sábado, 19 de dezembro de 2020

José


 

O Exemplo de José

José faz parte da história de Jesus. Seu procedimento foi exemplar ao colocar Deus acima da sua própria percepção de justiça, tornando-se assim parte da profecia bíblica. Vamos examinar a conhecida história do Natal com base naquilo que sabemos sobre esse homem que desapareceu da história de modo tão discreto como entrou nela.

Cada vida escreve uma história. A vida de José participou da história de Jesus: “Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: ‘José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados’.

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’.

“Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus” (Mt 1.18-25).

1. José faz parte da história de Jesus

“Foi assim o nascimento de Jesus Cristo” (v. 18a). O procedimento de José faz parte dos conhecidos eventos em torno do nascimento do nosso Senhor. Ele se tornou um elemento sustentador. O nascimento encarnado de Deus é inseparável desse homem, embora ele não fosse seu “pai biológico”.

Hoje Deus também quer nos incluir em sua atuação. É assim que a história do evangelho se desenrola. Ela ocorre onde nós estamos presentes, onde vivemos e onde trabalhamos.

A nossa vida também escreve uma história. Seria a história de Jesus Cristo?

2. José agiu de forma exemplar

“Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente” (v. 18b-19).

José deve ter sido um bom sujeito. Tudo na sua vida parecia estar em ordem. Ele estava apaixonado, era trabalhador e zeloso, alegrando-se na expectativa do casamento com Maria, que vinha preparando.

A Bíblia o descreve como um homem “justo”. Isso significa que ele vivia fielmente de acordo com a Lei. Quando, então, descobriu que sua noiva estava grávida, ele não agiu movido por vingança, retribuição ou ódio, mas de modo muito compreensivo e manso – e isso num momento em que ele ainda não tinha nenhuma resposta de Deus.

Como nós agimos quando não entendemos os caminhos de Deus? Como agimos quando achamos que temos razão? Será que então também buscamos uma via que prejudique o outro o mínimo possível? Seríamos cuidadosos e sensíveis?

3. José colocou Deus acima da sua percepção de justiça

“Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: ‘José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo’” (v. 20).

Quando Deus interferiu nas considerações de José, ele atendeu sem discutir. Nada se lê de que ele tenha dito algo. Ele simplesmente fez o que Deus lhe disse, creu em tudo e agiu de acordo. Aquilo certamente não foi uma decisão fácil e deve ter trazido vários incômodos a ele.

José aceitou que seus planos fossem desfeitos. Será que Deus poderá nos redirecionar em situações complicadas? Colocaremos as exigências do seu Santo Espírito acima do nosso senso de justiça contaminado? Seria o amor o nosso máximo mandamento?

4. José e Jesus

“Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (v. 21).

Jesus significa “Javé é Salvação”. É interessante que havia um José no início da vida de Jesus e outro em seu final (José de Arimateia, que cedeu seu sepulcro a Jesus; cf. Mt 27.57-60).

Ao dar ao Senhor o nome de Jesus, José anunciou a melhor mensagem possível. Por meio da sua obediência, ele ofereceu ao mundo mais benefício do que poderia ter proporcionado por meio de tudo o mais que poderia ter feito de bom. O próprio José nunca aparece nos evangelhos dizendo algo, mas foi ele quem deu o nome a Jesus.

Não importa o que façamos para o Senhor, se somos pregadores ou contadores, artistas gráficos ou artesãos. Há só uma coisa que importa: que estejamos disponíveis para o nome de Jesus. Nossa vida deve representar Jesus como Salvador.

5. José tornou-se parte da profecia bíblica

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’”. (v. 22-23).

A palavra profética que Isaías enunciou séculos antes por inspiração divina por meio do Espírito Santo se cumpriria, e para isso Deus lançou mão da obediência de um homem que viveu 700 anos depois. Deus teria chegado ao seu objetivo mesmo sem José, mas ele quis alcançá-lo com José.

O Senhor atinge seu objetivo mesmo sem nós. Que preciosidade é, porém, quando nos deixamos usar, podendo contribuir para que esse objetivo seja alcançado!

6. José agiu

“Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus” (v. 24-25).

A melhor atitude neste mundo é agir do modo como o Senhor nos encarrega. José agiu em fé e obediência. Portanto, ele era ao mesmo tempo confiável e prático, como também sensível, perseverante e forte – e Deus confiou seu Filho, ou seja, a si mesmo, àquele carpinteiro – e não a algum sacerdote, fariseu ou escriba.

  • José era um homem que cria incondicionalmente;
  • José era um homem capaz de dar apoio a uma virgem, que de outro modo iria se tornar alvo de escárnio;
  • José era um homem que Deus pôde usar para conduzir o seu Filho e a mãe dele para Belém, cuidar deles numa estrebaria, sustentá-los durante a fuga para o Egito e levá-los de volta para Nazaré;
  • Fica evidente que José era capaz de suportar peripécias e ao mesmo tempo manter o cuidado pelos outros;
  • José era um homem que oferecia calor, proteção e aconchego. Foi o homem que instruiu o Senhor Jesus durante os primeiros anos de sua vida no artesanato e certamente também na Torá;
  • José era um homem quieto, mas também forte. Ele não pregava, mas sua história tem rica expressão.

Deus quer confiar Jesus a nós, ou seja, a mensagem da sua vida e do seu evangelho. Será que demonstramos em cada situação ser fiéis e confiáveis?

7. José desapareceu da história tão silenciosamente como entrou nela

Justamente esse fato desse homem é bem típico. Ele permitiu ser usado para Jesus. Não buscou fama e honras, mas apenas tratou de fazer aquilo de que Deus o encarregou. Quis estar à disposição de Jesus – plenamente.

Em algum momento depois de o Senhor Jesus ultrapassar a idade de 12 anos, José desaparece da história bíblica, mas a luz que sua vida lançou continua brilhando clara e viva até hoje.

O que restará da nossa vida? Que história ela contará?

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

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