Ouvindo a Deus no meio do ruído
Há uma história com uma péssima teologia, mas com uma grande ilustração. Um homem foi avisado que uma inundação atingiria sua casa. Ele orou pedindo a Deus que o ajudasse. Logo ele foi convidado a fugir com seus vizinhos, mas se recusou, pois Deus iria ajudá-lo. A água subiu e ele teve que se se refugiar no telhado. Pouco depois veio um barco, mas ele rejeitou o resgate, pois Deus iria ajudá-lo. A água continuou a subir e então veio um helicóptero, mas ele também rejeitou a aeronave, pois Deus iria ajudá-lo. Por fim a água cobriu a casa e o homem morreu afogado. Ao chegar no céu, ele reclamou com Deus: “Senhor, eu pedi sua ajuda e o Senhor não fez nada!”. “Meu filho, eu enviei seus vizinhos, um barco e um helicóptero. Você não quis me ouvir.”
No momento em que decidimos seguir a Jesus, assumimos o compromisso de buscar fazer a vontade dele. Fazemos isso pois reconhecemos que ele é o Senhor do universo. Também fazemos isso porque cremos que sua vontade é perfeita e agradável (Romanos 12.1-2). No entanto, frequentemente nos deparamos com situações em que nossos desejos interferem com nossa “capacidade” de ouvir a Deus. São momentos em que minha vontade parece muito melhor que a vontade divina. Esses são momento de intenso teste para ver o quanto estamos comprometidos em seguir a Jesus ou apenas viver uma religiosidade superficial. Temo que a grande maioria daqueles que afirmam ser cristãos quer os benefícios presentes e eternos de seguir a Jesus, mas não deseja assumir o “negue-se a si mesmo [e] tome diariamente a sua cruz” (Lucas 9.23).
A pergunta que todo cristão precisa fazer – e com toda a honestidade – é se estamos prontos para ouvir a Deus. O fato é que Deus fala. Ele se revela o tempo todo, mas com frequência estamos distraídos, não ouvimos ou, pior, não queremos ouvir aquilo que Deus tem a nos dizer. Há várias maneiras que Deus usa para falar conosco. O principal modo para Deus se revelar é por meio de Jesus Cristo. Hebreus 1.1-3a afirma:
Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa.
Repare que essa passagem indica pelo menos três maneiras pelas quais Deus se revela. A primeira é pela própria criação. No verso 3, o autor fala que o Filho sustenta “todas as coisas por sua palavra poderosa”. O apóstolo Paulo apresenta a mesma verdade em Romanos 1.19-20:
Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas…
Muito pode ser dito sobre aquilo que os teólogos chamam de “revelação geral”. Certamente não significa que cada aspecto da vontade moral dele está expresso na criação. No entanto, por meio dela somos chamados a buscá-lo em suas outras formas de se revelar.
A segunda maneira é indicada pela expressão “por meio dos profetas”. Ao longo do tempo, Deus moveu homens a escrever sobre sua vontade e seus princípios. O texto clássico de 2Timóteo 3.15-17 afirma:
Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
Por fim, e como meio principal e supremo, conhecemos a Deus por meio de seu Filho Jesus Cristo. Ele é “a expressão exata” de Deus. Paulo afirma em Colossenses 1.15: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação”.
Infelizmente há cristãos que desejam fazer algo, receber instruções da vontade de Deus, mas se entristecem quando estas se opõem aos seus desejos. Assim, começam a buscar a voz de Deus de alguma outra forma, contanto que concorde com o que querem fazer. Muito embora Deus possa excepcionalmente se manifestar por meios diversos (sonhos ou visões), ele certamente não vai contradizer sua Palavra.
Deixe-me alistar algumas dicas sobre ouvir a voz de Deus:
Leia e estude a Bíblia. Busque cursos e intérpretes fiéis à Palavra. Examine a forma como as instruções escritas se aplicam na sua vida e submeta-se a ela.
Ouça o que seus líderes e seus irmãos em Cristo dizem sobre a vontade de Deus. Com frequência Deus usa outros cristãos, movidos pelo Espírito Santo, para nos instruir.
Deus não se contradiz. O que ele afirmou em sua Palavra não mudará em outra meio.
Cuidado com os enganos de Satanás. O inimigo busca nos enganar e nos desviar da verdade. Não há nada que ele queira mais em sua vida do que contaminá-lo com mentiras, mesmo que tenham aparência de verdade.
Minha oração é que, ao buscar ouvir a Deus, sejamos sinceros e íntegros. Aquilo que ele nos ensina por meio de sua Palavra e por meio de nossos líderes é sua instrução direta para nossa vida. Que não sejamos apenas ouvintes, mas também praticantes da Palavra (Tiago 1.22).
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