sexta-feira, 22 de março de 2019

Massacre é coisa do Diabo!


Massacre é coisa do Diabo!

Daniel Lima
Na semana passada tivemos mais uma versão brasileira de um massacre escolar. Dois indivíduos fortemente armados invadiram uma escola e mataram pelo menos oito pessoas para, logo em seguida, se suicidar. Os detalhes são muito semelhantes ao que já nos acostumamos a ver. Após o evento, várias pessoas tentaram obter ganhos políticos com críticas ao atual ou aos antigos governos; ao mesmo tempo, muita gente tentou compreender o que acontece na mente e coração de alguém para cometer um ato desses. Agredir e até matar alguém em um acesso de raiva, ou por uma ofensa, é algo atroz, mas segue uma lógica – ainda que distorcida. No entanto, invadir uma escola e matar crianças de modo indistinto entra no campo da insanidade.
A resposta da insanidade parece bastante razoável e remove de cena uma possibilidade muito assustadora: que nós seres humanos “normais” somos capazes de atrocidades. Assim, fico me perguntando se insanidade, neste caso, pode ser uma desculpa que nos isenta como sociedade de lidar com alguns fatores que têm um grande poder influenciador em atos assim. Neste texto, gostaria de propor que um massacre como esse é coisa do Diabo! Por favor, não estou dizendo que um ou outro dos rapazes estavam “possuídos por um demônio” (por “possuídos” quero dizer no sentido de que não sabiam o que faziam ou que seus corpos obedeciam a uma outra entidade que não eles mesmos).
Apesar de difícil, esse e outros atentados assim realmente me parecem coisa do Diabo. Não estou buscando inocentar ninguém, mas tentar ver o que há por trás de tais atos. E vejo um plano diabólico, pois a Bíblia fala com clareza que Satanás veio para “roubar, matar e destruir” (João 10.10). Eu vejo este plano que desemboca em massacres em muitos atos que como sociedade aprendemos a tolerar e achar muito normal.
Por exemplo, videogames de extrema violência – aqueles onde cometer atos de sadismo resultam numa pontuação maior – são veículos que promovem a agenda de Satanás. Quem produz, quem vende e quem joga jogos assim, quer conscientemente ou não, está promovendo uma agenda satânica. O mesmo pode ser dito de filmes ou séries que, de maneira muito hábil, elaboram um enredo em que a única solução é a violência extrema. Isso não significa que todo mundo que assiste a um filme violento vai reproduzir estes atos na vida real; no entanto, deixar que cenas assim sejam registradas em seu cérebro no mínimo aumenta nossa tolerância com esta mesma agenda. Não importa se o enredo justifica a violência, ou se o contexto faz com que atos de violência sejam percebidos como atos de justiça.
A Bíblia fala com clareza que Satanás veio para roubar, matar e destruir.
Uma outra área em que a agenda satânica é promovida são nossos relacionamentos. Há famílias em que os pais, seja por simples cansaço e desinformação, seja por conflitos pessoais ou por opções quanto a um estilo de vida, são afastados de um convívio mínimo com seus filhos. Há situações em que indivíduos são ridicularizados, traumatizados, violentados... sem que exista consequências para quem pratica tais delitos, ou acompanhamento para quem os sofre. De alguma forma, tanto o abandono daqueles que deveriam dar afeto quanto o abuso de companheiros em geral são também parte de uma agenda satânica.
Some-se a isso os repetidos escândalos em que criminosos julgados conseguem escapar com poucas ou nenhuma consequência, perpetuando a impressão de que “não dá nada mesmo”, e temos uma sociedade que promove um contexto de violência, abuso e impunidade. Por que estamos chocados com massacres assim? Ou talvez a pergunta melhor seria: por que ficamos indignados com este evento (o que certamente deveríamos) e não com suas bases (violência, abuso e impunidade)? Será que como sociedade podemos então simplesmente riscar nossa responsabilidade designando de insanidade um ato de tamanha crueldade? Paulo, ao escrever a Timóteo, lança este alerta:
1Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. 2Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, 3sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, 4traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, 5tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder... (2Timóteo 3.1-5)
A descrição acima parece se aplicar com facilidade à nossa própria sociedade. Deixe-me destacar apenas 3 palavras. No verso 2 Paulo afirma que os homens serão “egoístas” (amantes de si mesmos). Temos visto isso crescer e inclusive tornar-se base de legislação. Um dos mais fortes argumentos pró-aborto é que ter uma criança “interfere nos direitos reprodutivos da mulher”. Seguindo essa lógica, podemos terminar uma vida para que “eu” não seja prejudicado. Outra palavra é traduzida por “sem amor pela família”. A palavra no original significa sem afeto ou sem carinho. Podia ser traduzida por insensíveis. Mais uma vez, isso é visto com extrema frequência em nossa sociedade. Basta ouvir como pais se referem a seus filhos, e vice-versa. Por fim, no verso 3 temos, entre outras palavras que descrevem a falta de domínio próprio, o termo “cruéis”. A palavra no original significa não civilizado, bárbaro ou brutal. Este termo, dentre outros, descreve o massacre: foi um ato bárbaro, não civilizado, brutal ou cruel.
Não podemos, como sociedade, plantar violência, abuso e impunidade e esperar colher paz, harmonia e gentileza.
É impossível pensar neste massacre, olhar o estado de nossa sociedade e não lembrar de outra advertência do apóstolo Paulo: “De Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá” (Gálatas 6.7). Não podemos, como sociedade, plantar violência, abuso e impunidade e esperar colher paz, harmonia e gentileza.
Para nós cristãos, que nem sempre destoamos de algumas destas atitudes de nossa sociedade, nos resta continuar a ler a exortação de Paulo a Timóteo até os versos 16 e 17 do mesmo capítulo da segunda carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra”.
O massacre foi de uma extrema tristeza. Orei pelas famílias de todos os que perderam a vida de modo tão estúpido. Minha sincera oração é que nossa sociedade seja confrontada com suas próprias opções e se volte para o único que pode nos trazer a verdadeira paz. Não há outro caminho. Sem um quebrantamento, vamos testemunhar mais e mais massacres como este ou eventos tão trágicos quanto ele.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Como devemos enfrentar a iniquidade


Como devemos enfrentar a iniquidade?

Daniel Lima
Semana passada, o país foi tomado por pelo menos duas polêmicas que atingiram o mundo evangélico. De um lado nosso presidente compartilhando um ato indecente (perdoem-me os que entendem aquela encenação como arte). Muito embora sua intenção declarada era mostrar sua indignação, o resultado foi um tumulto que obscureceu seu intuito. A segunda polêmica foi a apresentação da escola de samba Gaviões da Fiel em São Paulo, em que um ator vestido de Satanás derrota um ator vestido de Cristo.
Segundo aqueles que realizaram a encenação obscena, o propósito era mesmo chocar, assim como a outra que foi blasfema. Em minha opinião, ambas são lamentáveis e até mesmo repugnantes, mas simplesmente retratam o que nossa sociedade tolera e, em vários momentos, até mesmo apoia. No entanto, por que estamos tão surpresos como cristãos? O que esperávamos de uma festa como o carnaval? Ou ainda mais: será que esses foram os atos que mais ofenderam a Deus? O que dizer sobre a violência contra mulheres, sobre prostituição infantil, sobre abuso de substâncias ou turismo sexual?
Nem por um momento estou tentando diminuir a gravidade do que foi veiculado, seja por nosso presidente, seja em uma passarela de Carnaval. No entanto, me parece que alguns cristãos ainda não se deram conta de que vivemos em uma sociedade não cristã. Nosso povo não é um povo pacífico (62.517 mortes violentas em 2016), não é um povo que valoriza uma vida familiar harmoniosa (221 mil queixas de violência doméstica em 2017), não é um povo que se caracteriza por discrição na área sexual (não vou nem apresentar números...) e, por fim, não é uma sociedade transformada pelo cristianismo. O “cristianismo” brasileiro é superficial, ritual e nominal.
Quando a igreja primitiva invadiu o mundo no primeiro século, aquela cultura se caracterizava pela imoralidade, pela injustiça social, pela falta de proteção de vulneráveis e por um paganismo institucionalizado.
Um dos equívocos da igreja ocidental é crer que de alguma forma nossa sociedade e nossa cultura são cristãs. Com isso usamos argumentos cristãos para tentar conter os abusos da própria sociedade. Houve uma época em que a cultura tinha um certo respeito (ainda que superficial) pelas verdades cristãs, mas este tempo já passou. Hoje vivemos em uma sociedade pagã, em muitos sentidos semelhante ao mundo greco-romano do primeiro século.
Esta perspectiva não deveria nos desanimar, mas indicar o verdadeiro contexto no qual vivemos e lutamos. Quando a igreja primitiva invadiu o mundo no primeiro século, aquela cultura se caracterizava pela imoralidade, pela injustiça social, pela falta de proteção de vulneráveis e por um paganismo institucionalizado. Ainda assim, aquele movimento desorganizado, imaturo e sem recursos “virou o mundo de pernas para o ar”. A confiança da igreja primitiva não estava em seu status perante a sociedade, não estava nas leis ou no respeito por suas instituições. Sua confiança estava no testemunho de vidas transformadas apesar do desprezo, hostilidade e perseguição em que viviam.
Como reagir então a uma sociedade que é hostil à nossa fé? Como apresentamos Cristo diante daqueles que não compartilham – na verdade até se opõe – ao que cremos? Como proclamar nossa fé em meio ao império das trevas? Novamente corremos para a Bíblia buscando orientação. Quando Jesus enviou os doze discípulos em sua primeira viagem missionária, suas palavras foram diretas e contundentes, tanto quanto ao que iriam enfrentar como quanto à instrução oferecida. Em Mateus 10.16-20 lemos:
16Eis que eu os envio como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17Tenham cuidado com os homens, porque eles os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas suas sinagogas. 18Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. 19E, quando entregarem vocês, não se preocupem quanto a como ou o que irão falar, porque, naquela hora, lhes será concedido o que vocês dirão. 20Afinal, não são vocês que estão falando, mas o Espírito do Pai de vocês é quem fala por meio de vocês.
É curioso que a ilustração de Jesus não é a de que somos como valentes cães pastores que enfrentam os lobos pagãos. Sua escolha foi o exemplo de ovelhas, que têm como característica mais conhecida sua mansidão. Sua mansidão não é devido à passividade delas, mas à postura de que sua defesa depende do pastor de suas almas.
O contraste “serpentes x pombas” é muito curioso e instrutivo. A atitude da serpente é descrita como “prudente”. Esta palavra no original é geralmente usada no sentido positivo de cuidado, sabedoria ou discrição. Assim, por um lado devemos ser cuidadosos, sem buscar aparecer ou impressionar por nosso próprio poder. Por outro lado, somos chamados a estar no mundo sem malícia, sem jogo sujo, sem mentiras ou manipulações da verdade.
Quando formos confrontados quanto à nossa fé, quando formos constrangidos a nos manifestar, nosso papel é falar o que o Espírito Santo nos der para falar.
Jesus não esconde que somos vulneráveis e que seremos injustiçados. Ele não esconde que a própria lei será usada contra nós. Ele afirma que a sociedade será hostil contra nós. No entanto, sua ênfase está em nossa postura quando formos levados diante de autoridades. Nesse contexto não devemos nos preocupar com o que dizer, pois nossa vitória não está em argumentos astuciosos. O próprio Espírito Santo falará por nosso intermédio. Quando formos confrontados quanto à nossa fé, quando formos constrangidos a nos manifestar, nosso papel é falar o que o Espírito Santo nos der para falar.
Em resumo:
  1. Não devemos ser combativos, mas cuidadosos e sem malícia, preservando a Palavra de Deus sem hostilidade (ver Filipenses 2.14-16);
  2. A sociedade se voltará contra nós, seremos injustiçados e perseguidos (ver João 16.33);
  3. Nossa resposta deve ser espiritual e não conforme as discussões deste mundo (ver 1Pedro 3.15-16).
Minha oração é que tanto eu como você estejamos prontos a explicar a razão de nossa fé, mas, como instruiu Pedro, fazendo isso com mansidão e respeito. Que sejamos conhecidos pelo Espírito que habita em nós e não por nossa sagacidade e articulação.

terça-feira, 12 de março de 2019

Razão Para Crer


Razão Para Crer

Dave Hunt
"Lembrai-vos das coisas passadas da antigüidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Isaías 46.9-10).
A profecia bíblica é a chave para se entender tanto o passado quanto o futuro. Embora aos céticos essa talvez pareça uma pretensão absurda, ela é facilmente comprovada. Pelo fato de ter se cumprido a maior parte das profecias registradas na Bíblia, fica muito simples determinar se essas profecias são ou não confiáveis.
Dois importantes assuntos da profecia estendem-se consistentemente por toda a Escritura: (1) Israel; (2) O Messias que vem para Israel e através de Israel para o mundo como Salvador de toda a humanidade. Ao redor destes dois temas centrais quase todas as demais profecias se desenrolam e encontram o seu significado, seja o Arrebatamento da Igreja, o Anticristo, seu governo e religião vindouros, o Armagedom, a Segunda Vinda de Cristo, ou qualquer outra ocorrência profética. A Bíblia é absolutamente única na apresentação dessas profecias, as quais ela registra com detalhes específicos, começando há mais de 3.000 anos.
Cerca de 30% da Bíblia são dedicados à profecia. Esse fato confirma a importância do que tem se tornado um assunto negligenciado. Em contraste marcante, a profecia está completamente ausente no Corão, nos Vedas hindus, no Baghavad Gita, no Ramayana, nas palavras de Buda e Confúcio, no Livro de Mórmon, ou quaisquer outros escritos das religiões mundiais. Esse fato isolado já provê um inegável selo de aprovação divina sobre a fé judaico-cristã, que falta em todas as outras crenças. O perfeito registro do cumprimento da profecia bíblica é suficiente para autenticar a Bíblia, diferentemente de todos os outros escritos, como a única e inerrante Palavra de Deus.

Profecia – A Grande Prova

Cerca de 30% da Bíblia são dedicados à profecia. Esse fato confirma a importância do que tem se tornado um assunto negligenciado.
Há muitas provas importantes para a profecia bíblica. A primeira de todas, o cumprimento da profecia estabeleceu prova irrefutável da existência do próprio Deus que inspirou os profetas. Pelos importantes eventos da história mundial, profetizados centenas e mesmo milhares de anos antes de acontecerem, o Deus da Bíblia prova ser o único Deus verdadeiro, Criador do Universo e da humanidade, o Senhor da História – e que a Bíblia é a Sua Palavra infalível, dada a fim de comunicar os seus propósitos e meio de salvação a todos os que crerem. Aqui está uma prova tão simples que uma criança pode entender e tão profunda que os maiores gênios não podem refutar.
A profecia, pois, desempenha um papel vital ao revelar o propósito de Deus para a humanidade. Ela também fornece uma prova inteiramente segura na identificação do verdadeiro Messias de Deus, ou Cristo, e desmascara o impostor de Satanás, o anticristo, de maneira que ninguém que observar a Palavra de Deus venha a ser por ele enganado.
Entretanto, por ser a profecia única na Bíblia, ela é única para Cristo. Profecia nenhuma narrou a vinda de Buda, Maomé, Zoroastro, Confúcio, Joseph Smith, Mary Baker Eddy, os populares gurus hindus que têm invadido o Ocidente, ou qualquer outro líder religioso, todos eles sem as credenciais que distinguem Jesus Cristo. Entretanto, há mais de 300 profecias do Velho Testamento que identificam o Messias de Israel. Séculos antes de Sua vinda, os profetas hebreus estabeleceram critérios específicos que deveriam ser preenchidos pelo Messias. O cumprimento destas profecias nos mínimos detalhes da vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré demonstram indiscutivelmente ser Ele o prometido por Deus, o verdadeiro e único Salvador.
Visto que estes dois importantes itens da profecia bíblica, Israel e o Messias, são tratados em alguns dos meus livros, principalmente em "Quanto Tempo Nos Resta?", vamos resumi-los aqui rapidamente. Em Isaías 43.10, o Deus de Israel declara que os judeus são Suas testemunhas para o mundo do qual Ele é Deus. Tal é o caso, apesar de 30% dos israelitas hoje afirmarem ser ateus e a maior parte dos judeus do mundo inteiro jamais pensarem em dizer que Deus existe. Mesmo assim eles são testemunhas da existência dEle, tanto para si mesmos como para o mundo, por causa do espantoso cumprimento exato na história daquilo que Deus falou que iria acontecer a esse povo especial.

O Povo Escolhido – Sua Terra e Destino

Embora muito do que os profetas predisseram para Israel ainda seja para o futuro, nove profecias importantes envolvendo detalhes específicos e verificáveis já se cumpriram, exatamente como fora previsto séculos antes.
1. Deus prometeu uma terra e fronteira claramente definidas (Gênesis 15.18-21) a Abraão (Gênesis 12.1; 13.15; 15.7, etc.) e renovou tal promessa a Isaque, filho de Abraão (Gênesis 26.3-5), ao seu neto Jacó (Gênesis 28.13) e aos seus descendentes para sempre (Levítico 25.46; Josué 14.9, etc.).
2. É um fato histórico Deus ter trazido esse "povo escolhido" (Êxodo 7.4-8; Deuteronômio 7.6; 14.2, etc.) à Terra Prometida; uma surpreendente história de milagres por si só.
3. Quando os judeus entraram na Terra Prometida, Deus os advertiu que, se eles praticassem a idolatria e imoralidade dos habitantes primitivos, os quais Ele havia destruído por praticarem o mal (Deuteronômio 9.4), Ele os lançaria também para longe (Deuteronômio 28.63; 1 Reis 9.7 e 2 Crônicas 7.20, etc.). Que isso aconteceu é, também, inegável pela história.
Até este ponto, a história nada tem de especial. Outros povos acreditaram que uma certa área geográfica era a sua "terra prometida" e depois de entrarem nela foram posteriormente expulsos pelos inimigos. Porém, as próximas seis profecias e o seu cumprimento são absolutamente únicos na história dos judeus. A ocorrência desses eventos, exatamente como foram profetizados, jamais pode ter acontecido por acaso.
Deus declarou que o seu povo seria espalhado"entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra".
4. Deus declarou que o seu povo seria espalhado "entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra" (Deuteronômio 28.64; comp. 1 Reis 9.7; Neemias 1.8; Amós 9.9; Zacarias 7.14, etc.). E assim aconteceu. O "judeu errante" é encontrado em toda parte. A precisão com que essas profecias aconteceram exclusivamente aos judeus se tornou marcante, porque segue cumprimento após cumprimento até que a existência de Deus através do trato com o Seu povo escolhido se torne irrefutável.
5. Deus os admoestou que onde quer que vagassem, os judeus seriam "pasmo, provérbio e motejo entre todos os povos" (Deuteronômio 28.37; 2 Crônicas 7.20; Jeremias 29.18; 44.8, etc.). Incrivelmente isso tem se tornado realidade a respeito dos judeus através de toda a história, exatamente como a geração presente pode muito bem constatar. A maledicência, o desprezo, as piadas, o ódio violento chamado anti-semitismo, não apenas entre os muçulmanos, mas até mesmo entre os que se chamam cristãos, é um fato único e persistente na história peculiar do povo judeu. Mesmo hoje, apesar da freqüente memória do Holocausto de Hitler, que chocou e envergonhou o mundo inteiro como um desafio à lógica e à consciência, o anti-semitismo está vivo e recrudesce em todo o mundo.

História de Perseguição

Além do mais, os profetas declararam que esse povo espalhado não apenas seria difamado, denegrido e discriminado, mas:
6. Seria perseguido e assassinado como nenhum outro povo na face da terra, fato que a história atesta com eloqüente testemunho, pois foi exatamente o que aconteceu aos judeus, século após século, onde quer que fossem encontrados. O registro histórico de nenhum outro grupo étnico ou nacional de pessoas contém algo que ao menos se aproxime do pesadelo de terror, humilhação e destruição que os judeus têm suportado na história, pelas mãos dos povos entre os quais foram espalhados.
Vergonhosamente, muitos que afirmaram ser cristãos e, portanto, seguidores de Cristo, que era um judeu, estavam na primeira fila da perseguição e extermínio dos judeus. Havendo ganho completa cidadania no Império Romano pagão, em 212 d.C., sob o Édito de Caracalla, os judeus se tornaram cidadãos de segunda classe e objeto de incrível perseguição depois que o Imperador Constantino supostamente se tornou cristão. A partir daí, foram os que se chamavam cristãos que se tornaram mais cruéis com os judeus do que os pagãos jamais haviam sido.
Os papas católicos romanos foram os primeiros a fomentar o anti-semitismo ao máximo. Hitler, que permaneceu católico até o fim, afirmaria que estava apenas seguindo o exemplo dos católicos e dos luteranos em concluir o que a igreja havia começado. O anti-semitismo fazia parte do catolicismo, do qual Martim Lutero jamais se libertou. Ele advogava que se incendiassem as casas dos judeus, dando-lhes a alternativa de se converterem ou ficarem sem a língua.[1] Quando os judeus de Roma foram libertados de seus guetos pelo exército italiano em 1870, sua liberdade finalmente pôs fim a cerca de 1.500 anos de inimaginável humilhação e degradação nas mãos dos que afirmavam ser os vigários de Cristo. Papa nenhum odiou os judeus mais do que Paulo IV (1555-1559), cuja crueldade foi além da imaginação humana. O historiador católico Peter de Rosa confessa que uma inteira "sucessão de papas reforçou os antigos preconceitos contra os judeus, tratando-os como leprosos, indignos da proteção da lei. Pio VII (1800-1823) foi sucedido por Leão XII, Pio VIII, Gregório XVI e Pio IX (1846-1878) – todos eles discípulos de Paulo IV.[2] O historiador Will Durant nos lembra de que Hitler teve bons precedentes para a suas sanções contra os judeus:
Os profetas declararam que o povo espalhado não apenas seria difamado, denegrido e discriminado, mas seria perseguido e assassinado como nenhum outro povo na face da terra.
O Concílio (católico romano) de Viena (1311) proibiu qualquer transação entre cristãos e judeus. O Concílio de Zamora (1313) estabeleceu que se proibissem aos cristãos de se associarem aos judeus... E levou as autoridades seculares (como a igreja havia há muito estabelecido em Roma e nos estados papais) a confinar os judeus em quarteirões separados (guetos) e compeli-los a usar um distintivo (antes havia sido um chapéu amarelo) e assegurar sua freqüência aos sermões para que se convertessem.[3]


Preservação e Renascimento

Deus declarou que apesar de tais perseguições e massacres periódicos,
7. Ele não permitiria que o Seu povo fosse destruído, mas o preservaria como um grupo étnico e nacional identificável (Jeremias 30.11; 31.35-37, etc.). Os judeus teriam toda razão de se misturarem através de casamentos [com os gentios], de mudarem seus nomes e de esconderem sua identidade de qualquer maneira possível, a fim de escaparem à perseguição. Por que preservaram sua linha sangüínea, se não possuíam uma terra própria, se a maioria não cria literalmente na Bíblia, e se a identificação racial só lhes trazia as mais cruéis desvantagens?
Deixar de se misturar em casamentos não fazia sentido. A absorção por aqueles entre os quais viviam pareceria inevitável, de modo que poucos sinais dos judeus como povo distinto deveriam permanecer até hoje. Afinal, esses desprezíveis exilados foram espalhados por todos os cantos da terra por 2.500 anos, desde a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 586 a.C. Poderia a "tradição" ser tão forte sem uma fé real em Deus?
Contra todas as previsões, os judeus permaneceram um povo distinto, depois de todos esses séculos. Este fato é um fenômeno sem paralelo na história e absolutamente peculiar aos judeus. Para a maioria dos judeus que viviam na Europa, a lei da igreja tornava impossível o casamento misto sem a conversão ao catolicismo romano. Aqui mais uma vez a igreja católica desempenhou um papel infame. Durante séculos era pecado mortal, sob a jurisdição dos papas, o casamento entre judeus e cristãos, evitando-se os casamentos mistos mesmo entre os que o desejassem.
A Bíblia diz que quando Deus determinou guardar o Seu povo escolhido separado para si próprio (Êxodo 33.16; Levítico 20.26, etc.), Ele o fez porque
8. Os traria de volta à sua terra nos últimos dias (Jeremias 30.10; 31.8-12; Ezequiel 36.24,35-38, etc.), antes da segunda vinda do Messias. Essa profecia e promessa há tanto esperada foi cumprida com o renascimento de Israel em sua Terra Prometida. Isso aconteceu em 1948, quase 1.900 anos após a Diáspora final, na destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., pelos exércitos romanos liderados por Tito. Essa restauração de uma nação, depois de 25 séculos, é absolutamente espantosa, um fenômeno sem paralelo na história de qualquer outro povo e inexplicável por meios naturais e muito menos pelo acaso. Mais notável é que
9. Deus declarou que nos últimos dias, antes da segunda vinda do Messias, Jerusalém se tornaria "um cálice de tontear... uma pedra pesada para todos os povos" (Zacarias 12.2-3).Quando Zacarias fez esta profecia, há 2.500 anos, Jerusalém permanecia em ruínas e cheia de animais selvagens. A profecia de Zacarias parecia uma grande loucura, mesmo após o renascimento de Israel em 1948. Pois hoje, exatamente como foi profetizado, um mundo de quase 6 bilhões de pessoas tem os seus olhos voltados para Jerusalém, temendo que a próxima Guerra Mundial, se explodir, seja travada sobre essa pequenina cidade. Que incrível cumprimento da profecia!

Nenhuma Explicação Normal

Israel ocupa 1/6 de 1% da área de terra que os árabes possuem. Os árabes têm o petróleo, a riqueza e a influência mundial que tais recursos aparentemente inesgotáveis proporcionam. Não apenas o pedacinho de terra de Israel é dificilmente perceptível no mapa-múndi, como também lhe faltam todas as coisas essenciais para que se torne o centro das preocupações de todo o mundo. Entretanto, desafiando o bom-senso, Israel é o foco da atenção mundial, exatamente como foi profetizado.
Jerusalém é uma pequenina cidade sem importância comercial ou localização estratégica. Mesmo assim, os olhos do mundo inteiro estão sobre ela mais do que sobre qualquer outra cidade.
Jerusalém é uma pequenina cidade sem importância comercial ou localização estratégica. Mesmo assim, os olhos do mundo inteiro estão sobre ela mais do que sobre qualquer outra cidade. Jerusalém tornou-se realmente uma "pedra pesada" ao redor do pescoço de todas as nações do mundo, o problema mais irritante e instável que as Nações Unidas enfrentam hoje. E não há explicação lógica para isso. O que os profetas hebreus declararam há milhares de anos e que parecia absolutamente irreal em seu tempo está se cumprindo hoje. Essa é apenas uma parte da evidência de que os "últimos dias" profetizados estão chegando para nós, e que a nossa geração, provavelmente, verá o restante da profecia cumprida.
As profecias acima delineadas (para não citar inúmeras outras), têm sido assunto de conhecimento público nas páginas da Escritura e têm estado disponíveis para exame cuidadoso durante séculos. Que elas tenham se cumprido com detalhes não pode ser obra do acaso, sendo, na verdade, a prova evidente da existência do Deus que inspirou a Bíblia, provando a autenticidade e inerrância desse Livro. Em vista de tal clara e admirável evidência, somente podemos supor benevolentemente que nenhum agnóstico ou ateu tenha se atrevido a ler as profecias bíblicas e as tenha checado pessoalmente com a história e os eventos atuais.
Existem profecias adicionais concernentes a Israel e Jerusalém que se referem aos últimos dias, as quais ainda aguardam futuro cumprimento. Entretanto, podemos estar certos, baseados nas profecias que já se cumpriram, que estas também se realizarão em um futuro não muito distante. O tempo mais aterrador de destruição para os judeus e também para toda a população mundial ainda está por vir. Ele se chama "tempo de angústia para Jacó" (Jeremias 30.7).
Com espantosa precisão a Bíblia não menciona Damasco, Cairo, Londres ou Paris como centro da ação dos últimos dias, mas apenas duas cidades específicas: Jerusalém e Roma. Elas são divergentes, têm sido inimigas desde a época dos césares e notavelmente continuam rivais pela supremacia espiritual ainda hoje. A Roma católica reivindica ser a "Cidade Eterna" e a "Cidade Santa", títulos que a Bíblia deu a Jerusalém. Roma também afirma que é a "Nova Jerusalém", provocando um conflito direto com as promessas de Deus concernentes à verdadeira Cidade de Davi.
Passaram-se 2.000 anos de tensão e antagonismo entre Roma e Jerusalém. Durante quase 46 anos após o renascimento de Israel em 1948, o Vaticano se recusou a reconhecer esse país. Essa animosidade não foi apagada pela recente abertura que o Vaticano executou apenas como expediente para se aproximar de Israel. Roma quer exercer influência sobre o futuro de Jerusalém, que ela ainda insiste em tornar uma cidade internacional sobre a qual Israel não tenha mais direito do que qualquer outra nação.
Com espantosa precisão a Bíblia identifica Jerusalém e Roma como os pontos focais dos eventos profetizados para os últimos dias. Ambas vão ter sua parte no julgamento de Deus. Exige-se pouco mais do que atenção casual sobre as notícias diárias para se reconhecer a precisão da profecia. Também aí, no que a Bíblia diz sobre Roma e a Cidade do Vaticano, temos evidências adicionais de que esse Livro é a Palavra de Deus. (extraído do livro "A Woman Rides the Beast", tradução de Mary Schultze)

Notas

  1. Will Durant, The Story of Civilization, vol. VI, The Reformation (Simon and Schuster, Inc., 1950), p. 727.
  2. Peter de Rosa, Vicars of Christ: The Dark Side of the Papacy (Crown Publishing, Inc., 1988), p. 194.
  3. Durant, op. cit., vol. VI, p. 729.

Justamente um Jumento


Justamente um jumento

Wolfgang Schuler
O jumento caracteriza-se por ser um animal paciente mas também teimoso, e, como tal, ele desempenha um papel de destaque na Bíblia. Nas bênçãos que Jacó profere sobre os seus filhos, ele é amarrado ao “ramo mais seleto” da videira.
As bênçãos que Jacó profere ao fim da sua vida sobre os seus filhos são familiares para todos nós, especialmente as declarações proféticas sobre o seu filho Judá (Gn 49.8-12), que culminam nas palavras: “O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão”.
A tribo de Judá perdeu o cetro e o bastão de comando no ano 6 d.C., quando, sob o imperador romano Tibério e o governador Pôncio Pilatos, a Judeia foi oficialmente declarada província romana. Pouco depois, Jesus de Nazaré reivindicou no templo pela primeira vez, aos 12 anos de idade, ser o Messias, para espanto dos seus pais e mais ainda dos escribas e fariseus: “Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49).
No entanto, qual seria o papel do jumento na bênção de Jacó nos versículos subsequentes? “Ele amarrará seu jumento a uma videira; e o seu jumentinho, ao ramo mais seleto; lavará no vinho as suas roupas; no sangue das uvas, as suas vestimentas. Seus olhos serão mais escuros que o vinho; seus dentes, mais brancos que o leite” (Gn 49.11-12). O que significará isso? É raro algum intérprete ocupar-se desses belos, porém misteriosos versículos.
Sandra Oster Barras, gerente do escritório israelense da Christian Friends of Israeli Communities (CFOIC) no centro das terras bíblicas e no coração de Israel, as regiões “ocupadas” da Judeia e da Samaria, trata detalhadamente da bênção de Jacó em seu estudo bíblico de cinco partes em DVD The Choosing of a Chosen People (A Escolha de um Povo Escolhido), mas também ela omite a passagem que fala do jumento. Em um diálogo pessoal, ela admitiu que alguns intérpretes também atribuem um sentido messiânico a essa passagem.
Chama atenção que o jumento ocupa uma posição de destaque nas Escrituras Sagradas. Apenas um grupo restrito de animais é aceito para uso nos sacrifícios. São aqueles que (tal como o Messias) se submetem docilmente às mãos do homem, mesmo quando este pretende sacrificá-los, ou seja, matá-los: bovinos, carneiros, cabras e pombos mansos. O jumento é expressamente excluído desse grupo. Todo primogênito de jumento pertencia a Deus e precisava ser resgatado por meio de um cordeiro; caso contrário, teria de ser morto (literalmente “desnucado”) – uma palavra muito violenta (Êx 13.13). Balaão ouve as palavras proféticas de Deus justamente da boca de um jumento, o que salvou sua vida e lhe deu mais tarde a oportunidade – ainda que a contragosto – de proferir algumas das mais extraordinárias profecias sobre o povo de Israel e o seu Messias (Nm 23–24).
A montaria real de Davi era um jumento, sobre o qual ele introduziu seu filho Salomão em Jerusalém para apresentá-lo como seu sucessor de direito em sua velhice. Zacarias anunciou o Messias como alguém que, como Davi, entra em Jerusalém montado num jumento, filhote de uma jumenta (Zc 9.9), e é exatamente isso que Jesus faz sob os hosanas do Seu povo pouco antes de celebrar Sua última Páscoa. Muitos jumentos possuem em seu lombo uma grande e escura cruz no pelo – uma longa faixa longitudinal e outra mais curta, transversal, na altura das patas dianteiras.

Muitos jumentos possuem em seu lombo uma grande e escura cruz no pelo.
Os jumentos eram apreciados por sua docilidade e paciência, mas eles também conseguem ser bem teimosos. Deus repetidamente confirma Seu amor e Sua eterna fidelidade a Israel apesar de todos os desvios e da obstinação desse povo. A Escritura Sagrada refere-se no mínimo nove vezes à obstinação de Israel.
Pode ser que o jumento não fosse aceitável como animal sacrificável por ser tão semelhante a Israel, o “primogênito” que Deus não quer sacrificar, mas resgatar por meio do Cordeiro. Seria por isso também que a primeira cria do jumento deveria ser resgatada por um cordeiro? Seria que Judá deveria amarrar o seu “jumento” – sua própria “cabeça dura” – à mais nobre das videiras (Jo 15.1; o Texto afirma: Ele fará!) para não fugir dela e não perder a bênção que lhe foi designada?
Suas vestes serão lavadas pelo “sangue das uvas” daquela videira, prossegue o versículo 11 de Gênesis 49. Um tanto à margem, ele também constata que o suco dessa nobre videira parece ser excelente. Os olhos “escuros“ revelam que ele bebeu abundantemente desse suco. A única referência bíblica além desta em que aparece a palavra hebraica que significa “escuro” ou “avermelhado“ é Provérbios 23.29-30, que trata do abuso do consumo de vinho. Nessa passagem, a melhor tradução seria algo como “inebriado de vinho”.
Com isso proporciona-se a Judá não só uma purificação externa, mas também interna, e o seu coração se enche de alegria como por um bom vinho. Os olhos inebriados (não avermelhados) refletem isso, e os dentes brilhantemente brancos (“mais brancos que o leite”) são um sinal exterior de que essa purificação interna se realizou.
Assim, essas palavras proféticas de Jacó interpretam de forma simpática, até bem-humorada, aquilo que mais tarde Ezequiel anunciaria detalhadamente (Ez 36.25-28) e o que Paulo confirma em Romanos 11.26 a respeito do povo judeu, fazendo referência a Isaías 59.20: “Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade”. Ele cita Isaías de acordo com a Septuaginta, que se desvia aqui do texto massorético em dois pontos. Como a Septuaginta é mais antiga que o texto massorético redigido, ela parece ser mais confiável. E Deus se mantém fiel à Sua Palavra!

Ezequiel 37.5


Ezequiel 37.5

Ludwig Schneider
“Assim diz o Soberano, o Senhor, a estes ossos: Farei um espírito entrar em vocês, e vocês terão vida” (Ez 37.5).
Ao lembrar de 1948, quando após 2.000 anos de exílio do povo judeu, David Ben-Gurion declarou a fundação do Estado de Israel, e de 1967, quando Jerusalém e o monte do Templo foram reconquistados pelos judeus, meu interior fica exultante de alegria. Para muitos não judeus, que naquela ocasião se alegraram juntamente com os israelenses, o júbilo já se extinguiu. Também para muitos judeus a alegria pela reinstalação do Estado judeu está restrita. Será que se imaginava algo diferente para a terra prometida, algo como o céu na terra?
Muitos não querem admitir que o sionismo é um movimento nacional e não espiritual. É o que Deus nos mostra figuradamente na visão de Ezequiel 37. Na política podemos chamar isso de “plano gradual”.
A visão de Ezequiel inicia com a ação de Deus chamando, isto é, sacudindo os judeus que se encontravam em estado de êxtase, conforme descreve o Salmo 126, confrontando-os com a morte, pois Deus coloca o profeta Ezequiel – e junto com ele o povo de Israel – dentro de um campo de ossos secos.
Quem se lembra das fotos captadas de cadáveres nos campos de concentração pode observar que Deus colocou Ezequiel e o povo judeu em um campo de mortos real e não virtual. Em meio a esses cadáveres, Deus pergunta: “Filho do homem, estes ossos poderão tornar a viver?”, e Ezequiel, em estado de choque, responde: “Ó Soberano Senhor, só tu o sabes”!
A alegria pela decretação do Estado de Israel está esquecida, pois agora inicia o real sionismo e com ele o “plano gradual” de Deus. Os carismáticos ficam eufóricos com as palavras de Deus no versículo 5: “Farei um espírito [meu Ruach ha-Kodesh, meu Espírito Santo] entrar nos ossos”. No entanto, ainda não chegou a esse ponto, pois primeiramente os ossos precisam se juntar novamente, cada um em seu devido lugar. Isso causa um forte ruído, pois tudo o que acontece em Israel faz disparar um enorme barulho na mídia. Assim, também no recanto mais distante da Terra se ouve que Deus está reunindo o seu povo. Depois formam-se os tendões e a carne sobre os ossos. A partir dos ossos secos espalhados forma-se então um corpo; porém, sem o fôlego, sem o Ruach ha-Kodesh.
Por isso, não espere muito de Israel. Em sua posição, Israel continua sendo o povo santo, escolhido, porém ainda não na situação, pois isso acontecerá somente bem no final.
Poderíamos agora imaginar que esse plano gradual conduz o povo judeu ao seu destino ininterruptamente. Isso seria ótimo! No entanto, o povo de Israel não acompanha isso, pois ele constantemente se afasta do caminho de Deus. Em todo caso, porém, ele não segue outro caminho a não ser o caminho de Deus para o alvo prometido.
Os profetas da Bíblia exortam o povo de Israel por causa de seus pastores insensatos (Zc 11.5,15-16), que por causa deles Deus não poupará os habitantes de Israel. Assim, Israel precisa se submeter a mais uma semana de sete anos (Dn 7.21; 8.24; 9.27). Essa tribulação terá um fim quando o povo de Israel se arrepender e voltar para o seu Deus. Então Deus derramará o seu Espírito sobre o povo e assim, o que até então era apenas um corpo de povo, será transformado em um povo cheio do Espírito Santo.
Acompanhei os meus filhos e posteriormente os meus netos ao serem convocados para o serviço militar israelense. Eles se portam com firmeza, batem continência e recebem uma arma na mão. Então eles correm até o próximo oficial, o qual lhes abre a camisa da farda e coloca uma Bíblia sobre o peito. Nós, os pais ou avós, olhamos orgulhosos para os nossos rebentos, dos quais agora depende a segurança de Israel.
Em seguida, porém, ouve-se a voz do rabino capelão: “‘Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). Isso novamente põe nossos pés no chão, lembrando que não depende de nós, mas do Senhor. Esta é a terceira e última fase do plano gradual de Deus. Será quando Deus derramar o seu Espírito sobre os ossos reunidos do corpo de Israel: “Am yisrael chai – o povo de Israel vive!”. — israeltoday.co.il