sábado, 22 de abril de 2017

Mais Escuro Que a Noite




Mais Escuro Que a Noite

Thomas Lachenmaier
Cientistas têm procurado há muito tempo o mais profundo Preto, para o qual haveria uma série de aplicações industriais. Eles o encontraram na natureza.
Pesquisadores norte-americanos, japoneses e britânicos ficaram bastante surpresos ao olharem pelo microscópio do National Physical Laboratory em Teddington, na Grã-Bretanha: tão preto eles nunca tinham visto. O que estava diante dos seus olhos era o Preto sobre as asas da borboleta azul da montanha (Papilio ulysses). Em contraste, o azul da borboleta traz um particularmente intenso brilho.
Em anos anteriores, os pesquisadores tentaram fazer um Preto singularmente escuro. Eles mergulharam chapas de alumínio em uma solução de níquel e fósforo, depositando depois em ácido nítrico. Foram necessários centenas de experimentos até que ficasse um revestimento extremamente escuro nas chapas. Se fôssemos iluminar uma dessas chapas revestidas, a sua superfície iria absorver quase toda a luz e muito pouco retornaria como reflexo. Mas a borboleta de Ulisses colocou este Preto na sombra. O seu Preto é composto a partir de pequenos tubos microscópicos densamente arranjados, denominados nanotubos. São “armadilhas luminosas” que asseguram que praticamente não haverá reflexo da luz.
A borboleta de Ulisses inspirou o físico nova-iorquino Shawn-Yu Lin. Ele desenvolveu um “nanopreto” que reflete apenas 0,045 por cento da luz que incide sobre ele. Um Preto puro é muito valioso para o revestimento de telescópios e outros instrumentos ópticos, pois sem luz difusa a qualidade da imagem não é afetada. Também na indústria solar são concebíveis aplicações. Um laboratório japonês trabalha no desenvolvimento de um Preto que não absorve apenas a luz, mas também a luz de ondas invisíveis, como o radar. Assim, aviões de combate não seriam mais localizados pelos radares. (Thomas Lachenmaier — factum-magazin.ch)