quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Cometas


Cometas Brilhantes e Estrelas Cadentes

Daniel Lima
Por anos tenho acompanhado (à distância, mas com entusiasmo) um jovem pastor chamado Joshua Harris. Ele escreveu e viu um livro seu ser lançado quando ainda tinha 22 anos de idade. Mas isso não é tudo, nos anos seguintes este livro vendeu mais de 1 milhão de cópias. No livro ele promovia um conceito mais conservador de namoro, especialmente de que o sexo deveria ser reservado para o casamento. Como resultado, surgiu nos EUA (e em algumas comunidades no Brasil) um movimento de pureza sexual. Suas ideias, apesar de um pouco radicais, soavam como um vento renovador entre jovens evangélicos.
Seu crescimento no ministério foi meteórico. Logo após lançar o livro (lembrando, com 22 anos), foi convidado para ser um estagiário pastoral em uma megaigreja. Alguns anos depois, tornou-se o pastor titular desta igreja (aos 30 anos), pastoreando-a com brilhantismo por 10 anos. No início de 2015 ele deixou a igreja, afirmando que lhe faltava formação teológica (certamente uma percepção lúcida), mas havia algo mais profundo acontecendo. Há algumas semanas ele e a esposa, com quem se casara 19 anos atrás, anunciaram publicamente que estavam se divorciando. Uma semana depois ele anunciou que tinha passado por uma profunda mudança em sua fé em Jesus e que, “por qualquer critério que eu conheça, não posso afirmar que sou cristão”.
A obra redentora de Deus em Cristo por meio do Espírito Santo não pode ser perdida. Se nada pode me separar do amor de Deus, eu também não posso...
Esta é apenas mais uma história de um homem brilhante, com um ministério impressionante, mas que deixou a fé. Praticamente ao mesmo tempo, Marty Sampson, um líder de louvor da famosa igreja Hillsong, também comunicou que abandonou sua fé. No entanto, o escândalo, as consequências e o dano deixado nas inúmeras vidas que ambos tocaram (inclusive seus três filhos) nos desafiam a analisar mais de perto esta situação. Com isso não quero arrastar uma situação trágica ao escrutínio público. Nem tampouco tenho elementos para uma análise detalhada. A complexidade humana é imensa e não posso afirmar que eu sei o que aconteceu com estes dois homens. Quero abordar, com temor e tremor, o perigo de cultuarmos “cometas brilhantes” que, com o tempo, podem se revelar apenas “estrelas cadentes” (sei que na verdade são apenas meteoros queimando ao entrar na atmosfera da Terra – desculpas àqueles que faziam pedidos a estes fenômenos...).
Muitas perguntas surgem: será que eram cristãos? Será que eles perderam a salvação? Eu posso confiar em meus líderes? Será que eu mesmo não vou abandonar minha fé? Antes de tentarmos responder a algumas destas questões, há uma passagem que vem à mente diante de uma situação assim. É 1João 2.18-19:
18Filhinhos, esta é a última hora e, assim como vocês ouviram que o anticristo está vindo, já agora muitos anticristos têm surgido. Por isso sabemos que esta é a última hora. 19Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos.
Nesta passagem o apóstolo do amor nos alerta que, além do escatológico personagem Anticristo, seremos apresentados a vários anticristos... Estes parecem ser dos nossos (cristãos), mas não são. E como sabemos que não são? Pois eles deixaram a fé. Para reforçar a ideia, João escreve que, “se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco”. Estas são pessoas que convivem conosco, cantam nossas músicas, usam nossas expressões, em alguns casos (devido ao seu brilhantismo natural e favoritismo incauto) se tornam líderes com ampla influência. No entanto, nunca tiveram uma fé verdadeira.
O tema é amplo e, se você leitor já “curtiu” o ministério de um destes homens (eu curti Joshua Harris), o elemento afetivo torna o assunto ainda mais impactante. Contudo, por questões de brevidade, quero alistar algumas observações:
  1. A Bíblia parece tornar bem claro que uma vez salvo, você é salvo para sempre (João 6.37Romanos 5.10-11Efésios 1.13-14; entre outros). Não sei dizer se Joshua ou Marty são cristãos; por suas próprias palavras, eles não são. Se este é o caso, eles não perderam a salvação... eles nunca foram salvos. A obra redentora de Deus em Cristo por meio do Espírito Santo não pode ser perdida. Se nada pode me separar do amor de Deus (Romanos 8:38-39), eu também não posso...
  2. Nossa fé não pode estar baseada em pessoas. Nossa tendência moderna de projetar um líder à fama e tornar suas palavras “oráculos da fé” faz mal a nossas igrejas, mas também a estas pessoas. Pessoas vão nos enganar. Creio que algumas pessoas enganam a si mesmas e passam uma imagem de cristãs para si e para outros ao redor. Nossa fé baseia-se em nossa crença pessoal em Cristo Jesus (Romanos 5.1-2). Onde você baseia sua fé? Quão profunda e pessoal é sua convicção?
  3. Precisamos de muito cuidado ao escolher um líder. Conhecimento, credibilidade, imagem e família são todos péssimos critérios, pois são enganosos. Paulo afirma que líderes devem ser primeiro testados (1Timóteo 3.10). Como experimentar um líder? De modo geral, podemos ver quando a parábola do semeador descreve a semente que cai no solo pedregoso: “Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona” (Mateus 13.21b). Precisamos ver como nossos candidatos a líderes enfrentam tribulação e perseguição.
  4. No primeiro século, quando os romanos queriam que um cristão renegasse sua fé, eles exigiam que ele aceitasse a divindade de César (que seria mais um deus entre muitos...). Para isso exigiam que a pessoa queimasse incenso no altar afirmando “Kaiser Kurios” (César é Senhor). Para o cristão isso significaria negar sua fé: “Iesous Kurios” (Jesus é Senhor).
Minha sincera oração por mim, por você e por homens como Joshua Harris e Marty Sampson, é que possamos ter uma fé profunda e inabalável. Uma fé que vence o teste do tempo, das tentações, tribulações e perseguições. Minha oração é que você e eu sejamos pontos de referência e não pedras de tropeço.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Por Ele,Por meio Dele e Para Ele


Nele tudo subsiste

Daniel Lima
Você conhece a sensação: tudo vai bem, você está empolgado com algum projeto em sua vida quando, de repente, algo surge que atrapalha tudo. Pode ser uma doença, uma crise financeira, uma demissão... Nossa reação mais imediata é rogarmos a Deus que remova este obstáculo. Oramos para que ele intervenha e afaste o impedimento, para que possamos continuar com nosso projeto.
Com frequência cremos que é do interesse de Deus que nossos projetos sejam bem-sucedidos; afinal, nós os consagramos a Deus e cremos que são da vontade dele. Contudo, nos esquecemos de que não somos personagens principais no desenrolar da história. Somos personagens secundários que foram criados para fazer brilhar o personagem principal. Quando um personagem secundário tenta tomar o papel principal, ele ou ela não apenas distorce a história, como prejudica o fluir do enredo e, em última análise, precisa ser removido da peça.
Tenho certeza de que já houve momentos em que, tomado de um zelo que achei que era santo, eu deixei meu papel secundário e, em nome de “melhorar a história”, tentei assumir um papel que não era meu. Infelizmente ao invés do herói surpreendente, tornei-me não o vilão, mas um personagem dissonante que atrapalhava o enredo, que perturbava o fluir da história.
Não somos os personagens principais. Somos personagens secundários que foram criados para fazer brilhar o personagem principal.
Este é o momento em que temos de retomar o que cremos. Se cremos em um Deus soberano, precisamos crer que ele está no controle de todas as coisas. Nós podemos ser (e somos) frequentemente surpreendidos; ele, não. Mateus 10.29 afirma: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês”. Se Deus precisa consentir na queda de um pardal ou dos cabelos em nossa cabeça, ele certamente não é surpreendido com o que nós chamamos de surpresas.
Nestas últimas semanas tenho refletido em uma verdade fundamental à fé cristã. É a realidade de que em Cristo “tudo subsiste” (Colossenses 1.17). O conceito é precioso. A expressão usada significa que em Cristo está nossa existência. No entanto, seu sentido é ainda mais amplo e profundo. Existimos devido ao seu olhar atento e constante. Se Jesus deixasse de olhar para nós, se sua atenção pudesse ser retirada de sobre nós... deixaríamos de existir. Nossa existência só é possível devido à atenção constante, intencional e amorosa de Cristo.
Diante desta verdade, os eventos surpreendentes em nossa vida deveriam ser encarados com outra atitude. É claro que podemos e devemos apresentar a Deus nossas petições, mas não no sentido de determinar a remoção de obstáculos – afinal, estas surgem com a permissão de Cristo. A pergunta mais importante é justamente esta: por que ele permitiu que esse obstáculo surgisse?
Diante dessa perspectiva, quando meu papel não é o que eu havia sonhado ou não tem o resultado que eu planejava, não significa que fracassei e sou, portanto, descartável. Esse é o momento de se lembrar que a história não é sobre mim, que não sou o personagem principal. Meu papel é fazer com que o personagem principal – Jesus – ganhe toda a evidência, toda a glória.
Nossa existência só é possível devido à atenção constante, intencional e amorosa de Cristo.
Por isso, como diz Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Minha oração é que você e eu possamos não só entender nosso papel nesta história que Deus está escrevendo, mas que possamos vibrar com o autor principal Jesus! E, nos momentos em que a história não realiza o que sonhamos, que possamos nos alegrar na história que ele escreveu e que se agradou de nos incluir!

sábado, 17 de agosto de 2019

Apocalipse


Quais são as ênfases de Apocalipse?

Norbert Lieth
As opiniões que circulam por aí sobre o último livro da Bíblia são incontáveis, mas o primeiro capítulo deixa claro onde se situa o centro de gravidade propriamente dito de Apocalipse e o que isso significa para a nossa vida.
Período pré-natalino na escola. O professor pergunta a um garoto: “O que você mais gostaria de ganhar no Natal?”. O garoto pensa num retrato emoldurado do pai dele. Ele não está mais presente e o garoto sente sua falta. Ele responde baixinho: “Gostaria que meu pai saísse da moldura e voltasse a estar conosco”.
Jesus Cristo retirou-se de nós e retornou ao céu. Na Bíblia temos sua imagem diante de nós, mas virá o dia em que ele sairá da moldura do céu e retornará a nós. Até lá, sentiremos saudades dele como o garoto por seu pai. O livro de Apocalipse nos mostra como Jesus sai da moldura para entrar novamente em nosso mundo.
O Apocalipse é um livro de esperança. Esperança significa uma expectativa feliz. O Senhor vitorioso certamente retornará e o reino de Deus com certeza será estabelecido. Assim, Apocalipse trata do cumprimento do reino messiânico anunciado no Antigo Testamento, nos evangelhos e nos primeiros capítulos do livro de Atos dos Apóstolos.
“O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve fortes vozes nos céus, que diziam: ‘O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo... Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar’” (Ap 11.15-17). “Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso” (Ap 19.6).
Trata-se da reivindicação de poder do nosso Senhor Jesus Cristo. O conteúdo do Apocalipse esclarece como Deus leva adiante a série dos profetas do Antigo Testamento, principalmente em conexão com o livro de Daniel, mas também com Ezequiel, Zacarias, Isaías e Moisés. O livro revela a trajetória de Deus com Israel e as nações nos tempos finais. É o livro da restauração de Israel e de todas as coisas: o cumprimento final das declarações dos profetas.
“Mas, nos dias em que o sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai cumprir-se o mistério de Deus, como ele o anunciou aos seus servos, os profetas” (Ap 10.7). “O anjo me disse: ‘Estas palavras são dignas de confiança e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer. Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro’” (Ap 22.6-7). Assim o Apocalipse estabelece a relação com os profetas do Antigo Testamento. De modo impressionante, ele nos expõe a fidelidade do Deus que cumpre todas as promessas e chega com Israel ao alvo do reino messiânico.
O profeta Isaías enfatizou em sua época: “Mas Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna; vocês jamais serão envergonhados ou constrangidos, por toda a eternidade” (Is 45.17). Clareza maior é impossível. E essa declaração – bem como muitas outras similares – se cumprirá nos tempos de Apocalipse.
“Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’ E acrescentou: ‘Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança’. Disse-me ainda: ‘Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim’” (Ap 21.5-6a).
Pedro, que era o “apóstolo aos circuncisos [judeus]” (Gl 2.8), confirmou essa verdade ao chamar o povo de Israel do seu tempo ao arrependimento dizendo: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus. É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos seus santos profetas” (At 3.19-21).
Os israelitas não se arrependeram nos dias dos apóstolos, por isso sua restauração se dará somente quando chegar o tempo do arrependimento, e isso, por sua vez, ocorrerá quando o Apocalipse começar a se cumprir.
O livro de Apocalipse tem um caráter inequivocamente hebreu. As muitas visões, imagens, números, objetos e anjos lembram o Antigo Testamento e Israel, e há inúmeros paralelos com as declarações proféticas da antiga aliança. Os primeiros versículos do Apocalipse mostram sobre o que o livro se concentra.
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João” (Ap 1.1; cf. 22.6). A palavra grega para revelação utilizada no texto original significa “remover o véu” ou “descobrir” (apocalipse). “Revelação” é a primeira palavra neste livro. Revela-se o futuro, porque o Apocalipse todo é profético. Ele nos mostra os planos de Deus para os últimos dias.
As “palavras desta profecia” (Ap 1.3; 22.7) são a “revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1). Deus deu ao seu Filho glorificado a revelação de todos os eventos finais. É sua revelação. A ele o Pai instituiu como Juiz e Rei (At 17.31). Deus Pai entregou todo o juízo a Deus Filho (Jo 5.22). O Apocalipse e todos os eventos nele descritos não pertencem a nenhum outro senão a Jesus Cristo. O fim está nas suas mãos.
A igreja é o corpo do Senhor Jesus Cristo. Por ocasião do Apocalipse, ela estará arrebatada ao céu (1Ts 4.13–5.9) e participará a partir do céu dos eventos apocalípticos (cf. 1Co 6.2-3; Ap 1.16,20). “Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória” (Cl 3.4).
Deus Pai deu a revelação ao Filho para “mostrar aos seus servos”, ou seja, a revelação destina-se a mostrar aos sevos de Deus nas igrejas “o que em breve há de acontecer” (Ap 1.1,4; 22.6,16). A igreja deverá estar informada sobre o plano de Deus (Ap 22.16). No entanto, trata-se também daqueles que viverão como servos de Deus nos tempos apocalípticos. Para estes, esse registro será infinitamente importante.
Na antiga aliança, Israel é chamado de “servo”: “Cantem de alegria, ó nações, com o povo dele, pois ele vingará o sangue dos seus servos; retribuirá com vingança aos seus adversários e fará propiciação por sua terra e por seu povo” (Dt 32.43). E o Apocalipse diz: “Pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos” (Ap 19.2; cf. Lv 25.42,55; Lc 1.54,69; Is 65.8-16). Foram principalmente os profetas e aqueles que serviam dedicadamente a Deus no povo judeu que receberam o título de “servo” (Ne 1.6; Lc 2.29; Ap 10.7; 11.18; 15.3). Os apóstolos também chamavam a si mesmos de “servos” do Senhor (Fp 1.1; 2Pe 1.1).
A palavra grega para revelação utilizada no texto original significa “remover o véu” ou “descobrir” (apocalipse). “Revelação” é a primeira palavra neste livro. Revela-se o futuro, porque o Apocalipse todo é profético. Ele nos mostra os planos de Deus para os últimos dias.
Nos discursos de Jesus sobre o fim dos tempos é frequente o termo “servo” referindo-se a Israel (Mt 21.34-36; 22.3-4; 24.45-50; 25.14,19,21; Lc 12.38). Já Apocalipse chama os 144.000 israelitas das doze tribos de “servos do nosso Deus” (Ap 7.3). Também os mártires no céu recebem este título (Ap 6.11). Todo o livro de Apocalipse dirige-se constantemente aos servos de Deus.
Pelo estilo do seu enunciado, Apocalipse 1.1 nos remete aos livros do Antigo Testamento, como por exemplo ao profeta Amós, que escreve: “Certamente o Senhor, o Soberano, não faz coisa alguma sem revelar o seu plano aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). É exatamente disso que o Apocalipse trata.
O Apocalipse mostra aquilo “que em breve há de acontecer” (Ap 1.1), ou seja, o que acontecerá “com brevidade”. Trata-se de eventos em rápida sequência, de um período compacto que, uma vez iniciado, se desenrolará rapidamente. “Eu sou o Senhor; na hora certa farei que isso aconteça depressa” (Is 60.22).
Deus precisa julgar este mundo, e ele o fará por meio de Jesus Cristo. Nosso Senhor punirá este mundo em tempo breve e rapidamente para então estabelecer uma bênção longa e permanente. As dores de parto sobrevêm subitamente, de forma muito violenta e, uma vez iniciadas, cada vez mais rápidas. No entanto, em comparação com uma vida humana, são breves. Assim também se diz a respeito do sofrimento que os cristãos suportam: “Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles” (2Co 4.17).
Foi um anjo que “tornou conhecida” para João a revelação (Ap 1.1; cf. 22.16). Esse anjo é um mensageiro pessoal do Senhor que acompanha João no decurso das suas visões e vai passando instruções. Mais tarde João quer adorá-lo, o que, porém, o anjo recusa (Ap 19.9-10; 22.8-9,16).
Ou seja: Deus Pai confiou a revelação ao seu Filho. Jesus Cristo a transmite ao seu anjo. Esse anjo a mostra a João. E João a registra para nós. Por isso ele diz de si mesmo que “dá testemunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus [o Pai] e o testemunho de Jesus Cristo [o Filho]” (Ap 1.2).
João pode ter escrito a introdução de Apocalipse por último, já que está redigida em tempo passado. Ou seja: primeiro João registrou as visões que o anjo lhe transmitia da parte do Pai e do Filho e depois redigiu a introdução do texto, antepondo-a a ele.
Anjos são espíritos serviçais para os eleitos, ou seja, para a igreja (Hb 1.14). Porém, com muita frequência apresentam-se anjos como servos e portadores de mensagens para Israel (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Hoje, na época da graça, a igreja não é instruída por anjos, mas pelo Espírito Santo. Ocorre até o contrário: não é a igreja que aprende com os anjos, mas anjos aprendem da igreja: “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10; cf. 1Pe 1.12).
O apóstolo Paulo até adverte a igreja a não seguir anjos: “Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa” (Cl 2.18).
Até hoje continuam a surgir pessoas afirmando que algum anjo apareceu e transmitiu mensagens ou visões para elas. Muitas vezes se gabam afirmando que Deus teria enviado o anjo, mas isso é muito perigoso, porque “o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz” (2Co 11.14).
As sete igrejas são aquelas às quais se dirigem as sete cartas. Como o número sete é um número da perfeição, ele aponta para a igreja inteira de todos os tempos.
Deus chama de “feliz” aquele que atenta para a revelação: “Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo” (Ap 1.3). A mesma mensagem é repetida perto do final de Apocalipse: “Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22.7b).
Não são poucos os cristãos e as igrejas que praticamente rejeitam esta preciosa promessa ao não se ocuparem com Apocalipse. Pode até parecer que muitos crentes não sabem ler direito e por isso entendem as palavras do Senhor assim: “Feliz é aquele que não lê as palavras da profecia e não as guarda, porque afinal aquilo ainda está longe...”.
A doutrina da volta de Jesus Cristo e do estabelecimento do seu reino é um dos principais temas da Bíblia. A Palavra de Deus fala cerca de três vezes mais sobre sua volta do que sobre sua primeira vinda. Os apóstolos esperavam que o Senhor Jesus retornasse ainda durante o seu período de vida. Por isso o professor bíblico William MacDonald nos adverte: “Não basta nos apegarmos à verdade sobre o retorno dele – é preciso que essa verdade se apegue a nós”. Deveríamos nos orientar com grande expectativa para a volta de Jesus!
O Apocalipse descreve o fim e o objetivo de Deus com sua Criação. Ela é o ponto culminante do plano de Deus com o mundo por meio de Jesus Cristo. O Apocalipse é o triunfo final dos efeitos da primeira vinda de Jesus, de sua morte e ressurreição. Por isso se diz que ele é o primogênito dentre os mortos, tendo dado o seu sangue para a redenção (Ap 1.5), que ele é aquele que é, que era e que virá (v. 4,8), que esteve morto mas vive, e possui a chave da morte (v. 18).
“João às sete igrejas da província da Ásia: A vocês, graça e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir, dos sete espíritos que estão diante do seu trono e de Jesus Cristo, que é a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da terra. Ele nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue, e nos constituiu reino e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai. A ele sejam glória e poder para todo o sempre! Amém” (Ap 1.4-6).
As sete igrejas são aquelas às quais se dirigem as sete cartas. Como o número sete é um número da perfeição, ele aponta para a igreja inteira de todos os tempos. Os sete espíritos são uma imagem da plenitude do Espírito Santo, do seu sétuplo ministério (Is 11.2), também representado no candelabro de sete braços, a Menorá (Zc 4.2-6). “O Espírito do Senhor repousará sobre ele, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor” (Is 11.2).
Há quem defenda a ideia de que esses sete espíritos seriam sete seres angelicais, já que as Escrituras também descrevem os anjos como espíritos (Hb 1.14), e, por se encontrarem diante do trono, parecem ocupar uma posição subalterna. Isto não se pode afirmar do Espírito Santo, que, afinal, é Deus. (Ao mesmo tempo, porém, também se poderia dizer que os sete espíritos diante do trono realmente são equiparados a Deus, já que João transmite às igrejas “graça” e “paz” igualmente do Pai, do Filho e dos sete espíritos.) Se, de acordo com o versículo 20, as sete estrelas representam os anjos das sete igrejas e os sete candelabros, as sete igrejas, os sete espíritos poderiam por isso talvez também indicar sete anjos especiais enviados a todo o mundo (Ap 5.6). Ambas as interpretações – plenitude do Espírito Santo ou sete príncipes angelicais – parecem razoáveis.
De qualquer forma, logo no primeiro capítulo o Apocalipse deixa clara a primazia e a natureza única do Senhor Jesus: ele é o que é, era e há de vir. Ele é Deus desde a eternidade. Ele esteve neste mundo e retornará (Ap 1.8). Quando ele se intitula “o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22.13), ele mesmo se declara Deus, pois este é um título divino: “Eu sou o primeiro e eu sou o último, além de mim não há Deus” (Is 44.6; cf. 41.4; 48.12). Deus se revelou em Cristo Jesus (Ap 4.9; 11.17).
Jesus é a testemunha fiel que nesta terra serviu como homem submisso a Deus Pai (Is 55.4; Jo 4.34; Lc 22.42). Como tal, ele é o primogênito dentre os mortos, que nunca mais morrerá (Cl 1.18). Ele é o soberano dos reis da terra, o futuro soberano da terra.
Por meio dele recebemos “graça”, um favor divino sem mérito nosso. Por meio dessa graça alcançamos “paz” com Deus. Assim ele nos concede o seu amor por ter se entregado por nós e derramado o seu sangue para o nosso perdão.
E esse Jesus, nosso Senhor e Redentor, voltará: “Eis que ele vem com as nuvens e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém” (Ap 1.7).
Já no Antigo Testamento o profeta Daniel escreve que o Senhor voltará com as nuvens (Dn 7.13). Cristo mesmo também testifica que retornará sobre as nuvens do céu com poder e glória (Mt 24.30; 26.64). Uma nuvem o recebeu quando subiu ao céu a partir do monte das Oliveiras (At 1.9-11), e da mesma forma ele também retornará à terra (Zc 14.4).
Todos o verão – também e especialmente Israel, a saber: “todos os povos da terra” (Ap 1.7). Esse enunciado deriva da profecia de Zacarias 12.10-12: “E derramarei sobre a família de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de ação de graças e de súplicas. Olharão para mim, aquele a quem traspassaram, e chorarão por ele como quem chora a perda de um filho único e se lamentarão amargamente por ele como quem lamenta a perda do filho mais velho. Naquele dia, muitos chorarão em Jerusalém, como os que choraram em Hadade-Rimom no vale de Megido. Todo o país chorará, separadamente cada família com suas mulheres chorará: a família de Davi com suas mulheres, a família de Natã com suas mulheres...”
É por isso que Apocalipse 1.7 aponta principalmente para Israel, o povo dos judeus “que o traspassaram”. Deus derramará sobre eles um espírito de graça e súplica, e eles se lamentarão sobre aquele Senhor (Zc 12.10; Mt 24.30) que desprezaram tão completamente ao longo de dois milênios.
A doutrina da volta de Jesus Cristo e do estabelecimento do seu reino é um dos principais temas da Bíblia. A Palavra de Deus fala cerca de três vezes mais sobre sua volta do que sobre sua primeira vinda.
João recebe as visões de Apocalipse no “dia do Senhor”: “No dia do Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte, como de trombeta, que dizia: ‘Escreva num livro o que você vê e envie a estas sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia’” (Ap 1.10-11).
Muitos enxergam nesse “dia do Senhor” uma indicação para o domingo como dia da ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, é mais provável que João se refira aqui ao dia do juízo do Senhor, várias vezes citado nas Escrituras Sagradas, o qual ele vivencia no espírito e no qual medita como profeta. Esse dia ele viu (cf. Ap 4.2). Por isso também Apocalipse 1.11 instrui João a escrever o que vê “no Espírito”. O “dia do Senhor” é anunciado várias vezes no Antigo e no Novo Testamento como dia do juízo (Jl 1.15; 2.31; Is 13.6,9; Ml 4.5; 1Ts 5.2; 2Pe 3.10). Em Apocalipse esse dia se cumpre.
No Novo Testamento, o dia da ressurreição sempre é chamado de “primeiro dia da semana” (Mt 28.1; At 20.7 etc.). Se João estivesse fazendo referência ao dia da ressurreição, seria mais provável que usasse esse enunciado, tal como consta no evangelho de João e como era prática dos outros autores bíblicos da época (cf. Jo 20.1,19). Foi só mais tarde na história da igreja que o termo “dia do Senhor” foi identificado com o dia da ressurreição e o domingo. O contexto bíblico é sempre a chave para a interpretação.
Literalmente deveria ser dito: “Eu me encontrava no Espírito no dia pertencente ao Senhor”, ou “Encontrava-me no Espírito no dia do Senhor”. Trata-se do dia que pertence ao Senhor e que Deus transferiu ao seu Filho: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu” (Ap 1.1). A revelação é o dia do Senhor e pertence integralmente ao Senhor Jesus.
“... o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho. E deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem” (Jo 5.22,27). É justamente como “Filho do homem” que o Senhor é apresentado também em Apocalipse 1.13 em conexão com o “dia do Senhor”. Cristo mesmo confirma que esse dia futuro lhe pertence: “Pois o Filho do homem no seu dia será como o relâmpago cujo brilho vai de uma extremidade à outra do céu” (Lc 17.24).
Assim, o “dia do Senhor” é o dia que lhe pertence, e João vivencia esse dia “no Espírito” como profeta. A expressão “no Espírito” remete ao profeta Ezequiel, que teve a mesma experiência: “Então o Espírito de Deus ergueu-me e em visão levou-me aos que estavam exilados na Babilônia. Findou-se então a visão que eu havia tido” (Ez 11.24). E: “A mão do Senhor estava sobre mim, e por seu Espírito ele me levou a um vale cheio de ossos” (Ez 37.1).
“Voltei-me para ver quem falava comigo. Voltando-me, vi sete candelabros de ouro e entre os candelabros alguém ‘semelhante a um filho de homem’...” (Ap 1.12-13).
Não encontramos nenhuma vez a expressão “Filho do homem” nas cartas do apóstolo Paulo às igrejas; no entanto, encontramos ela em Daniel 7.13, repetidamente nos evangelhos (quando o Senhor fala ao povo de Israel) e uma vez em Atos 7.56 (nas últimas palavras de Estêvão ao povo judeu, quando estava à morte). Hebreus 2.6 também menciona o “filho do homem”, mas ali se trata de uma citação do Salmo 8 e se refere ao homem em geral.
O título “Filho do homem” refere-se ao reinado terreno do Senhor. O Apocalipse dirige-se à igreja, mas seu grande tema é o juízo sobre o mundo e Israel (Ap 1.7).
Esse Filho do homem usa “uma veste que chegava aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés eram como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o som de muitas águas. Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu fulgor” (Ap 1.13-16).
Essa descrição do Senhor Jesus reflete a imagem do Senhor no Antigo Testamento (p. ex. em Sl 93; Dn 7.9; 10.5-6,9; Ez 1.1–2.2 etc.). O Apocalipse é a continuação e o definitivo cumprimento de todas as declarações dos profetas do Antigo Testamento. O teólogo Robert Haldane disse certa vez a respeito disso: “Não se pode subtrair do povo de Israel aquilo com que ele [Deus] se comprometeu diante deles”.
João vê símbolos daquilo que o Senhor é; de sua majestade, seus ministérios e suas características. A longa veste expressa dignidade. O cinturão de ouro em torno do seu peito aponta para o sumo sacerdócio celeste, divino e eterno. Sua cabeça branca e os cabelos brancos são como a luz branca que apareceu na Shekinah, a nuvem da glória de Deus no Tabernáculo. Além disso, a cor branca aponta para sua justiça incorruptível – assim como o trono branco do juízo (Ap 20.11). Seus olhos como chama de fogo indicam que seu olhar penetra e julga tudo. Só o que for “à prova de fogo” poderá prevalecer diante dele: ouro, prata e pedras preciosas. “Sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um” (1Co 3.13). “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem haveremos de prestar contas” (Hb 4.13).
Seus pés semelhantes ao bronze resplandecente como numa fornalha ardente lembram o altar dos holocaustos. Deus mesmo é um fogo consumidor que consome tudo que é anti-divino. Sua voz como a de muitas águas significa que sua palavra preenche e domina tudo. Quando Cristo fala, tudo o mais emudece.
As sete estrelas em sua mão direita simbolizam as sete igrejas destinatárias da mensagem de Apocalipse (Ap 1.20). O que o Senhor segura em sua mão direita pertence a ele e é somente ele que decide a respeito. Jesus é o braço direito do Senhor, o braço da salvação e da redenção eterna. “Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” (Is 53.1). Ninguém pode arrancar sua propriedade da sua mão (Jo 10.28-29).
A espada de dois gumes que sai da boca do Senhor simboliza o quanto sua palavra é cortante. Ela separa e corta: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4.12). Sua palavra também julgará as nações (Ap 19.15). E sua face, que brilha como o sol em seu poder, lembra-nos a transfiguração do Senhor Jesus: “Ali ele foi transfigurado diante deles. Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz” (Mt 17.2; cf. 2Pe 1.16-21).
Essa linguagem figurada inspirada do Antigo Testamento também nos mostra que o Apocalipse tem a ver com a redenção de Israel e o retorno em glória do seu Messias Jesus.
O contexto bíblico é sempre a chave para a interpretação.
“Quando o vi, caía aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: ‘Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último. Sou Aquele que Vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap 1.17-18).
Você já viu alguma vez alguém tombando ao chão ao sofrer um infarto cardíaco ou um ataque epiléptico? Foi mais ou menos o que aconteceu com João – e, por sinal, da mesma maneira reagiram também Ezequiel e Daniel diante da glória celeste (Ez 1.28–2.2; Dn 10.9). Homem nenhum pode prevalecer diante do Deus vivo. Ninguém poderá permanecer ereto diante dele. Ninguém poderá justificar-se. Ninguém poderá se impor. Desde a ressurreição do Senhor Jesus, a morte precisa temê-lo.
Agora, porém, vemos a reação do Senhor diante daquele que crê nele e é seu servo: “Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: ‘Não tenha medo’” (Ap 1.17). Todos os salvos por Jesus Cristo podem considerar-se felizes. Esses não precisam ter medo de Deus. Eles são erguidos e consolados.
Ele, o Primeiro e o Último e de natureza divina (Ap 1.8) – que ressuscitou dos mortos, que vive de eternidade a eternidade, que tem nas mãos o poder sobre a morte, a quem pertence a revelação e que tem autoridade sobre todos os eventos futuros – guarda e consola todos os que lhe pertencem. Eles não precisam temer. A vida e a morte deles estão em suas mãos. Eles não estão abandonados ao destino. Pertencem a ele e ao seu mundo.
Para o crente em Jesus Cristo, isso significa que, aconteça o que acontecer, sejam quais forem suas experiências, não há o que temer!
Assim, João recebe a seguinte ordem: “Escreva, pois, as coisas que você viu, tanto as presentes como as que acontecerão. Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas” (Ap 1.19-20).
O versículo 19 marca como o Apocalipse divide a si mesmo: “as coisas que você viu” abrangem o capítulo 1; “as presentes”, os capítulos 2–3; e “as que acontecerão”, os capítulos 4–22. Isto nos mostra que somos chamados e vocacionados a anunciar tudo o que Deus determinou – seu evangelho e a palavra bíblico-profética do seu retorno, até que ele venha. “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’ Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Apesar de tudo


Apesar de tudo

Daniel Lima
Sendo casado com uma professora de educação física, que é ainda por cima apaixonada por condicionamento e exercícios, uma das atividades que gostamos de fazer em casal é assistir competições esportivas. Nos últimos dias temos assistido a várias competições dos Jogos Pan-Americanos em Lima. Fico sempre impressionado com a capacidade destes atletas, assim como o nível de sacrifício a que se submeteram. Ao ver saltos, manobras, bloqueios, cortadas, esforços, fico só imaginando as horas, dias, meses e anos de dedicação e sacrifício do atleta e com frequência de sua família também.
No entanto, uma cena me marcou nestes dias. Uma jovem atleta da ginástica artística se preparava para entrar no palco onde faria sua apresentação. Não lembro seu país de origem, seu nome ou sequer qual o aparelho. Lembro-me de que ela parecia tão nova (todas parecem, não?), seu rosto e seu corpo demonstravam uma enorme tensão. Ela ajustava seu uniforme com o rosto franzido, seus ombros estavam rijos e ela era a imagem do nervosismo. Porém, assim que entrou em cena, ela abriu um sorriso plástico que não atingiu seus olhos. De uma imagem de tensão ela se tornou uma imagem de alegria e leveza.
Não me lembro se foi bem-sucedida ou não. Passei a reparar como esta imagem é comum a tantos atletas. Eu entendo que o sorriso é parte da apresentação, mas fui forçado a perceber que esta é uma imagem perfeita da sociedade em que vivemos. Tensão, alto sacrifício, dores, rigidez em particular, leveza, sorrisos, graça e performance em público...
Logo depois abri o Facebook e me deparei com a mesma “bipolaridade” generalizada. Por um lado, cristãos e não cristãos compartilham vitórias, conquistas, bênçãos e grandes eventos. Por outro, textos alertando de catástrofes ocorrendo ao redor do mundo. E não pense que isso se restringe a não cristãos: pastores que anunciam, com um mal disfarçado orgulho, tudo que Deus tem feito em seu ministério e sua vida, enquanto há inúmeros relatos de pastores deixando o ministério ou até mesmo atentando contra sua própria vida. Como equilibrar estes dois extremos? Será que, como cristãos, estamos nos tornando performáticos? Afinal, temos a vitória garantida pela fé ou somos condenados a sofrer neste mundo?
Essa é uma daquelas perguntas com duas opções que só podem ser respondidas por um sonoro SIM. Ou seja: temos a vitória garantida pela fé e somos chamados a sofrer neste mundo. O que importa é entender qual é a nossa vitória e qual é a nossa fé, assim como entender qual é o sofrimento ao qual somos chamados neste mundo a passar.
Paulo escreve, no final de sua vida, um texto que poderia ser o moto dos teólogos da prosperidade, se ignorarmos o contexto em que escreveu:
7Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. 8Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda. (2Timóteo 4.7-8)
Paulo afirma sua vitória e sua recompensa, mas o contexto é de um homem idoso, jogado injustamente em um calabouço imundo e que sabe que em breve será morto. Não há performance aqui, não há público, não há glória pessoal.
Por outro lado, Jesus nos chama para uma vida vitoriosa, mas não uma vida performática. Em João 16.33 ele afirma: “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
Jesus nos chama para uma vida vitoriosa, mas não uma vida performática.
Nossa vitória não está no aplauso ou reconhecimento público. Nossa vitória não está nas bênçãos ou no crescimento de nossos ministérios ou sucesso de nossas vidas. Nossa vitória está naquilo que cremos. O apóstolo João trata de nossa vitória em 1João 5.4 ao afirmar: “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. Nossa vitória é nossa fé. Temos esta vitória garantida. Não importa o que o mundo possa nos fazer. Não importa quem ganha a eleição ou quem será nosso chefe. Não importa se seremos ou não perseguidos. Temos a vitória. Contudo, não é uma vitória performática. É uma vitória entre lágrimas e dores.
Vou continuar olhando as apresentações impressionantes dos atletas. Vou continuar admirando seu esforço e dedicação. No entanto, não quero me deixar encantar por atos performáticos (seja de atletas ou de líderes cristãos). Fico mais impressionado com lágrimas e fé.
Minha oração por você e por mim é que, mesmo se ficarmos impressionados com as performances brilhantes que assistimos todos os dias, nossa vitória seja a da fé. Oro para que, como Paulo, eu possa me alegrar por completar minha carreira, por permanecer combatendo o bom combate, por guardar a fé. Que esta vitória me satisfaça, mesmo que o contexto seja o do verso 6 de 2Timóteo 4: “Eu já estou sendo derramado como oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida”.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Estender a mão


ESTENDER A MÃO

Chegando Davi a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim, tomaram camas e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e farinha, e grão torrado, e favas, e lentilhas, também torradas, e mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vacas, e os trouxeram a Davi e ao povo que com ele estava, para comerem, porque disseram: Este povo no deserto está faminto, cansado e sedento.
2 Samuel 17:27-29
Davi chegou a Maanaim cansado: estava fugindo de Absalão. Considerando os versículos acima, talvez admira-nos que Deus compartilhe tantos pormenores desta “pequena ocorrência”. Disso deduzimos quão precioso é, aos olhos de Deus, quando de coração prestamos assistência ao seu povo nas suas necessidades exteriores, e também nas suas aflições interiores. Mas, vejam só: os três homens que aqui prestaram assistência nos são mencionados por nome e endereço!
Se nós tivéssemos que relatar a ajuda que prestaram, talvez diríamos apenas que foram “utilidades” e “alimentos”. Porém o que aconteceu ali foi tão precioso para Deus, que ele registrou os mínimos detalhes.
“Porque disseram”, lemos ainda. E antes certamente refletiram: Nosso rei está em Maanaim, ele é rejeitado; junto a ele estão os participantes de sua rejeição. Ali há necessidades, quebrantamento, fome e sede. De que maneira podemos ajudar aí?
Não deveríamos nós também ter uma visão para as carências do povo do Senhor? O apóstolo Paulo cita, em várias passagens, irmãos que o “refrigeraram” de diversos modos. Tomemos, pois, o propósito de nos colocar à disposição do Senhor. Ele terá prazer em nós, e os nossos companheiros de fé experimentarão auxílio e alívio.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Resposta às orações


Resposta às orações

Lothar Gassmann
E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão.” (Mateus 21.22)
A fé bíblica está baseada no Deus que verdadeiramente existe. Ela não gira em torno de si mesma, mas é uma relação de diálogo; ela se dispõe a receber correções vindas de fora. Deus pode corrigir nossas orações se elas estiverem “erradas” ao seu entendimento. Assim – devidamente dirigido pelo Espírito Santo – um cristão sempre perguntará (nesta ordem): “Senhor, qual é a tua vontade? Senhor, o que devo pedir e fazer pelos outros? Senhor, por qual caminho eu devo andar, de acordo com a tua vontade?”.
A oração cristã é a oração feita diante de Deus Pai, em nome de Jesus: “E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14.13, ver 16.24; Mateus 18.20). Os cristãos também podem orar para o Filho, pois Jesus diz: “O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (João 14.14). Para tais orações, feitas a partir do relacionamento de fé com Deus, em Jesus Cristo, há a promessa de que serão atendidas.
A vontade de Deus é reconhecida basicamente na Bíblia e é revelada sob orientação do Espírito Santo para situações concretas (ver 1Coríntios 14.37ss; 15.1ss). Deus não satisfaz a cada desejo, mas nos dirige do modo que é melhor para nós e para os outros.
A oração move o braço de Deus. Assim, não esqueça o louvor e a gratidão.
Lembre-se do quanto Deus, em silêncio, já nos ajudou
e esteve perto quando o ânimo faltou!
A oração move o braço de Deus. Orem de modo honesto e fiel!
Não com muitas palavras, nem com fingimento!
Apresentem-se a Deus sem constrangimento.
A oração move o braço de Deus. Assim, sejam firmes em oração!
Antes de pedirem, o Senhor sabe o que precisarão.
Cedo ou tarde, ele sempre dá sua atenção.

Faça o bem àqueles que os odeiam


Façam o bem àqueles que os odeiam

Bettina Hahne-Waldscheck
Na escuridão da noite síria, nas colinas de Golã, perto da fronteira israelense, os fachos de luz de faroletes esbarram em um grupo de pessoas. Finalmente os soldados israelenses encontraram quem procuravam – e também os homens, mulheres e crianças que esperavam no escuro encontraram nos israelenses o que esperavam. Trata-se de sírios feridos e doentes para quem não existe mais ajuda médica e humanitária naquela região. Os soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) levam essas vítimas até uma clínica, onde receberão cuidados. O parceiro dos soldados da IDF é a organização médica cristã Aliança Internacional de Fronteira (FAI, na sigla em inglês), fundada em 2012 com o objetivo de unir assistência médica e cuidados com missão. Com isso iniciou-se, completamente à margem da imprensa mundial, um projeto espetacular e extraordinário em vários sentidos: os cristãos da FAI e o exército israelense instalaram duas clínicas emergenciais – e isso na Síria! Os israelenses providenciam o equipamento médico, alimentação, combustível para os geradores elétricos de emergência e o equipamento técnico médico.
A IDF fornece esse tipo de materiais auxiliares também para outras clínicas na Síria, como por exemplo a uma clínica obstétrica provisória, que recebe aparelhos de ultrassom, incubadoras e outros equipamentos médicos. Antes disso não havia nenhuma clínica ginecológica naquela região, onde vivem 225 000 pessoas. Os militares israelenses também cuidam da segurança da missão dentro da área crítica e provêm a dispendiosa logística, o transporte do pessoal médico da FAI e dos materiais auxiliares e de consumo. “Para nós é um grande privilégio trabalhar em parceria com a IDF”, comenta impressionado Dalton Thomas, fundador e diretor da FAI. “Amamos o povo judeu e as Forças de Defesa Israelenses.” “Queremos ajudar em zonas de conflito negligenciadas por organizações cristãs”, explica Thomas à revista suíça factum. Ele continua: “Nosso trabalho começou entre refugiados sírios na Turquia; depois fomos ao Iraque e para outros países em torno da Síria. Com isso entramos em contato com os militares israelenses. No início de 2017 nos perguntaram se entraríamos numa cooperação com eles para ajudar a Síria”. “Perguntamos à IDF quais seriam as necessidades dos sírios. A resposta: ‘Eles precisam de médicos’.”
Sem merecer a atenção da imprensa mundial, os militares israelenses cooperam com médicos cristãos na operação de hospitais na Síria. São ações humanitárias nas piores condições.
Foi só recentemente que vieram à luz operações humanitárias empreendidas já há cinco anos pela IDF, ocultas ao público. Um exército ajuda o seu inimigo, porque oficialmente a Síria se considera em estado de guerra contra Israel. Ao contrário do Egito e da Jordânia, a Síria recusou-se a celebrar um tratado de paz com Israel. A missão começou como ação ad hoc quando, há alguns anos, sírios feridos foram levados por seus parentes até a fronteira israelense. Eles pediram ajuda aos militares israelenses. Disso desenvolveu-se em 2016 uma grande ajuda humanitária, a “Operation Good Neighbor” [Operação Bom Vizinho].
Os médicos da FAI trabalham sob condições de inimaginável dificuldade; às vezes até em abrigos subterrâneos. Recentemente ajudaram ali dois bebês a vir à luz sob o barulho de um bombardeio aéreo. Nos vídeos encontrados no site da FAI que mostram os médicos em atividade, veem-se em parte imagens brutais de braços e pernas decepados e peitos dilacerados por bombas. Dalton Thomas, fundador e presidente da FAI, informa: “Oferecemos ajuda emergencial, mas nosso principal foco são as famílias. Queremos ajudar principalmente a geração seguinte, bem como as mães que engravidam no meio da guerra. Cremos que Jesus quer nossa presença em lugares difíceis, junto às pessoas – que choremos e nos alegremos com elas. Queremos dizer-lhes que as amamos. Fazemos tudo isso por Jesus, pela Síria e por Israel. Se estabelecermos entre estas duas nações uma atmosfera de respeito, a fronteira de Israel também se tornará mais segura”. Também os israelenses esperam que a Operação Bom Vizinho contribua para criar na Síria um ambiente menos hostil.
Assaf Orion, ex-chefe do planejamento de pessoal na divisão estratégica da IDF, disse ao Jewish News Syndicate (JNS.org): “Esta abordagem humanitária, que já revela seus efeitos, é moralmente correta e proporciona outros resultados palpáveis na medida em que a noção sobre Israel entre seus vizinhos mais próximos na Síria muda. Fato é que nunca houve ataques a Israel provenientes dessas regiões, em contraste com as regiões ocupadas pelo regime”. Um comandante participante também enfatiza que a IDF age movida por um “imperativo moral”. Em 2012, IDF e FAI tinham ao mesmo tempo e independentes um do outro o mesmo objetivo: prestar ajuda humanitária a sírios – até que no início de 2017 eles se encontraram para formar uma parceria.
“Fazemos tudo isso por Jesus, pela Síria e por Israel.”
Um documentário da emissora cristã CBN intitulado “Serving Syrians Alongside the Israeli Army” [Servindo Sírios ao Lado do Exército Israelense], que noticiou pela primeira vez essas campanhas assistenciais, mostra a FAI, com ajuda de militares israelenses, enviando uma equipe médica para um hospital emergencial dentro da Síria. Depois de sete semanas, a doutora americana Sally Parsons retornou dessa campanha. Por que ela foi até lá? Ela explica: “Porque o Senhor nos chama para ir a todas as nações do mundo. Percebi que Deus me dizia que fizesse exatamente isso aqui”. Debbie Dennison, enfermeira emergencial americana, que também entende ter sido chamada por Deus do mesmo modo, complementa: “Gente é gente, não importa se ostenta o rótulo de cristão, muçulmano ou judeu. São mulheres e homens. Todos têm as mesmas necessidades e ferimentos e precisam da mesma solidariedade e amor [...] Fomos como cristãos a uma comunidade que não nos conhecia, que alimenta uma hostilidade histórica contra cristãos, mas bastava expressar amor para sermos recebidos de braços abertos”.
Os 20 profissionais médicos da FAI na Síria, provenientes de diversos países, realizam seu trabalho sem ganhar um centavo. Tratam-se de campanhas de muitos meses ou mais. “Para mim, essas são as pessoas mais espantosas do mundo”, disse Dalton Thomas à revista suíça factum, “porque trabalham num ambiente muito difícil e perigoso. Muitas vezes ocorrem combates em torno deles ou há explosões de bombas. Para mim, esses médicos são heróis. Os habitantes locais os amam.”
Muitas vezes os médicos são confrontados com situações médicas que não correspondem à sua especialidade. Nessas horas, o que ajuda é a oração e a atuação decidida, tal como ocorreu recentemente com uma grávida que precisava de uma cesariana. Sally Parsons relata na CBN: “Baixamos um vídeo do YouTube que mostrava a técnica da cesariana, mas oramos muito mais do que lemos”. Assim inspirada, a dra. Parsons trouxe um bebê saudável ao mundo por meio de incisões cirúrgicas seguras. “É isto que nos mantêm de pé: ver nova vida em meio a uma guerra cruel. É uma bênção incrível.” Pacientes em condições de tratamento demorado são enviados a Israel pela médica. O exército israelense cuida do transporte para hospitais israelenses.
Cristãos e judeus atuam juntos segundo o lema: “Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam” (Lc 6.27).
Segundo a IDF, desde 2012 a Operação Bom Vizinho já prestou assistência médica a mais de 5 000 pessoas. Além de feridos em combate, Israel também cuida de crianças com doenças crônicas que não têm acesso a hospitais, transportando-as de ônibus para hospitais israelenses. O custo é assumido pelo Estado de Israel. Além disso, todas as noites, transportes assistenciais israelenses atravessam a fronteira síria. Os militares israelenses já disponibilizaram mais de 450 000 litros de combustível para aquecedores e geradores elétricos, 40 toneladas de farinha, 225 toneladas de refeições, 12 000 embalagens de alimento para bebês, 1 800 pacotes de fraldas, 12 toneladas de calçados e 55 toneladas de agasalhos. No total, Israel já despendeu vários milhões de dólares em ajuda humanitária para a Síria.
“Não suporto ver como as pessoas além da fronteira sucumbem [...] Para mim, é uma oportunidade para ajudar”, diz o primeiro-oficial médico da Operação Bom Vizinho, o major Sergey, à CBN News em Israel: “Tenho muito orgulho de poder participar, e preciso agradecer à organização FAI por enviar esse pessoal médico altamente profissionalizado para ajudar no lado sírio. Não é fácil”. Danton Thomas comenta a respeito dos militares israelenses: “Nos últimos cinco a seis anos, as forças de defesa israelenses colocaram de lado a política para poderem construir uma boa vizinhança com a Síria. Nossa cooperação com a IDF é um projeto único na história. Nunca antes os militares israelenses trabalharam em parceria com uma organização cristã para ajudar o inimigo com ações de amor ao próximo”. Judeus e cristãos trabalham de mão em mão para ajudar muçulmanos carentes.
Israel pratica aqui o amor ao inimigo preconizado por Jesus: faz o bem aos que o odeiam. Pode-se observar nas reações dos pacientes que isso move algo neles. Pacientes sírios tratados em hospitais israelenses oferecem à imprensa declarações como esta: “Bem que eu gostaria de poder ficar aqui para sempre”, ou: “A todos os sírios que consideram Israel nosso inimigo: vocês estão errados! Nós amamos Israel! Eu pensava que Israel fosse mau, mas agora vejo que é exatamente o contrário. Dou graças a Deus por ter chegado em tempo a Israel; caso contrário, não estaria mais vivo”. (factum-magazin.ch)