segunda-feira, 18 de junho de 2018

Diferenças Entre o Arrebatamento e Segunda Vinda


Diferenças Entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda

Thomas Ice
Ao considerarmos a questão do Arrebatamento da Igreja, especialmente o momento em que vai acontecer, é essencial que observemos as diferenças que há entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo. Creio fortemente que o Novo Testamento indica que a Igreja será arrebatada antes da sétima semana de Daniel. Uma razão-chave é que a Bíblia ensina que o Arrebatamento é um acontecimento distinto da Segunda Vinda de Cristo à terra. Em qualquer consideração sobre a veracidade do momento em que ocorrerá o Arrebatamento, essa distinção é de importância crucial.

A Importância das Distinções

O Dr. John Feinberg observa que distinguir entre o Arrebatamento e o retorno de Cristo é de fundamental importância para o estabelecimento do pré-tribulacionismo contra a afirmação não pré-tribulacionista de que as Escrituras não ensinam tal visão.
...o pré-tribulacionista deve mostrar que há dissimilaridades suficientes entre as passagens claras sobre o Arrebatamento e as passagens claras sobre o Segundo Advento, como uma garantia de que os dois tipos de passagens poderiam estar falando sobre dois acontecimentos que ocorreria em momentos diferentes. O pré-tribulacionista não tem que provar, neste ponto, (...) que os dois acontecimentos devem ocorrer em momentos diferentes, mas somente que os dados exegéticos que partem de passagens sobre o Arrebatamento e sobre a Segunda Vinda não tornam impossível que os acontecimentos ocorram em momentos diferentes. Se conseguir fazer isto, o pré-tribulacionista já mostrou que sua visão não é impossível. E respondeu à mais forte linha de evidências do pós-tribulacionista.[1]
Um fator chave no entendimento dos ensinos do Novo Testamento sobre o Arrebatamento pré-tribulacionista gira em torno do fato de que duas futuras vindas de Cristo são apresentadas. A primeira é para levar a Igreja entre as nuvens antes da Tribulação de sete anos; e a Segunda Vinda ocorre no final da Tribulação, quando Cristo retorna à terra para começar Seu reino de mil anos. Aquele que desejar entendimento sobre o ensino bíblico do Arrebatamento e do Segundo Advento deve estudar e decidir se as Escrituras falam sobre um ou dois eventos futuros. Contudo, muitos não-pré-tribulacionistas jamais tratam dessa questão.

Estruturando a Questão

Os pós-tribulacionistas geralmente argumentam que, se o Arrebatamento e a Segunda Vinda forem dois acontecimentos distintos, separados por pelo menos sete anos, então deveria haver ao menos uma passagem nas Escrituras que ensinasse claramente essa questão na forma que eles determinaram. Contudo, a Bíblia nem sempre ensina a verdade de Deus dentro das formulações feitas pelo homem, de tal maneira que responda diretamente a todas as nossas perguntas. Por exemplo, um unitariano [adepto do unitarianismo] poderia projetar um tipo semelhante de pergunta relativamente à Trindade que não é respondido diretamente na Bíblia. “Onde a Bíblia ensina sobre a Trindade?”. Nós, que cremos na Trindade, respondemos que a Bíblia ensina sobre a Trindade, mas a revela de uma maneira diferente.
Muitas doutrinas bíblicas importantes não nos são apresentadas diretamente, a partir de um único versículo, da maneira que alguém possa pensar que a Escritura devesse fazê-lo. Geralmente é necessário harmonizarmos as passagens em conclusões sistemáticas. Algumas verdades são diretamente apresentadas na Bíblia, tais como a deidade de Cristo (Jo 1.1; Tt 2.13). Mas doutrinas como a da Trindade e como a da natureza encarnada de Cristo são produtos de harmonização bíblica. Levando em conta todos os textos bíblicos que tocam num determinado assunto, teólogos ortodoxos têm, ao longo do tempo, reconhecido e determinado que Deus é uma Trindade e que Cristo é Deus-Homem. Semelhantemente, uma consideração sistemática de todas as passagens bíblicas revela duas futuras vindas. Não estou dizendo que a Bíblia não ensina o Arrebatamento pré-tribulação, como fizeram alguns que deram um falso sentido a comentários semelhantes no passado. O Novo Testamento ensina, sim, o pré-tribulacionismo, embora ele possa não ser apresentado de maneira que fique claro para alguns.
Os pós-tribulacionistas freqüentemente argumentam que o pré-tribulacionismo é construído com base meramente em um pressuposto de que certos versículos “fazem sentido” se, e apenas se, o modelo pré-tribulacionista do Arrebatamento for pressuposto. Entretanto, os pós-tribulacionistas geralmente não são bem sucedidos em perceber que eles também são igualmente dependentes de pressupostos semelhantes. O erro deles surge do fracasso em observar distinções reais no texto bíblico por causa do pressuposto cegante de uma única futura vinda de Cristo.
Todos concordamos que a carreira do Messias acontece na história em torno de duas fases importantes relacionadas às Suas duas vindas ao planeta Terra. A fase um aconteceu em Sua Primeira Vinda, quando Ele veio em humildade. A fase dois começará em Seu segundo advento, quando Ele virá em poder e glória. O fracasso em distinguir essas duas fases foi um fator-chave na rejeição de Jesus, por parte de Israel, como o Messias esperado. Da mesma forma, o fracasso em ver as distinções claras entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda leva muitos a uma interpretação errada do plano futuro de Deus.

A Natureza do Arrebatamento

O Arrebatamento é apresentado pela primeira vez por Jesus (Jo 14.1-3), no Discurso do Cenáculo (Jo 13-16), quando Ele revelou aos Seus discípulos a verdade sobre a nova era da Igreja, na noite anterior à Sua morte. Paulo expande a apresentação que Jesus fez sobre o Arrebatamento em uma de suas primeiras cartas, em 1 Tessalonicenses 4.13-18. A frase “seremos arrebatados” (1Ts 4.17) traduz a palavra grega harpazo, que significa “seremos arrancados com força” ou “seremos apanhados”. Os tradutores da Bíblia para a língua latina usaram a palavra rapere, raiz do termo “raptar” e do termo “arrebatar”. No Arrebatamento, os crentes que estiverem vivos serão “arrebatados” nos ares, trasladados entre nuvens, onde Cristo estará pairando, em um instante no tempo.
O Arrebatamento é caracterizado como uma “vinda para trasladar” (1Co 15.51-52; 1Ts 4.15-17), quando Cristo virá para Sua igreja. O Segundo Advento é Cristo retornando com Seus santos que foram previamente arrebatados, descendo dos céus para estabelecer Seu Reino terreno (Zc 14.4-5; Mt 24.27-31).
As diferenças entre os dois acontecimentos são harmonizadas naturalmente pela posição pré-tribulacionista, enquanto que outras visões não conseguem prestar esclarecimentos sobre distinções naturais a partir dos textos bíblicos. O gráfico abaixo lista uma compilação das passagens sobre o Arrebatamento colocadas em contraste com muitos versículos que se referem à Segunda Vinda.
Baseados nas referências acima, podemos ver uma vasta diferença entre o caráter das passagens que referenciam o Arrebatamento quando comparadas às passagens sobre o Segundo Advento, como está resumido na tabela abaixo:

Diferenças Adicionais

Paulo fala do Arrebatamento como um “mistério” (1Co 15.51-54), ou seja, uma verdade não revelada até sua manifestação para a Igreja (Cl 1.26), tornando-o um acontecimento separado. Por outro lado, a Segunda Vinda foi predita no Antigo Testamento (Dn 12.1-3; Zc 12.10; Zc 14.4).
Para o crente, o movimento no Arrebatamento é da terra para o céu, enquanto que no Segundo Advento é do céu para a terra. No Arrebatamento, o Senhor vem para os Seus santos (1Ts 4.16), enquanto que, na Segunda Vinda, Ele vem com os Seus santos (1Ts 3.13). No Arrebatamento, Cristo vem apenas para os crentes, mas Seu retorno à terra vai causar impacto em todas as pessoas. O Arrebatamento é o acontecimento do traslado/ressurreição no qual o Senhor levará os crentes “à casa do Pai” nos céus (Jo 14.3), enquanto que, no Segundo Advento, os crentes retornarão do céu para a terra (Mt 24.30). Ed Hindson diz: “Os diferentes aspectos do retorno de nosso Senhor estão claramente delineados nas próprias Escrituras. A única questão real no debate escatológico é o intervalo de tempo entre eles”.[2]

Problemas da Posição Pós-Tribulacionista

Uma das forças do posicionamento pré-tribulacionista é que este consegue melhor harmonizar os muitos acontecimentos das profecias sobre o final dos tempos por causa de suas distinções entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda. Os pós-tribulacionistas raramente tentam responder a tais objeções e os poucos que o tentam lutam contra os textos bíblicos, terminando em interpretações forçadas. Os pré-tribulacionistas não precisam se esforçar para fornecer as respostas. Quais são alguns dos problemas da posição pós-tribulacionista?
Primeiro, os pós-tribulacionistas exigem que a Igreja esteja presente durante a septuagésima semana de Daniel (Dn 9.24-27), embora ela tenha estado ausente durante as primeiras sessenta e nove semanas. Daniel 9.24 diz que todas as setenta semanas são para Israel. O pré-tribulacionismo não está em conflito com esta passagem, como está o pós-tribulacionismo, uma vez que a Igreja é levada antes do início do período de sete anos.
Segundo, os pós-tribulacionistas são obrigados a negar o ensinamento do Novo Testamento sobre a iminência – o fato de que Cristo pode voltar a qualquer momento. O pré-tribulacionismo não tem problemas com isto, uma vez que afirma que nenhum sinal ou acontecimento tem que preceder o Arrebatamento.
Terceiro, o pós-tribulacionismo pré-milenar não tem resposta para o problema sobre quem povoará a terra no Milênio, se o Arrebatamento e a Segunda Vinda acontecerem juntos. Como todos os crentes serão trasladados no Arrebatamento e todos os incrédulos serão julgados, porque a nenhum injusto será permitido entrar do reino de Cristo, então ninguém seria deixado em corpos mortais para povoar o Milênio.
Quarto, o pós-tribulacionismo não é capaz de explicar satisfatoriamente o julgamento das ovelhas e dos cabritos depois da Segunda Vinda (Mt 25.31-46). O Arrebatamento teria removido os crentes do meio dos incrédulos no retorno de Cristo, tornando o julgamento das ovelhas e dos cabritos algo desnecessário. Por outro lado, esse julgamento é necessário se o pré-tribulacionismo for verdadeiro.
Quinto, Apocalipse 19.7-8 identifica a Igreja como a Noiva de Cristo, que se preparou e acompanha Cristo dos céus para a terra na Segunda Vinda (Ap 19.14). Como isso poderá acontecer se a Igreja estiver ainda na terra esperando pelo livramento de Cristo enquanto, ao mesmo tempo, estiver voltando com Ele? Mais uma vez, o pós-tribulacionismo requer um cenário impossível, enquanto as declarações claras do texto bíblico se encaixam perfeitamente no pré-tribulacionismo.

Conclusão

As diferenças claras entre a vinda de Cristo nos ares para arrebatar Sua Igreja e Seu retorno ao planeta Terra com a Igreja são grandiosos demais para serem vistos como um acontecimento único. Essas distinções bíblicas proporcionam um forte embasamento para o pré-tribulacionismo. Quando consideramos que à Igreja está prometido o livramento da tribulação de Israel (Rm 5.9; 1Ts 1.10; 1Ts 5.1-9; Ap 3.10), então segue apenas que a Igreja será arrebatada antes da Tribulação. Tal esperança é, deveras, uma “Bendita Esperança” (Tt 2.13). Vem, Senhor Jesus! Maranata! (Pre-Trib Perspectives)

Notas:

  1. John S. Feinberg, “Arguing for the Rapture: Who Must Prove What and How” in Thomas Ice e Timothy Demy, editores, When The Trumpet Sounds (Eugene, OR: Harvest House Publishers, 1995), p. 195.*
  2. Edward E. Hindson, “The Rapture and the Return: Two Aspects of Christ’s Coming” in Thomas Ice e Timothy Demy, editores, When The Trumpet Sounds (Eugene, OR: Harvest House Publishers, 1995), p. 157 (ênfase no original).*

domingo, 10 de junho de 2018

Muitas Coisas Boas Acabaram Mal


Muitas Coisas Boas Acabaram Mal

Wilfred Hahn
Ah, se todos nós pudéssemos viver num mundo de “leite e mel”. Todo mundo sabe o que significa essa expressão – uma terra sem cuidados, de abundância e vida fácil. Nesta presente era de pilhas de riquezas cada vez maiores e uma classe média encolhida, a maioria se contentaria com apenas isso.
No entanto, de onde surgiu esta expressão – “leite e mel”? Muito, muito tempo atrás no Antigo Testamente. Hoje, muitos milênios depois, ela continua sendo uma expressão comumente usada. A etimologia (o estudo da origem das palavras) e os idiomas podem revelar conexões fascinantes com antigas sociedades.
A expressão “leite e mel” aparece pela primeira vez em Êxodo 3.8, onde o Senhor Jeová diz a Moisés: “Por isso desci para livrá-los [meu povo] das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus”.
Jeová tinha revelado a Abraão já há muito tempo (e muitas vezes) que ele possuiria a terra de Canaã, e “toda a terra que você está vendo” (Gn 13.15). Essa terra foi prometida por Jeová para ser dada a Abraão e seus descendentes como “propriedade perpétua” (Gn 17.8).
Porém, a primeira vez que a expressão “leite e mel” aparece na Bíblia foi uma revelação e um lembrete a Moisés, de que esta Terra Prometida estava cheia de grandes recompensas. Pode-se supor que, como Abraão já tinha vivido naquela terra, não havia a necessidade de prometer “leite e mel” a ele. Ele saberia que esse é o caso. Moisés, muitos anos depois, talvez precisasse de um incentivo de “leite e mel” – uma cenoura numa vara, por assim dizer – para seduzir os hebreus a deixarem o Egito e embarcarem no êxodo para esta nova Terra Prometida.
É certamente significante que a expressão “leite e mel” apareça exatas 21 vezes (três vezes sete) no Antigo Testamento. Com certeza é uma promessa que será mantida pelo próprio Deus (pois ainda não ocorreu plenamente).

Uma terra de excessos

Ao longo da história, a humanidade tem ativamente impulsionado o crescimento econômico através de vários meios e ganhos de produtividade. O crescimento da produção econômica (o que hoje chamamos popularmente de Produto Interno Bruto ou PIB) tornou-se uma medida geopolítica muito importante da riqueza e o indicador-chave do chamado “progresso humano”. É a essência básica do humanismo. Como tal, vivemos hoje em uma era onde muitas nações sofrem de excessos... não escassezes. Por quê?
Há muita oferta e uma demanda insuficiente. De fato, em muitos países é mais fácil comprar algo do que vender. Naturalmente, existem partes do mundo onde comprar é muito mais difícil do que vender e onde há escassez de comida. Isso não precisa ser o caso em nossos dias. Ganância, corrupção, cleptocracia e conflitos humanos, seja pela guerra ou pela competição política, são as razões de tais casos.
Não obstante, seria válido destacar que a industrialização e a motivação para o lucro, incorporada na busca do comércio e da troca, criaram um mundo de excedentes em relação aos bens de consumo e às calorias. Existem muitas provas. Com certeza, no que diz respeito a um “excesso de calorias”, uma epidemia mundial de obesidade (como anunciada pela Organização Mundial da Saúde) é uma evidência parcial (embora de modo algum deseje simplificar este complexo problema).
O “excesso de comida” me faz lembrar de um velho conto de fadas alemão. Quando criança, eu fui exposto à popular história chamada Mecki in Schlaraffenland. Anos depois, eu encontrei uma versão traduzido para o inglês, a qual eu li para os meus netos. Como com a maioria dos antigos contos de fada (irmãos Grimm, Wilhelm Busch... etc.), eles são considerados um tanto macabros para as jovens crianças dos nossos dias. De qualquer caso, Mecki vive em Schlaraffenland, que é uma terra de excessos. Leite e mel em todos os lugares... para não mencionar bacon, bolos e todos os alimentos saborosos que você possa querer comer.
Neste conto, tudo desde bacon até galinhas assadas voam direto para a boca da pessoa, se ela descuidadamente deixá-la aberta.
No entanto, um excesso de qualquer coisa não é ideal. Longe disso. Os efeitos colaterais podem incluir perda de saúde, vício, destruição da rentabilidade... etc. Nós, seres humanos, de fato temos uma propensão para grandes apetites e ambições, mas apenas uma limitada capacidade para cumpri-los. Saciedade modesta e balanceada é apreciável, mas excessos – mesmo de itens saborosos e de luxo – levam a problemas.

Inundado de leite e mel

Hoje, acredite ou não, as indústrias de leite e mel estão sofrendo de excesso de oferta. Ambas as commodities estão sendo produzidas em quantidades esmagadoras. Considere esta citação sobre a indústria do leite: “Se você já sentiu vontade de chorar pelo leite derramado, agora é a hora. Produtores de leite nos Estados Unidos derramaram mais de 43 milhões de galões de leite entre janeiro e agosto de 2016. Esse leite foi derramado em campos, lagoas de esterco e na alimentação dos animais, ou para dentro do dreno em usinas de processamento. De acordo com o Wall Street Journal, essa quantidade de leite é suficiente para encher 66 piscinas olímpicas e é a maior desperdiçada nos últimos 16 anos”. [1]
Aparentemente, há tanto excesso de leite que se poderia literalmente permitir que as pessoas se banhassem nele. Na verdade, essa era uma prática dos ultrarricos séculos atrás. Um banho de leite quente deixava a pele macia.
“O problema é que os Estados Unidos estão no meio de um massivo excesso de leite”, diz o artigo. Existe uma condição similar na Europa, que também se estende a enormes estoques de queijo. Assim como os canadenses, que, embora o suprimento de leite seja controlado, têm muito mais capacidade do que demanda.
Acredite ou não, o mundo até mesmo sofre de muito mel. (Pode haver demais de uma coisa boa?) A América está realmente transbordando de mel. No Canadá, um afluxo de mel importado da China, Zâmbia, Vietnã (e outros países) está fazendo com que muitos apicultores fechem suas lojas. O preço por atacado do mel diminuiu pela metade nos últimos anos.
A terra de “leite e mel” que estava no olhar dos antigos hebreus é hoje nada mais do que uma história pitoresca em nosso tempo de excesso. Certamente não há escassez de excessos e abundâncias.

Acumular versus Emanar

Como mencionado, excessos também podem levar a problemas. Considere estocar e acumular. Tiago comenta sobre o aparecimento, no fim dos tempos, do acúmulo: “Vocês acumularam bens nestes últimos dias” (Tg 5.3). A NTLH usa a expressão “amontoaram”. A riqueza acumulada (que deve significar um abismo cada vez maior entre “os que têm e os que não têm”) é aqui citada claramente como uma condição dos últimos dias. O armazenamento é repudiado em toda a Bíblia quando envolve negação de oferta ou ganância. Aqui, encontramos uma conexão significativa com o uso do Antigo Testamento da expressão “leite e mel”.
A economia de Deus é composta principalmente por emanações, e não por armazéns cheios de dinheiro ocioso.
Mas primeiro, preciso fazer uma admissão. Anteriormente, mencionei que a expressão “leite e mel” é encontrada exatamente 21 vezes na Bíblia. Na verdade, isso está errado. Para ser exato, é a frase “terra que mana leite e mel” (ARA) que aparece 21 vezes. Em todos os casos que “leite e mel” é mencionado, está no contexto de uma “terra” na qual “leite e mel” estão emanando.
Isso é significativo. Por quê? Por uma série de razões. No entanto, queremos nos concentrar em por que a palavra “mana” é sempre incluída. A palavra “mana” implica algo sendo usado ou ativo, ou sendo distribuído. Não é algo “armazenado”. A Terra Prometida que “mana leite e mel” não era para ser um depósito de leite e mel. Leite e mel não estão sendo estocados ou acumulados, mas emanados. Eles deveriam ser consumidos e disponibilizados a todos.
A Bíblia promove emanações. Considere que a Oração do Senhor solicita especificamente que o Senhor “dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” (Mt 6.11). Não somos instruídos a pedir uma despensa de pão que vai durar um mês, mas sim apenas para um dia. Semelhantemente, notamos que os israelitas recebiam o maná diariamente e de uma forma que não pudessem armazenar (com a exceção da porção dobrada para o Sabbath).

Pensamentos para reflexão

Os cristãos devem ser “pessoas emanantes” e não acumuladores.
A economia de Deus é composta principalmente por emanações, e não por armazéns cheios de dinheiro ocioso. Assim como Deus é amor em movimento – amor vivido –, assim deve ser com o dinheiro. É claro que precisamos economizar para as nossas necessidades antecipadas e financiar as atividades dos nossos negócios e sustento. No entanto, chega um momento em que o ato de guardar torna-se armazenar. Nesse sentido, para os santos, todo o guardar deve ser feito em um espírito de mordomia.
Em contraste, o mundo promove o espírito de acumulação; a busca da riqueza terrena como medida de sucesso; um baluarte de segurança; para satisfazer o orgulho. A maioria dos dons de Deus para nós, sejam eles dons do Espírito ou recursos materiais, são destinados para compartilharmos e abençoarmos outros através da nossa doação. Nós mesmos podemos ser uma fonte que “mana” leite e mel para aqueles que precisam.
Seja uma pessoa emanante, não uma acumuladora.
Todos os cristãos (embora talvez não sejam “israelitas”) têm a simbólica promessa de uma “terra que mana leite e mel”. Algum dia, quando chegarmos à Nova Jerusalém, “ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou. Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’” (Ap 21.4-5). — Wilfred Hahn

Segunda Vinda de Cristo e Nosso Estilo de Vida


A Volta Iminente de Jesus e o Nosso Estilo de Vida

Ernesto Kraft


Se alguém perguntasse se você acredita em tudo o que está escrito na Bíblia, com certeza a sua resposta seria: “Sim, claro!” Você crê que Deus ama você. Você acredita que uma pessoa que não crê em Jesus será condenada? A sua resposta será: “Sim com certeza, pois a Bíblia ensina isso”. Sua resposta, porém, levantará dúvidas se você não estiver envolvido com evangelismo. Em Tiago 2.20 lemos: “Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil?” A mesma declaração nós fazemos a respeito da volta de Jesus. Todos acreditamos que Jesus voltará, mas o nosso estilo de vida não reforça esta declaração. Vivemos a nossa vida como se Jesus nunca voltasse.
Sem dúvida, a volta de Jesus está próxima. Hoje estamos mais perto do que nunca (Rm 13.11). Lemos em Hebreus 10.37: “pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá e não demorará’”. Mesmo que não acreditamos firme na promessa de que Jesus voltará em breve, ELE cumprirá a Sua promessa. Ele é fiel com as Suas palavras.
Quando o missionário e pesquisador da África, David Livingstone (1813-1873), atravessou a África pela segunda vez com seus ajudantes da tribo dos Makololo, ficou sem verba. Com o que sobrou de seus pertences, à base de troca, conseguiu convencer um cacique Zambeze para cuidar de sua equipe, até ele voltar da Inglaterra com recursos. Prometeu aos Makololo que voltaria o mais depressa possível para levá-los de volta à sua terra.
Livingstone se foi. Logo os Zambeze começaram a zombar: “Vocês acreditam que esse homem branco vai voltar? Nunca vimos um branco investir tempo e dinheiro em negros”. A resposta dos Makololo foi: “Vocês não conhecem o nosso pai! Ele deixaria a sua vida por nossa causa! Ele volta com certeza e vai levar-nos para casa!”
Passou um ano. Alguns Makololo adoeceram e morreram. Passou o segundo ano. Os Zambeze zombavam cada vez mais. Os Makololo se firmavam mais ainda na promessa: “Ele volta com toda certeza”. – E, de fato: certo dia ouvia-se um barulho estranho. Todos correram para o rio. Um grande barco-a-vapor estava subindo o rio, fungando e fumaçando, o primeiro a percorrer aquele rio. Com grande júbilo, gritando “Nosso pai! Nosso pai!”, os Makololo se atiraram na água, subiram a bordo e abraçaram o homem fiel.
Será que Jesus merece menos confiança do que David Livingstone? Será que Jesus não vai fazer valer Suas palavras: “Vocês verão o Filho do Homem descer em uma nuvem? Os seus lembram de suas palavras: Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão”.
Não precisamos de mais sinais para esperar Jesus a qualquer momento. Estamos vivendo em uma época especial. Todos os acontecimentos aprovam que estamos caminhando para o cumprimento de Apocalipse 13, que prevê um controle total sob a direção do Anticristo. Mas o Arrebatamento acontecerá antes de tudo isso. Por isso, a grande pergunta é: “Como é o nosso estilo de vida, diante destes fatos?” O nosso encontro com Jesus pode ser hoje, através da morte natural, de um acidente ou de um outro acontecimento.
Amar Somente a ELE – Ninguém pode Servir a Dois Senhores
Em Tiago 5.1-6 lemos sobre um estilo de vida que a maioria das pessoas adota e que tem um fim desastroso. O estilo de vida dessas pessoas era um estilo de vida em função do dinheiro. Um ditado diz que “o dinheiro governa o mundo”. Não se pode negar esta verdade. Este estilo de vida também já causou problemas para Asafe. No Salmo 73, ele diz: “Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios. Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas” (v. 2-4,12).
Todos nós precisamos de dinheiro, mas a Bíblia alerta em Mateus 6.24 que “ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.
O dinheiro é considerado um senhor que muitos servem como escravos. A Bíblia é clara: não podemos servir à Deus e viver em função do dinheiro ao mesmo tempo. Em 1Timóteo 6.9-11 lemos: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso...” Em uma versão diferente, lemos no verso 11: “Faz de tudo, para que nada e ninguém se torne mais importante do que Deus, confie Nele e ame ao seu próximo”.
Por isso, o nosso estilo de vida deve ser diferente. Quem ama o dinheiro exclui Deus. No verso 7 lemos sobre um agricultor. Ele prepara a terra e semeia a semente, mas a chuva ninguém pode fazer e sem chuva não há colheita. Precisamos de Deus. Somos chamados para viver em comunhão e em parceria com Deus. Jesus diz em João 15.5: “... sem mim vocês não podem fazer coisa alguma”. Viva com Ele pela fé. Se a chuva vier logo é bom, pela fé digamos “Amém!” Se demorar, “Amém!” Se recebermos cura, ótimo, se não recebermos a cura, amém também. Tenha paciência e não adote um estilo de vida igual aos incrédulos, que procuram resolver as coisas sozinhos com atitudes erradas. Tiago 5.4 e 6 servem como exemplo.
O nosso estilo de vida diante da iminente volta do Senhor deve ser: caminhar com Ele e depender Dele. O apóstolo João também escreve em 1João 2.28: “Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda”.
Em Hebreus 10.37 lemos que Jesus voltará sem demora. O meu justo viverá pela fé. Isto significa: meu Senhor determina o que acontece e eu aceito isso das mãos Dele. Asafe, que sofreu tentações com o estilo de vida de perversos que não perguntavam o que agradava a Deus, diz no Salmo 73.23: “Contudo, sempre estou contigo”. E, no mesmo salmo: “A quem tenho nos céus senão a ti? E, na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre... para mim, bom é estar perto de Deus” (v. 25-26,28).

Todos nós precisamos de dinheiro, mas a Bíblia alerta em Mateus 6.24 que “ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.
Nós temos este estilo de vida? Estamos juntos a Deus? No verso 6 vemos que os justos dessa época preferiram morrer do que abandonar seu estilo de vida. Eles não se justificaram, mas escolheram o caminho que os manteve em comunhão com o seu Senhor. E com este estilo de vida eles estavam preparados para a volta de Jesus a qualquer momento, sem precisar se envergonhar. Em Mateus 24.48-51 lemos o contrário: “Mas suponham que esse servo seja mau e diga a si mesmo: ‘Meu senhor está demorando’, e então comece a bater em seus conservos e a comer e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe. Ele o punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes”.
Imagine Jesus nos encontrando como Geazi, ele sabia tudo sobre Deus, era servo de um profeta que era um exemplo também com relação ao dinheiro, mas mesmo assim vemos que Geazi serviu não só a Deus, mas também a um outro senhor. Ele não manteve a parceria só com Deus. Quando olhamos para as circunstâncias, talvez abrimos mão de perseverar neste estilo de vida. Pense em Elias, que orou sete vezes, ele também tinha que perseverar e não parou quando depois da primeira oração não recebeu resposta. Ele ficou em comunhão com o seu Senhor e O honrou. É este estilo de vida que temos que aplicar em nossa vida diante da volta iminente de Jesus, viver pela fé em parceria com ELE.
Não desanimar – não desistir
Sem dúvida estamos diante da reta final na nossa vida de fé. Não sei quanto tempo nos resta, mas quero através dessas linhas nos animar a continuar a nossa corrida e não desanimar. O nosso fortalecimento está relacionado com a vinda do Senhor. Precisamos adotar o estilo de vida do apóstolo Paulo, que diz em Filipenses 3.20: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”. E, em Filipenses 1.21-23: “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”.
O apóstolo Paulo viveu um estilo de vida que o deixava preparado para partir para o Senhor a qualquer momento. Isso se tornou uma realidade para ele! Isso influenciou a sua vida e o seu dia a dia no meio de problemas e tribulações. Lemos em Romanos 8.17-18: “Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória. Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”.
Ele fortaleceu seu coração com estas verdades e esperava a volta de Jesus. E por isso, ele recomenda falarmos e meditarmos sobre o nosso futuro maravilhoso e o nosso encontro com o Senhor Jesus. Paulo diz em 1Tessalonicenses 4.17-18 que esta espera pela volta de Jesus deve ser nossa fonte de consolo: “Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com essas palavras”.
Sigamos o nosso caminho com a cabeça erguida, mesmo tendo que passar por sofrimentos e dificuldades. Estamos a caminho do melhor. E o maior consolo consiste nas palavras de Jesus. É Ele que prometeu tudo isso. Fortaleçamos os nossos corações com a verdade de que Deus não pode mentir. Com toda certeza, tudo que está escrito na Bíblia vai se cumprir. Habacuque 2.3 diz: “Pois a visão aguarda um tempo designado; ela fala do fim e não falhará. Ainda que demore, espere-a; porque ela certamente virá e não se atrasará”.
Também em Hebreus 6.15-18 somos desafiados a não desistir porque temos forte alento em tudo que Deus é: “E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa. Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão. Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta”.
Neemias experimentou diversas tentações antes de fechar o muro. Isto descreve também a situação que nós estamos vivendo na última etapa antes da volta de Jesus. Como Neemias se fortaleceu? Neemias 4.14: “Fiz uma rápida inspeção e imediatamente disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: Não tenham medo deles. Lembrem-se de que o Senhor é grande e temível e lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas mulheres e por suas casas”.
Noé experimentou nada de animador. Ele foi desprezado e considerado louco, mas não desistiu, mesmo recebendo somente uma palavra do Senhor; perseverou e experimentou um final feliz.
De Davi lemos em 1Samuel 30.6b: “Davi, porém, fortaleceu-se no Senhor, o seu Deus”. A situação que ele experimentou não foi fácil, ele perdeu tudo, esposa, filhos, casa, etc., mas ele não desistiu porque acreditava no Senhor, que é maior do que todos os problemas.
Tudo que experimentamos que é negativo e difícil de entender faz parte da preparação da nossa vida para a eternidade. Podemos ter a certeza de que TUDO tem um propósito. Assim lemos em 2Coríntios 4.16-18: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”.
O nosso estilo de vida, antes da volta de Jesus, deve ser o de não desistir! Imagine como Jesus venceu essa etapa tão difícil antes de Sua crucificação. Hebreus 12.2 diz: “Tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus”.
A vinda do Senhor está próxima, fortalecei os vossos corações!
Viver Uma Vida em Santificação
Você ainda se lembra da sua infância, quando você brigou com os colegas na escola e neste exato momento entrou o professor? Você arrancou os cabelos do colega e, na presença do professor, uns ficaram com rostos vermelhos de vergonha, e você se defendeu com a justificativa: “foi ele, não eu”. Imagine Jesus voltando e nos encontrando em uma situação semelhante. Este estilo de vida está muito presente em nós. Em Mateus 24.48-50 lemos: “Mas suponham que esse servo seja mau e diga a si mesmo: ‘Meu senhor está demorando’, e então comece a bater em seus conservos e a comer e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe”.
Já foi mencionado 1João 2.28, que é muito importante neste contexto. Esse versículo trata justamente disso, sermos encontrados com vergonha. O nosso estilo de vida deveria ser a busca constante de purificação e paz com os outros. 1João 3.3 diz: “Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro”. “Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar” (Mt 24.46). Para não corrermos o risco de sermos encontrados por Jesus tendo atitudes vergonhosas, precisamos viver um estilo de vida como lemos em 2Pedro 3.14: “Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis”. É justamente por isso que experimentamos tribulações e estamos em processo de transformação, que às vezes não é fácil de suportar. Nestes tempos de sofrimento, é animador se lembrar de outros que também passaram pelas mesmas experiências que nós, e muitas vezes bem mais difíceis. Lemos em Tiago 5.10: “Irmãos, tenham os profetas que falaram em nome do Senhor como exemplo de paciência diante do sofrimento”. Eles perseveraram em dificuldades muito maiores e saíram vitoriosos, e assim eles servem hoje como modelo para nós. O estilo de vida de pessoas que vivem uma vida de santificação serve como modelo para a sua vida, e você verá que a pessoa que optou por este estilo de vida é abençoada. Lemos isso no verso seguinte: “... nós consideramos felizes aqueles que mostraram perseverança”. Viver em santificação deveria ser o estilo de vida para cada filho de Deus, pois esta é a vontade de Deus (1Ts 4.3).
“Imaginemos Jesus voltando amanhã para buscar a Sua Igreja. Imaginemos ter exatamente 24 horas de prazo à nossa disposição. O que seria importante para nós nesse momento? Como usaríamos o tempo disponível?
No começo haveria uma grande agitação. Mas certamente cada um de nós rapidamente faria planos acerca do que ainda desejaria realizar na Terra nessas últimas 24 horas.
Em primeiro lugar, todo crente se humilharia diante de Deus e confessaria todos os pecados que inquietam seu coração e pesam em sua consciência. Em seguida, iríamos rapidamente falar com todas as pessoas contra quem cometemos injustiças, pedindo-lhes perdão e procurando verdadeira reconciliação. Quando não fosse possível fazê-lo pessoalmente, telefonaríamos, escreveríamos ou mandaríamos uma mensagem de voz.
Para estar ainda mais bem preparado para o Arrebatamento, certamente todo crente ainda haveria de pensar sobre as oportunidades de servir negligenciadas e tentaria recuperar as chances perdidas. Acima de tudo, nos empenharíamos para que nossos parentes, amigos e vizinhos ouvissem um testemunho claro da nossa fé. Não mediríamos esforços e faríamos tudo para ganhar a sua atenção. Eles haveriam de perceber a nossa seriedade. E provavelmente nesse dia cada um de nós ganharia pelo menos uma pessoa para Jesus.
Então pensaríamos no nosso dinheiro, lastimando termos dado tão poucas ofertas para o Reino de Deus. Sacaríamos as nossas cadernetas de poupança, distribuindo o dinheiro de maneira sensata onde houvesse necessidade. Nem em sonho alguém pensaria em desperdiçar tempo com divertimentos e lazer nesse dia.

Imaginemos Jesus voltando amanhã para buscar a Sua Igreja. Imaginemos ter exatamente 24 horas de prazo à nossa disposição. O que seria importante para nós nesse momento? Como usaríamos o tempo disponível?
A seguir, iríamos para a última reunião de estudo bíblico e oração na igreja. O prédio seria pequeno demais para tanta gente. Muitos estariam de pé. Todos orariam sem envergonhar-se no meio da grande multidão ou em grupos menores. E quando chegasse a hora dos testemunhos, as pessoas não iriam parar de falar. Cada um contaria das suas experiências com Deus e relataria o que o Senhor fez por seu intermédio nesse dia. Certamente todos os testemunhos terminariam de maneira semelhante: ‘Eu lamento muito porque por tantos anos não vivi de maneira totalmente consagrada, que ajudei tão pouco na expansão do Reino de Deus, que dei poucas ofertas, que quase não testemunhei a outros e que raramente participei das reuniões de oração, porque pretensamente tinha coisas mais importantes a fazer. Espero que o Senhor ainda demore mais um pouco e só volte daqui a dois ou três anos! Então eu mudaria totalmente a minha vida! Gostaria tanto de produzir frutos para a eternidade, de juntar tesouros no céu’.
Ninguém olharia para o relógio desejando que o culto acabasse logo.
É uma atitude absolutamente realista crer que Jesus poderá voltar amanhã. Todos os sinais do nosso tempo mostram que vivemos nos últimos dias. Mas talvez ainda nos restem exatamente esses dois ou três anos de prazo para trabalhar para o Senhor. Assim, nosso desejo de fato estaria realizado e ainda teríamos tempo para recuperar parte daquilo que negligenciamos. Comecemos hoje mesmo!” (Daniel Siemens – http://www.chamada.com.br)
A noiva que vai encontrar o noivo precisa se preparar e se purificar para poder viver com ELE, que é santo por toda a eternidade. O nosso estilo de vida deve ser conforme Hebreus 12.14 diz: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor”. Viver para agradar o Senhor não nos permite viver o estilo de vida dos incrédulos. Eles vivem conforme Efésios 4.17-32.
Perseverar
“Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que não sejam julgados. O Juiz já está às portas!” Tanto este versículo como também Tiago 1.12 afirmam que se perseveramos teremos um resultado muito feliz. Nós estamos na reta final e vale a pena perseverar. Pense em , foi muito difícil suportar tantos sofrimentos. Em Jó 19.10 ele fala que a sua esperança foi arrancada como a uma árvore. Mas ele perseverou e lemos de um final feliz onde ele foi recompensado. Vale a pena perseverar. Isso já lemos em Habacuque 2.3. Mesmo que a promessa demore para se cumprir, você tem a palavra de Deus que o cumprimento virá. Imagine um atleta que está a uma volta do final e abandona a corrida porque acha que não vai aguentar. Está escrito em 2Timóteo 2.12: “se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negamos, ele também nos negará”.
Após a Segunda Guerra Mundial, muitas mulheres casaram-se outra vez porque não recebiam mais notícias de seus maridos. Achavam que não voltariam mais. Mas, de repente, o esposo voltava e encontrava sua esposa casada com outro. Imagine Jesus voltando e nos encontrando “casados” com outros senhores e outras coisas que não seja Ele!
Por isso lemos em Hebreus 10.35: “Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada”. Quem perseverar, ouvirá as palavras: “... nós consideramos felizes aqueles que mostraram perseverança” (Tg 5.11). Maria ouviu as seguintes palavras em Lucas 1.45: “Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!” Todas as testemunhas em Hebreus 12.1 reforçam este pensamento – vale a pena perseverar: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta”. Este tempo de espera e de perseverança nem sempre é algo agradável, mas como 1Pedro 1.6 diz: “Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação”. Ou Hebreus 12.11: “Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados”. Sem luta não há vitória. Jesus disse em João 16.21-22 que o tempo de perseverança é um tempo difícil, mas tem a sua recompensa.
Perseverar firme não é em vão – vale a pena!
Final Feliz
Veja qual foi a paciência de Jó e o fim que o Senhor lhe deu. O Senhor lhe deu um final feliz porque é muito misericordioso e piedoso. O Senhor preparou um final muito feliz para todos que creem e perseveram até o fim.
Pense em Noé, este homem sofreu durante 120 anos. Ele anunciou a mensagem de Deus e ninguém a aceitou. Ele foi desprezado e a as pessoas zombaram dele, mas ele experimentou um final feliz.
 é um exemplo para todos que sofrem no presente. O final dele nos anima a continuar mesmo vivendo com dores. Jó não só foi abençoado materialmente, mas também espiritualmente. “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42.5).
Daniel perseverou em um estilo de vida que glorificou o Senhor, e por isso ele sofreu injustiças, mas desfrutou um final feliz.
Asafe, que sofreu de corpo e alma, chegou a uma conclusão no Salmo 73.25-26: “A quem tenho nos céus senão a ti? E, na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre”.
Como é que Paulo perseverou na viagem com um navio que naufragou? Em Atos 27.20 lemos: “Não aparecendo nem sol nem estrelas por muitos dias e continuando a abater-se sobre nós grande tempestade, finalmente perdemos toda a esperança de salvamento”. Humanamente sem esperança, mas ele perseverou em fé como lemos em verso 25: “Assim, tenham ânimo, senhores! Creio em Deus que acontecerá conforme me foi dito”. Ele experimentou um final feliz. E quem perseverar vai ouvir as palavras que Maria também ouviu: “Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!” (Lc 1.45).
Já hoje e agora a pessoa que persevera experimente essa benção, depois da provação vem a exaltação. Como foi na vida de Jô, o “depois” será maravilhoso. Lemos em Jó 42.10 e 12: “Depois que Jó orou por seus amigos, o Senhor o tornou novamente próspero e lhe deu em dobro tudo o que tinha antes. O Senhor abençoou o final da vida de Jó mais do que o início. Ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de boi e mil jumentos”.
Não sei descrever quanto maior serão as bênçãos quando chegarmos no nosso final feliz, mas eu tenho a certeza absoluta que será numa proporção que não podemos explicar com palavras. Em 1Coríntios 2.9 lemos: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam”.
Ele preparou um final feliz para você que perseverar até ao final. Vale a pena, meu irmão e minha irmã, continuar nas lutas e sofrimentos, pois sabemos o que está escrito em Filipenses 1.23 e Romanos 8.18 são fatos: “Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (incomparavelmente melhor), porque “considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. Estamos a caminho do melhor!
Por isso, levanta-te e siga para o alvo para um final feliz sem fim. — Ernesto Kraft

O Cordão Azul


(Disse Jesus): ser-me-eis testemunhas. Eram estrangeiros e peregrinos na terra... claramente mostram que buscam uma pátria... uma melhor, isto é, a celestial.
(Atos 1:8; Hebreus 11:13-16)

O Cordão Azul (números 15:37-41)

Deus havia ordenado aos israelitas colocarem um cordão azul nas bordas de suas vestes, “para que vos lembreis de todos os mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus”.
Muitos mandamentos do Antigo Testamento têm uma aplicação moral direta para os crentes de hoje. Qual seria o significado dessa marca visível nas vestes? Para os israelitas, era um sinal exterior discreto, o qual mostrava que aquele que o carregava pertencia ao povo de Deus. Os que nos rodeiam, podem ver em nossa forma de viver que somos cristãos? Nos parecemos com Pedro e João, nos quais se percebia “que eles haviam estado com Jesus”? (Atos 4:13).
O cordão azul também recordava, a quem o carregava, sua posição privilegiada diante de Deus e a obediência que Lhe devia em troca. Devia fazer uma escolha, tomar uma decisão, resistir a uma tentação ou tinha dúvidas? Esse sinal lhe recordava que em qualquer situação, devia agradar ao Seu Deus. O crente sabe que preço foi pago para libertá-lo do pecado, da escravidão do mundo, da morte, e para dar-lhe a vida eterna: o Filho de Deus Se entregou e deu Sua vida por ele. Em troca, por essa maravilhosa graça, consagra sua vida ao seu Salvador. Aquilo que agrada ao Senhor Jesus guia suas decisões, dirige seus pensamentos e afeta suas afeições.
O cordão era da cor do céu. O Senhor Jesus está no céu, mas aprecia tudo o que os Seus, que estão na terra, fazem por Ele.

Estudando Filemom III


O evangelho respeita a nossa vontade

Norbert Lieth
Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado.” (Filemom 14)
Aliás, isso é algo exclusivo na história mundial em relação às outras religiões ou ideologias. Ao contrário do evangelho, elas promovem a submissão mediante leis e ordenanças. É o que vemos, por exemplo, no islã, onde há absoluta submissão. – Somente o evangelho trata de dedicação voluntária. Os requisitos para a fé neotestamentária são o amor e a graça.
“Mas não quis fazer nada sem a sua permissão.” Essa frase demonstra que no Novo Testamento não se age de modo ditatorial, mas se dá valor ao convívio amistoso e à convicção e disposição espiritual do próximo: cultiva-se o respeito mútuo.
O grande apóstolo poderia simplesmente ter ordenado a Filemom: “Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever” (Filemom 8). No entanto, ele faz um apelo em nome do amor, pois diz em Filemom 9: “Prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus”. Neste versículo vemos que, ao contrário do Antigo Testamento, o Novo Testamento apela para a livre vontade do outro e a respeita.
A lei pode obrigar alguém a agir e pode punir a desobediência, mas o amor não permite ser constrangido, pois ele age voluntariamente “para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado”. Somente desse modo pode-se esperar por frutos legítimos.
Mesmo assim, o Novo Testamento espera que atendamos às exigências de Deus, tenhamos atitude obediente e espiritual, que sempre procuremos pelo bem-estar do próximo e que estejamos prontos para fazer o bem, a qualquer hora: “Escrevo certo de que você me obedecerá, sabendo que fará ainda mais do lhe que peço” (Filemom 21). O Novo Testamento apela para nossa livre vontade, mas pressupõe que haja obediência, pois o Espírito do amor vive em nós. E esse Espírito “nos constrange” (2Coríntios 5.14).
Assim, o Novo Testamento espera por nossa obediência espontânea, conforme lemos em Romanos 12.1: “Portanto, irmãos, rogo pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês”. Sobre isso há um comentário de Ludwig Albrecht (1861-1931), um dos tradutores da Bíblia para o alemão: “Ao contrário dos costumes comuns dos cultos judaicos”.
O Senhor deseja e requer nossa obediência, nossa dedicação, nosso bem-querer; contudo, ele não nos obriga a isso, mas nos coloca diante da livre decisão – pois somente assim será algo frutífero: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2Coríntios 9.7). “Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir” (1Pedro 5.2).
Por isso, coloquemos nossa vontade espontaneamente à disposição em obediência ao Senhor. — Norbert Lieth

Estudando Filemom II



O evangelho esclarece

Norbert Lieth
Gostaria de mantê-lo comigo para que me ajudasse em seu lugar enquanto estou preso por causa do evangelho.” (Filemom 13)
1) O evangelho coloca o dever acima dos desejos. Onésimo se tornou um verdadeiro amigo de Paulo, permanecendo fielmente ao lado do apóstolo em sua prisão e o servindo. Afinal, Paulo estava aprisionado, em amarras. Além disso, Onésimo foi um amigo de coração e certamente foi difícil para Paulo separar-se dele. Sem dúvida Paulo precisava de um auxiliar para as muitas tarefas que tinha, apesar de estar preso. Onésimo podia tomar certas providências, ajudá-lo em várias tarefas e apoiá-lo na propagação do evangelho. No entanto, em nome do restabelecimento da justiça, Paulo prescindiu da sua presença. Para ele era mais importante que Onésimo retornasse ao seu senhor. Aqui vemos novamente o altruísmo do apóstolo. Ele colocou a necessidade acima do desejo próprio. – Nós também estamos dispostos a renunciar a certas comodidades e determinados auxílios por considerarmos mais importante a justiça de Deus?
2) O evangelho promove a equiparação. É uma afirmação forte que Paulo faz para seu amigo Filemom: “... para que me ajudasse em seu lugar”. Onésimo aqui é considerado no mesmo nível de Filemom, embora ele fosse um escravo e Filemom fosse um homem livre. Ambos têm o mesmo valor. De acordo com a posição em Cristo e no serviço para Jesus, ninguém está acima do outro: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28). “Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1Coríntios 12.13). É muito importante e útil para a comunhão e fraternidade entre os irmãos manter isso vivo na mente. — Norbert Lieth