quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Por Ele,Por meio Dele e Para Ele


Nele tudo subsiste

Daniel Lima
Você conhece a sensação: tudo vai bem, você está empolgado com algum projeto em sua vida quando, de repente, algo surge que atrapalha tudo. Pode ser uma doença, uma crise financeira, uma demissão... Nossa reação mais imediata é rogarmos a Deus que remova este obstáculo. Oramos para que ele intervenha e afaste o impedimento, para que possamos continuar com nosso projeto.
Com frequência cremos que é do interesse de Deus que nossos projetos sejam bem-sucedidos; afinal, nós os consagramos a Deus e cremos que são da vontade dele. Contudo, nos esquecemos de que não somos personagens principais no desenrolar da história. Somos personagens secundários que foram criados para fazer brilhar o personagem principal. Quando um personagem secundário tenta tomar o papel principal, ele ou ela não apenas distorce a história, como prejudica o fluir do enredo e, em última análise, precisa ser removido da peça.
Tenho certeza de que já houve momentos em que, tomado de um zelo que achei que era santo, eu deixei meu papel secundário e, em nome de “melhorar a história”, tentei assumir um papel que não era meu. Infelizmente ao invés do herói surpreendente, tornei-me não o vilão, mas um personagem dissonante que atrapalhava o enredo, que perturbava o fluir da história.
Não somos os personagens principais. Somos personagens secundários que foram criados para fazer brilhar o personagem principal.
Este é o momento em que temos de retomar o que cremos. Se cremos em um Deus soberano, precisamos crer que ele está no controle de todas as coisas. Nós podemos ser (e somos) frequentemente surpreendidos; ele, não. Mateus 10.29 afirma: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês”. Se Deus precisa consentir na queda de um pardal ou dos cabelos em nossa cabeça, ele certamente não é surpreendido com o que nós chamamos de surpresas.
Nestas últimas semanas tenho refletido em uma verdade fundamental à fé cristã. É a realidade de que em Cristo “tudo subsiste” (Colossenses 1.17). O conceito é precioso. A expressão usada significa que em Cristo está nossa existência. No entanto, seu sentido é ainda mais amplo e profundo. Existimos devido ao seu olhar atento e constante. Se Jesus deixasse de olhar para nós, se sua atenção pudesse ser retirada de sobre nós... deixaríamos de existir. Nossa existência só é possível devido à atenção constante, intencional e amorosa de Cristo.
Diante desta verdade, os eventos surpreendentes em nossa vida deveriam ser encarados com outra atitude. É claro que podemos e devemos apresentar a Deus nossas petições, mas não no sentido de determinar a remoção de obstáculos – afinal, estas surgem com a permissão de Cristo. A pergunta mais importante é justamente esta: por que ele permitiu que esse obstáculo surgisse?
Diante dessa perspectiva, quando meu papel não é o que eu havia sonhado ou não tem o resultado que eu planejava, não significa que fracassei e sou, portanto, descartável. Esse é o momento de se lembrar que a história não é sobre mim, que não sou o personagem principal. Meu papel é fazer com que o personagem principal – Jesus – ganhe toda a evidência, toda a glória.
Nossa existência só é possível devido à atenção constante, intencional e amorosa de Cristo.
Por isso, como diz Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Minha oração é que você e eu possamos não só entender nosso papel nesta história que Deus está escrevendo, mas que possamos vibrar com o autor principal Jesus! E, nos momentos em que a história não realiza o que sonhamos, que possamos nos alegrar na história que ele escreveu e que se agradou de nos incluir!

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