Quando Deus se encontra com o desanimado
Desânimo é algo surpreendente. Ele surge de modo inesperado, se infiltra em nossas vidas e suga nossa motivação. A princípio, reagimos investindo mais energia, nos cobramos mais, tentamos ser mais fortes e perseverantes. No entanto, pouco a pouco, mesmo essas resoluções caem em terreno estéril; falta energia, as cobranças nos deprimem, e nossas forças se esvaem. Existem muitas razões para o desânimo. Aparentemente, ele não se baseia em resultados de nossos esforços, mas tanto em fatores biológicos e químicos quanto em expectativas e perspectivas de vida.
A Bíblia nos relata uma história sobre um encontro de Deus com Elias quando este estava profundamente desanimado. O relato está em 1Reis 19, mas, logo antes, no capítulo 17 lemos que Elias falou que não haveria chuva em Israel. A seca se prolongou por três anos. Lemos no capítulo 18 que, mais uma vez obedecendo ao Senhor, Elias se apresenta a Acabe e o chama para um desafio entre ele e os profetas de Baal. O resultado conhecido foi uma vitória espiritual. Ao final da experiência é possível que Elias tenha entendido que estava diante de um avivamento em Israel. Primeiro, o povo declarou que “o Senhor é Deus!” (1Reis 18.39). Depois, os profetas são eliminados. Por fim, o próprio rei Acabe parece assumir uma atitude submissa quando Elias lhe dá instruções para comer e beber, pois ele já ouvia o barulho de chuva. Elias estava se baseando tanto na promessa de Deus quanto em sua própria expectativa.
Não seria um exagero supor que Elias estava no auge de seu entusiasmo. No entanto, o avivamento não havia chegado. Havia Jezabel. Esta mulher é descrita como uma mulher perversa, idólatra, opressora, manipuladora e perseguidora daqueles que temiam a Deus. O rei Acabe é descrito como um marido que não sabia ou não queria tomar uma atitude quanto à sua esposa. Chegando em casa, ela ouve o que aconteceu e o resultado foi o contrário do que Elias imaginava:
Por isso Jezabel mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: “Que os deuses me castiguem com todo o rigor, se amanhã nesta hora eu não fizer com a sua vida o que você fez com a deles”. Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. (2Reis 19.2-3a)
Este é momento que parece que algo se partiu no coração de Elias. O mesmo homem que enfrentou o rei dizendo que não choveria, que enfrentou 850 profetas malignos e depois os matou, que correu adiante do carro do rei teve medo agora diante de uma ameaça de uma rainha iníqua. Não só fugiu, como desistiu de sua vida. Após caminhar só por um dia, ele se senta sob uma árvore e pede sua própria morte. Primeira Reis 19.4b diz que Elias orou: “Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados”.
É natural que o desânimo se instale logo após profundas experiências espirituais, seguidas de fortes decepções. Talvez você já tenha passado por isso. Eu sei que eu já passei. Parece que Deus fez algo fantástico, estamos no limiar de um grande mover de Deus e, de repente, surge uma grande decepção, uma traição, frustrações se acumulam e você começa a se perguntar se Deus realmente pode fazer algo, se vale a pena continuar lhe servindo, se seu tempo não acabou.
É natural que o desânimo se instale logo após profundas experiências espirituais, seguidas de fortes decepções.
A resposta de Deus para estas situações, descrita em 1Reis 19.5-18, não é só surpreendente, mas cheia de misericórdia e amor. Deixe-me alistar:
Deus o alimenta e o faz descansar (versos 5-7);
Deus o leva a uma local deserto e especial (versos 8-9);
Deus pergunta o que ele faz ali (verso 9b);
Diante de suas queixas, Deus lhe dá uma pequena amostra de seu poder (versos 10-13);
Aparentemente Elias continua com suas queixas (verso 14). Mas Deus não o descarta do ministério;
Ele o chama para ungir futuros reis (versos 15-16a);
Ele o chama para encontrar um companheiro de ministério (verso 16b);
Ele revela seu plano e que ainda mantém um remanescente fiel (versos 17-18).
Não sei como você está. Tenho vários amigos que têm enfrentado o desânimo. Eles, após longos períodos de ministério fiel, começam a achar que não fazem diferença, que são descartáveis, que seu tempo passou. Se você está enfrentando uma fase assim, eu quero encorajá-lo. Quem sabe você medita sobre este relato na história de Elias. Quem sabe você não precisa de um tempo de descanso, de retiro espiritual, de ouvir a Deus. Você certamente precisa de companheiros de ministério e precisa vislumbrar o que Deus tem feito e vai fazer. Minha oração sincera por você e por mim é que, em meio a períodos de desânimo, a presença de Deus seja ao mesmo tempo poderosa e íntima. Isaías 57.15 diz:
Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito”.
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