domingo, 10 de junho de 2018

Estudando Filemom III


O evangelho respeita a nossa vontade

Norbert Lieth
Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado.” (Filemom 14)
Aliás, isso é algo exclusivo na história mundial em relação às outras religiões ou ideologias. Ao contrário do evangelho, elas promovem a submissão mediante leis e ordenanças. É o que vemos, por exemplo, no islã, onde há absoluta submissão. – Somente o evangelho trata de dedicação voluntária. Os requisitos para a fé neotestamentária são o amor e a graça.
“Mas não quis fazer nada sem a sua permissão.” Essa frase demonstra que no Novo Testamento não se age de modo ditatorial, mas se dá valor ao convívio amistoso e à convicção e disposição espiritual do próximo: cultiva-se o respeito mútuo.
O grande apóstolo poderia simplesmente ter ordenado a Filemom: “Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever” (Filemom 8). No entanto, ele faz um apelo em nome do amor, pois diz em Filemom 9: “Prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus”. Neste versículo vemos que, ao contrário do Antigo Testamento, o Novo Testamento apela para a livre vontade do outro e a respeita.
A lei pode obrigar alguém a agir e pode punir a desobediência, mas o amor não permite ser constrangido, pois ele age voluntariamente “para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado”. Somente desse modo pode-se esperar por frutos legítimos.
Mesmo assim, o Novo Testamento espera que atendamos às exigências de Deus, tenhamos atitude obediente e espiritual, que sempre procuremos pelo bem-estar do próximo e que estejamos prontos para fazer o bem, a qualquer hora: “Escrevo certo de que você me obedecerá, sabendo que fará ainda mais do lhe que peço” (Filemom 21). O Novo Testamento apela para nossa livre vontade, mas pressupõe que haja obediência, pois o Espírito do amor vive em nós. E esse Espírito “nos constrange” (2Coríntios 5.14).
Assim, o Novo Testamento espera por nossa obediência espontânea, conforme lemos em Romanos 12.1: “Portanto, irmãos, rogo pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês”. Sobre isso há um comentário de Ludwig Albrecht (1861-1931), um dos tradutores da Bíblia para o alemão: “Ao contrário dos costumes comuns dos cultos judaicos”.
O Senhor deseja e requer nossa obediência, nossa dedicação, nosso bem-querer; contudo, ele não nos obriga a isso, mas nos coloca diante da livre decisão – pois somente assim será algo frutífero: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2Coríntios 9.7). “Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir” (1Pedro 5.2).
Por isso, coloquemos nossa vontade espontaneamente à disposição em obediência ao Senhor. — Norbert Lieth

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