sábado, 26 de outubro de 2019

Comamos e bebamos


“Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”

Lothar Gassmann
Muitas pessoas dizem que, “com a morte, tudo se acabou!”. Essa é a resposta das pessoas que só “creem naquilo que veem”. “O que é o homem? Só uma porção de barro. No cemitério podemos ver em que ele se transforma” – disse-me um conhecido após uma cerimônia de sepultamento – não sem demonstrar amargura: “Para que tanto trabalho e preocupações? Depois os vermes vão consumir tudo. A vida não tem sentido algum”.
A Bíblia é bem realista quanto a essa atitude. Em 1Coríntios 15.32 ela descreve o homem focado na terra com o seguinte ditado: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”. Sim, se após a morte não há mais nada, então convém extrair o máximo da vida terrena. Então o lema é: “Aproveite ao máximo, pois a vida é curta”. Por isso muitos agem sob o lema: “Depois de mim, o dilúvio!”, e satisfazem suas necessidades sem preocupações com prejuízos e consequências.
“Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.” Essa concepção também conduz a uma sociedade materialista de consumo, na qual cada um procura apenas não perder nada. Amor e consideração ao próximo existem, no máximo, por medo de ser penalizado pela polícia. Além disso, não há ninguém que possa exigir prestação de contas. Deus foi excluído na concepção materialista. Seu juízo é transferido para o reino das lendas. Existem apenas pessoas preocupadas consigo mesmas no mundo dos delírios.
“Se os mortos não ressuscitam, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morreremos’” (1Coríntios 15.32b).
As consequências dessa postura, que está amplamente espalhada em nossa sociedade, estão à mão. Essa postura não conhece senso de responsabilidade, nem esperança, nem sentido. Ela não conhece responsabilidade porque, no fundo, foi por isso que surgiu – para fugir da responsabilidade perante Deus e para se entregar totalmente aos prazeres do mundo interior. Isso, porém, significa brincar com fogo, pois a probabilidade de que Deus realmente exista e que nos chamará para o seu juízo, também para os ateístas, representa a proporção 50:50. Quem exclui Deus, para submeter-se ao seu ego, pode ter uma desagradável surpresa.
Essa concepção também não conhece esperança. Se tudo acaba com a morte, então não há nenhum futuro com o qual possamos nos alegrar. Por isso, a busca por prazer a curto prazo pode se transformar rapidamente em desespero e depressão: “Agora eu ainda vivo e me esforço, mas amanhã tudo terminará. O futuro é negro. A morte é um passo no vazio”.
É por isso que essa concepção também não faz sentido algum. “Se esses poucos anos neste planeta são tudo e se tudo subitamente terá passado, por que, afinal, eu me empenho por tantas coisas? A história da humanidade vai passar por tudo isso, e em breve eu serei esquecido.”
Uma pessoa consegue viver dessa maneira e, mesmo assim, ser feliz? Eu penso que não! Por isso, nas próximas semanas, trataremos das outras respostas à pergunta: “O que há após a morte?”. Oremos:
Senhor, por favor, mostra como posso organizar minha vida com responsabilidade e sentido, e ajuda-me a fazê-lo. Amém.

sábado, 19 de outubro de 2019

Ideologia de Gênero


Verdadeiro ou Falso?

Daniel Lima
É comum em nossos dias que discussões sejam praticamente encerradas com uma frase do tipo: “Mas a ciência já provou que...”. Uma frase assim tem o efeito de uma bomba na linha de pensamento de quem se opõe ao argumento. Ninguém quer ser contra a ciência. Quando alguém é visto como contrário à ciência, imagens de fanatismo, ignorância medieval ou inquisição religiosa imediatamente surgem em nossas mentes. Quem vai querer ser identificado com isso? Como sociedade ocidental temos cultuado a “deusa ciência”. Ainda que estejamos em um período intitulado “pós-moderno”, levantar-se contra o conhecimento chamado científico é praticamente um suicídio intelectual.
Na prática, poucas pessoas realmente consultam pesquisas científicas e as alegações de que “a ciência já provou” com frequência são mais uso de munição para destruir o argumento do oponente do que uma sincera busca pela verdade. O poder da alegação, no entanto, baseia-se no chamado mito da ciência imparcial. Vários autores respeitados já demonstraram que ciência não é imparcial, mas fortemente impactada pela ideologia, fé ou preconceito do próprio cientista.
Nesta última semana, setores que discutem e acompanham a questão da ideologia de gênero foram chacoalhados com um artigo do prestigiado acadêmico canadense Christopher Dummitt. Em um artigo publicado no site canadense Quilette, ele nos dá mais uma prova de que a imparcialidade científica é um mito. [1] O doutor Dummitt ficou famoso como um dos cientistas sociais que cunhou a afirmação de que sexo é um construto social. Neste artigo, no entanto, ele reconhece que simplesmente inventou dados!
Como Paulo diz a Timóteo, as pessoas vão sentir “coceira nos ouvidos” e buscar quem diga o que querem ouvir.
Ele afirma que na época acreditava em uma ideologia e que construiu sua pesquisa com base nela, e que ninguém naquele momento o questionou. Porém, agora ele afirma: “O problema é que eu estava errado. Para ser mais preciso, eu acertei em algumas coisas. Mas, no resto, eu basicamente inventei tudo”.
Sua declaração: “O que posso oferecer agora é uma admissão de culpa pelo meu papel em tudo isso, assim como uma crítica cuidadosa do porquê eu estava errado na época e porque construtivistas sociais estão errados hoje. Eu uma vez usei os mesmos argumentos que eles estão usando agora; portanto, sei que estão enganados”. Ele conclui: “Eu tinha respostas, mas eu não as encontrei na minha pesquisa primária. Elas vieram de minhas crenças ideológicas [...] Isso é o que eram: um conjunto de crenças pré-estabelecidas [...] sobre gênero.”
O impacto deste artigo, que provavelmente será sonoramente ignorado pelos militantes da ideologia de gênero, é que toda essa ideologia na verdade é unicamente uma crença pré-estabelecida, não pela ciência, mas por crenças pessoais e então empacotadas em artigos e trabalhos com linguagem científica. De que forma isso deve nos impactar como cristãos? De pelo menos duas maneiras:
  1. A ciência não é má, tampouco é perfeita como fonte de verdade. Negar toda a ciência é obscurantismo, mas crer que um dado apresentado como cientificamente provado é uma fiel expressão da verdade é aceitar o engano! Pessoas vão sentir “coceira nos ouvidos” e buscar quem diga o que querem ouvir – neste caso, produzindo artigos científicos que afirmam as mentiras para apaziguar suas mentes. Paulo alerta Timóteo:
3Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. 4Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. (2Timóteo 4.3-4)
  1. Nossa fonte da verdade é o próprio Senhor Jesus Cristo conforme revelado em sua Palavra. A vida nos deixará perplexos. Certezas serão desafiadas e circunstâncias vão exigir de nós um posicionamento. Nestas horas precisamos definir onde vamos fundamentar aquilo que é verdadeiro. Uma vez mais, a Palavra nos dá ampla instrução: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.17).
A admissão de erro de um teórico da ideologia de gênero não esgota o debate, mas pelo menos nos dá a consciência de que mesmo a ciência afirmando algo, não significa que seja verdade. Em muitos casos é meramente fruto de uma ideologia que se levanta contra o conhecimento de Deus. Importa destacar que o Dr. Christofer Dummitt em nenhum momento se afirmou cristão ou sequer mudou de opinião sobre suas ideias, apenas reconheceu que é só isso que elas são – suas opiniões, e não verdade irrefutáveis!
Minha oração é que nós façamos um firme compromisso de usar a Bíblia como sua única base de fé e de verdade. Ainda há muito que não compreendemos, mas, em última análise, a Palavra de Deus é verdadeira e eterna.
Nota
  1. Christopher Dummitt, “Confessions of a Social Constructionist”, Quillette, 17 set. 2019. Disponível em: <https://quillette.com/2019/09/17/i-basically-just-made-it-up-confessions-of-a-social-constructionist/>. Acesso em: 11 out. 2019.