Desnutrição Profética
Quão bom seria o desempenho do seu carro se você removesse dele uma das suas rodas? Você se sentaria em uma cadeira que estivesse sem uma das pernas?
Essas perguntas podem parecer absurdas, mas cada uma tem algo em comum com a outra. Em cada caso, 25% de alguma coisa importante está faltando. E, em cada cenário, você estaria correndo riscos caso se contentasse com menos do que o todo. Nenhuma pessoa razoável teria disposição para escolher se colocar nessas situações.
Então, por que escolhemos considerar a Bíblia de modo diferente do que consideraríamos o carro e a cadeira? Vou fazer a mesma pergunta de outra maneira, mas com maior relevância: “Por que tantos pastores, mestres e ‘líderes cristãos’ escolhem ignorar, ultrajar, abrandar e interpretar mal 25% da Palavra de Deus, os quais representam as Escrituras proféticas?”.
Aqui estão alguns fatos convincentes a serem considerados, da Encyclopedia of Biblical Prophecy [Enciclopédia de Profecia Bíblica], de J. Barton Payne:
- Há 1.239 profecias no Antigo Testamento e 578 profecias no Novo Testamento, formando um total de 1.817 profecias.
- Estas profecias estão escritas em 8.352 versículos da Bíblia.
- Como há 31.124 versículos na Bíblia, os 8.352 versículos que contêm profecias constituem 26,8% do volume da Bíblia.
Portanto, estou sendo conservador. Na verdade, as profecias são mais de 25% da Palavra de Deus!
Por toda a Bíblia há temas proféticos. Ela é profética no seu começo, em Gênesis 3, quando foi predito o conflito entre o descendente da mulher e a semente da serpente.
E ela é profética até o final do Apocalipse, quando o reino de Cristo é previsto para toda a eternidade. As Escrituras proféticas dominam tanto a Bíblia inteira que é impossível evitá-las, a menos que se mude intencionalmente a caminhada pelas páginas dela, da mesma forma que alguém evita pisar em ranhuras nas calçadas.
Se formos um pouco mais fundo, descobriremos mais coisas para pensarmos. Mais de 1.500 das profecias da Bíblia são dedicadas à Segunda Vinda de Cristo. Para cada profecia no Antigo Testamento sobre a Primeira Vinda de Jesus, há oito sobre a Segunda Vinda dEle.
É aqui que acontece algo incrível. Se a Bíblia faz da profecia uma prioridade, também nós devemos fazer dela uma prioridade. Se uma ênfase do Novo Testamento é a Segunda Vinda de Cristo, também devemos fazer disso uma ênfase. Se os temas proféticos surgem a todo momento por toda a Palavra de Deus, deveríamos ver temas proféticos temperando muitos de nossos sermões e ensinos.
Mas não é isso que fazemos.
Nem sempre é assim, e podemos ver o exemplo de Paulo no caso em questão. Conhecemos Paulo como o perseguidor dos primeiros cristãos que se converteu, e como o agente através do qual o Espírito Santo escreveu a maior parte do Novo Testamento. Somos menos familiarizados com as atividades de Paulo durante suas viagens missionárias, mas é aqui que quero apontar algo importante.
Se uma ênfase do Novo Testamento é a Segunda Vinda de Cristo, também devemos fazer disso uma ênfase.
Diz respeito à igreja em Tessalônica, a qual Paulo visitou em sua segunda viagem missionária. Seu tempo com os tessalonicenses foi curto, como parece sugerir Atos 17.2. Paulo deu sequência à sua visita por meio das cartas a que chamamos de 1 e 2 Tessalonicenses, e é aí que o assunto fica interessante.
Chegou uma notícia a Paulo dizendo que ensinamentos apóstatas haviam sido espalhados na jovem igreja dos tessalonicenses, heresias que conflitavam com as coisas que ele lhes havia ensinado pessoalmente. O capítulo 2 de 2 Tessalonicenses vai direto ao problema, que era relativo à Segunda Vinda de Jesus Cristo. Paulo apresenta uma boa porção de alimento sólido e saudável neste capítulo, mas faz uma pergunta em 2 Tessalonicenses 2.5: “Não se lembram de que, quando eu ainda estava com vocês, costumava lhes falar essas coisas?” (NVI).
É fácil não prestarmos a devida atenção às condições desta situação, mas eis algo importante:
- A igreja de Tessalônica era nova na fé e em sua organização.
- Paulo não tinha passado muito tempo com eles, mas usou o pouco que tinha para enfatizar o tema da profecia.
- Especificamente, Paulo ministrou àqueles cristãos primitivos sobre a Segunda Vinda de Cristo, sobre o Anticristo, sobre o Arrebatamento e sobre a Grande Tribulação.
Está na hora de uma checagem da realidade. Esta era uma igreja jovem, certo? Sim. E os crentes enfrentavam perseguição externa e desacordo interno, exatamente como os crentes hoje em dia, certo? Certo. E a congregação estava tentando ministrar conforme as necessidades dos de dentro e dos de fora da fé, certo? Pode apostar que sim.
Então, o que acontece com esta ênfase nas profecias? Não deveria Paulo ter se concentrado na comunidade cristã, no amor de Jesus, no dízimo com responsabilidade e no que significa de fato cuidar e se importar com as pessoas? Vamos pensar bem, será que ele tinha que falar sobre Escatologia? Não é este um assunto periférico, que não é realmente central à nossa fé? Será que ele não deveria ter enfatizado Jesus, já que, de uma maneira ou de outra, tudo gira mesmo em torno de Jesus?
Talvez seja a igreja da atualidade que precise aprender alguma coisa com a igreja dos dias passados. Nossos pastores, mestres e “líderes cristãos” seriam mais sábios se aprendessem a dica que Paulo nos dá. Já está na hora de reintroduzirmos os 25% da Palavra de Deus divinamente inspirada em nossa dieta regular.
Tenho que ser brutalmente honesto aqui. Fico alarmado com a postura da igreja em geral com relação à Palavra Profética de Deus. Em uma demonstração desprezível de 2 Pedro 3.4, a igreja mediana de hoje duvida e faz pouco das doutrinas que Paulo considerava vitais para a fé de um crente e para a saúde da congregação. (“Eles dirão: O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação” – 2 Pedro 3.4.)
Descrita em Apocalipse 3.15-20, a Igreja atual está cega para seu próprio prognóstico. Ela se vacinou contra o recebimento da verdade completa, permitindo que somente uma parcela da verdade tenha algum efeito.
Estou preocupado que tenhamos permitido que o bom se torne inimigo do melhor. Para repetir a expressão que usei anteriormente, é comum ouvirmos: “Mas tudo gira mesmo em torno de Jesus”. Este é um raciocínio padrão que muitos repetem como papagaios quando são confrontados por questões espirituais que desafiam suas preferências pessoais e suas zonas de conforto.
Não vou discutir aqui a essência de tal raciocínio, mas vou oferecer uma perspectiva que alguns que são ligeiros para abraçá-lo não consideraram. Em Apocalipse 19.10, lemos: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia”. Vamos dizer isto de outra maneira: a profecia é projetada para revelar a Pessoa e a Divindade completas de nosso Senhor Jesus.
A profecia é projetada para revelar a Pessoa e a Divindade completas de nosso Senhor Jesus.
Este é um problema para qualquer pessoa que justifique colocar as doutrinas proféticas lá atrás para que, em vez de tratar delas, possa “se concentrar em Jesus”. É problemático para tais pessoas dizerem: “Tudo gira mesmo em torno de Jesus”, porque isto as incrimina.
Elas não conseguem maximizar seu relacionamento com Deus quando se recusam a entendê-lO completamente, da maneira que a revelação inteira da Bíblia pretende que o façam. É como termos um bando de “amigos” no Facebook. Dizer que eles são seus amigos dificilmente significa que você compartilha com eles um relacionamento que verdadeiros laços de amizade exigem.
Vou fechar o círculo aqui e terminar. Os 25% das Escrituras que são proféticos revelam de forma inigualável a Pessoa, os planos e o propósito de Jesus Cristo. Como tal, foram divinamente projetados para serem uma parte vital na dieta espiritual do crente. Qualquer outra escolha resulta na desnutrição espiritual e num relacionamento superficial com nosso Senhor e Salvador.
Assim como Paulo percebeu que o relacionamento de uma pessoa com Jesus vai deixar de lado uma grande parte de sua dimensão significativa se os planos futuros dEle e Seu retorno dramático no final dos tempos forem negligenciados, também nós seremos menos eficientes em relação às Boas Novas da salvação se não proclamarmos 100% do testemunho de Jesus. (Steve Schmutzer — www.raptureready.com — chamada.com.br)
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