sábado, 21 de setembro de 2013

AS PROMESSAS DE DEUS A ISRAEL

Desde o segundo século depois de Cristo, muitos de dentro da Igreja têm afirmado que ela substituiu Israel para sempre. Na metade do segundo século, Justino Mártir, em seu famoso Dialogue with Trypho, a Jew [Diálogo com Trifão, um Judeu], chamou a Igreja de “a verdadeira raça israelita”, com base em que “Cristo é Israel”. Justino continua:
Tais são as palavras das Escrituras; portanto, entendam que a semente de Jacó agora se refere a algo mais, e não como se pode supor, que fale sobre o seu povo. Pois não é possível que a semente de Jacó, ou que Deus tenha aceitado aquelas mesmas pessoas a quem Ele reprovara como sendo inadequadas para a herança, e que prometa essa mesma herança a elas novamente.[1]
Passou apenas uma geração depois do encerramento do cânon do Novo Testamento, e já nasceu a horrível teologia de que Israel foi para sempre substituído pela Igreja. Ainda mais perturbador para nós, atualmente, é o fato de que essa teologia não apenas sobrevive em nossos dias, mas está em alta nos meios evangélicos que costumavam ser sempre isentos de tais visões.

As Promessas Sobre a Terra Para Israel

Por todo o Antigo Testamento, começando em Gênesis, o Senhor fez promessa após promessa a Abraão, Isaque, Jacó e a seus descendentes de que a terra de Israel pertence ao povo judeu. A promessa é repetida cerca de vinte vezes no livro de Gênesis.[2] O livro de Deuteronômio fala pelo menos vinte e cinco vezes que a terra é um presente do Senhor ao povo de Israel (Dt 1.20,25; 2.29; 3.20; 4.40; 5.16; etc.). Walter Kaiser, estudioso do Antigo Testamento, observa: “sessenta e nove vezes o escritor de Deuteronômio repetiu a promessa de que Israel um dia ‘possuiria’ e ‘herdaria’ a terra que lhe fora prometida”.[3] Os Salmos, o livro de adoração ao Senhor, freqüentemente levam o adorador a ações de graça ao Senhor por Suas promessas de aliança e por Sua fidelidade. Por exemplo, o Senhor declara: “Pois o Senhor escolheu a Sião, preferiu-a por sua morada: Este é para sempre o lugar do meu repouso; aqui habitarei, pois o preferi” (Sl 132.13-14).
Por todo o Antigo Testamento, os profetas mostram promessa após promessa desse tempo de restauração futura daquela terra (Is 11.1-9; 12.1-3; 27.12-13; 35.1-10; 43.1-8; 60.18-21; 66.20-22; Jr 16.14-16; 30.10-18; 31.31-37; 32.37-40; Ez 11.17-21; 28.25-26; 34.11-16; 37.21-25; 39.25-29; Os 1.10-11; 3.4-5; Jl 3.17-21; Am 9.11-15; Mq 4.4-7; Sf 3.14-20; Zc 8.4-8;10.11-15). Mesmo assim, a despeito da abundância de declarações tão claras no Antigo Testamento, muitos nos saguões acadêmicos da Igreja dizem que Deus deserdou Seu povo no Novo Testamento.
Falando sobre as promessas da terra a Israel, o estudioso britânico N. T. Wright é típico da mentalidade que vem da academia em nossos dias. Ele diz:
As tentativas modernas de reavivar esse nacionalismo geográfico, e dar a ele um colorido “cristão”, provocam a seguinte e muito importante reflexão teológica: a tentativa de “transportar” algumas das promessas do Antigo Testamento sobre Jerusalém, a Terra, ou o Templo, para que seu cumprimento ocorra em nossos dias tem o mesmo formato teológico que a tentativa do catolicismo da pré-Reforma de achar que Cristo estava sendo recrucificado em cada missa. (...) Se a ira de Deus, sobre a qual Jesus e Paulo falaram realmente tivesse terminado com os horríveis eventos do ano 70 d.C., a única atitude adequada das gerações subseqüentes acerca dos judeus, do Templo, da Terra de Jerusalém deveria ser de pesar ou de dó. Nesse ponto, o “Sionismo Cristão” é o equivalente geográfico de um, por assim dizer, apartheid “cristão”, e deveria ser rejeitado como tal.[4]
Wright segue adiante dizendo que todas essas promessas do Antigo Testamento não devem ser entendidas literalmente, mas são, de certa forma, cumpridas não-literalmente através da primeira vinda de Jesus e da formação do corpo global de Cristo. Ele afirma:
...a leitura completa do Novo Testamento sobre as promessas, de acordo com as quais, como disse Paulo, todas se tornaram realidade no Messias (2 Co 1.20). Isso não é simples “espiritualização”. Em vez disso, essas promessas, vistas através das lentes da cruz e da ressurreição, foram, em certo sentido, afuniladas por um lado, e, por outro lado, foram ampliadas para incluir toda a ordem criada.[5]

Walter Kaiser propôs a seguinte resposta ao sofisma filosófico de Wright:
Há pelo menos cinco erros fatais no pensamento daqueles que apóiam a tese da Teologia da Substituição: (1) A “Nova Aliança” foi feita com a casa de Israel e de Judá. Deus nunca fez uma aliança formal com a Igreja; (2) O fracasso dos judeus, assim como o fracasso da Igreja, estava calculado no plano de Deus (Rm 11.8); (3) O Novo Testamento ensina claramente que Deus não rejeitou o Israel desobediente (Rm 11.25-26), pois eles são os ramos naturais nos quais a Igreja foi enxertada; (4) O aspecto “eterno” da promessa sobre aquela terra não deve ser igualado ao aspecto “eterno” do sacerdócio arônico (1 Cr 23.13) ou aos descendentes de Recabe (Jr 35.19); e (5) A alegoria de Paulo sobre os gálatas (Gl 4.21-31) não ensina que o Israel nacional foi substituído pela Igreja; ela ensina que a busca pela justificação pela fé e pela graça leva à liberdade e à salvação.[6]
Gary Burge, professor na Wheaton College, é um eco americano do sentimento de Wright sobre este assunto quando, após citar Karl Barth, diz:
Portanto, o Novo Testamento coloca em Cristo todas as expectativas antes mantidas para “o Sinai e Sião, Betel e Jerusalém”. Para um cristão, retornar a uma territorialidade judaica é negar fundamentalmente o que transpareceu na encarnação. É desviar a devoção adequada do novo lugar onde Deus reside, isto é, do Filho. Isso explica por que o Novo Testamento aplica à pessoa de Cristo a linguagem religiosa anteriormente dedicada à Terra Santa ou ao Templo. Ele é a nova espacialidade, o novo local onde Deus pode ser encontrado.[7]

Respondendo a Tamanho Absurdo

Tais “teólogos” constroem absurdos totais a partir de um fundamento de pensamento puramente abstrato que não tem apoio nem no Antigo nem no Novo Testamento. Como diz o Pregador em Eclesiastes: “Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 1.2; 2.17). Conheço algumas pessoas que diriam simplesmente que tudo isso é apenas bazófia. As realizações de Cristo em Sua primeira vinda são a base sobre a qual Israel herdará suas promessas físicas, não uma base sobre a qual devem-se negar suas futuras bênçãos.
O apóstolo Paulo responde a tais absurdos em Romanos 11, quando faz a seguinte pergunta: “Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! (...) Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu” (Rm 11.1-2). Adiante, Paulo diz: “Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum!” (Rm 11.11).
Esses “teólogos” estão dizendo coisas que não se encontram na Bíblia. Onde é que o Novo Testamento ensina que Israel foi deserdado de sua terra? Por que o Novo Testamento não menciona isso? O Novo Testamento não o menciona porque isso nunca aconteceu. Por essa razão eles tentam engendrar meras abstrações, produtos de vãs imaginações, porque não há nenhuma passagem que ensine esse deserdar das promessas da terra a Israel.
O sionismo e o sionismo cristão têm sido instrumentos usados por Deus na história para fazer a bola de neve rolar ladeira abaixo e agora ela já não pode mais ser impedida.
Quando pensamos sobre a reunião e o restabelecimento mundiais, sem precedentes, da nação de Israel, deveríamos imediatamente fazer as seguintes perguntas: “Por que Deus traria o povo judeu de volta à sua terra natal, restabelecê-lo-ia como nação, se ele não tivesse qualquer futuro naquela terra? Por que Apocalipse 12 fala de Israel naquela terra durante a Tribulação? Por que Paulo fala da corrupção do Templo de Deus pelo homem da iniqüidade em 2 Tessalonicenses 2 se não haverá uma reconstrução do Templo em Jerusalém?”.
O Templo ocupará seu espaço em Jerusalém. Por que Jesus retornará a Jerusalém em Sua segunda vinda se está correto que a OLP esteja no comando daquele pedaço de chão? Por que haverá 144.000 testemunhas judias, 12.000 de cada uma das doze tribos de Israel, se os judeus foram removidos da terra? E o que dizer das duas testemunhas que ministrarão em Jerusalém durante quarenta e dois meses ou três anos e meio?
Deus não rejeitou – e não rejeitará – Seu povo. Israel é verdadeiramente o “supersinal” de Deus sobre o final dos tempos. Israel é o estopim do barril de pólvora para o conflito mundial final. E, ao mesmo tempo, em quase dois mil anos, o estopim está começando a entrar em combustão. O sionismo e o sionismo cristão têm sido instrumentos usados por Deus na história para fazer a bola de neve rolar ladeira abaixo e agora ela já não pode mais ser impedida. Parece que, a cada dia que passa, Israel e as nações se tornam mais alinhadas no rumo que tomarão durante a iminente Tribulação. Mesmo assim, muitos se tornaram cegos pelo chamado “entendimento espiritual” do Novo Testamento.
Eventos maravilhosos e terríveis estão por vir! Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br)

Notas:
  1. Justin Martyr, Dialogue of Justin, Philosopher and Martyr, with Trypho, A Jew [Diálogo de Justino, Filósofo e Mártir, com Trifão, um Judeu] capítulo 135, parágrafo 1.
  2. Observe as seguintes referências em Gênesis: 12.1-3,7-9; 13.14-18; 15.1-18; 17.1-27; 22.15-19; 26.2-6,24-25; 27.28-29,38-40; 28.1-4,10-22; 31.3,11-13; 32.22-32; 35.9-15; 48.3-4,10-20; 49.1-28; 50.23-25.
  3. Walter C. Kaiser, Jr., Toward an Old Testament Theology [Em Direção a uma Teologia do Antigo Testamento] (Grand Rapids: Zondervan, 1978), pp. 124-25.
  4. N. T. “Tom” Wright, “Jerusalem in the New Testament” [Jerusalém no Novo Testamento], in P. W. I. Walker, editor, Jerusalem, Past and Present in the Purpose of God [Jerusalém, Passado e Presente no Propósito de Deus] (Grand Rapids: Baker Book House, 1994), pp. 73-75.
  5. Wright, “Jerusalem in the New Testament” [Jerusalém no Novo Testamento], p. 73.
  6. Walter C. Kaiser, Jr., “An Assessment of ’Replacement Theology”’ [Uma Avaliação da Teologia da Substituição] Mishkan: A Forum on the Gospel and the Jewish People [Mishkan: Um Fórum sobre o Evangelho e o Povo Judeu] (Fevereiro 1994; No. 21), p. 10.
  7. Gary M. Burge, Jesus and the Land: The New Testament Challenge to “Holy Land” Theology [Jesus e a Terra: O Desafio do Novo Testamento à Teologia da Terra Santa”] (Grand Rapids: Baker Academic, 2010), pp. 129-30.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DEUS APARECE A ABRAÃO



EXISTE ALGUMA COISA DEMASIADAMENTE DIFÍCIL PARA DEUS?

O Senhor e dois anjos aparecem a Abraão


Certa vez, num dia quente, Abraão estava descansando em frente à porta de sua tenda, à sombra fresca dos car­valhos. De repente viu aproximarem­-se três homens, de roupas alvas, no caminho poeirento.
Abraão logo se levantou para ir ao encontro deles. Tinha dó daqueles via­jantes vindos, talvez, de muito longe. Deviam descansar em sua casa, refres­car-se um pouco antes de prosseguir viagem.
Mas, ao chegar perto deles, ficou muito admirado. O viajante do meio parecia um rei poderoso. Então por que viajava ele assim durante a parte mais quente do dia, quando todos faziam sua sesta?... Por que viajava assim a pé, como um viajante pobre qualquer, percorrendo o país? ...
E uma idéia lhe veio, tão estranha e tão maravilhosa também, que ficou assustado e muito alegre ao mesmo tempo. Curvou-se profundamente, di­zendo: "Meu Senhor, não passes mi­nha tenda. Repousa um pouco à som­bra desta árvore em poltronas macias. Refrescarei teus pés com água fria. Também te darei de beber e de comer. Depois de repousar, refrescado, pode­rás seguir."
"Faze como disseste", ouviu dizer.
Os três estrangeiros o acompanharam e sentaram-se à sombra da árvore.
Abraão entrou depressa na tenda. "Sara, corre, toma três medidas de farinha de trigo e faze bolos", disse. Depois foi ràpidamente aos rebanhos escolher o melhor bezerro que possuía, entregando-o ao criado para abater e assar a carne. Foi procurar água para lavar os pés de seus convidados. Trou­xe pão, manteiga, leite e carne. E, en­quanto comiam, ficou junto à árvore, atendendo seus convidados. Abraão, o rei dos pastores, estava lá como um humilde servo. E seu coração cantava:
"Será possível?... Não seria demasia­damente grandioso e maravilhoso?"...
Então um dos convidados pergun­tou: "Onde está Sara, tua esposa?"
Abraão respondeu: "Ela está den­tro da tenda."
Então o principal falou: "Daqui a um ano te visitarei de novo e Sara, tua esposa, terá um filho."
Houve grande alegria no coração de Abraão. Agora tinha toda a certeza: era o próprio Senhor que viera vê-lo com dois de seus anjos! O próprio Se­nhor quis ser seu convidado, para reforçar-lhe a fé e mais uma vez repe­tir-lhe aquela bela promessa ...
Abraão curvou respeitosamente a cabeça. Mas Sara, escondida atrás da porta da tenda, tinha ouvido a con­versa. Ela não sabia para quem tinha feito “Os bolos”. Só ouviu aquelas pala­vras, pensando nos seus quase noventa anos e olhando para as velhas mãos. Seria verdade que elas ainda serviriam para cuidar de uma criancinha, um fi­lhinho seu? Não, era impossível. Sara riu disso.
Mas levou um susto, ao ouvir de re­pente aquela mesma Voz perguntar:
"Por que é que Sara riu? Existe algu­ma coisa demasiado difícil para o Senhor?"
A velha Sara, com grande medo, ne­gou: "Não ri", disse.
Mas ao Senhor nada se encobria. Respondeu: "Não mintas, Sara! Eu sei que riste."
Então os Hóspedes se levantaram para partir na direção de Sodoma. E Abraão, como é dever de um bom an­fitrião, acompanhou-os até a saída.
Sara ficou, surpresa, envergonhada e confusa. Então despertou novamente sua fé. Murmurava: "Existe alguma coisa demasiado difícil,para o Se­nhor?"
Para Deus tudo é possível, isto bem sabia Sara. Agora tinha ouvido a pro­messa de Sua própria boca. Agora se­ria capaz de aguardar orando.
E no seu coração nasceu um sentimento de paz como não tinha experi­mentado havia anos.
Enquanto isso, Abraão foi acom­panhar seus hóspedes até aos morros, donde se podia ver o belo vale do Jor­dão ao longe, com seus prados férteis e o rio brilhando, com as verdes palmeiras e as casas brancas de Sodoma e Gomorra, radiantes ao sol.
Então o Senhor começou a falar com grande tristeza na sua sagrada voz: "Abraão, não te esconderei o que farei agora! Olha aquelas cidades de Sodoma e Gomorra. O clamor daquelas cidades chegou até aos céus. O pecado lá tornou-se muito grave. Arrasa­rei aquelas cidades por causa dos pe­cados cometidos."
Abraão não pôde dar mais um pas­so, tamanho fora o susto. Bem sabia como eram horríveis os pecados na­quelas cidades. Os habitantes eram piores que feras. Viviam como se não existisse um Pai Celeste. Mas em So­doma também morava Ló com sua família. Talvez até houvesse outras pessoas tementes a Deus. E agora aquele castigo terrível também haveria de atingi-las?...
Os dois anjos foram andando, des­cendo os morros, rumo a Sodoma. Mas o Senhor não partira ainda.
Então Abraão chegou perto dele, curvando-se mui respeitosamente.
"Senhor", balbuciou. "És o Juiz de toda a terra. Talvez haja ainda cin­qüenta justos em Sodoma ..."
O Senhor respondeu: "Se encontrar em Sodoma cinqüenta justos, salvarei a cidade por causa deles."
Abraão ficou muito grato, porém continuou preocupado. Suplicou: "Se­nhor, sou apenas um mortal cheio de pecados; perdoa-me, se ouso falar-te mais uma vez. Talvez haja apenas qua­renta e cinco. Então destruirás a cida­de?"
O Senhor respondeu: "Não destruirei a cidade, se houver apenas quarenta e cinco”
Abraão curvou-se mais ainda. "E se houver quarenta, Senhor?"
"Mesmo assim não mandarei o cas­tigo."
"E trinta", perguntou Abraão bai­xinho.
"Nem assim", disse Deus.
"Senhor meu Deus, não fiques zan­gado comigo", suplicou Abraão. "E se houver só vinte?"
E o Senhor respondeu: "Hei de sal­var a cidade, se lá encontrar apenas vinte justos."
Abraão estremeceu.
Mas pensou na grande misericórdia de Deus e balbuciou: "Senhor, deixa-­me falar ainda uma vez. Talvez haja apenas dez."
E ouviu a resposta que Deus lhe deu:
"Não destruirei a cidade, se encontrar dez justos."
Levantando os olhos, Abraão viu que estava só, ajoelhado na areia do mor­ro. O Senhor tinha partido.
Mas lá ao longe viu os dois anjos caminhando na direção de Sodoma.
Abraão voltou, andando lentamen­te, o coração cheio de tristeza pela maldade humana.
Mas ao rever Sara, em cujos olhos brilhava a luz de uma nova fé, a ale­gria lhe voltou.
Como isto lhe parecia maravilhoso: poder apegar-se com sua mulher à pro­messa de Deus.
Agora esperariam juntos...
Texto bíblico da narração: Gênesis cap. 18
VRIES, Anne de. O Grande Livro das Narrações Bíblicas, Antigo Testamento. Editora Freitas Bastos, Rio de Janeiro-RJ, 1964, p.32-34.




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O PRINCÍPIO DO FIM



William L. Krewson

O cenário está posto e os aconteci­mentos na Terra são dirigidos pelo céu. Apocalipse cap.4 contém a visão re­gistrada do apóstolo João sobre a sala do trono nos céus, de onde se desdo­bram os planos de Deus para Seu Rei­no terreno. Louvor contínuo é ofereci­do para o supremamente santo Deus, cujos direitos como Criador estão próximos de serem revelados. 


O LIVRO SELADO (APOC.5:11 -14) 


A cena enfoca um livro que nin­guém é capaz de abrir, que está sendo segurado pela mão direita de Deus. Ele contém o relato escrito do programa de Deus para recuperar a terra amaldi­çoada pelo pecado e estabelecer Seu reino de paz e justiça.

Somente uma pessoa surge como sendo digna de tomar o livro e abrir seus selos: “o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi" (Ap 5.5). A referência é a Jesus, o Messias, o único que é digno de tomar o livro do plano mestre de Deus para o destino final da Terra e de abrir os ­sete selos que o fecham. A morte sacrificial de Jesus proporcionou a base para a expressão do juízo final que Deus conduzirá na história hu­mana, como será descrito adiante no Livro de Apocalipse.

João estabeleceu o palco e depois enfocou o livro. Esta cena mostra Cris­to quebrando os sete selos de cera que protegem a mensagem escrita em am­bos os lados - uma mensagem de juízo para os pecadores e de bênção para o povo de Deus. Cada selo representa um juízo diferente. Os quatro primei­ros selos são uma unidade e mostram quatro cavaleiros cavalgando por toda a terra, ecoando Zacarias 1.8-10 e Za­carias 6.1-8.

"Os selos restantes revelam cenas mais amplas da ira de Deus, que colo­ca o mundo sob juízo por sete anos de devastação, acabando com a vida na Terra, do modo como a conhecemos. Apenas depois deste evento é que a terra será preparada para o retorno do Messias de Deus, quando os crentes "reinarão sobre a terra" (Ap 5.10). 


PRIMEIRO SELO:O ANTICRISTO (APOC. 6:1-2) 
 
O primeiro cavaleiro vem em um cavalo branco. Diferentemente de Apocalipse 19.11, em que o cavaleiro é Jesus Cristo, neste contexto o cavaleiro é o Anticristo. Seu papel como con­quistador é compatível com a descri­ção que o Antigo Testamento faz do rei do final dos tempos que conquista seus rivais para estabelecer sua própria autoridade iníqua (Dn 7.8,20-25). 


SEGUNDO SELO: A GUERRA (APOC. 6:3-4) 


Batalhas mundiais estouram- como é simbolizado pelo cavaleiro em um cavalo vermelho. As pessoas matarão umas às outras em guerras e violência, marcando o início do período final da história do mundo. 


TERCEIRO SELO: FOME (APOC. 6:5-6) 


Um cavalo preto surge com um ca­valeiro segurando uma balança, que simboliza o preço inflacionado dos ali­mentos como resultado da fome cau­sada pelas batalhas em larga escala do segundo selo. 


QUARTO SELO: A MORTE (APOC. 6:7-8) 


A seguir vem um cavalo pálido, amarelo, "sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo" (Ap 6.8). Ele anuncia a destruição de um quarto da população do mundo por causa do efeito cumulativo da guerra, da pobre­za e da fome. Além disso, animais selvagens estarão soltos, aumentando a carnificina humana.

Hoje a população do mundo é de cerca de 7 bilhões. Imagine a morte súbita de mais de 2 bilhões de pesso­as, as populações atuais da China e da Índia juntas; é algo incrivelmente amedrontador. Este é somente o iní­cio do juízo de Deus para o mundo decaído, em preparação para Seu Rei­no vindouro. 


QUINTO SELO: MARTÍRIO (APOC. 6:9-11)


Aqui a cena muda da Terra para o céu, à medida que as vozes dos márti­res da Tribulação, em estado incorpó­reo, clamam a Deus por vingança. Esta a cena é tanto encorajadora quanto grave. Ela revela que a Tribulação produ­zirá muitos crentes em Jesus Cristo, mas também que muitos deles serão mortos por causa de sua fé.

Esses crentes refletem o desejo pela justiça de Deus: "Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro. Não julgas, o nem vingas o nosso sangue dos que ha­bitam sobre a terra?" (v. 10). Deus fala a nós todos: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; por­que está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rom. 12:19)



O SEXTO SELO: CATÁSTROFES PLANETÁRIAS (APOC. 6:12-14)


A terra e o céu começam a reagir à mão de juízo de Deus. Um poderoso terremoto rearranja as montanhas e as ilhas em conjunto com catastróficas perturbações solares e lunares, à medi­da que Deus abala os céus e a terra (cf. Ag 2.21; Hb 12.26). João usou de lin­guagem não-científica para descrever as trevas do Sol, a vermelhidão da Lua e a queda das estrelas: "Sobreveio gran­de terremoto. O sol se tornou negro co­mo saco de crina, a lua toda, como san­gue, as estrelas do céu caíram pela ter­ra, como a figueira, quando abalada por vento forte" (Ap 6.12-13).

Ele descreveu a aparência destes corpos celestes como resultado dos quatro primeiros selos e de seus efeitos pai destrutivos sobre a atmosfera. A Escritura do Antigo Testamento também revela o severo juízo de Deus por meio de perturbações cósmicas (Êx 10.21-  23; 1s 13.9 10; 1s 34.4; 51.6; Ez 32.7-8;  Jl 2.2,31; Jl 3.16; Am 8.9; Sf 1.14-15). Jesus citou Sofonias quando disse: "Logo em seguida à Tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão ser abalados" (Mt 24.29).

Neste ponto, o terror tomará conta dos líderes mundiais, que ficarão impotentes para impedir essas calamidades. A humanidade tentará em vão es­conder-se da ira do Cordeiro, "porque  chegou o grande Dia da ira deles" (Ap 6.16-17). A humanidade testemunhou breves explosões da ira de Deus, tais como aquela quando Ele destruiu Sodoma e Gomorra por causa do pecado dessas cidades (Gn 18.20; Gn 19.24-25), e quando Ele executou Ananias e Safira porque mentiram (At 5.5-10).  

Mas, como a atitude de paciência de Deus predomina, freqüentemente nos esquecemos de Seu atributo de justiça. As Escrituras são claras ao afirmar que Deus é tanto misericordioso quanto justo. Seu amor e Sua misericórdia nunca amainam a Sua ira: "O Senhor é Deus zeloso e vingador. O Senhor é vingador e cheio de agi ira; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação do para os seus inimigos" (Naum 1.2). O tema da ira de Deus começa em Apocalipse 4 e continua por todo o livro na (Ap 11.18; Ap 14.10,19; Ap 15.1,7;  Ap 16.1,19; Ap 19.15).

Os crentes em Cristo têm a pro­messa de completo livramento da ira de Deus na Terra e do eterno Lago de Fogo: "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salva­ção mediante nosso Senhor Jesus Cristo" (lTs 5.9), ': .. que nos livra da ira vin­doura" (l Ts 1.10). Agora os pecadores estão acumulando contra eles mesmos "ira para o dia da ira e da revelação do juízo de Deus" (Rm 2.5).

Um dia Deus liquidará todos os pecados que os incrédulos deposita­ram em suas contas. Aqueles que en­trarem na Tribulação de sete anos sentirão a ira de Deus de maneira sem paralelo, culminando com a sen­tença de punição eterna no Lago de Fogo (Ap 20.15). 


SÉTIMO SELO: SILÊNCIO (APOC. 8:1) 


Depois de um interlúdio no qual o apóstolo João descreveu os 144 mil is­raelitas "servos do nosso Deus", que fo­ram selados (Ap 7.1-8) e a grande multidão no céu (Ap 7.9-17), o selo fi­nal é aberto. Em vez de conter uma descrição de juízo, o resultado é:

"Houve silêncio no céu cerca de meia hora" (Ap 8.1).

O sétimo selo reflete o descanso do shabbath na semana da criação, mas em um contexto completamente diferente. Após a criação, tudo na ter­ra de Deus "era muito bom" (Gn 1.31); agora, tudo na Terra está longe de ser bom. O planeta inteiro estará sofren­do sob a maldição do pecado e do de­creto da ira de Deus. O silêncio é uma pausa antes do derramamento adicio­nal da ira de Deus através das sete trombetas. (Israel My Glory) 

William L. Krewson é o diretor do Programa A Bíblia e Israel no Universidade Bíblica Filadélfia em Longhorne, Pennsylvania, EUA.