sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Eliseu e Naamã


 

O Valor da Terra

Ron J. Bigalke

Eliseu curou Naamã de lepra e por isso este ofereceu um presente ao profeta como agradecimento pela cura. Eliseu, porém, recusou qualquer pagamento. Antes de partir para sua terra natal, Naamã fez o que parece ser um pedido peculiar: ele queria “duas mulas carregadas de terra” (2Reis 5.17).

A lepra era uma doença incurável, e muitos acreditavam que ela era uma maldição divina imposta sobre uma pessoa pelos pecados que cometera. Aqueles que a contraíam eram desprezados e odiados, além de serem excluídos de qualquer comunhão com seu próprio povo (cf. Números 5.2). O medo e o estigma despertados pela lepra podem se comparar à Aids nos dias modernos. Entre as muitas contaminações especificadas na lei mosaica, apenas um corpo morto era considerado mais sério do que a lepra. O desejo de Naamã de agradecer a Eliseu por tê-lo curado é facilmente compreensível, mas não se pode dizer o mesmo de seu pedido por terra. A verdade é que a petição de Naamã era inteiramente razoável, e esse artigo explicará por quê.

A situação desesperadora

O capítulo 5 de 2Reis muda o cenário de Israel para a Síria, e a ênfase sobre os israelitas para a atenção no general sírio. Naamã, cujo nome aramaico significa “gracioso” (ou “amabilidade”), era uma pessoa excepcional. Ele era “comandante do exército do rei da Síria” (sob Ben-Hadade; cf. 1Reis 15.18,20), significando que ele tinha grandes responsabilidades. Sua reputação estava acima de qualquer reprovação: Naamã “era muito respeitado e honrado pelo seu senhor”; era também um “grande guerreiro”. Embora não cresse em Yahweh, o Senhor Deus concedeu vitória à Síria por meio de Naamã; e, embora essa vitória específica não seja revelada, é evidente que Deus é Senhor das nações, não apenas de Israel (2Reis 5.1). Apesar de todas as suas qualidades louváveis, ele “ficou leproso” – e mesmo assim ele ainda era capaz de cumprir com suas responsabilidades. A lepra era progressiva (cf. Levítico 13–14), e é evidente que Naamã estava nos primeiros estágios da doença.

Uma menina da terra de Israel estava servindo na casa de Naamã, que tinha sido “levad[a] cativa” pelos sírios (2Reis 5.2). A fé da menina escrava é notável, pois ela acreditava que, se o profeta Eliseu estivesse em Samaria, ele poderia curar Naamã de sua lepra (verso 3). Lucas 4.27 revela o impacto de sua fé: “Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado – somente Naamã, o sírio”. Com uma incredulidade generalizada prevalecendo entre os israelitas na época, a fé da serva cativa era um contraste marcante. Além disso, tal deferência de Naamã para com sua serva judia certamente indicava que Deus estava efetuando uma mudança dentro dele.

Quando uma pessoa está desesperadamente doente, ela geralmente está disposta a buscar medidas desesperadas. Naamã foi até o rei com base no desejo de sua serva (verso 4). O rei certamente devia saber da lepra de Naamã; no entanto, sua reputação o precedia e Ben-Hadade aprovou e autorizou a expedição do comandante doente a Israel, até mesmo enviando um presente exorbitante e uma carta pessoal ao rei Jorão de Israel (versos 5-6). O presente foi provavelmente uma tentativa de comprar de Yahweh aquilo que o rei e seu general desejavam. A carta refletia o poder e o prestígio de Naamã, e, em conjunto com o presente de Ben-Hadade, era essencialmente uma ordem, a qual Jorão considerou como sendo uma provocação para criar uma disputa contra ele (verso 7; cf. 1Reis 20.1-3). Jorão ignorava a ação de Deus, mas Eliseu conhecia o Senhor e o seu agir: “Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado suas vestes, mandou-lhe esta mensagem: ‘Por que rasgaste tuas vestes? Envia o homem a mim, e ele saberá que há profeta em Israel’” (2Reis 5.8).

Com uma incredulidade generalizada prevalecendo entre os israelitas na época, a fé da serva cativa era um contraste marcante.

“Então Naamã foi com seus cavalos e carros e parou à porta da casa de Eliseu” (verso 9). Naamã era socialmente superior a Eliseu, e esperava completamente a deferência e o respeito do profeta. Sem que Naamã pudesse antecipar, “Eliseu enviou um mensageiro para lhe dizer: ‘Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão; sua pele será restaurada e você ficará purificado’” (verso 10). Naamã pensou que Eliseu iria até ele e “ficou indignado” quando o profeta não fez isso (verso 11). Seu ultraje era triplo: (1) Eliseu não tinha obsequiado a posição do general (verso 11a); (2) ele tinha esperado que a cura seria com base em alguma técnica exclusiva por parte do profeta (verso 11b); e (3) Naamã considerava o lamacento rio Jordão inferior aos rios de Damasco (verso 12).

Naamã sabia o que queria; seu erro, no entanto, foi ter considerado a cura como sendo um acordo de negócios ou uma questão processual a ser satisfeita com um aperto de mãos. Ele nunca imaginou que a cura iria ocorrer por meio de humilde submissão a Deus, de acordo com as estipulações do Senhor. Naamã estava pronto para voltar para casa, até que seus servos o desafiaram a não fazer isso (verso 13). “Assim ele desceu ao Jordão, mergulhou sete vezes conforme a ordem do homem de Deus e foi purificado; sua pele tornou-se como a de uma criança” (verso 14). A obediência à palavra do profeta de Deus resultou na cura que ele desejava. Por meio de uma simples ação, os efeitos instantâneos manifestaram o poder de Deus de forma tão notável que Naamã não voltou para casa imediatamente.

Os resultados dramáticos

“Então Naamã e toda a sua comitiva voltaram à casa do homem de Deus” a fim de declarar sua recém-fundada devoção a Deus. Ele confessou: “Agora sei que não há Deus em nenhum outro lugar, senão em Israel” (verso 15). Eliseu não estava presente para a cura, mesmo assim ela levou o general a ter fé no Deus do profeta. Naamã não tinha apenas um novo relacionamento com Deus, mas a sua associação com Eliseu também mudou. Incrivelmente grato por ter sido curado, Naamã implorou a Eliseu: “Por favor, aceita um presente do teu servo”. Anteriormente, ele estivera furioso que Eliseu não tinha demonstrado deferência a sua posição; mas, após a cura, a arrogância de Naamã tinha se dissolvido o suficiente para que ele se considerasse como servo do profeta. Eliseu sabia que o milagre dizia respeito a Deus e à sua glória, portanto, disse: “Juro pelo nome do Senhor, a quem sirvo, que nada aceitarei”. Naamã insistiu novamente, mas Eliseu recusou (verso 16).

Naamã tinha desprezado as águas lamacentas do rio Jordão anteriormente. Contudo, após sua conversão ele passou a valorizar aquilo que previamente detestava. A coisa mais valiosa para Naamã era agora ter “duas mulas carregadas de terra” (verso 17). O pedido certamente parece peculiar, mas era inteiramente razoável. Alguns acreditam que, quando Naamã retornou ao seu país de origem, sua intenção era erigir um altar no solo da terra de Deus. Portanto, ele estava relegando o Senhor à terra física de Israel. Conquanto isso seja possível, há uma explicação melhor, do próprio Naamã: “... pois teu servo nunca mais fará holocaustos e sacrifícios a nenhum outro deus senão ao Senhor” (verso 17). O pedido por terra não é compreensível sem estar relacionado à conversão de Naamã ao Deus de Israel. Como “comandante do exército do rei da Síria”, ele tinha responsabilidades que não poderiam ser abandonadas; portanto, não era possível a Naamã mudar-se para Israel, e por esse motivo ele queria as “duas mulas carregadas de terra”.

O pedido peculiar de Naamã é fundamentado na noção de “terra santa”, a qual era um componente importante da teologia hebraica. Quando o Anjo do Senhor apareceu a Moisés “numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça” (Êxodo 3.2), Deus chamou Moisés do meio da sarça e disse: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa” (verso 5). Estêvão referenciou esse evento em Atos 7.33, reforçando a verdade de que Moisés estava sobre terra santa. De forma similar, “o comandante do exército do Senhor” apareceu diante de Josué e disse: “Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo” (Josué 5.15).

O conceito de “terra santa” deriva de Deuteronômio 32.8, onde é declarado que Deus “deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a humanidade, estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número dos filhos de Israel”. Após o julgamento dos povos pelo Senhor em Babel, “o Senhor os espalhou por toda a terra” (Gênesis 11.9). Deus efetivamente deserdou as nações vizinhas e reivindicou Israel como sua “porção... a parte da sua herança” (Deuteronômio 32.9). O efeito da deserdação das nações vizinhas foi o equivalente a Romanos 1.18-32, onde é revelado que Deus entregou a humanidade à sua impiedade e injustiça incansáveis.

Naamã poderia ajoelhar-se ao lado de Ben-Hadade, mas seu coração estaria totalmente entregue a Deus. Ele seria leal ao seu senhor, mas não ao deus de seu rei.

Deus determinou um novo começo ao chamar Abrão a um relacionamento de aliança consigo mesmo, resultando na criação da nação de Israel. Como Senhor soberano das nações, Deus providencialmente alocou suas esferas de domínio e ocupação. Israel, como porção de Deus, devia rejeitar as crenças e práticas idólatras das nações ao redor. Israel era, portanto, terra santa; o território das outras nações não era. Mesmo assim, o Senhor Deus chamou Abrão com o propósito de sua nação escolhida ser uma luz para os gentios, por meio da qual ele recuperaria para si todas as nações do mundo.

Naamã refletiu a crença de que Deus dividira todas as terras do mundo, com o território das nações ao redor tendo sido dadas por decreto divino; portanto, sua conversão é o que o motivou a pedir terra. Sua recém-fundada devoção ao Deus de Israel estava relacionada à terra que o Senhor administrava. Naamã retornaria à casa de Rimom, um ídolo adorado pelos sírios de Damasco, e estava pronto para entrar em uma guerra cósmica e geográfica. Ele acreditava “que não há Deus em nenhum outro lugar, senão em Israel” (2Reis 5.15), e estava determinado a voltar para casa com o solo santo. Embora ele devesse auxiliar seu senhor a “adorar no templo de Rimom” e ajoelhar-se (verso 18), Naamã queria “terra santa” como indicação de que ele adorava o único e verdadeiro Deus. Naamã poderia ajoelhar-se ao lado de Ben-Hadade, mas seu coração estaria totalmente entregue a Deus. Ele seria leal ao seu senhor, mas não ao deus de seu rei.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O Rei da Glória


 

Eis o Rei!

Ron J. Bigalke

Desde sua publicação em 1944-1945, o romance heroico de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, acumulou fama, fãs e aclamação da crítica. Nenhum outro escritor do mesmo século de Tolkien criou um mundo tão distinto e imaginário como a Terra Média. O Senhor dos Anéis não foi criado como uma alegoria cristã, mas é um mito inventado incorporando verdades bíblicas.

O Senhor dos Anéis apresenta um fundamento bíblico para se entender o bem e o mal. Por exemplo, ele enfatiza a realidade de um mal sinistro e repulsivo, ao contrastar essa perversidade com personagens que são exemplos daquilo que é bom. A base do drama é o óbvio contraste entre o bem e o mal, resultando num grande conflito. A história não é o tipo de drama sem sentido que surge de distinções obscuras ou não identificáveis entre o bem e o mal; em vez disso, a narrativa é profunda e o bem persevera até, por fim, triunfar e erradicar o grande mal (um contraste com os mitos pagãos, onde os personagens meramente introduzem um “equilíbrio” entre o bem e o mal). Os temas de redenção em O Senhor dos Anéis são familiares e pessoais, permitindo assim que os leitores fiquem envolvidos nas lutas dos personagens.

A grande batalha entre as forças do bem e do mal é ganha pelo heroísmo de Frodo Bolseiro e Sam Gamgee. Aragorn é uma figura de Cristo, com seu povo antecipando seu retorno a fim de tomar o seu lugar de direito como rei. Jesus, é claro, é o verdadeiro Rei do cristão e aquele cujo povo anseia seu retorno. Tolkien demonstrou crer que a história da humanidade é realmente um conflito entre o bem e o mal.

O romance heroico de Tolkien cativa os leitores porque a missão dos personagens é emocional/espiritual. O Senhor dos Anéis apresenta um entendimento bíblico do poder de Deus e de sua vitória final sobre o pecado e a perversidade. O livro de Apocalipse é a revelação inspirada por Deus do bem triunfando sobre o mal, especificamente com a vinda de Jesus Cristo em autoridade, glória e poder. Apocalipse é realmente um ponto culminante apropriado para a Bíblia.

Abençoado por ler

O livro de Apocalipse começa com várias proposições notáveis. É evidente que o apóstolo João procurou comunicar uma mensagem que não se originou nele mesmo: era uma revelação a respeito de Jesus Cristo (Apocalipse 1.1). O Senhor não é apenas o tema principal de Apocalipse, ele é também aquele que está de fato comunicando a mensagem. Esta se origina com Deus, é revelada através do Senhor Jesus e é então dada por “seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João”, que então comunicou a “palavra de Deus” a todos os servos do Senhor, ou seja, a todos os cristãos (versos 1-3).

A mensagem de Apocalipse é profética, pois envolve “o que em breve há de acontecer” (verso 1). A palavra grega tachei, traduzida como “em breve”, não significa imediatamente, pois é um advérbio de modo (ao invés de ser um advérbio de tempo). Quando os eventos de Apocalipse ocorrerem, eles serão rápidos e acelerados. O versículo 2 afirma a autoridade e inspiração de Apocalipse em termos inconfundíveis, usando a linguagem de uma testemunha jurídica intimada a testemunhar em um tribunal. A responsabilidade de João era de dar testemunho da “palavra de Deus e [d]o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu” (NAA, ênfase acrescentada).

O livro de Apocalipse é a revelação inspirada por Deus do bem triunfando sobre o mal, especificamente com a vinda de Jesus Cristo em autoridade, glória e poder. Apocalipse é realmente um ponto culminante apropriado para a Bíblia.

Uma declaração muito incomum e única é encontrada no versículo 3, em que se lê: “Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo”. A bênção associada com a leitura do livro de Apocalipse envolve mais do que ouvir suas palavras; a pessoa precisa guardá-las, o que significa submeter-se a elas de forma que a sua vida seja diferente de como era antes. A palavra grega tereo, traduzida como “guardam”, também pode ser traduzida no sentido de “obedecer”, e é o mesmo verbo utilizado em João 14–15 no que diz respeito a guardar os mandamentos do Senhor (14.15; 15.10). O ato de ler Apocalipse publicamente é significativo, pois demonstra aceitação do livro entre a igreja, e, assim, é confirmação de sua autoridade e inspiração.

A mensagem inicial às igrejas é, “a vocês, graça e paz” (Apocalipse 1.4). A fonte dessas bênçãos é o Pai, o Espírito Santo e o Filho. Deus Pai é descrito como aquele “que é, que era e que há de vir” (verso 4), um paralelo apropriado a “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3.14); isto é, aquele que existe eternamente. O Espírito Santo também é fonte de graça e paz divinas. O versículo 4 usa uma figura de linguagem chamada pleonasmo, na qual se usa mais palavras do que o necessário para transmitir significado. Os “sete espíritos” ilustram a perfeição do terceiro membro da Divindade (cf. Isaías 11.1-2).

Jesus Cristo igualmente provê graça e paz. Ele é descrito de forma tripla: (1) ele é “a testemunha fiel”, significando que ele revela fielmente tudo o que o Pai deseja que ele comunique (cf. João 1.18); (2) ele é “o primogênito dentre os mortos”, uma lembrança de sua morte e ressurreição (cf. Mateus 16.21; 17.22-23; 20.18-19); e (3) ele é “o soberano dos reis da terra”, uma referência ao seu reino e governo (cf. Apocalipse 19.11–20.6). Os cristãos são vistos em conjunto como “reino e sacerdotes” (verso 6; cf. 5.9-10; Êxodo 19.6), o que antecipa a união com Cristo em seu reinado. A promessa da vinda do Senhor antevê esse glorioso reino (verso 7).

A palavra final da saudação é uma confirmação da veracidade da mensagem, como vinda daquele que é “o Alfa e o Ômega” (verso 8). Apocalipse é transmitido por palavras, e uma vez que todas as palavras gregas (a língua original do Novo Testamento) se encontram entre os limites da primeira e da última letras daquele alfabeto, a ênfase está na mensagem de Deus. O Deus eterno, “que é, que era e que há de vir”, é a fonte da revelação.

Abençoado por guardar

A visão de João inclui uma introdução (versos 9-11), a revelação em si (versos 12-16) e instrução (versos 17-20). João frequentemente enfatiza similaridades com seus leitores, ao invés de diferenças. Ele se identifica para seus leitores como “irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no Reino e na perseverança em Jesus” (verso 9). João escreveu em outro lugar: “Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia” (1João 3.13).

Além da antecipação do reino milenar, a igreja primitiva compartilhava do “sofrimento” com perseverança e paciência. Perseverança em meio ao sofrimento é motivada pela expectativa de uma libertação que está por vir (cf. 1Tessalonicenses 1.3). A afinidade espiritual entre João e seus leitores é o que transforma aqueles que partilham do sofrimento em cidadãos do reino vindouro. A esfera da participação mútua na tribulação que diz respeito ao reino de Deus e requer perseverança está “em Jesus”.

A revelação que veio a João ocorreu quando ele se achou em Espírito “no dia do Senhor” (verso 10), no dia pertencente ao Senhor (um certo tipo de dia no qual João estava sob o controle de Deus; cf. 2Timóteo 3.16-17). A visão começou com som ao invés de algo visível, o que significa que era envolvente e, portanto, difícil de ignorar. Quando estava sob o controle do Senhor, João ouviu “uma voz forte, como de trombeta” (verso 10). A pessoa que falava com João era o Senhor Jesus (verso 17), e o som de trombeta em sua voz enfatizava a importância de suas palavras.

A afinidade espiritual entre João e seus leitores é o que transforma aqueles que partilham do sofrimento em cidadãos do reino vindouro.

A voz ordenou a João que escrevesse “num livro o que você vê” e enviasse a sete cidades (verso 11). A ordem das cartas às sete igrejas simplesmente segue a ordem na qual as igrejas estão distribuídas em uma rota no formato de uma ferradura ao longo da costa, a qual alguém que estivesse de viagem de Patmos à Ásia Menor utilizaria. Éfeso estava um pouco mais ao sul ao longo da costa; portanto, essa igreja foi abordada primeiro. As igrejas foram selecionadas porque representam o que há de bom e de mau entre os cristãos de todos os lugares e todas as eras. O julgamento começa “pela casa de Deus” (1Pedro 4.17); logo, é apropriado que Jesus se dirija à igreja primeiro, antes de responder ao mundo perdido (Apocalipse 6–19). Há insights maravilhosos sobre o comportamento humano nessas sete cartas que demonstram a avaliação do Senhor.

Ao se voltar para a voz que ouvira, João viu “sete candelabros de ouro” (1.12), que simbolicamente significam que cada igreja é uma portadora de luz em um mundo em trevas (cf. Mateus 5.14). Como os cristãos constituem as igrejas locais, cada uma delas deveria ser uma luz que brilha na escuridão. O que chamou a atenção de João foi aquele que se movia entre os candelabros, aquele que é chamado de “um filho de homem” (verso 13).

João viu Jesus Cristo em sua forma humana, com roupas como as de um sacerdote e um juiz (verso 13). Sua cabeça, com cabelos “brancos como a lã”, atesta a sabedoria do Senhor. Seus olhos como chamas são uma referência à sua santidade, e ao fato de que tudo é transparente diante dele (verso 14; cf. 1Coríntios 3.13). Seus pés “como o bronze numa fornalha ardente” são uma referência aos sofrimentos que Jesus padeceu em sua vida terrena (verso 15). Sua voz “como o som de muitas águas” indica autoridade. Na mão direita do Senhor havia “sete estrelas” (verso 16), uma referência aos “anjos das sete igrejas” (verso 20), o que prova o cuidado e preocupação de Deus por sua igreja. Da boca do Senhor “saía uma espada afiada de dois gumes”, uma vez que sua Palavra é o padrão para todo julgamento (cf. Hebreus 4.12).

Em resposta à revelação que recebeu, João caiu de rosto no chão aos pés do Cristo ascendido, glorificado e vivo (verso 17). A manifestação visível de Deus demandava louvor (cf. Êxodo 3.6), o qual então resultou em bênção. Colocando sua “mão direita” sobre João, o Senhor Jesus ressurreto relembrou-o de que é aquele que é eterno e autoexistente (versos 17-18). João registraria as coisas que tinha visto, além das coisas “presentes” e daquelas “que acontecerão” (verso 19). Que todo o povo de Deus possa orar para que ele nos faça brilhar em meio à escuridão, até que seu trabalho por nós seja realizado! Então poderemos estar de pé diante dele sem nos envergonharmos (cf. Romanos 10.111João 2.28).


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Deus dos Órfãos


 

Deus dos órfãos e das viúvas

Quando lemos que Deus cuida dos órfãos e das viúvas, entendemos o profundo significado disso?


Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus... Deus dá um lar aos solitários...” (Salmo 68.5-6)

O que os órfãos e as viúvas têm em comum? Eles são abandonados, solitários, apátridas. Tais apátridas eram os israelitas no Egito. É sobre eles que fala o salmo 68. Sendo escravizados e atormentados num país estrangeiro, eles levavam uma vida miserável.

O Israel no Egito era semelhante a um órfão que havia perdido seus pais – será criado por um pai adotivo. Esse pai adotivo (o Egito) primeiramente mostrou-se bastante hospitaleiro (lembremos do relacionamento amistoso entre José e o faraó na época dos patriarcas). Aos poucos, no entanto, esse pai adotivo passou a explorar seu filho.

O Israel no Egito também era semelhante a uma viúva que perdeu o seu marido. Ela encontrou um novo marido que agora a oprime e maltrata: Os egípcios “os sujeitaram a cruel escravidão. Tornaram-lhes a vida amarga, impondo-lhes a árdua tarefa de preparar o barro e fazer tijolos, e executar todo tipo de trabalho agrícola; em tudo os egípcios os sujeitavam a cruel escravidão” (Êxodo 1.13-14).

“Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o lamento deles...” (Êxodo 2.23b-24). Deus ouve, Deus atende o clamor de seu povo órfão e enviuvado e se compadece. Ele tem uma habitação santa. Ele, o Pai, convida os órfãos. Ele, o Ajudador, convida as viúvas. Ele, o Senhor, convida Israel. Ele convida todos os solitários como a fonte do abrigo, da plenitude, da alegria, da verdadeira riqueza e vida. Ele é um Deus que leva para casa os solitários, os abandonados.

É muito triste quando se perde o cônjuge ou os pais, mas é ainda muito pior quando não se tem Deus como seu Pai e Jesus como seu irmão.

Deus também quer nos conduzir para casa. Tantas vezes estamos tão distantes dele! Quantas vezes ficamos girando ao redor de nós mesmos, parados no mesmo lugar como um pião, ao invés de ir na direção de Deus! Deus quer dar um fim a esse movimento circular e fazer dele um movimento direcionado. Não devemos ser piões, mas flechas: flechas que apontam para Deus (não para ferir, mas estendendo-se a ele com esperança), flechas que apontam para Deus para que outros também reconheçam a santa morada junto dele!

É muito triste quando se perde o cônjuge ou os pais, mas é ainda muito pior quando não se tem Deus como seu Pai e Jesus como seu irmão. Deus organizou uma morada preparada para nós, a qual ninguém consegue nos tirar – nem mesmo a morte. Em meio à efemeridade do mundo, Deus permanece como a rocha da solidez; em meio ao sofrimento, como o bálsamo de consolo; em meio à morte, como a fonte da vida. Encontrei, em muitas conferências sobre a fé, o lema “Apoiado em Deus: nunca abandonado”. Podemos nos considerar felizes se pudermos colocar isso não somente para este dia, mas sobre toda a nossa vida. Oremos:

Em ti, Senhor, o grande ou pequeno encontra abrigo.
O pardalzinho acha lugar para fazer o seu ninho.
Quem passa no vale árido será muito saciado
Se ele não abandonar, Senhor, o teu caminho.

Um dia em tua presença, ó Deus, é mais valioso
Do que mil dias longe do teu lugar o são.
Como é abençoado quem cumpre teu mandamento,
Senhor, tua graça afasta a privação.

domingo, 6 de setembro de 2020

Os Distúrbios dos Nossos Dias


 

AMOR, CONSOLO e ESPERANÇA nos distúrbios dos nossos dias

Wim Malgo

Em Apocalipse 5, João viu na mão de Deus o rolo com sete selos, um testamento do plano de redenção de Deus para este mundo. Contudo, não havia ninguém digno de abri-lo. E agora?

João já tinha passado por muitas experiências: ele havia caminhado por toda parte com o Senhor Jesus, ouviu suas pregações e viu seus maravilhosos feitos. Mais tarde, ele, que testifica várias vezes que o Senhor o amava, foi o único que se manteve presente junto à cruz e viu o Salvador que ele amava morrer na cruz como Cordeiro de Deus (cf. João 19.26). João tinha visto como Jesus reconciliou o mundo com Deus, viu os sinais que abalaram a terra e não fugiu quando o sol perdeu o seu brilho. Também ouviu o brado de Jesus na cruz: “Está consumado!”. Foi também testemunha do fato de que Jesus ressuscitara dos mortos, e estava presente quando Jesus subiu do monte das Oliveiras para o céu 40 dias após sua ressurreição. Também ouviu quando o ressurreto disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra” (Mateus 28.18).

Agora, porém, ele testemunha a assustadora cena de que por enquanto não havia ninguém digno de abrir o livro, rompendo seus selos. É como se a continuação da história da redenção fosse bloqueada porque ninguém nos céus, na terra e debaixo da terra era digno de abrir o testamento e efetivar o maravilhoso legado de Deus e do Cordeiro. Ninguém? Ninguém além do próprio Cordeiro! Porque agora se aproxima um dos 24 anciãos que cercam o trono de Deus e diz a João: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Apocalipse 5.5).

Por que aquele ancião precisa consolar o vidente João que, afinal, sabia que Jesus vencera? Porque João fez o que nós também tão facilmente fazemos. Ele desviara o olhar da vitória do Cordeiro. A consequência disso é sempre desamparo e lágrimas. Quantas vezes envergonhamos o nosso Senhor quando choramos, nos abatemos e resignamos, quando ele conquistou uma vitória tão grande e maravilhosa! “Não chore!” Em outras palavras: “Não há motivo para isso!”.

João fez o que nós também tão facilmente fazemos: desviara o olhar da vitória do Cordeiro.

Chama atenção que aquele ancião não leva em conta a pessoa de João e seu vínculo com o Senhor Jesus, repreendendo-o com algo como: “Você viu tudo, você deveria saber que ele venceu!”. Não, ele só fala do Senhor (verso 5): “Eis que. . . venceu”. O bloqueio, o fato de ninguém ser digno de abrir o livro, fez João perder o Vencedor de vista.

Você também anda desanimado e abatido? Então o Senhor fala por meio da sua Palavra: “Não chore!” – “Tenham ânimo! Eu venci o mundo”

“Eis que o Leão da tribo de Judá... venceu.” O leão é o rei – Jesus Cristo é o Rei de todos os reis e é da tribo de Judá. Neste contexto é muito significativo que, já séculos antes, Jacó (Israel) designou, pouco antes de morrer, Judá como “leão novo”. Quando estava para morrer, ele mandou chamar todos os seus filhos para abençoá-los e proferir profecias a respeito deles. Quando chegou a vez do seu quarto filho, Judá, Jacó olha para longe com seus olhos quase cegos e diz: “Judá é um leão novo. Você vem subindo, filho meu, depois de matar a presa. Como um leão, ele se assenta; e deita-se como uma leoa; quem tem coragem de acordá-lo? O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão” (Gênesis 49.9-10). O herói da tribo de Judá – este é o nosso Senhor Jesus Cristo!

“A Raiz de Davi.” A raiz do reino eterno de Davi venceu. Concretamente, isto significa que tudo o que o primeiro Adão perdeu por sua desobediência – a vida eterna, a comunhão com Deus, o paraíso – o último Adão, Jesus Cristo, reconquistou graças à sua obediência. Ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. Isso liberou uma herança para aqueles que esperavam por isso (cf. Hebreus 9.15-18).

O Filho de Deus veio ao mundo e levou embora a causa da perda da herança eterna – o pecado. “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Jesus morreu na cruz do Calvário. Ele baixou sua cabeça e faleceu. Ali não está escrito: “Ele faleceu e inclinou sua cabeça”, porque ele entregou sua vida voluntariamente. Ninguém a tirou dele. Agora a herança está disponível porque o testador está morto. No entanto, vejam só: Jesus não permaneceu morto! Ele ressuscitou e vive! Assim, ele se torna o único herdeiro legítimo, e por isso ninguém além dele é digno de abrir o livro, o testamento.

Que maravilha! Por amor a nós, ele sofreu a morte resultante do nosso pecado, liberando assim a herança para a sua descendência; depois ele ressuscitou da morte, e então aconteceu este fato único: ele mesmo era e é o herdeiro de tudo. Romanos 8.17 diz: “Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”.

Agora João vê o vencedor, o grande herói: “Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. Ele se aproximou e recebeu o livro...” (Apocalipse 5.6-7).

Você também anda desanimado e abatido? Então o Senhor fala por meio da sua Palavra: “Não chore!” – “Tenham ânimo! Eu venci o mundo”.

João não vê o Leão, mas o Cordeiro. Que contraste entre leão e cordeiro! O leão é soberano; o cordeiro é desamparado e fraco. O enorme paradoxo sobre o qual repousa a redenção e toda a igreja – tudo o que o Novo Testamento liga à palavra “cruz” – é revelado aqui ao apóstolo João de forma nova e mais profunda do que nunca: o Leão como Cordeiro, o Rei dos reis, o Príncipe da Vida como oferta de sacrifício.

Onde está o Cordeiro? Numa posição bem central. É preciso atentar para o termo “no centro” (vide acima). Jesus Cristo é o centro.

Quando, porém, João vê o Cordeiro “que parecia ter estado morto”, isso aponta para a validade eterna da Redenção. O efeito do sangue que Jesus derramou não termina nunca (cf. Hebreus 9.12). E porque nele se executou a sentença sobre o pecado de todo o mundo, ele também é o único digno de julgar este mundo inimigo da cruz, que se posicionou fora da sua obra. Assim, vemos aqui, por intermédio dos olhos de João, o Cordeiro morto, mas em poder e glória, porque ali diz: “Ele tinha sete chifres... sete espíritos de Deus enviados a toda a terra”. Os sete chifres significam poder e uma força que tudo vence.

Curiosamente usa-se aqui para “cordeiro” a palavra grega arnios, que denota encanto e mansidão. Em contraste a isso, o Novo Testamento costuma usar o termo amnos. Os sete chifres revelam a essência do Cordeiro em força e poder divinos. Sete é o número divino da completude. Paulo diz: “... Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1Coríntios 1.24). Portanto, não se trata de um poder mecânico, mas divino.

“... e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra” (Apocalipse 5.6). De que modo maravilhoso se revela aqui a plenitude da divindade! Foi desta forma que Isaías viu Deus 800 anos antes. A profecia sobre os sete espíritos está em Isaías 11.1-2: “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo. O Espírito do Senhor repousará sobre ele, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor”. Esses sete espíritos de Deus repousam sobre o ramo que brota da raiz de Davi. Os sete olhos de Deus, que são os sete espíritos de Deus, foram “enviados a toda a terra”. O Cordeiro perpassa o mundo inteiro.

sábado, 5 de setembro de 2020

Silêncio no Céu

Quando Deus parece estar calado...

 Daniel Lima

Todo cristão que caminha com o Senhor há algum tempo já passou por algo assim: você ora, pede, busca, mas parece que Deus está calado, está distante, não te responde, você não sente mais a presença dele... A princípio você ignora, depois se preocupa e, pouco a pouco, começa a lidar com dúvidas e pode chegar a uma verdadeira crise de fé! Nestas últimas semanas tenho conversado com vários cristãos que têm enfrentado momentos assim, talvez aguçados pelas condições impostas pela pandemia... O que fazer quando você encara esse silêncio de Deus? Como continuar sua caminhada de fé? Como cultivar a presença de Cristo em seu coração?

Um dos textos que melhor descrevem essa situação é o salmo 13. Nele Davi lança seu lamento “até quando?”. Não se sabe ao certo o momento em que Davi escreveu esse salmo, mas certamente foi um momento em que Deus pareceu ter se calado ou até se esquecido dele. Seu coração está perturbado e suas emoções parecem arrastá-lo ao desespero da morte: “Ilumina os meus olhos, ou do contrário dormirei o sono da morte...” (verso 3).

De modo surpreendente, porém, Davi muda completamente o rumo de seu cântico a partir do versículo 5. A partir deste momento ele volta a afirmar sua fé e sua confiança. Ele declara que seu coração exulta no amor de Deus e concluí dizendo no verso 6: “Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito”. A mudança é incrível e nos traz esperança, mas a pergunta permanece: como ele chegou a essa mudança? O que ele fez durante o período em que estava desanimado, enquanto Deus parecia calado?

Gostaria de alistar algumas considerações a partir do salmo, mas também de outras passagens. (Isso não é uma receita de bolo, mas o relato de alguém que já enfrentou períodos de silêncio de Deus em sua própria vida e tem caminhado com outros em seus períodos de aparente silêncio divino.) Assim, em períodos que Deus parece se calar:

  1. Leia a Bíblia. Parece simplista, não? No entanto, se estamos reclamando do silêncio de Deus é porque acreditamos que ele não só fala como também que suas palavras são importantes; trazem vida. Em Romanos 10.17, Paulo nos instrui: “Consequentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”.

  2. Peça sabedoria. Sabedoria é a capacidade de aplicar a verdade à vida. Não basta conhecer a verdade, é preciso saber aplicá-la. Tiago nos fala: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1.5).

  3. Confie naquilo que Deus já mostrou. Um antigo ditado afirma que não devemos duvidar no escuro daquilo que Deus já nos mostrou no claro. Reafirme – como Davi – as verdades das quais você tem convicção, mesmo que não as sinta... Lemos em Provérbios 3.5-6: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas”.

  4. Exercite a piedade. Piedade é uma palavra desgastada, mas em seu sentido original significa uma inclinação na direção de Deus. Exercitar sua piedade significa cultivar características que nos aproximam de Deus. Essas características não vão surgir sozinhas, por isso Pedro nos exorta:

Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em sua vida, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. (2Pedro 1.5-8)

  1. Ponha seu relacionamento com Cristo em ação. Viva sua fé em Cristo, mesmo que você esteja lidando com dúvidas. Não fique paralisado, mas aja de acordo com sua fé. Minha experiência é que, sempre que dou passos em direção a Cristo, ele está bem ali do meu lado e se agrada de caminhar comigo. Paulo escreve em Filipenses 2.12-13:

Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.

Tempos em que Deus parece estar calado são tempos difíceis, mas é importante saber que, quando ele parece estar calado... ele não está calado ou nos esqueceu; ele apenas está esperando que nós percebamos sua presença e amor. Minha oração é que você e eu sejamos encontrados fiéis nos momentos em que achamos que Deus está calado...