O Destino Profético da Igreja
Qual é o futuro profético da Igreja? Para tratarmos dessa questão, devemos entender antes que a Igreja se relaciona de duas maneiras com o programa de Deus. Primeiro, a verdadeira Igreja é formada de judeus e gentios que conhecem a Cristo genuinamente como seu Salvador e tiveram seus pecados perdoados. Começando no Dia de Pentecostes em Atos 2 e continuando até ao Arrebatamento, todos aqueles que confiam em Cristo como seu Salvador são parte de Seu Corpo, que a Bíblia chama de Igreja. Os crentes de antes da fundação da Igreja em Atos 2 e os que se tornarem crentes depois do Arrebatamento não são parte da Igreja, o Corpo de Cristo.
Segundo, existe o âmbito da influência da igreja professa, a quem chamaremos de cristandade. A cristandade constitui qualquer coisa ou todas as coisas que estiverem associadas com a igreja visível, inclusive todos os seus ramos e organizações, como o catolicismo romano, a ortodoxa oriental, o protestantismo e até mesmo as seitas. A cristandade inclui verdadeiros crentes e falsos professos, que jamais foram verdadeiramente nascidos de novo: o trigo e o joio crescendo juntos (Mt 13.24-30). Esses dois aspectos da Igreja possuem destinos proféticos muito diferentes.
O Arrebatamento
O próximo acontecimento no calendário profético para a verdadeira Igreja é o Arrebatamento (Jo 14.1-3; 1Co 15.51-52; 1Ts 4.13-18; etc.). Este acontecimento é descrito em 1 Tessalonicenses 4.17, que diz que ele será um tempo no qual todos os crentes, vivos ou mortos, serão “arrebatados (...) entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”. Este evento poderá acontecer a qualquer momento, sem aviso, e é descrito pelo tema de Cristo como o Noivo e a Igreja como a Noiva. Na presente época, a Igreja está desposada, ou comprometida, com Cristo – totalmente comprometida, tendo sido comprada pelo sangue dEle. O Noivo foi para a casa do Pai para preparar um lugar a fim de levar a Sua noiva ao lugar especial deles na casa de Seu Pai. Enquanto está fora, o que perdurará pela atual era da Igreja, a fidelidade da Noiva é testada pela separação e ela deve permanecer fiel enquanto está constantemente aguardando pelo retorno súbito e não-anunciado do Noivo. Quando o Pai der o sinal, o clamor será anunciado e a era da Igreja chegará ao fim no Arrebatamento; assim, todos nós estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.17).
Todavia, os não-salvos dentro da cristandade serão deixados para trás e entrarão no período da Tribulação, sendo preparados para servir como a prostituta de Satanás – “a grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas” (Ap 17.1) – que ajudará a facilitar o grande engano do Anticristo na forma da igreja mundial na primeira metade da Tribulação. Essa igreja ecumênica e apóstata vai abrir caminho para a religião mundial única – o culto ao Anticristo e a recepção da marca da besta (Ap 13.16-18), na segunda metade da Tribulação.
É significativo observarmos que Apocalipse 13.11-18 apresenta o Falso Profeta (o cabeça da igreja mundial única durante a Tribulação) como aquele que está advogando em favor do Anticristo de que os habitantes da terra deveriam levar a marca da besta, na forma do número seiscentos e sessenta e seis (Ap 13.18). Assim como a Igreja verdadeira tem o papel de declarar e esclarecer a verdade de Deus, também a prostituta de Satanás possui o papel de liderança na promoção de sua mensagem falsa e enganosa.
A Igreja é única no plano de Deus e separada de Seu plano para Israel. Enquanto que a Igreja compartilha das promessas espirituais da Aliança Abraâmica cumprida em Cristo, Israel (não a Igreja) cumprirá seu destino nacional como uma entidade separada, depois do Arrebatamento e da Tribulação, durante o Milênio. O Novo Testamento afirma que a Igreja era um mistério não revelado no Antigo Testamento (Rm 16.25-26; Ef 3.2-10; Cl 1.25-27); é por isso que ela começou repentinamente, sem aviso, em Atos 2, e é por isso que esta era terminará repentinamente, sem aviso, no Arrebatamento. Portanto, a Igreja não possui nenhum destino profético terreno que vá além do Arrebatamento.
A Era da Igreja é uma Dispensação Distinta
A era da Igreja não é caracterizada pelos acontecimentos proféticos historicamente verificáveis, exceto seu início no Dia de Pentecostes e seu fim no Arrebatamento. Mas o curso geral desta era tem sido profetizado e pode proporcionar uma visão geral sobre o que se pode esperar durante esta época.
A cristandade inclui verdadeiros crentes e falsos professos, que jamais foram verdadeiramente nascidos de novo: o trigo e o joio crescendo juntos (Mt 13.24-30). Esses dois aspectos da Igreja possuem destinos proféticos muito diferentes.
Até mesmo as profecias específicas que são cumpridas durante a era da Igreja se referem ao plano profético de Deus para Israel e não diretamente à Igreja. Por exemplo, a destruição profetizada de Jerusalém e do seu Templo, que ocorreu no ano 70 d.C., se refere a Israel (Mt 23.38; Lc 19.43-44; Lc 21.20-24). Desta forma, não é inconsistente que as preparações proféticas relativas a Israel já estejam a caminho com o restabelecimento de Israel como nação em 1948, embora ainda estejamos vivendo na era da Igreja.
O curso da atual era da Igreja é dado aos cristãos em três conjuntos de passagens no Novo Testamento. Um entendimento dessas passagens é necessário para se ter um entendimento sobre os sinais dos tempos.
Mateus 13
As parábolas de Mateus 13 fornecem uma percepção sobre o curso da atual era da Igreja. Na verdade, visto que Mateus examina esta era atual em sua relação com o reino, as parábolas cobrem o período entre os dois adventos de Cristo – Sua primeira e Sua segunda vindas. Isto inclui a Tribulação, a Segunda Vinda e o julgamento depois do Arrebatamento, mas também inclui uma visão geral importante sobre nossa presente era. Como Mateus 13 mostra esta era? O Dr. J. Dwight Pentecost resume a descrição da seguinte maneira:
Podemos resumir o ensino quanto ao curso desta era, dizendo: (1) haverá a semeadura da Palavra durante toda a era, que (2) será imitada pelo falso semeador; (3) o reino assumirá enormes proporções externas, mas (4) será marcado pela corrupção doutrinária interna; todavia, o Senhor ganhará para Si (5) um tesouro peculiar do meio de Israel, e (6) da Igreja; (7) a era terminará em julgamento com os ímpios excluídos do reino a ser inaugurado pelos justos levados para desfrutarem da bênção do reinado do Messias.[1]
Apocalipse 2-3
A próxima passagem importante que proporciona uma visão geral do curso desta era é encontrada na apresentação das sete igrejas de Apocalipse 2-3. A perspectiva de Apocalipse 2-3 é em referência ao programa da Igreja e não do reino. Assim, sua visão geral procede de Pentecostes até o Arrebatamento, como indicado pela frase apresentada repetidas vezes: “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7,11,17,29; Ap 3.6,13,22). Estas sete igrejas históricas do Século I fornecem um padrão dos tipos de igrejas que existirão durante toda a história da Igreja.
Os Últimos Dias da Igreja
O Novo Testamento fala claramente sobre os últimos dias, para a Igreja, nas epístolas. É interessante que, virtualmente, todos esses comentários sobre a apostasia dos últimos dias venham das epístolas escritas pouco tempo antes da morte de cada apóstolo que as escreveu, isto é, durante os últimos dias de cada apóstolo, como para enfatizar os perigos latentes durante os últimos dias da Igreja. A seguir, temos uma lista das sete passagens mais importantes que tratam dos últimos dias da Igreja:
1 Timóteo 4.1-3;
2 Timóteo 3.1-5;
2 Timóteo 4.3-4;
Tiago 5.1-8;
2 Pedro 2.1-22;
2 Pedro 3.3-6;
Judas 1-25.
2 Timóteo 3.1-5;
2 Timóteo 4.3-4;
Tiago 5.1-8;
2 Pedro 2.1-22;
2 Pedro 3.3-6;
Judas 1-25.
Cada uma dessas passagens enfatiza vez após vez que a grande característica do tempo final da Igreja será a apostasia; não obstante, um evangelismo eficiente acontecerá ainda antes dos últimos momentos da Era da Igreja.
O curso claro dos últimos dias para a Igreja consiste de constantes admoestações ao crente para estar alerta contra o desvio doutrinário, também conhecido como apostasia. Tal característica proporciona ao cristão um sinal claro do final da nossa era atual da Igreja.
Embora profecias específicas não sejam dadas relativamente à atual era da Igreja, vimos que três conjuntos de passagens pintam uma figura geral do curso desta época. Os três conjuntos indicam que a apostasia caracterizará a cristandade durante o tempo em que o Arrebatamento acontecerá.O Novo Testamento afirma que a Igreja será removida no Arrebatamento antes do tempo em que tenha início a Tribulação (1Ts 1.10; 1Ts 5.9; Ap 3.10) e será levada por Cristo para a casa do Pai (Jo 14.1-3). A Igreja estará no céu durante a Tribulação, sendo representada pelos 24 anciãos (Ap 4.4,9-11; Ap 7.13-14; Ap 19.4). Durante a Tribulação de sete anos na terra, a Noiva passará pelo Tribunal do Galardão de Cristo em preparação (Ap 19.4-10) para acompanhar Cristo durante Sua descida na Segunda Vinda (Ap 19.14). A preparação celestial da Igreja durante a Tribulação, imediatamente antes da Segunda Vinda, também é mencionada como a noiva que se ataviou (Ap 19.7) para as Bodas do Cordeiro. As bodas acontecerão no início do Milênio, depois da Segunda Vinda.
Enquanto o próximo acontecimento para a Igreja – o corpo de Cristo – seja o translado da terra para o céu no Arrebatamento, aqueles crentes deixados na igreja organizada como instituição passarão pela Tribulação e formarão a base de uma super-igreja apóstata que o Falso Profeta usará para ajudar no governo mundial do Anticristo (Ap 13; Ap 17.1-18). A verdadeira Igreja de Jesus Cristo não fará parte da Tribulação.
Conclusão
O papel da Igreja durante o Milênio, em cujo tempo todos os membros da Igreja já terão recebido seus corpos ressurretos no Arrebatamento, será reinar e governar com Cristo (Ap 3.21). Em Mateus 19.28, Jesus disse aos Seus discípulos, que são membros da Igreja, que eles se uniriam a Ele no reino e reinariam sobre as doze tribos de Israel. Da mesma forma, em 2 Timóteo 2.12, Paulo escreve: “Se perseveramos, também com ele reinaremos”. O propósito principal do Milênio é a restauração de Israel e o governo de Cristo sobre Israel, mas a Igreja, como a Noiva de Cristo, não estará ausente das atividades do Milênio.
As Escrituras não são claras quanto a Israel, a Igreja e os outros grupos de crentes da história manterem ou não suas distinções por toda a eternidade. Não parece haver um motivo bíblico pelo qual eles não possam adorar e servir a Deus como grupos distintos de pessoas salvas por toda a eternidade. Na verdade, a Nova Jerusalém do estado eterno indica algumas distinções, tais como as 12 tribos de Israel (Ap 21.12), os 12 apóstolos da Igreja (Ap 21.14), e o fato de que a glória e honra das nações serão trazidas à Nova Jerusalém (Ap 21.26). Maranata! (Thomas Ice — Pre-Trib Perspectives)
Nota:
- 1. J. Dwight Pentecost, Things to Come: A Study in Biblical Eschatology (Manual de Escatologia) (Grand Rapids: Zondervan Publishing, 1965), p. 149.
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