bilhões.
  • na instabilidade militar: a Guerra Fria volta a tomar forma.
  • na mente das pessoas: a espiral de toda sorte de perturbações emocionais aumenta de forma crescente. Os psicoterapeutas prosperam.
  • nas questões religiosas com relação à pergunta sempre relevante: O que é a verdade?
As negociações entre Israel e os palestinos são constantemente apresentadas como perspectivas de se chegar a uma “paz justa” no mundo. O então presidente George W. Busch afirmou durante a conferência de paz de Annapolis: “Queremos estabelecer o fundamento de uma nova nação, de um Estado palestino democrático, que possa conviver com Israel em paz e segurança”.[1] Apesar de todas as declarações positivas, a realidade é outra, e a Bíblia não deixa dúvidas sobre o que virá: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1 Ts 5.3).
Os esforços humanos, por mais bem intencionados que sejam, encontram barreiras praticamente intransponíveis. Um comentário da revista alemã Stern revela esse desamparo diante das grandes questões da humanidade: “No Ocidente, hoje mais do que há algumas décadas, vê-se com mais clareza que a política e a ciência estão sendo exigidas além de suas capacidades no esforço para se criar um mundo justo”.[2] O povo de Israel sempre sofreu decepções quando confiou em homens e na política mundial. O fato desse povo ainda existir deve-se apenas ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, graças às promessas que Ele lhe fez. Essas promessas, registradas na Sua Palavra, são o penhor de que o futuro dessa nação tão atacada está assegurado. Mas Israel não encontrará segurança real enquanto não se voltar de todo o coração para seu Messias, Jesus. Alguém disse com razão: “Não precisamos de um programa, precisamos de uma pessoa”. E essa Pessoa é Jesus Cristo, “o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes” (1 Pe 3.22).

Não é só o mundo como um todo e Israel como nação atacada que se ressentem da falta de segurança. Essa insegurança está aninhada nos corações dos homens individualmente.
Mas não é só o mundo como um todo e Israel como nação atacada que se ressentem da falta de segurança. Essa insegurança está aninhada nos corações dos homens individualmente, e nós, cristãos, temos toda a razão em buscar – e achar – a segurança que a Palavra de Deus nos concede.

Segurança profética

Estaremos nos baseando no livro de Isaías ao analisarmos o tema desta mensagem. Isaías é o legítimo “evangelista” dentre os profetas. Seu livro também costuma ser chamado de Bíblia em formato reduzido:
• O livro de Isaías tem 66 capítulos, e a Bíblia tem 66 livros.
• O livro de Isaías tem duas partes principais, escritas pelo mesmo autor – a Bíblia também tem duas partes, inspiradas pelo Espírito Santo.
• Os primeiros 39 capítulos de Isaías têm como tema central o juízo divino sobre os pecados. Os 27 capítulos da segunda parte falam mais de graça e restauração; essa parte também é chamada de “grandiosa poesia messiânica”. A Bíblia, por sua vez, tem 39 livros do Antigo Testamento, muitas vezes falando do juízo. E ela tem 27 livros do Novo Testamento, cujo tema central é a graça de Deus.
• O livro de Isaías é citado ou mencionado mais de 210 vezes no Novo Testamento – apenas os capítulos 40 a 66 por mais de 100 vezes. [3]
Os 27 capítulos da segunda parte de Isaías harmonizam-se surpreendentemente com os livros do Novo Testamento. Isso não pode ser mero acaso. Vejamos alguns exemplos:
• Isaías 40 é o primeiro capítulo da segunda parte do livro; corresponde ao 40º livro da Bíblia, ou seja, ao primeiro livro do Novo Testamento (Evangelho de Mateus). Está escrito: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se manifestará e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse” (Is 40.3-5).
Em contraposição, lemos no Evangelho de Mateus: “Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Mt 3.3). Isso refere-se a João Batista. E no Evangelho de João está escrito:“...vimos a sua glória...” (Jo 1.14).
• Isaías 44 corresponde ao 44º livro da Bíblia, que é Atos dos Apóstolos: “Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes; brotarão como a erva, como salgueiros junto às correntes de águas. Um dirá: Eu sou do Senhor; outro se chamará do nome de Jacó; o outro ainda escreverá na própria mão: Eu sou do Senhor, e por sobrenome tomará o nome de Israel” (Is 44.3-5). Essa é uma maravilhosa indicação do tema central de Atos dos Apóstolos: o derramamento do Espírito Santo, as primeiras conversões e a mudança de rumo dos gentios, voltando-se para o Deus de Israel.
• Em Isaías 45 prenuncia-se o 45º livro da Bíblia, que á a Carta aos Romanos. Nesse capítulo do livro de Isaías a palavra “justiça” é salientada de forma especial, pois aparece seis vezes. Também se menciona que Israel será salvo (v.25). Isso corresponde com exatidão ao assunto da Carta aos Romanos.
• Na seqüência, Isaías 49 corresponde à Carta aos Efésios. Nesse capítulo vemos a salvação sendo oferecida também aos gentios e a declaração de que o Senhor foi dado como luz para os gentios (vv.1,6). Este é exatamente o tema da Carta aos Efésios: os gentios sendo incorporados à Igreja dos salvos (Ef 2.16-18; 3.5-6).
O rolo de Isaías com seu texto completo foi encontrado em Qumran em 1947. Esse achado foi datado como sendo do segundo século antes de Cristo, confirmando que essa escritura é inspirada por Deus em sua totalidade.
Outro tema é descrito assim: “Tirar-se-ia a presa ao valente? Acaso, os presos poderiam fugir ao tirano? Mas assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao valente, e a presa do tirano fugirá, porque eu contenderei com os que contendem contigo e salvarei os teus filhos” (Is 49.24-25). Comparemos essas palavras com Efésios 4.8: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens”. Jesus tomou a presa do valente e tirano, que é o Diabo, e deixou os cativos livres. Nenhum crente continua sendo uma presa da morte.
• Isaías 66 corresponde ao último livro da Bíblia, que é o Apocalipse. “...porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is 66.22). O tema do Apocalipse é a introdução no novo céu e na nova terra: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (Ap 21.1-2).
O rolo de Isaías com seu texto completo foi encontrado em Qumran em 1947. Esse achado foi datado como sendo do segundo século antes de Cristo, confirmando que essa escritura é inspirada por Deus em sua totalidade. Os rolos de Qumran foram descobertos justamente na época da fundação do Estado de Israel, o que deixa transparecer uma óbvia direção divina, e o texto de Isaías recebeu muito destaque nesse achado de inestimável valor histórico. Tudo leva a crer que o Deus de Israel estava querendo estabelecer um sinal. E o que isso significa para você, pessoalmente? Significa que você pode contar com esse Deus, que pode entregar sua vida a Ele e olhar para o futuro confiando nEle!
Baseados em Isaías 40 e 41, examinemos a confiança que Deus oferece. Mas prestemos atenção a um fato: as profecias de Isaías têm um cumprimento duplo, pois retratam juntamente a primeira e a segunda vinda de Jesus.

O duplo sofrimento e o duplo consolo

“Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados” (Is 40.1-2). Quando a iniqüidade de Israel estará perdoada, quando Israel receberá o perdão por seus pecados? Depois que Jerusalém receber em dobro das mãos do Senhor. Então o Senhor voltará a Sião para afastar de Israel a sua impiedade (veja Rm 11.25; Ez 36.33).
Jerusalém suportou uma dose dupla: o cativeiro babilônico e o cativeiro romano (em 70 d.C.), a destruição do primeiro Templo e a destruição do segundo Templo. Duas vezes Jerusalém foi consolada: uma vez por ocasião do retorno do cativeiro babilônico sob Zorobabel e Esdras (veja Zc 4; Ag 2), e pela segunda vez no retorno do cativeiro mundial, da volta da Diáspora (Dispersão) no fim dos dias (em 1948); agora, a Igreja deveria assumir esse consolo.
No passado, tratava-se da primeira vinda de Jesus, que João Batista anunciava no espírito de Elias; hoje trata-se de Sua volta, que a Igreja apregoa.
No passado, tratava-se da primeira vinda de Jesus, que João Batista anunciava no espírito de Elias; hoje trata-se de Sua volta, que a Igreja apregoa (veja Is 40.3-5). No passado, Jesus veio em humildade; apenas uma única vez Jesus deixou entrever Sua glória, o que aconteceu no monte da Transfiguração (veja Jo 1.14; Mt 17.1,13; 2 Pe 1.16-18). Ele não voltará em humildade, mas em poder supremo e glória majestosa (veja Mt 24.30).

O caminho para o retorno do Senhor em glória

A volta de Cristo se anuncia em diversas etapas:
1. O contraste entre a insegurança dos povos e a segurança da eterna Palavra de Deus torna-se cada vez mais evidente (veja Is 40.6-8). Essa Palavra é retomada por Pedro, que a aplica a nosso tempo e à Igreja (veja 1 Pe 1.23-25).
2. O Arrebatamento da Igreja se delineia (veja Is 40.9-11). De Sião partiu originalmente a boa-nova do Evangelho (v.9). Ao próprio Israel precisa-se anunciar hoje: “Eis aí está o vosso Deus!” (v.9). Ele não decepciona jamais! O Arrebatamento está às portas. “Eis que o Senhor virá com poder...” (Is 40.10). Em outras palavras, Jesus voltará em glória (veja Mt 24.30). “...e o seu braço dominará” (Is 40.10). Isso significa o domínio do Messias, Ele é o braço de Deus em ação. “...eis que o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa” (v.10).Que galardão, que recompensa é essa? É a Igreja de Jesus, já arrebatada, que voltará com Ele em glória, sendo ela o penoso fruto do trabalho de sua alma (veja Is 53.12; 2 Ts 1.7; Ap 19.11ss.). Depois de Sua volta em poder e glória junto com Sua Igreja, o Messias apascentará Seu povo como Bom Pastor (veja Is 40.11).
3. A Grande Tribulação se anuncia (veja Is 40.15-17). Ao ler uma passagem assim, muitos acusam a Deus de lidar cruelmente com a humanidade. Em seu orgulho cego e sua rejeição da vontade de Deus, essas pessoas não percebem que é Deus quem as acusa. Nações são como um grãozinho de pó para Ele. O que o homem imagina que é? Deus deixará as nações consternadas por causa de seu orgulho; não apenas as ilhas, mas até os céus e a terra serão abalados (veja Hb 12.26-27). A insegurança que se avizinha assumirá proporções nunca vistas. Catástrofes naturais se multiplicarão, ameaças de guerra aumentarão, a economia experimentará novas e profundas quedas, a paz e a segurança anunciadas para a região de Israel se converterão no contrário.

A segurança do Deus incomparável


A insegurança que se avizinha assumirá proporções nunca vistas. Catástrofes naturais se multiplicarão, ameaças de guerra aumentarão, a economia experimentará novas e profundas quedas, a paz e a segurança anunciadas para a região de Israel se converterão no contrário.
“Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com ele?” (Is 40.18). Israel busca segurança em muitos e muitos lugares por ter perdido de vista a segurança do incomparável Deus. Mas apenas no Deus único e verdadeiro, o Deus que escreveu a profecia e se revelou em Jesus, o homem encontra seu alvo. E precisamos dessa segurança mais do que nunca!
Israel é eleito: “Os países do mar viram isto e temeram, os fins da terra tremeram, aproximaram-se e vieram” (Is 41.5):Insegurança. “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo” (Is 41.8): Segurança. A eleição de Israel baseia-se na amizade de Deus com Abraão (veja Tg 2.23) e encontra seu ponto máximo no Servo Jesus Cristo. Por isso, Deus não termina Sua amizade, pois não é como nós, seres humanos, como os políticos do mundo (veja Gl 3.17). Existe algo melhor do que ter a Deus como amigo? Se Ele é por você, quem será contra você? Nem mesmo a morte pode separá-lo do Senhor (veja Rm 8.37-39). Jesus diz: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14).
A amizade fiel de Deus ficou provada: “tu, a quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei” (Is 41.9). Primeiramente, Deus conduziu Seu amigo Abraão das extremidades da terra (de Ur na distante Caldéia) até Canaã e prometeu-lhe a terra por possessão eterna (veja Gn 17.8). O profeta Isaías não limitou sua declaração a Abraão, Ele a estendeu profeticamente até a volta final da última semente de Abraão, que é o povo judeu. Esse é o sentido da profecia para Israel e o contexto do livro de Isaías. Por isso, Isaías fala no plural: “que eu tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos... eu te escolhi,e não te rejeitei...”. Abraão, afinal, não veio das extremidades da terra nem dos seus recantos mais remotos – seus descendentes, sim. É o que vemos acontecendo há algumas décadas (veja Dt 30.4ss.). Essas gerações que descendem de Abraão não foram rejeitadas; por isso elas existem! O fato de Israel existir novamente como Estado é uma prova visível da fiel amizade de Deus com Abraão (veja Gl 3.17).
Israel não teria motivos para temer: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10). Essa conclamação a não temer é repetida nos versículos 13 e 14. o profeta antevê que seu povo sentirá medo repetidamente, até nos tempos finais; a história o confirma. É medo da opressão, do abandono, do isolamento e da insegurança. Por isso, as repetidas respostas de Deus a esses temores de Seu povo. Aqui, em Isaías, a segurança que vem de Deus ergue sua voz e fala para a situação de insegurança de Israel.
“tu, a quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei” (Is 41.9)
Existem seis razões porque no futuro o remanescente crente de Israel não precisará temer. E essas razões são melhores do que o exército israelense, a política, a ONU, os EUA ou a UE:
1. “eu sou contigo”.
2. “eu sou o teu Deus”.
3. “eu te fortaleço”.
4. “e te ajudo”.
5. “e te sustento”.
6. “com a minha destra fiel”.
Essas razões são concretizadas pelo Messias de Israel, que é Jesus Cristo. Ele é a destra fiel, e por Sua morte e ressurreição trouxe justiça. Em Sua volta reside a garantia de segurança para Israel. Podemos tomar essa promessa pessoalmente, aplicando-a à nossa própria vida.
As nações, essas sim, têm motivos para temer. “Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão. Aos que pelejam contra ti, buscá-los-ás, porém não os acharás; serão reduzidos a nada e a coisa de nenhum valor os que fazem guerra contra ti. Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo” (Is 41.11-13). Leon de Winter escreveu: “Os países islâmicos jamais poderiam aceitar o Israel de hoje como seu igual... Israel está cercado pelo Irã, pela Síria, pelo Hezb’allah (Partido de Alá) e pelo Hamas, e o porta-voz deles, o presidente Mahmoud Ahmadinejad, expressa com clareza seus desejos mais profundos: eliminar Israel, castigar a arrogância de Israel e degradar os judeus à condição de minoria sob domínio islâmico”.[4] Mas, apesar das mais infames calúnias, das mais duras perseguições e das mais brutais tentativas de aniquilação durante sua dispersão de quase dois mil anos, o povo judeu não pereceu – pelo contrário! Os inimigos de Israel de ontem, hoje e amanhã passaram, passam e passarão ainda mais mal. Durante sua campanha pelo Oriente Médio, há 200 anos, Napoleão disse: “A História não se decide no Ocidente, mas no Oriente!”[5] Peter Scholl-Latour cita seu professor de árabe, Jacques Berque: “O destino de Jerusalém não é uma questão política; o destino de Jerusalém é uma sentença de juízo final![6] E Siegfried Schlieter comenta: “A questão de Jerusalém é politicamente insolúvel. Ela será decidida apenas no dia do juízo final”.[7]
O deserto florido e a existência das cidades israelenses são a prova de que Deus atua nos dias de hoje, e agirá no futuro: “Os aflitos e necessitados buscam águas, a não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o Senhor, os ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei. Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo, para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou” (Is 41.17-20).
Podemos confiar na palavra profética de Deus. “Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos. Eis que sois menos do que nada, e menos do que nada é o que fazeis; abominação é quem vos escolhe” (Is 41.23-24). A nulidade de todas as religiões, a falta de autenticidade e credibilidade da política, seus prognósticos inviáveis e seus esforços vacilantes e duvidosos estão em flagrante contraste com a confiabilidade das revelações divinas acerca do futuro. Lemos acerca da confiança que a profecia bíblica merece: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós, os que sois de obstinado coração, que estais longe da justiça. Faço chegar a minha justiça, e não está longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel, a minha glória” (Is 46.9-13).
Com Jesus, a justiça de Deus, começará um novo capítulo para Israel e o mundo inteiro.
Com Jesus, a justiça de Deus, começará um novo capítulo para Israel e o mundo inteiro. Por isso, todas as promessas serão cumpridas, toda a profecia é inteiramente segura e Israel tem um futuro garantido. E este Jesus é Aquele que oferece segurança eterna também a você. Sem Jesus você não tem um chão firme debaixo de seus pés. A seguinte história ilustra essa realidade:
Quando Henrique VIII da Inglaterra (1491-1547) jazia em seu leito de morte, mandou chamar o bobo da corte... O rei disse: “Meu amigo, devo partir”. “Para onde?”, perguntou o bobo. –“Não sei”. “Quando voltareis?” – “Não vou voltar mais”. “Quem vai convosco?” – “Ninguém”. “Vos preparastes para a viagem?” – “Não”. Então o bobo da corte pegou seu cetro de bufão e seu barrete, jogou-os sobre a cama do rei e explicou: “Majestade, vós me ordenastes que eu deveria entregar meu cetro de bobo da corte a alguém que fosse mais bobo do que eu. Vós sois esse alguém, pois ides embora sem saber para onde e não tendes acompanhante”.[8]
Agarre a justiça de Deus, ela está perto de seu coração. É o Senhor Jesus. Ele quer ser seu acompanhante, Ele quer ser sua segurança. Entre com Ele em uma nova vida! (Norbert Lieth -http://www.chamada.com.br)
Notas:
  1. Berliner Privat-Infos, anexo de P.-D. 50/07.
  2. View, encarte de Stern, 4/2007.
  3. A.M. Hodkin, Die Schriften geben Zeugnis von mir, Dillenburg, p. 244.
  4. Israelnetz.de, 3/1/2007.
  5. Siegfried Schlieter, Am Ende der Zeit, Schwengeler, p. 116.
  6. Peter Scholl-Latour, Lügen im Heiligen Land, Goldmann, p. 168.
  7. Siegfried Schlieter, Am Ende der Zeit, Schwengeler, p. 121.
  8. Idea-Spezial, 7/2007, encarte de IdeaSpektrum 48/07.

Alta Tecnologia ou Fé


Religião de Alta Tecnologia ou Fé Real?

Elwood McQuaid
Assistir à “celebração” tumultuada dos alunos logo depois da vitória do Campeonato de Basquete da NCAA pela Universidade de Connecticut, em 2014, foi perturbador, para dizer o mínimo. Ver jovens chutando os pára-brisas dos carros de polícia e pondo fogo neles, enquanto as massas se comportavam como vândalos medievais nas ruas, parecia um aviso direto das coisas que estavam por acontecer. O relato de que o distúrbio foi, na verdade, planejado em vez de espontâneo tornou ainda maior a preocupação.
Ainda pior é que o episódio não foi um incidente isolado. Tumultos parecem ser as conseqüências menos evitáveis nestes dias de desordens e quebradeiras logo após competições esportivas e outros acontecimentos que atraem grandes multidões.
Por que tantos desta geração mais privilegiada e afluente desceram ao que pode ser mais bem descrito como neopaganismo? Estes são os jovens que governarão o país um dia – uma perspectiva que não é nada tranqüilizadora.

Conduta desordeira temporária ou caos futuro?

Alguns afirmam que esses jovens desordeiros, como aqueles das gerações que vieram antes deles, superarão suas tendências de ceder aos seus impulsos mais básicos e amadurecerão, tornando-se cidadãos modelares. Mas existe um problema: nossa cultura mudou.
Anteriormente, nossa sociedade estava enraizada na moral, na ética e no comportamento padrão judaico-cristãos. Infelizmente, a norma está em colapso. Forças radicais estão ganhando poder e têm a intenção de “transformar” o mundo em um ambiente anti-Deus que desdenha e rejeita tudo o que dirigiu, limitou e guiou o bom rumo no passado. Tão intensa é esta mentalidade revoltosa, que está travando uma guerra contra tudo o que é cristão.
É lógico que esta situação não é nada nova. Milhares de anos atrás, ela frustrou israelitas piedosos e profetas do Antigo Testamento. Habacuque reclamou:
Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás??Por que me mostras a iniqüidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita.?Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (Hc 1.2-4).
Nos dias de Habacuque, o estado de coisas nacional havia virado de cabeça para baixo. Um novo e radical padrão de moral e de “correção política” havia varrido aquilo que tinha feito de Israel uma luz singular entre as nações. Era mudança por amor à mudança – deliberada e agressiva. Mas houve um elemento não previsto na alteração das coisas: o preço inevitável que uma sociedade paga por sua revolução para eliminar Deus.

Religião high-tech

Em qualquer época que as pessoas tentam derrubar Deus da vida nacional, elas encontram um substituto patético para preencher o vazio. Nos dias da Antigüidade, eram ídolos esculpidos por mãos humanas – produtos da invenção do próprio homem. A terra e o ambiente, criaturas, corpos celestiais, ancestrais e o “eu” são algumas de uma lista quase que inesgotável de coisas que as pessoas adoram em vez de Deus. No clima atual, a ciência e a tecnologia estão em voga.
Ninguém duvida que a tecnologia esteja mudando profundamente nosso jeito de viver. Muitos avanços tecnológicos são inquestionavelmente benéficos. Entretanto, existe um lado negativo na paixão pela parafernália eletrônica que está rapidamente se tornando a grande distração desta era. O florescente vício pela ciência e tecnologia, como deuses gêmeos do secularismo revolucionário, está alterando o mundo.
Por exemplo, nossas instituições culturais e educacionais têm consagrado a evolução como fato científico. Aqueles que discordam, independentemente de suas credenciais, são descartados como extremistas e tolos. Na verdade, evolução é fé, não fato. No entanto, ela foi estabelecida como a resposta ungida para a criação do Universo. Aqueles que crêem nela escarnecem da crença em Deus e impõem um ateísmo pseudocientífico às gerações que estão chegando.
Muitos avanços tecnológicos são inquestionavelmente benéficos. Entretanto, existe um lado negativo na paixão pela parafernália eletrônica que está rapidamente se tornando a grande distração desta era.
A conseqüência é um vazio moral, espiritual e social que deixa a humanidade por sua própria conta, sem uma bússola para o direcionamento e para uma conduta regulada. E quando não existe nenhum poder superior reconhecido, todos se tornam um poder em si mesmos, abrindo as portas para conceitos tais com ética situacional, na qual cada indivíduo decide o que é certo e o que é errado de acordo com suas preferências pessoais.
Negar a Deus também altera o que a sociedade julga aceitável. Sem Deus, satisfazer os apetites individuais (não importa quão perversos ou cruéis para os outros) é um comportamento adequado. Uma estatística persuasiva ilustra os extremos do fenômeno: o site www.LiveNews.com reportou o seguinte: “A entidade National Right to Life calcula que houve mais que 56 milhões de abortos desde 1973”, quando a Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou a interrupção da gravidez no processo Roe vs. Wade.[1]
Uma mudança calamitosa está ocorrendo. Cada vez mais pessoas estão rejeitando a Deus e à Bíblia e ridicularizando constantemente os cristãos que crêem nas Escrituras. Talvez mais ameaçadoras sejam as estatísticas que indicam que a maioria dos que nasceram entre 1980 e o início do novo milênio (a grosso modo, pessoas entre 15 e 35 anos, que são ávidas por inovações) não freqüentam igrejas nem crêem em Deus. Se esta condição prevalecer, e se tornar um padrão, os resultados serão catastróficos.
A verdade, entretanto, é que, embora a sociedade tente se vacinar contra a fé, ela não consegue remover a realidade de Deus. Suas leis divinamente cunhadas e imutáveis prevalecerão. E embora a reação, a rebelião e as batalhas totais contra Ele estejam na moda, o Senhor do Universo vai fazer as coisas à Sua maneira. Ele já demonstrou este fato repetidas vezes durante os milênios da história da humanidade no planeta Terra.
No final, os esforços da humanidade para excluír Deus são tão fúteis quanto a busca do delirante Dom Quixote, personagem fictício de Miguel de Cervantes, que perdeu seu tempo contendendo com os moinhos de vento, pensando que estes fossem gigantes.
No mundo da verdade, Saulo de Tarso (mais tarde denominado o apóstolo Paulo) percebeu que sua busca por destruir a incipiente Igreja de Deus não resultou em nada; foi como dar chutes contra os aguilhões, como o próprio Cristo lhe disse (At 26.14). Era uma empreitada inútil. O encontro de Paulo, 2.000 anos atrás, com o Salvador ressuscitado, na estrada para Damasco, foi uma antecipação das experiências de milhões e milhões de pessoas que seriam transformadas por meio de um encontro pessoal com Jesus Cristo.

Nunca fora de contato

A Bíblia nunca está fora de moda nem fora do contato com a realidade. Tampouco é um mito ou uma lenda, ou, como alguns a vêem, uma muleta para os fracos e intelectualmente prejudicados. Como disse Paulo: “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1Co 1.18).
A Bíblia é a verdade. De fato, ela tem estado muito adiante dos tempos em toda a história. O que a tecnologia consegue realizar hoje cumpre com o que a Bíblia predisse milhares de anos atrás.
Por exemplo, o Livro do Apocalipse afirma, sem equívoco, que duas testemunhas serão assassinadas nas ruas de Jerusalém durante a futura Grande Tribulação, e elas serão vistas em todo o mundo (Ap 11.9). Durante séculos, escarnecedores caçoaram dessa profecia. Dois homens, mortos por três dias, vistos pelo povo do mundo inteiro? “Ridículo!”, diziam eles. A moderna tecnologia já provou que não há nada de ridículo nisto.
Em Apocalipse 13, somos informados que uma imagem será construída com habilidade de falar e maravilhar o povo reunido diante dela (v.15). Como uma imagem feita por mãos de homens poderia proferir ordens e fazer com que multidões se curvassem diante dela em adulação? Para muitos, isso se assemelhava a ficção cientifica. Todavia, a tecnologia tem superado os pessimistas. O desenvolvimento de robôs que fazem tudo, desde vender produtos até esfregar o chão das cozinhas, torna o argumento irrelevante.
Verdade seja dita, muitos desenvolvimentos tecnológicos modernos confirmam, e não repudiam, a exatidão da Bíblia. As Escrituras proféticas, escritas há muito tempo, estão saltando para a vida em nossos dias como testemunhas irrevogáveis dAquele cujos pensamentos são mais altos que os nossos (Is 55.8-9). Sua mão move a história e Seu Livro dá instrução e informação ao homem finito e mortal.
Ignorar a Escritura não é apenas fútil, mas, no final, é fatal. Nossos púlpitos deveriam tornar as Escrituras conhecidas, sem desculpas, nem medo, nem intimidação. Há esperança! E essa esperança jamais será extinta, não importa quão feroz ou determinada seja a oposição. A boa notícia é que nossa esperança não está em fórmulas ou obras da mente ou das mãos, feitas por homens. Nossa esperança está na Pessoa que dá paz sem preço por meio do sacrifício de Seu Filho, Jesus. (Elwood McQuaid — Israel My Glory — Chamada.com.br)

Nota:

  1. Randy O’Bannon, “56,662,169 Abortions in America Since Roe vs. Wade in 1973” [56.662.169 abortos na América desde o caso Roe vs. Wade, em 1973], ?www.LiveNews.com, 12 de janeiro de 2014, www.lifenews.com/2014/01/12/56662169-abortions-in-america-since-roe-vs-wade-in-1973.

Apocalipse


As Cinco Afirmações Mais Impressionantes Já Feitas

Norbert Lieth
Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém. ‘Eu sou o Alfa e o Ômega’, diz o Senhor Deus, ‘o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso’” (Apocalipse 1.7-8).
Jesus voltará! Esse é o anúncio, o conteúdo e o tema de toda a Bíblia. A sua volta é a soma de todas as promessas e profecias do Antigo e do Novo Testamentos. Jesus é o ponto central de todo ser, o ponto central de toda a criação, o ponto central da história e, antes de tudo, o ponto central da salvação.
Jesus Cristo é a origem e o alvo de tudo que foi criado: “Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos sejam soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1.16-17).
A política em nossos dias, a restauração do povo de Israel, os acontecimentos em seu país e em torno dele, a inquietação dos povos, as falsas iniciativas de paz, as crescentes catástrofes, todos apontam para o ápice do plano de salvação e da história mundial de Deus – que as últimas profecias da Bíblia começam a se cumprir e que Jesus Cristo voltará.
Podemos observar, nas tendências políticas atuais, com quanta rapidez (sim, da noite para o dia) pode-se criar um reinado anticristão, o que nos coloca diante dos cumprimentos finais da profecia bíblica e, com isso, diante da volta de Jesus. Jesus disse que o “dia do Senhor” cairia sobre a terra como uma armadilha e que, por isso, deveríamos estar vigilantes.
Simultaneamente Israel está disposto a dar a mão para uma paz produzida por um homem, sem perguntar pela vontade de Deus. No entanto, é necessário que isso aconteça para que determinadas profecias bíblicas possam se cumprir como (p. ex. Isaías 28Daniel 91Tessalonicenses 5).
Os pontos de apoio que a Bíblia nos fornece para a época antes da volta de Jesus nos mostram que estamos muito adiantados em nossa época. Alguém disse recentemente: “A humanidade não se encontra em um ponto qualquer na história, mas está em um destacado estágio final. A denominação ‘o fim do tempo do mundo’ não é tirada totalmente do abstrato”. Com isso não se considera o fim da existência do mundo, mas os tempos dos juízos de Deus na terra, os quais conduzem à volta de Jesus em glória, e que também são chamados de “o dia do Senhor”.
“‘Eu sou o Alfa e o Ômega’, diz o Senhor Deus, ‘o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso’.”
Uma certa reflexão diz: “Os decisivos sinais do tempo final / com firmeza indicam que em todos os lugares a escura noite é real”, mas continua: “Há um leve pressentimento que não demorará / o dia em que a majestosa Estrela da Manhã surgirá”.
Nos versículos mencionados inicialmente (Apocalipse 1.7-8) encontra-se resumida toda a verdade bíblica e, nas próximas sextas-feiras, tentaremos lançar um olhar sobre ela. Ela é uma afirmação chocante, que é feita pelo próprio Jesus!
Uma “pessoa normal” não consegue afirmar algo assim – ou ela está enlouquecida ou, ela é Deus. É por isso que nenhum fundador de uma religião ousou afirmar que voltaria. No entanto, em vários lugares e nas mais diversas ocasiões, Jesus afirmou reiteradamente: “EU VOLTAREI”. Em Apocalipse, então, parece que ele faz o coroamento de tudo.

domingo, 12 de julho de 2020

Esfriamento Espiritual


Pandemia e Esfriamento Espiritual

Daniel Lima
Hoje estamos completando 110 dias de quarentena em nossa casa. O que começou com algumas adaptações temporárias se tornou o “novo normal”. Saídas reduzidas, aniversários cancelados, reuniões sem o gostoso abraço... De modo especial, fico curioso com os cultos virtuais, reuniões de grupo via telinha, discipulados por aplicativos etc. No entanto, o que realmente importa é como fica nossa caminhada com Deus. De que modo temos vivido e cultivado nossa espiritualidade?
Alguns pastores – de várias denominações – entraram em pânico, como se o culto presencial fosse a essência do que cremos ser a igreja. Parecia que sem culto os crentes iriam se desviar, a igreja iria morrer. No entanto, muitas igrejas mais saudáveis procuraram soluções mais sérias e enraizadas em suas convicções. Compreendendo que somos igreja com ou sem cultos, procuraram maneiras de manter seu povo conectado e de alimentar o rebanho de forma virtual. Algumas igrejas que acompanho de perto começaram a “todo vapor”, fazendo cultos e “lives” diárias. O ritmo era intenso e parecia que um dia fora do ar e a igreja estava perdida. A maioria destas igrejas já encontrou um ritmo mais sustentável, uma dieta de alimentação espiritual que seja sustentável.
Minha pergunta mais profunda é: como ficam os cristãos? Como nós ficamos diante desta situação? Minha comunhão com Deus realmente não depende de cultos ou eventos, ou será que depende? Por um lado, afirmamos uma fé que, como disse Jesus em João 4.23-24, é em espírito e em verdade, não sendo restrita a locais ou edifícios. Por outro, defendemos o que a Palavra nos ensina em Hebreus 10.25:
Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.
Pessoalmente eu sinto falta do culto público e tenho buscado refletir do que eu sinto falta. Confesso que não é das mensagens, já que continuamos tendo acesso a elas, ainda que virtualmente. Não sinto tanta falta do período do louvor cantado, em parte pois sou beneficiado em ter duas cantoras em casa que me ajudam a louvar por meio da música. Sinto falta de gente, sinto falta de estar com os irmãos. Não que eu fale com todos, mas o fato de estar num evento com o propósito de me aproximar de Deus em comunidade tem um impacto diferente em mim. Em parte, é o fato do estímulo de ver outros buscando a Deus comigo. Por outro, é a alegria de participar de algo maior do que eu mesmo.
As palavras de Paulo em Colossenses 1.28 me vêm à mente:
Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.
As três palavras não estão ali por acaso. Paulo afirma que proclamamos Jesus advertindo e ensinando. A palavra “proclamar” é a base do que Paulo se propõe a fazer. “Advertir” e “ensinar” descrevem como isso é feito. Advertir pode ser traduzido por “colocar na mente”, no sentido de apresentar a verdade de forma clara e direta; traz um sentido de confrontação, mas uma confrontação gentil, uma correção branda. A palavra ensinar é bastante direta. Ensino aqui tem o caráter de uma apresentação clara e direta da verdade.
Mas por que precisamos de advertência e ensino? Não bastaria apenas o ensino? Certamente há um sentido para nós nesta advertência... Nosso coração em geral resiste ao ensino. Não buscamos a Deus naturalmente. Nossa inclinação é acharmos autossuficiência. Por isso Deus permite tragédias e dias difíceis. Nestes dias somos levados a buscá-lo, pois não encontramos recursos em nós mesmos.
Eu entendo que este é um dos papéis da comunidade, da igreja. Não é controlar (bem sabemos que não conseguimos controlar...), mas estimular (Hebreus 10.24), encorajar, animar. O fato de estarmos com outros cristãos que buscam a Deus tem um efeito de nos fazer focar nele, de nos fazer buscá-lo com mais intensidade.
O grande perigo da quarentena é que podemos esfriar por falta do estímulo da igreja reunida.
É aí justamente que está um dos maiores perigos desta quarentena. Não é que ficaremos sem alimento espiritual. (A grande maioria das igrejas têm conseguido formas de transmitir a seus membros.) Não é estarmos impedidos de cultuar em nossos salões. (Nosso Deus pode ser cultuado em qualquer lugar.) O grande perigo da quarentena é que podemos esfriar por falta do estímulo da igreja reunida. Por isso Paulo afirma que ele proclama a Cristo tanto falando a verdade como advertindo os irmãos.
Eu quero, em nome de Jesus, e com muito temor e tremor, adverti-lo a que continue buscando a Deus. Não permita que o isolamento, a distância dos irmãos, o faça esfriar em sua busca por Deus. Ore, estude a Palavra, celebre em família (que contexto melhor?). Busque contato mesmo que virtual com irmãos, compartilhe o que tem aprendido, o que Deus tem lhe falado... Não permita que esta circunstância difícil, mas temporária, enfraqueça sua fé!