sábado, 29 de setembro de 2018

O Princípio de Mordecai


O Princípio de Mordecai

Thomas Lachenmaier
Mordecai, homem fiel a Deus e que é mencionado no livro de Ester, não dobrava seus joelhos diante de ninguém, exceto diante de Deus. Também hoje a observação desse princípio não causa prejuízo a ninguém.
O psicanalista judeu Michael Amram Rinast (68) não recebeu muita influência da fé judaica por meio de seus pais. O seu pai faleceu cedo e sua mãe era ateísta. Sua avó, no entanto, acendia cada sexta-feira à noite a vela do Shabbat, e assim ele tinha conhecimento de alguns costumes judaicos e, no decorrer de sua vida, novamente se aproximou mais da fé judaica. Ele relata que recebeu de sua avó o que seria “a frase mais marcante de sua vida: ‘Você nunca se ajoelhará diante de ninguém, exceto diante de Deus!’. Assim, esse é o princípio de Mordecai”.
Michael Amram Rinast, nos últimos 25 anos de sua vida profissional como consultor administrativo, orientou-se por essa máxima da vida de Mordecai, o homem fiel a Deus, que nos foi transmitida no livro de Ester. Isso lhe custou contratos e clientes, ele relatou. Isso lhe causou prejuízo? Provavelmente não. Ele se manteve fiel a si mesmo e a um princípio bíblico.
Mordecai era um homem sábio, conforme lemos na Bíblia, e a ação prática fazia parte de sua sabedoria de nunca dobrar os joelhos diante de alguém, exceto diante de Deus. Mordecai demonstrou ser um cidadão leal, mesmo estando na Diáspora persa para onde foi levado juntamente com muitos israelitas. No entanto, ele não dobrou seus joelhos diante dos governantes do mundo. Mordecai era temente a Deus e não temente aos homens. Como seria possível – de um modo geral – que uma pessoa tivesse prejuízo ao agir em obediência a Deus e não se prostrar diante dos ídolos desse mundo?
O amor ao próximo de que fala a Bíblia vale para a pessoa, que é uma criatura de Deus. Ele não inclui a aceitação daquilo que ela faz ou até a quem ela adora.
O desafio bíblico de não dobrar os joelhos diante de falsos deuses – e nem diante de governantes desse mundo ou homens poderosos – hoje é tão atual como foi à época de Mordecai. Refletir sobre esse tema pode aguçar nosso olhar para descobrir quais são os ídolos de nossa época. A isso certamente pertence o espírito da época que nos leva à busca incessante da realização de nossas próprias necessidades, de trocar a individualidade pelo egoísmo? Não seria igualmente o caso de participar do grande coral, de que cada um tem razão à sua maneira, e que assim também o deus do Islã finalmente seria o mesmo que nos fala através da Bíblia? Não dobrem seus joelhos diante de quem não é Deus, de quem participa do quebra-jejum dos muçulmanos ou, sendo cristão, apoia a construção de mesquitas – aplicando erroneamente o mandamento do amor ao próximo. O amor ao próximo de que fala a Bíblia vale para o próximo, o indivíduo, à pessoa que é uma criatura de Deus. Ela não inclui a aceitação daquilo que ele faz ou até a quem ele adora.
Quem não estabelece essa diferença perde a visão para aquilo que realmente importa quanto ao amor para um muçulmano: tratá-lo amistosamente e com respeito e professar a quem unicamente devemos adoração e diante de quem todos os joelhos se dobrarão – exatamente como a Palavra de Deus confirma. Lemos sobre isso, entre outras passagens, em Isaías 45.23; Romanos 14.11; Filipenses 2.10. Quão facilmente acompanhamos os uivos dos lobos do espírito da época e com isso deixamos de direcionar o olhar dos outros para aquele diante de quem devemos dobrar nossos joelhos – diante do Deus que podemos chamar de Aba, Pai, e que se aproximou magnificamente de nós por meio de Jesus Cristo.
O relato bíblico da bela Ester, que no decorrer desses acontecimentos amadureceu e aprendeu a ser fiel a Deus e a “fazer o que deve ser feito” (mesmo que pudesse ter consequências graves, até com a perda da sua vida), serve hoje para nos ensinar e inspirar para seguir a Jesus com novo ânimo. Assim como foi na época de Ester e Mordecai, também hoje o inimigo de Deus quer a submissão. No final da história, ele vai requerer a submissão total de todas as pessoas, ele quer ver o sinal de submissão na mão ou na testa de cada um.
De acordo com as probabilidades, a rejeição a essa submissão diante do maligno terá as mesmas graves conse­quências como as que ameaçaram a Ester e a Mordecai. Quem não aceitar o sinal terá mais prejuízos do que apenas contratos e clientes. Ele não conseguirá comprar nem vender, e assim estará excluído totalmente da vida cotidiana. Evidentemente muitos serão mortos por não dobrarem seus joelhos. Os discípulos de Jesus serão “perseguidos e condenados à morte” (ver Mt 24.9). A Bíblia relata (Ap 20.4) que esses fiéis discípulos de Jesus serão decapitados. As pessoas que assassinarem os cristãos o farão crendo que estão “prestando culto a Deus” (ver Jo 16.2-3).
Isso aconteceu com frequência na história, principalmente desde o surgimento do Islamismo, no início do século VII. Matar pessoas acreditando que está prestando serviço para Deus é algo que se estende através de toda a história islâmica. Quando os turcos otomanos, em 1480, comandados por Ahmed Pasha, conquistaram Otranto, a cidadezinha portuária ao sul da Itália, eles colocaram as pessoas diante da escolha: dobrar os joelhos e aceitar o islamismo ou ser decapitado. Os cristãos daquela região de Apúlia não dobraram suas frontes diante de nenhuma exigência de submissão, nem diante de ídolo algum.
Os muçulmanos decapitaram o bispo e centenas de pessoas em plena catedral. O governo da cidade havia sido entregue ao veterano alfaiate Antonio Pezzulla. Também ele se negou a aderir ao islamismo. Ele foi decapitado juntamente com mais de 800 pessoas. É isso que acontece em nossos dias, quando cristãos são assassinados pelo fato de serem cristãos. Os assassinos alegam estar prestando um serviço ao seu deus e o confirmam dizendo: “Allahu Akbar” (“Alá é Grande”).
Mesmo assim, não há razão para a submissão. A alternativa divina da Bíblia diz que essa obediência e essa rejeição à falsa submissão, no final, não causa perdas, mesmo que possa parecer, mas conduz à vida eterna. João escreve sobre isso em Apocalipse 20.4: “Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos”.
Deus pode capacitar pessoas a não dobrarem seus joelhos diante de ninguém, sob nenhuma circunstância, quando estas confiarem totalmente na sua Palavra, na afirmação de Jesus: “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno” (Mt 10.28). — factum-magazin.ch

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