domingo, 6 de setembro de 2020

Os Distúrbios dos Nossos Dias


 

AMOR, CONSOLO e ESPERANÇA nos distúrbios dos nossos dias

Wim Malgo

Em Apocalipse 5, João viu na mão de Deus o rolo com sete selos, um testamento do plano de redenção de Deus para este mundo. Contudo, não havia ninguém digno de abri-lo. E agora?

João já tinha passado por muitas experiências: ele havia caminhado por toda parte com o Senhor Jesus, ouviu suas pregações e viu seus maravilhosos feitos. Mais tarde, ele, que testifica várias vezes que o Senhor o amava, foi o único que se manteve presente junto à cruz e viu o Salvador que ele amava morrer na cruz como Cordeiro de Deus (cf. João 19.26). João tinha visto como Jesus reconciliou o mundo com Deus, viu os sinais que abalaram a terra e não fugiu quando o sol perdeu o seu brilho. Também ouviu o brado de Jesus na cruz: “Está consumado!”. Foi também testemunha do fato de que Jesus ressuscitara dos mortos, e estava presente quando Jesus subiu do monte das Oliveiras para o céu 40 dias após sua ressurreição. Também ouviu quando o ressurreto disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra” (Mateus 28.18).

Agora, porém, ele testemunha a assustadora cena de que por enquanto não havia ninguém digno de abrir o livro, rompendo seus selos. É como se a continuação da história da redenção fosse bloqueada porque ninguém nos céus, na terra e debaixo da terra era digno de abrir o testamento e efetivar o maravilhoso legado de Deus e do Cordeiro. Ninguém? Ninguém além do próprio Cordeiro! Porque agora se aproxima um dos 24 anciãos que cercam o trono de Deus e diz a João: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Apocalipse 5.5).

Por que aquele ancião precisa consolar o vidente João que, afinal, sabia que Jesus vencera? Porque João fez o que nós também tão facilmente fazemos. Ele desviara o olhar da vitória do Cordeiro. A consequência disso é sempre desamparo e lágrimas. Quantas vezes envergonhamos o nosso Senhor quando choramos, nos abatemos e resignamos, quando ele conquistou uma vitória tão grande e maravilhosa! “Não chore!” Em outras palavras: “Não há motivo para isso!”.

João fez o que nós também tão facilmente fazemos: desviara o olhar da vitória do Cordeiro.

Chama atenção que aquele ancião não leva em conta a pessoa de João e seu vínculo com o Senhor Jesus, repreendendo-o com algo como: “Você viu tudo, você deveria saber que ele venceu!”. Não, ele só fala do Senhor (verso 5): “Eis que. . . venceu”. O bloqueio, o fato de ninguém ser digno de abrir o livro, fez João perder o Vencedor de vista.

Você também anda desanimado e abatido? Então o Senhor fala por meio da sua Palavra: “Não chore!” – “Tenham ânimo! Eu venci o mundo”

“Eis que o Leão da tribo de Judá... venceu.” O leão é o rei – Jesus Cristo é o Rei de todos os reis e é da tribo de Judá. Neste contexto é muito significativo que, já séculos antes, Jacó (Israel) designou, pouco antes de morrer, Judá como “leão novo”. Quando estava para morrer, ele mandou chamar todos os seus filhos para abençoá-los e proferir profecias a respeito deles. Quando chegou a vez do seu quarto filho, Judá, Jacó olha para longe com seus olhos quase cegos e diz: “Judá é um leão novo. Você vem subindo, filho meu, depois de matar a presa. Como um leão, ele se assenta; e deita-se como uma leoa; quem tem coragem de acordá-lo? O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão” (Gênesis 49.9-10). O herói da tribo de Judá – este é o nosso Senhor Jesus Cristo!

“A Raiz de Davi.” A raiz do reino eterno de Davi venceu. Concretamente, isto significa que tudo o que o primeiro Adão perdeu por sua desobediência – a vida eterna, a comunhão com Deus, o paraíso – o último Adão, Jesus Cristo, reconquistou graças à sua obediência. Ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. Isso liberou uma herança para aqueles que esperavam por isso (cf. Hebreus 9.15-18).

O Filho de Deus veio ao mundo e levou embora a causa da perda da herança eterna – o pecado. “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Jesus morreu na cruz do Calvário. Ele baixou sua cabeça e faleceu. Ali não está escrito: “Ele faleceu e inclinou sua cabeça”, porque ele entregou sua vida voluntariamente. Ninguém a tirou dele. Agora a herança está disponível porque o testador está morto. No entanto, vejam só: Jesus não permaneceu morto! Ele ressuscitou e vive! Assim, ele se torna o único herdeiro legítimo, e por isso ninguém além dele é digno de abrir o livro, o testamento.

Que maravilha! Por amor a nós, ele sofreu a morte resultante do nosso pecado, liberando assim a herança para a sua descendência; depois ele ressuscitou da morte, e então aconteceu este fato único: ele mesmo era e é o herdeiro de tudo. Romanos 8.17 diz: “Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”.

Agora João vê o vencedor, o grande herói: “Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. Ele se aproximou e recebeu o livro...” (Apocalipse 5.6-7).

Você também anda desanimado e abatido? Então o Senhor fala por meio da sua Palavra: “Não chore!” – “Tenham ânimo! Eu venci o mundo”.

João não vê o Leão, mas o Cordeiro. Que contraste entre leão e cordeiro! O leão é soberano; o cordeiro é desamparado e fraco. O enorme paradoxo sobre o qual repousa a redenção e toda a igreja – tudo o que o Novo Testamento liga à palavra “cruz” – é revelado aqui ao apóstolo João de forma nova e mais profunda do que nunca: o Leão como Cordeiro, o Rei dos reis, o Príncipe da Vida como oferta de sacrifício.

Onde está o Cordeiro? Numa posição bem central. É preciso atentar para o termo “no centro” (vide acima). Jesus Cristo é o centro.

Quando, porém, João vê o Cordeiro “que parecia ter estado morto”, isso aponta para a validade eterna da Redenção. O efeito do sangue que Jesus derramou não termina nunca (cf. Hebreus 9.12). E porque nele se executou a sentença sobre o pecado de todo o mundo, ele também é o único digno de julgar este mundo inimigo da cruz, que se posicionou fora da sua obra. Assim, vemos aqui, por intermédio dos olhos de João, o Cordeiro morto, mas em poder e glória, porque ali diz: “Ele tinha sete chifres... sete espíritos de Deus enviados a toda a terra”. Os sete chifres significam poder e uma força que tudo vence.

Curiosamente usa-se aqui para “cordeiro” a palavra grega arnios, que denota encanto e mansidão. Em contraste a isso, o Novo Testamento costuma usar o termo amnos. Os sete chifres revelam a essência do Cordeiro em força e poder divinos. Sete é o número divino da completude. Paulo diz: “... Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1Coríntios 1.24). Portanto, não se trata de um poder mecânico, mas divino.

“... e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra” (Apocalipse 5.6). De que modo maravilhoso se revela aqui a plenitude da divindade! Foi desta forma que Isaías viu Deus 800 anos antes. A profecia sobre os sete espíritos está em Isaías 11.1-2: “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo. O Espírito do Senhor repousará sobre ele, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor”. Esses sete espíritos de Deus repousam sobre o ramo que brota da raiz de Davi. Os sete olhos de Deus, que são os sete espíritos de Deus, foram “enviados a toda a terra”. O Cordeiro perpassa o mundo inteiro.

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