O LAGO DO FOGO
Dr. Martin R.De Raan
"Nada
há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser
conhecido. Porque tudo o que dissestes às escuras, será ouvido em plena luz; e
o que dissestes aos ouvidos no interior da casa, será proclamado dos eirados.
Digo-vos, pois, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois disso,
nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei
aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a
esse deveis temer" (Lucas 12.2-5).
Essas palavras, que o Senhor
Jesus disse, e através das quais mostrou aos seus ouvintes o perigo da maldição
eterna no inferno, pertencem às mais solenes, sérias e comoventes palavras. Por
terem sido ditas pelos lábios do Salvador, que é o Redentor dos homens, cheio
de amor e misericórdia, elas atingem nossos ouvidos com clareza ainda maior.
Uma
mensagem dura
A seguir vamos falar sobre o
tema "O inferno bíblico", ou responder à pergunta: "O que a
Bíblia entende por "inferno"?" Enquanto reflito e raciocino, meu
coração está ocupado com dois pensamentos importantes. Refletindo sobre o
futuro dos filhos de Deus, o coração se aquece; pois eles passarão a longa
Eternidade no céu, e com grande alegria esperamos pelas maravilhosas revelações
prometidas nas Escrituras, que se destinam às pessoas que estão salvas pela fé
em Jesus Cristo. Mas se observarmos as outras revelações nas Escrituras, que
falam sobre onde ficam os perdidos e malditos, e se lemos o que a Bíblia tem a
dizer sobre o inferno, então o coração estremece de medo e espanto. Com que
grande seriedade a Palavra de Deus fala do lugar que chama "inferno".
A esse lugar de terror, as Escrituras também dão o nome de "lago do
fogo", o "lugar de destruição" para os perdidos ou "a
negridão das trevas".
Devo confessar que somente
após dura luta interior decidi-me a escrever sobre esse tema. Eu desejo que
pudesse crer que não existe inferno para os maus. Eu desejaria que nunca fosse
preciso pregar sobre esse tema. Quanto mais eu preferiria falar somente do amor
de Deus! Como eu ficaria feliz se nunca fosse preciso falar da ira de Deus, que
repousa sobre o pecador! Devo dizer que tentei e esforcei-me sinceramente para
nunca ter que pregar sobre esse fato.
O
pregador não tem escolha
Mas o pregador do Evangelho
não tem escolha nessas coisas. Ele tem que anunciar o conselho completo de
Deus, e mostrar aos homens tudo que a Palavra de Deus contém. A séria advertência
que o profeta Ezequiel expressa ressoava sempre de novo em meus ouvidos, até
que finalmente segui em obediência: "Filho do homem: Eu te dei por atalaia
sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha
parte. Quando eu disser ao perverso: Certamente morrerás; e tu não o avisares,
e nada disseres para o advertir do seu caminho, para lhe salvar a vida, esse
perverso morrerá na sua iniquidade, mas o seu sangue da tua mão o
requererei" (Ezequiel 3.17-18). Isso me bastou. Prometi ao Senhor naquele
momento, que com seu auxílio eu aplicaria todas as minhas forças para advertir
meu próximo e manter minhas mãos limpas e imaculadas. Como motivo para escrever
sobre a realidade do inferno, eu gostaria de citar as seguintes quatro coisas:
1.
Trata-se de uma clara revelação da Escritura.
2.
Deus nos ordenou que advertíssemos os homens a respeito.
3.
Porque dos púlpitos modernos quase nunca se fala desse fato, é uma imperiosa
necessidade que se levante a voz a respeito desse sério assunto.
4.
O inferno é uma necessidade moral em uma estrutura moral universal.
Vemos primeiro que as
Escrituras falam com diferentes denominações de um lugar onde os maus, os
impenitentes, e aqueles que rejeitam e desprezam Cristo, terão que passar a
Eternidade. Esse lugar é chamado: o lago do fogo, a segunda morte, o lugar da
negridão das trevas, o lugar preparado para o diabo e seus anjos - e muitos
outros nomes equivalentes. Todos, porém, são resumidos na palavra inferno. A
própria palavra aparece 30 vezes na Bíblia, nós a encontramos 10 vezes no
Antigo Testamento e 20 vezes no Novo Testamento. Entretanto, temos que dizer
que a palavra "inferno" na Bíblia é uma tradução de no mínimo três
diferentes palavras. Sempre que a palavra aparece no Antigo Testamento,
trata-se sem exceção de "sheol" e não se refere ao inferno, mas
descreve o lugar onde os mortos permanecem temporariamente até à ressurreição
de Jesus Cristo. No Novo Testamento a palavra "inferno" aparece 20
vezes, mas no mínimo 7 vezes trata-se da tradução da palavra "hades".
A palavra "hades" vem do grego e tem o mesmo significado que o
hebraico "sheol", e ambas as palavras indicam o lugar onde
encontram-se os mortos não salvos.
Nessas passagens bíblicas do
Novo Testamento em que aparece a palavra "inferno", não se fala,
portanto, do local de eterna maldição dos perdidos, não se fala do lago do
fogo, mas do "sheol-hades" temporário, onde os perdidos são guardados
até ao dia do juízo, no qual também o "sheol-hades" será lançado no
lago do fogo: "então a morte e o inferno foram lançados para dentro do
lago do fogo. Esta é a segunda morte" (Apocalipse. 20.14).
As almas dos perdidos estão
agora no "hades". No final do reinado de Jesus, por ocasião da
segunda ressurreição, também eles ressuscitarão e após o juízo serão lançados
no lago do fogo, e isso com corpo e alma. Por isso é importante distinguir o
lugar intermediário "sheol-hades", onde encontram-se agora os
perdidos, e o "inferno", o lugar da maldição eterna.
Como estamos falando desse
fato, temos também que analisar ainda outra palavra, que aparece somente uma
vez na Bíblia e também foi traduzida por "inferno". Ela encontra-se
em 2 Pedro 2.4: "Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes,
precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para
juízo ". Aqui Deus dá uma explicação a respeito dos anjos caídos, que
foram precipitados no inferno. Mas também aqui a palavra "inferno"
não foi traduzida exatamente de acordo com o sentido do texto original. A palavra
no texto original grego é "tartaroo" e não significa o lago do fogo,
mas também um lugar especial que Deus determinou para o grupo de anjos caídos,
até ao dia em que juntamente com seu líder, Satanás, serão lançados no lago do
fogo (Apocalipse 20.10).
Em outros trechos do Novo
Testamento em que aparece a palavra "inferno", trata-se da tradução
da palavra grega "geena". Repito mais uma vez que a palavra
"inferno" aparece 30 vezes em nossa Bíblia. Mas em muitos dos casos
no Novo Testamento não se trata da palavra "geena", sendo que deveria
ser traduzida por "hades" e não "inferno". Na Segunda
Epístola de Pedro, a passagem em que é usado "tartaroo" também não
deveria ser traduzida como "inferno", pois não se faz referência ao
lago do fogo.
Jesus
usou a palavra onze vezes
Em doze diferentes passagens
do Novo Testamento é usada a palavra "inferno" traduzida corretamente
do texto original e onde significa o lugar da maldição eterna. É admirável que
essa séria palavra foi dita onze vezes pelos lábios de Jesus, que era a própria
mansidão, e somente uma vez por outro, ou seja, por Tiago em Tiago 3.6. Acentuo
especialmente o fato que a palavra "geena-inferno" saiu onze vezes
dos lábios do Salvador, que era tão amoroso, misericordioso e manso, e que veio
para salvar os homens da maldição eterna. Três vezes o Senhor citou a palavra
em seu Sermão do Monte. Também aqui temos que mostrar o fato com toda a
seriedade, porque a teologia moderna nega a existência do inferno. Sempre de
novo é dito que Deus é amor, ele é tão amigo, misericordioso, tão paciente, que
nunca pensaria em lançar suas criaturas para dentro de tal lago do fogo.
Quantas vezes nos é dito que não deveríamos pregar sobre juízo, pecado,
maldição e destruição eterna; pois essa seria uma doutrina medieval e pagã, uma
sobra dos negros tempos do politeísmo pagão. É dito a nós que é melhor pregar
sobre as bem-aventuranças, sobre o "áureo caminho do meio" e também
sobre o Sermão do Monte. Com essas palavras somos frequentemente exortados.
Sim, de fato, deveríamos falar mais sobre o Sermão do Monte; mas então
precisamos também pregar sobre a realidade do inferno, pois a primeira vez em
que essa palavra aparece no Novo Testamento ela foi dita pelo próprio Salvador
sobre o monte (Mateus 5:22,29,30).
O
inferno é um fato
O inferno é uma realidade
terrível. Podemos rebelar-nos contra ela, podemos tentar negá-la - o fato
permanece. Eu também gostaria de poder crer que não houvesse um lugar de
maldição eterna, mas se eu cresse nisso, teria que jogar fora minha Bíblia,
teria que fazer de Jesus um enganador, poderia violar qualquer lei, qualquer
mandamento moral, teria que abandonar minha fé em um Deus santo e justo. Se não
existe um julgamento eterno do qual preciso ser salvo, então também foi
desnecessária a vinda do Salvador, sua morte teria sido um julgamento errado da
parte de Deus, e a Bíblia se tomaria um livro de lendas obscuras e apavorantes,
cheia de pessimismo.
Se não há um inferno, então
todo pregador do Evangelho que adverte os pecadores sobre a ira vindoura de
Deus é um miserável, abjeto agoureiro, que deveria ser levado a silenciar
imediatamente e para sempre. Mas se Deus e a Bíblia continuam com razão, e a
existência do inferno é mesmo um fato inegável, então por outro lado, também
todos os pregadores que não levantam sua voz para advertir os homens sobre a
futura ira de Deus, não são nada mais que miseráveis, infiéis traidores do seu
próximo e obreiros desobedientes a Deus e à sua Palavra.
Mas se tu pensas que essas
palavras são muito drásticas, então deixa-me lembrar-te mais uma vez as
palavras que estão no princípio deste capítulo: "Digo-vos, pois, amigos
meus:
Não temais os que matam o
corpo e, depois, disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem
deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no
inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer" (Lucas 12:4-5). Ou, escuta o
que Jesus diz em outro lugar: "Não temais os que matam o corpo e não podem
matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma
como o corpo" (Mateus 10:28). Essas palavras do Salvador ou são verdade ou
não são verdade. Há somente uma possibilidade. Se elas não são verdade, então o
Senhor enganou-se, e então também não tem sentido que continuemos carregando a
Bíblia conosco. Mas essas palavras são a pura verdade, elas são a Palavra de
Deus. Jesus mesmo disse essas palavras, e por isso, como servo do meu Deus, não
posso fazer outra coisa do que exclamar: apressa-te e foge da ira vindoura de
Deus, antes que seja tarde para sempre! Não posso fazer nada, as palavras do
profeta Ezequiel continuam ressoando em minha alma: "Quando eu disser ao
perverso: Certamente morrerás; e tu não o avisares, e nada disseres para o
advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse perverso morrerá na
sua iniquidade, mas o seu sangue da tua mão o requererei" (Ezequiel 3:18).
Ó meu Deus, ajuda-me que
minhas mãos permaneçam limpas do sangue do meu próximo. Permite-me dizer-te
como podes escapar do terrível destino da maldição eterna. Deus diz que não
quer que alguém se perca. Ele preparou um caminho para escapar de tudo isso,
por meio do seu Filho Jesus Cristo. Jesus, o Filho de Deus, morreu na cruz e
ressuscitou dentre os mortos, para salvar-nos da sentença da maldição eterna.
Sua Palavra diz tão claramente: "Quem ouve a minha palavra e crê naquele
que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para
a vida" (João 5:24). "Porque: Todo aquele que invocar o nome do
Senhor, será salvo" (Romanos 10:13).
Invoca agora o Senhor, vem a
ele na fé. Chega-te a ele agora e crê na sua Palavra: " ... o que vem a
mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37).
A
verdade mais abafada
“e perguntou-lhe: Amigo,
como entraste aqui sem veste nupcial”? E ele emudeceu. Então ordenou o rei aos
serventes:
Amarrai-o de pés e mãos, e
lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes"
(Mateus 22:12-13).
A Palavra de Deus e Jesus
mesmo ensinam sem contradição e não deixam dúvidas de que existe tanto um céu
para os bem-aventurados, como também um inferno para os perdidos. É uma
exigência da Escritura, da qual não é possível fugir, falar sobre esse tema
impopular. Justamente porque essa verdade é tão impopular e desagradável, na
maior parte dos púlpitos não se fala sobre ela, e em muitas igrejas esse tema é
proibido, por pertencer às verdades desagradáveis que se prefere não tocar. A
palavra "inferno" pode hoje ser ouvida com muito mais frequência nas
ruas, nos trens, nos ônibus e em escritórios, etc. do que nos púlpitos das
igrejas. Homens Ímpios utilizam a palavra muito mais frequentemente para
maldizer do que muitos pregadores na igreja. Lá onde deveria ser mais aplicada,
ela é escrupulosamente evitada.
Um
truque de Satanás
É um perigoso truque de
Satanás, do nosso inimigo figadal, retirar o temor de Deus e o medo do inferno
do coração dos homens. É dito a nós com palavras diretas: "Não preguem
sobre o juízo, não amedrontem as pessoas com a pregação de um Deus irado. Falem
sobre um Deus de amor, sobre sua bondade, falem sobre a dignidade, sobre a
paternidade geral de Deus". Mas isso não muda nada na Palavra de Deus, e
também não pode mudar a realidade daquilo sobre o que estamos falando. Talvez o
inferno perdeu seus horrores para muitos, mas ele não perdeu nada da sua
realidade. O inferno continua sendo um fato bíblico, que é claramente descrito
na Bíblia.
Recentemente um amigo
escreveu-me e disse: "Estou muito admirado que um homem como o senhor, de
tão elevada instrução científica, ainda pode crer em coisas tão antiquadas,
carunchosas, não comprovadas e originárias do tempo do paganismo, como a
existência do inferno. Um moderno estudioso da nossa época não acredita mais
nisso". Bem, se ele tem razão, então não pertenço mais aos estudiosos.
Suponhamos que nenhum estudioso moderno creia mais no inferno, o que isso
prova? Isso não muda de modo nenhum a Palavra de Deus. Mas na realidade não é
verdade que todos os estudiosos do nosso tempo negam a veracidade da existência
do inferno e a crença no juízo eterno. Sempre ainda existem no mundo milhares
de pessoas altamente instruídas, que não somente crêem nisso, mas também
testemunham alegremente que pela fé em Jesus Cristo foram salvas do temor do
juízo vindouro. Incredulidade não muda nada na verdade. A Palavra de Deus é a
verdade.
Creio que na época de Noé
nem um único estudioso cria nas palavras de Noé, quando ele pregava sobre o
dilúvio que viria. Mas ele veio mesmo assim. Nós o sabemos não somente porque a
Bíblia o relata, mas também porque a Geologia pode comprová-lo cientificamente.
Também no tempo de Ló provavelmente não havia um único estudioso que cria que o
juízo sobre Sodoma e Gomorra estava tão próximo. Mas ele veio assim mesmo, e
todos morreram. Os grandes e sábios do tempo do Salvador também não deram
atenção às advertências do Senhor, quando ele previu a destruição de Jerusalém
e ameaçou com o juízo de Deus sobre a nação Israel - mas com que abaladora
pontualidade tudo aconteceu! Sim, permanece que Deus é "verdadeiro, e
mentiroso todo homem" (Romanos 3:4). Satanás realizou uma obra de mestre
quando sussurrou ao homem que o inferno não era realidade, consistindo somente
da imaginação e fantasia do homem. Por isso hoje existem somente poucas pessoas
que ainda crêem na realidade bíblica do inferno. As pessoas que agora falam tão
levianamente sobre ele estremeceriam e ficariam amedrontadas se uma vez
imaginassem a realidade. Frequentemente ouve-se ou lê-se nas revistas, como se
faz diferentes piadas sobre esse terrível lugar, e frequentemente são alvos
dessas piadas aqueles que cedo ou tarde sofrerão essa terrível sentença.
A
chave para a salvação
Se é nosso desejo que
através de um despertamento almas sejam salvas, isso somente pode acontecer se
pregarmos sem compromissos e sem desculpas sobre o horror e a baixeza do
pecado, sobre a santidade de Deus e sobre a existência do inferno. Se
analisarmos a história dos movimentos de despertamento de todos os tempos,
perceberemos que foram não somente um fruto da pregação sobre o amor de Deus,
mas também da apresentação da ira de Deus, que virá sobre os homens. Ouvimos
muitas vezes sobre uma "chave para o despertamento", mas sou de
opinião que a verdadeira chave é o retomo para a boa, antiquada pregação dos
metodistas originais, onde se falava da santidade de Deus, do ódio contra o
pecado e também do fogo do juízo eterno. Eu creio na Bíblia; cada palavra da
Bíblia é para mim Palavra de Deus.
Eu creio o que ela diz sobre
o amor de Deus, sobre sua misericórdia, sua paciência e benevolência. Creio
também no que a Bíblia diz sobre o céu. Mas do mesmo modo creio que estamos
tratando com um Deus santo, perfeito e justo, que de nenhum modo ignora a culpa
e o pecado, mas que exige que toda desobediência e todas as transgressões
encontrem seu justo castigo e retribuição. Por crer nisso e estar convencido
disso, eu seria um hipócrita miserável se não advertisse meu próximo a respeito
desse perigo.
A
Bíblia fala claro
Cito algumas passagens da
Palavra de Deus. Se crês na Bíblia, ela te convencerá. Mas se não crês na
Palavra de Deus, então falta-nos a base comum, na qual possamos edificar, e
todas as outras palavras não têm sentido. Assemelhas-te então a um navio sem
leme, ou a um navegante que quer atravessar um oceano sem bússola. Na Segunda
Epístola aos Tessalonicenses lemos o que o apóstolo Paulo, inspirado pelo
Espírito Santo, escreveu sobre a vinda do Senhor: " ... quando do céu se
manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando
vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos
da face do Senhor e da glória do seu poder" (2 Tessalonicenses 1:7-9). E o
apóstolo João escreve em Apocalipse 21.8: "Quanto, porém, aos covardes,
aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros,
aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que
arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte". Ou, escuta o que diz o
próprio Senhor Jesus, quando em Mateus 25 descreve o fim dos pecadores:
"Então
o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos ... E irão
estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna" (Mateus
25:41-46).
Creio que não é necessário
apresentar mais passagens bíblicas para saber o que a Bíblia diz sobre o fim
dos pecadores. Longe de mim, tentar convencer-te sobre a realidade do inferno.
Quero somente dizer-te o que a Bíblia ensina e diz sobre esse lugar. Se tu o
rejeitas, não rejeitas minhas palavras, mas a santa e infalível Palavra de
Deus. Se és de outra opinião do que a minha, isso não é trágico, pois eu também
posso errar; mas se és de outra opinião que a Palavra de Deus, então o és às
custas e colocando em risco tua alma imortal. Se não crês, somente tens que
haver-te com Ele, o autor e escritor da Bíblia, não comigo. Tudo que posso
fazer e também tento sinceramente, é dizer-te o que Deus diz, deixando-te então
a decisão de aceitá-lo ou não.
A
existência do inferno é necessária?
Antes que terminemos este
capítulo, eu gostaria ainda de dizer algumas palavras sobre a absoluta
necessidade moral de uma retribuição. Sempre novamente ouve-se a objeção:
"Não posso entender que
um Deus que é amor pode enviar suas próprias criaturas para um lugar de
tormento. Também não posso crer que o Deus amoroso deixará que soframos e
sejamos afligidos em um lugar como o inferno". Não é essa a questão que
interessa; na verdade nossos sentimentos não têm nada a ver com isso. Trata-se,
no fundo, do que Deus mesmo tem a dizer sobre essa questão, e não o que eu e tu
pensamos sobre ela. Lembro que o diabo insinuou o mesmo argumento com Eva. Deus
lhe havia dito: " ... porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás" (Gênesis 2:17). Mas o diabo semeou dúvidas no coração de Eva,
dizendo: "É certo que não morrereis" (Gênesis 3:4). Era a sua opinião
em confronto com a de Deus. Repito mais uma vez que eu desejaria não precisar
crer na realidade de uma maldição eterna. Mas além da Palavra de Deus, que
ensina esse fato tão claramente, e da Santidade de Deus, também meu próprio
raciocínio e minha própria razão me dizem que deve haver uma retribuição, e por
isso um lugar de retribuição. A realidade do inferno baseia-se nos princípios
básicos da moral em toda a estrutura mundial. Se fosse abolido o castigo dos
criminosos e violadores da lei, logo ruiria a moral e dignidade humana.
O
fundamento de um governo
O fundamento de um bom
governo é a justiça. Os violadores da lei têm que ser castigados. Temos leis,
segundo as quais ladrões, assassinos, mentirosos, trapaceiros e traidores são
castigados, e ninguém acha que isso é injusto. Cada prisão e penitenciária em
todo o mundo é um monumento da necessidade de um governo moral e de justiça, e
que os violadores têm que ser castigados. Que mundo seria esse, se não houvesse
leis, segundo as quais os homens fossem governados, e se não houvesse castigo
para criminosos e infratores!
Existe até a pena de morte
para crimes contra a vida humana, e também aí ninguém põe em dúvida o direito
do governo nessa questão. Por que se quer então disputar o direito do Deus
soberano e completamente justo, de castigar os homens que ele mesmo criou e que
se rebelam contra ele? Se quiseres negar a Deus o direito, também tu logo
descobrirás que a estrutura moral da Humanidade, sim, de todo o Universo, rui
completamente e se transforma em caos.
O mundo está tão cheio de
diferenças e está em tão grande desequilíbrio interno, que um dia deve chegar o
acerto de contas. Se com a morte tudo acabasse e não houvesse retribuição
justa, o que concluiríamos sobre os déspotas, que levaram uma vida de luxo e subjugaram, maltrataram,
saquearam e assassinaram seu próximo, cometendo muitos atos abomináveis? Então
minha fé na dignidade moral de Deus ruiria completamente. Não, um Deus de amor,
que usasse de demasiada bondade e deixasse o pecado sem castigo, nem seria
Deus. Ele faria menos do que exige e reclama a justiça humana.
Como se explica todo o
sofrimento inominável, que traz consigo morte e lágrimas, mágoas e
preocupações, doenças, dores e separações? Que explicação temos para as
guerras, que destroem milhões de pessoas, e para as doenças e fomes que ceifam
incontáveis milhões de pessoas?
Se Deus é somente um Deus de
amor, então explica-me, por favor, por que ele permite todas essas coisas? Se
Deus é somente um Deus de amor, que não quer ver sua criatura sofrer, então
diz-me, por favor, por que hoje todas essas coisas existem no mundo e um Deus
Todo-Poderoso e amoroso governa sobre tudo.
Mas não precisamos
desanimar. Existe uma saída de todas essas trevas e aflições. Graças a Deus,
existe uma salvação. Trata-se da salvação que nos é oferecida no Filho de Deus,
e aí se encontra também a nossa esperança. Como a vida seria triste e sem esperança,
se Deus não tivesse preparado um caminho para nos dar a oportunidade de escapar
dessa desgraça futura. Continua sendo verdade: "Porque Deus amou ao mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
A tua e a minha esperança se
encontra na aceitação na fé da oferta divina da sua eterna redenção, mas não em
rebelião contra sua justiça ou na rejeição do seu direito paterno de castigar
os ímpios. Por que não queres agora, imediatamente, colocar essa questão em
ordem com Deus, aceitando o Senhor Jesus como teu Senhor e Salvador? Então
também tu saberás imediatamente, que "já nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).
Por que não crer na Palavra
de Deus? Admite teu pecado, confessa-o, humilha-te por causa dele, e aceita
Jesus como teu Salvador para o presente e para a Eternidade. Então estás livre
da acusação da tua culpa e do teu pecado, e a ira vindoura de Deus não te
assustará mais.
Por que ser leviano e
brincar com a Eternidade? Suponhamos que tivesses razão e realmente não
houvesse um lugar que a Bíblia chama inferno. Então eu, que creio nisso, apesar
de tudo, não perderia nada. Mas se tu não tens razão, tens tudo a perder. Já
eu, que creio na Palavra de Deus, tenho tudo a ganhar e nada a perder. Mas tu
não ganhas nada e perdes tudo, se rejeitas e desdenhas a salvação em Cristo.
Crê
no senhor Jesus Cristo e serás salvo! Que Deus te ajude para Isso em graça.
"Mas a besta foi
aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela,
seduziu aqueles que receberam a marca da besta, e eram os adoradores da sua
Imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lado do fogo que arde com
enxofre" (Apocalipse 9:20).
Nesse versículo assustador
nos é dito quem serão os primeiros habitantes do inferno. Esses dois homens, a
besta e o falso profeta, são as primeiras criaturas que serão lançadas no lago
do fogo. O inferno está agora completamente vazio, completamente desabitado.
Segundo a Bíblia, os perdidos encontram-se no "hades" (reino
intermediário). Os anjos caídos encontram-se em um lugar chamado
"tártaro" (2 Pedro 2:4). Após a Grande Tribulação e ao tempo da volta
gloriosa de Jesus a esta terra, esses dois, o anticristo (besta) e o falso
profeta serão corporalmente lançados dentro do lugar chamado o "lago do
fogo". Lá eles passarão mil anos. Depois disso, entretanto, também o seu
mestre, Satanás, compartilhará com eles o lugar de tormento. É o que a
Escritura nos diz claramente no Apocalipse: "Quando, porém, se completarem
os mil anos, Satanás será solto da sua prisão ... desceu, porém, fogo do céu e
os consumiu. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago do fogo
e enxofre, onde também se encontram não só a besta como o falso profeta; e
serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos"
(Apocalipse 20:7,9-10).
Nenhuma
destruição
Essas palavras são muito
importantes para deixarem de ser consideradas. Durante mil anos esses dois
homens, o anticristo (besta) e o falso profeta, ficarão no lago do fogo, sem
que sejam queimados. Quando, depois de transcorridos mil anos, Satanás for
reunido a eles, lemos na Escritura com a maior clareza: "O diabo ... foi lançado
para dentro do lago do fogo, onde também se encontram não só a besta como o
falso profeta ... " Portanto, após mil anos eles continuam lá, vivos. Por
isso não podemos ensinar que o inferno seja uma destruição. De modo nenhum
trata-se de extinção da existência.
Depois
os perdidos
Até agora lemos de dois
grupos que serão lançados no lago do fogo. No princípio dos mil anos, a besta e
o falso profeta serão lançados no lago do fogo. Mil anos mais tarde, o diabo
segue para o mesmo lugar de tormento, e logo depois todas as suas vítimas,
todos os seus cúmplices serão reunidos a ele - todos os incrédulos. A Palavra
de Deus nos diz: "E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida,
esse foi lançado para dentro do lago do fogo" (Apocalipse 20:15).
A
origem do inferno
Enquanto a Bíblia fala
claramente sobre o inferno, há, entretanto, coisas sobre as quais ela cala ou
dá somente indícios fracos. Não sabemos, por exemplo, quando foi criado o
inferno, nem onde ele se localiza. Mas uma coisa podemos afirmar tranquilos, ou
seja, que o inferno não era parte da criação original de Deus.
Em Gênesis 1.1 temos o
relato da criação original. Antes do tempo desse versículo não existia nada
além de Deus. Deus era tudo em todos, e completa santidade e amor envolviam a
vida familiar do Pai, Filho e Espírito Santo. Nessa vida sem princípio do grande,
eterno "Eu sou", Deus planejou chamar à existência uma criação, em um
tempo que ele mesmo determinou em sua sabedoria soberana. No plano dessa
criação original, que está descrita em Gênesis 1.1, o inferno não estava
incluído. Ele deve ter sido acrescentado mais tarde. Lemos no primeiro relato
da criação: "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gênesis
1.1). Por favor, observe que isso foi o princípio da criatura, mas não o
princípio de Deus. Em João 1.1 nos é dito claramente que Deus já era quando
criou "os céus e a terra". O Criador não precisava ser criado. João
diz isso com as seguintes palavras: "No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1.1).
O verbo que é traduzido por
"era", é um verbo grego que é utilizado somente com relação à
existência de Deus. Ele descreve a existência de Deus sem qualquer referência a
um início. Noutro versículo do Evangelho de João lemos o seguinte a respeito da
criação: "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada
do que foi feito se fez" (João 1.3). Também nesse versículo é mostrado
claramente que a existência de Deus é sem princípio. O verbo, que é usado
também aqui, indica a falta de início do Criador do Universo. Quão exata é a
Bíblia em Seu modo de expressão, verdadeiramente uma maravilhosa prova da
inspiração pelo Espírito Santo. Quando João fala de Deus, ele utiliza o verbo
"era" ou "foi". No princípio, portanto, Deus criou os céus
e a terra. No texto original hebraico a palavra para céus é
"shamayim". A terminação "im" indica o plural. Isso
pretende mostrar que há mais do que somente um céu. Na Bíblia distinguem-se
pelo menos três céus: o céu inferior (auronos), o céu intermediário
(mesoranios) e o céu superior (eporanios). Por céu inferior entendemos o céu
atmosférico, que envolve a Terra com ar, nuvens e vapor. O céu intermediário é
o céu planetário das estrelas, chamado também o céu astronômico, e além desse
céu está o céu superior, que nas Escrituras é também chamado "céu dos
céus".
Mas
não o inferno
Quando Deus criou os céus e
a terra, o céu inferior e intermediário estavam incluídos, e estamos firmemente
convencidos que o céu atmosférico e o céu planetário foram criados naquele
tempo, e possivelmente também o terceiro céu. Notamos que a palavra "shamayim"
está na forma plural, os céus. É interessante, mas não de admirar, que o
inferno nem é citado no relato original da criação. A Bíblia simplesmente diz:
"No princípio criou Deus os céus e a terra" - não se faz referência
ao inferno.
O inferno foi deixado de
lado intencionalmente. Naturalmente o Deus onisciente sabia que o pecado viria
e que também seria necessário um inferno; mas antes que o pecado viesse ao
mundo, não havia inferno, e Deus não tinha providenciado um inferno em sua
criação. Ele foi criado somente mais tarde.
Desde
quando existe um inferno?
Agora pode surgir a
pergunta, quando Deus preparou o inferno? Realmente não podemos responder essa
pergunta com certeza, mas deve ter sido após a queda dos anjos. No livro de Jó
lemos que os anjos, ali chamados de estrelas da alva, estavam presentes na
criação original do mundo. É de se supor que essa terra original foi o local de
habitação dos anjos por milhões e milhões de anos. Mas Lúcifer, um querubim
(Ezequiel 28:14) o líder desses exércitos celestiais, rebelou-se contra o Deus
Todo-Poderoso e levou junto consigo nessa rebelião uma parte das miríades de
anjos. O triste final foi que eles foram expulsos tanto da terra de então como
do céu. Uma parte desses "anjos caídos" encontra-se agora em um lugar
chamado "tártaro" (2 Pedro 2:4).
Agora, porém, em
consequência do pecado desses anjos caídos, Deus preparou um lugar onde junto
com Satanás serão amaldiçoados por toda a Eternidade, para serem atormentados
dia e noite. O Senhor mesmo nos diz isso, quando no Evangelho de Mateus fala do
julgamento sobre os maus: "Então o Rei dirá também aos que estiverem à sua
esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos" (Mateus 25.41). Que terrível, mas solene revelação. O fogo
do inferno sem fim não tinha sido criado para os homens. Ele não foi preparado
para ti, que ainda és um pecador. Esse fogo foi preparado para o diabo e seus
anjos. Deus não criou os homens para o inferno, nem preparou o inferno para os
homens. Se um homem, apesar disso, vai para o inferno, então somente porque ele
se decide por isso, rejeitando e desprezando o maravilhoso dom da graça de
Deus, seu amor e a salvação em Cristo Jesus. Ninguém poderá responsabilizar
Deus por ter ido para o fogo do inferno e por sofrer ali durante toda a
Eternidade.
Há
somente dois senhores
Há somente dois lugares que
podemos ter como destino, ou o céu ou o inferno. Há também somente dois
senhores, Cristo e o diabo e tu e eu somente podemos servir a um deles, ou a
Jesus ou a Satanás. O Senhor Jesus diz: 'Ninguém pode servir a dois
senhores". Se tu serves a Cristo na Terra, também é certo que passes a
Eternidade no céu, com ele, a quem amas e a quem serviste.
Mas se preferes servir ao
diabo, rejeitando a aceitação da salvação em Cristo, pergunto-te uma vez
seriamente: 'Nesse caso também não é justo e certo que passes a Eternidade lá
onde está o teu mestre, o diabo, a quem escolheste servir? ”A quem queres
culpar se estiveres naquele terrível lugar, preparado para o diabo e seus anjos,
se tu mesmo tomaste a decisão da tua vida”?
Pensa
seriamente a respeito, antes que seja tarde para sempre.
Não sabemos em que tempo foi
preparado esse lugar de tormento. Mas uma coisa é clara: que sua preparação
tomou-se necessária por causa do pecado, principalmente por causa da queda dos
anjos, para o castigo eterno do diabo, dos seus anjos e de todos os homens que
preferem servir a ele, o inimigo de Deus, ao invés de aceitarem a salvação, que
lhes é oferecida pelo Filho de Deus. Por isso, não seria melhor aceitar agora a
Jesus como Salvador da tua alma, enquanto tratamos desse assunto?
Quão terrível deve ser ter
que passar uma longa Eternidade na companhia do diabo nas mais profundas
trevas!
O inferno nunca foi
destinado a ti, e Deus não quer que vás para lá. Mas se mesmo assim acabares
lá, isso será por tua própria culpa, porque rejeitaste a oferta divina do céu e
sua salvação. Se apesar disso fores para o inferno, teu caminho passa sobre o
Filho de Deus crucificado, que morreu também por ti. Por que não queres
aceitá-lo agora na fé?
Onde
é o inferno?
Procuremos a resposta ainda
para outra pergunta: onde é o lago do fogo? Temos que admitir que também sobre
isso a Bíblia não nos dá uma resposta certa. Pode ser que seja uma estrela
flamejante, distante milhares de anos
luz da terra. Ou será uma gigantesca cratera de um planeta queimado e
fumegante? Não o sabemos. Mas o que sabemos é o seguinte: o lugar de maldição é
completamente separado de Deus, o Deus da luz. O Senhor diz: "Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. E
esse lugar é chamado" a negridão das trevas".
Negridão
das trevas
Lá não somente será escuro,
mas dominarão as trevas mais profundas. Não haverá lugar que esteja tão
distante de Deus, que nem mesmo o menor raio de luz chega a ele. Será um tatear
em trevas palpáveis, sem uma centelha de esperança, em eterna separação de
Deus, no lugar do qual o Salvador diz: "ali haverá choro e ranger de
dentes" (Mateus 24.51).
Por que digo tudo isso? Por
que prego sobre o inferno? Por que lembro tudo isso a vocês? E por que repito
sempre de novo essas coisas terríveis? Porque amo-te mais do que pensas, e
porque eu gostaria que fosses salvo. Deus te ama e anseia que te tornes sua
propriedade. Encontro-me sob forte pressão interior, e o grande peso pelos
homens ainda não salvos está sobre mim.
Quando um médico sabe que
alguém tem uma doença perigosa, e conhece também um medicamento infalível, ele
deve ser um diabo se não advertir seu paciente e oferecer-lhe o remédio
salvador. Se sei que a agulha foi colocada errada, eu seria um assassino se não
levasse o trem a parar de qualquer maneira. Se eu visse tua casa em chamas e
soubesse que tu e tua família dormem nela, e não fizesse tudo para acordar-te,
que pessoa brutal eu seria! E o que pensarias de mim, um pregador, que tenho a
incumbência de advertir os homens a respeito do juízo vindouro, se eu não o
fizesse? Se, por medo de me tomar impopular, eu me calasse ao invés de advertir
as pessoas: "Apressem-se e fujam da ira vindoura", não haveria
palavras que pudessem descrever minha situação detestável.
Existe um remédio, e aqui
está! Justamente onde te encontras, podes ser salvo para sempre, de todo o teu
pecado, do juízo e do temor do inferno. Confessa que és um pecador, e crê na
Palavra de Deus. Então aceita a salvação, baixando tua cabeça e orando:
"Senhor Jesus, eu, um pobre, perdido, pecador, confio em ti quanto posso,
que me salves. Aceito-te como meu Salvador, creio que morreste por mim e que
ressuscitaste para salvar-me por toda a Eternidade". Isso é tudo que tens
a fazer.
O
terrível fim de Satanás e dos seus servos
"O diabo, o sedutor
deles, foi lançado para dentro do lago do fogo e enxofre, onde também se
encontram não só a besta co mo o falso profeta; e serão atormentados de dia e
de noite pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 20.10). "Então a
morte e o inferno foram lançados para dentro do lago do fogo ... E, se alguém
não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago
do fogo" (Apocalipse 20.14-15).
Com essas terríveis palavras
o Espírito Santo nos faz saber através de João, o apóstolo, como será o
terrível fim do diabo e de todos os seus seguidores. Não podemos desculpar nem
precisamos defender a revelação divina dessa verdade. Se alguém se ofende com
essas palavras, ele tem que haver-se com o autor da Bíblia, com Deus mesmo.
A Bíblia ensina clara e
inequivocamente que existe um céu como morada eterna para os bem-aventurados e
ela ensina tão claramente também que existe um inferno eterno para os perdidos.
Todos os ramos da igreja cristã, por mais que divirjam nas diferentes questões
doutrinárias, concordam neste ponto, que existe uma retribuição eterna. Isso
foi aceito desde o princípio em todos os credos das igrejas. Mas realmente é um
fato triste que hoje não se prega mais sobre isso em muitas igrejas. Mas
podemos verificar que seu credo continua contendo esse dogma, quer o pregador o
aceite pessoalmente ou não. Mas nossa crença na realidade do inferno não está
baseada em qualquer dogma eclesiástico ou em credos religiosos, muito menos em
opiniões de certos homens ou em seus sentimentos e impressões, mas única e
exclusivamente na iniludível Palavra de Deus. Meus sentimentos e impressões
pessoais também resistem à ideia de uma maldição eterna num lugar tão terrível
como a Bíblia descreve o inferno; mas sou obrigado a crer nisso, porque meu bom
senso me convence, e principalmente porque o Senhor o diz em sua Palavra. Se
isso não é verdade, não existe também justiça moral nos acontecimentos
mundiais; mas se é verdade, então preciso advertir-te, para que busques refúgio
com Jesus Cristo.
Anteriormente dissemos que a
Bíblia não nos informa onde é o inferno. Sabemos somente que se trata de um
lugar distante de Deus e de trevas máximas. Apesar de não podermos descrever a
localização do lugar, sabemos que se trata de um lugar definido. Jesus diz que"
o corpo e a alma" serão lançados no inferno. Tanto dois homens, o
anticristo e o falso profeta, como o diabo irão corporalmente para esse lugar,
conforme Apocalipse 19 e 20.
A
Origem do nome
A palavra
"inferno" é "geena" no texto original, apesar de também
"sheol" ter sido traduzido por inferno. A palavra "geena" é
composta por duas palavras hebraicas: "gê", que significa "um
abismo" e "hinnom". Essas duas palavras juntas significam
"o abismo ou vale de Hinom". Esse foi o lugar onde o ímpio rei
Manassés queimou seus filhos (2 Crônicas 33.6). Esse lugar era chamado o Vale
de Hinom. Por isso, "geena" é o nome grego para o Vale de Hinom. Esse
era um lugar cheio de fogo, morte e aflição. Mais tarde chamou-se também
"geena" o abismo ou vale fora da cidade de Jerusalém onde era jogado
o lixo. Isso corresponde em nosso tempo aos depósitos de lixo com mau cheiro,
fumaça e odores de putrefação que se encontram fora das cidades. Isso combina
também com as palavras de Jesus, quando descreve esse lugar: "onde não
lhes morre o verme, nem o fogo se apaga" (Marcos 9.44).
Como
Jesus descreve o lugar
Jesus usa esse lugar de
incineração fora da cidade de Jerusalém como exemplo em sua descrição do
inferno. A esse lugar, para onde vão os perdidos, ele chama "geena"
ou "inferno". O Vale de Hinom era um lugar real. Podes insistir que
isso é somente um exemplo suposto, mas também isso não muda nada na realidade e
no fato. Se a descrição da incineração e também o lago do fogo são somente
figuras supostas, quanto mais terrível deve então ser a própria realidade?!
Quem
estará lá?
Ninguém está no inferno
agora. Satanás não está lá; pois ele será lançado na "geena" após sua
última rebelião, conforme Apocalipse 20. Sobre sua atual atividade lemos que
ele anda em derredor "como leão que ruge procurando alguém para
devorar" (1 Pedro 5.8b).
Os anjos caídos, que não
guardaram seu estado original, também não estão lá, pois 2 Pedro 2.4 diz que
são reservados para juízo em um lugar chamado "tártaro".
Os perdidos também ainda não
estão lá, pois eles se encontram no "sheol-hades", e não serão
lançados no lago do fogo antes que seja realizado o julgamento diante do grande
trono branco (Ap 20). Portanto, o inferno agora está vazio. Seus primeiros
ocupantes, como já dissemos, serão a besta e o falso profeta (Apocalipse
19.20), aos quais Satanás seguirá mil anos mais tarde (Apocalipse 20.10), e
depois todos os incrédulos e perdidos lhes serão acrescentados no fim do mundo
(Apocalipse 20.15).
A
duração da maldição
Agora voltemos nossa atenção
para uma coisa a respeito da qual as opiniões são muito diferentes. Todos que
crêem na Bíblia, crêem também que existe um inferno. Mas eles não concordam
sobre o caráter e a duração do inferno. Quanto tempo durará o lago do fogo e
durante quanto tempo os perdidos terão que permanecer nele? Há pessoas que são
de opinião, e também ensinam, que os maus queimam no inferno e serão destruídos
até restar somente um punhado de cinzas. Já outros ensinam que após certo tempo
eles serão libertados, de modo que o inferno seria algo como um purgatório, e
na verdade não um lugar de castigo.
Nós cremos, entretanto, que
a Bíblia fala bem claramente sobre esse ponto. Ela ensina que os maus serão
lançados no inferno por todos os tempos. A palavra "eterno" é
"aion" em grego e significa o mesmo que "uma era". Mas uma
era é de duração limitada. Por isso, a expressão "para todo o sempre"
é "pelos séculos dos séculos", e mostra que se trata de um período de
tempo ilimitado. De modo geral essa é a maneira de expressão na língua grega
antiga, quando se fala da Eternidade, da Eternidade sem fim.
Normalmente não nos ocupamos
muito com palavras gregas ou hebraicas, mas esse assunto é tão importante que
precisamos analisá-las. A expressão "eternamente" é uma tradução do
grego "tous aionas ton aionon". Essa expressão, que é traduzida por
"pelos séculos dos séculos", aparece exatamente treze vezes no último
livro da Bíblia, no Apocalipse. Ela é usada como segue:
1. Nove vezes a palavra se
refere a Deus, isto é, nove vezes é dito que Deus vive e domina "pelos
séculos dos séculos".
2. Uma vez ela é utilizada
para descrever a existência dos santos no céu.
3. Uma vez ela é utilizada
para descrever a duração do tormento e castigo eterno do diabo no inferno.
4. Duas vezes a mesma
expressão é usada para a duração dos sofrimentos daqueles infelizes perdidos,
que têm que suportar eternamente os seus tormentos.
Percebes do que se trata realmente? Se a Bíblia diz "pelos séculos dos séculos", ela quer dizer "para sempre e eternamente". E um erro perigoso dizer que "eternamente" equivale a "um tempo determinado". Se a Bíblia diz que os perdidos serão lançados no lago do fogo para sempre, então ela também quer dizer isso. Se isso não significar "eternamente", então Deus também não é eterno, então Jesus também não seria eterno, e também os santos e bem-aventurados não ficariam no céu e na glória para sempre, eternamente. Essa expressão é usada da mesma maneira para todos. Se num caso ela significa "para sempre", então é uma conclusão lógica que em todos os casos deve significar a mesma coisa.
Há
diferenças no inferno?
Vamos tentar. ainda
esclarecer outro ponto. A Bíblia descreve o inferno (geena) como um lugar de
tormentos e sofrimentos. Apesar disso os condenados no lago do fogo não terão
que passar todos pela mesma espécie de sofrimentos... O julgamento de Deus será
justo e certo, pois "as suas misericórdias não têm fim". Também no
seu julgamento Deus será absolutamente justo e correto. Em nenhum lugar isso é
dito mais nítida e claramente do que no Apocalipse: "Vi um grande trono
branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu,
e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos,
postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o
livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras,
conforme o que se achava escrito nos livros" (Apocalipse 20.11-12).
Friso agora especialmente as
palavras "segundo as suas obras". As mesmas palavras são repetidas no
versículo 13. Por conseguinte, os homens serão julgados segundo as suas obras,
e suas obras também determinarão a medida do seu castigo. O local de destino
eterno para os perdidos foi estabelecido no momento da sua morte, sendo
decidido pela rejeição do Filho de Deus.
A salvação, pelo contrário,
não é dependente das obras, mas somente da fé. Mas no juízo final aqueles
perdidos destinados a habitarem eternamente no inferno, porque rejeitaram e
recusaram Jesus Cristo, serão julgados segundo suas obras e condenados. O grau
do seu castigo dependerá de suas ações e atitudes; das oportunidades que
tiveram (por exemplo, de ouvir a Palavra de Deus ou através de contato cristão
com crentes), e principalmente das obras que realizaram em vida.
O juízo certamente será
muito mais brando e misericordioso para os homens que nunca ouviram o
verdadeiro Evangelho, do que para aqueles que ouviram muitas vezes o convite do
Evangelho, mas o rejeitaram, e recusaram as suaves advertências do Espírito
Santo. Para aqueles que durante o seu tempo de vida nunca tiveram oportunidade
de ouvir a mensagem da graça, mesmo na maldição será muito mais suportável do
que a sentença daqueles que nasceram e cresceram em um país cristão, tendo
ouvido o Evangelho sempre de novo, mas o rejeitaram. Nosso Salvador mesmo
disse: "Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele
a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lucas 12.48b).
Em outra passagem, nosso
Senhor diz: "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em
Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas
se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo vos digo: No dia do
juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para vós outros. Tu,
Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno:
porque se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria
ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá no
dia do juízo para com a terra de Sodoma, do que para contigo" (Mateus
11.21-24). Dessas palavras conclui-se claramente que maior luz sobre as
verdades bíblicas e mais oportunidades para ouvir a Palavra de Deus, trazem
consigo também uma maior responsabilidade. Por isso, no inferno nem todas as
pessoas terão que passar pela mesma medida e pelo mesmo grau de sofrimentos.
Dependerá de quantas oportunidades o homem teve e de quantas rejeitou. Se
alguém se perde, seria muito melhor que tivesse sido um pagão que viveu nas
trevas do paganismo do que se cresceu em um país cristão com muitas
oportunidades de ouvir o Evangelho - e no final perdeu-se da mesma maneira. Se
tu te perderes, seria melhor que nunca tivesses escutado a mensagem da salvação,
seria melhor que nunca tivesses entrado em uma igreja e nunca tivesses ouvido o
Evangelho pelo rádio, sim, seria muito melhor para ti, que nunca tivesses
nascido. O fato de teres lido esta mensagem, aumenta tanto mais tua
responsabilidade e deixa-te sem qualquer desculpa.
Encontramo-nos agora no fim
dessas importantes explanações sobre o difícil e desagradável tema "O
inferno bíblico". Devo dizer que pessoalmente sinto um grande alívio
depois que transmiti minha mensagem. Nunca temi tanto um tema como esse, e
nunca também Satanás atacou-me mais do que agora, enquanto transmito esta mensagem.
Ele sempre de novo quis impedir-me. Nunca fui tentado tanto a passar ao largo
desse difícil fato, preferindo falar de outra coisa. Não somente por isso estou
aliviado porque a missão está cumprida, mas principalmente também porque fui
obediente e fiel em transmitir minha advertência a todos vocês. Se algum de
vocês acordarem um dia no lugar da negridão das trevas, vocês não poderão
levantar-se contra mim e dizer: "O pregador sabia desse lugar, e ele
também sabia que eu estava a caminho desse terrível lugar, mas por medo de ser
acusado como tolo antiquado e ser descrito como impopular pela massa, ele
deixou de advertir-me". Não, minhas mãos estão limpas do sangue de vocês.
Por que não queres agora refugiar-te em Jesus? Por que não aceitá-lo, antes que seja tarde para sempre? Curva teu coração e inclina tua cabeça. Admite tuas culpas, invoca o nome do Senhor Jesus e então crê na sua promessa: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Romanos 10.13). Não queres vir agora a ele?
Traduzido da versão
alemã:”Der feurige Pfuhl” Tradutor: Ingo Haake. Obra Missionária Chamada da
Meia Noite. Porto Alegre - RS