segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Oração no Novo Testamento


Oração no Novo Testamento

Norbert Lieth
O Novo Testamento está repleto de indicações sobre a oração e cheio de exemplos de orações. Podemos aprender muito com tudo isso.
Jesus mesmo foi um grande modelo para a oração, tanto que seus discípulos chegaram a lhe pedir: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele” (Lc 11.1). Em resposta, o Senhor ensinou-lhes o Pai Nosso (veja mais sobre ele no próximo artigo: “A Dimensão Mais Profunda do Pai Nosso”). Mais tarde chegou o momento – um dia antes da morte de Jesus na cruz – que ele lhes disse: “... meu Pai dará a vocês tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa” (Jo 16.23-24).
Com isso, o Senhor escancarou uma porta totalmente nova para a oração, que até então os seus discípulos não conheciam. Eles poderiam orar ao Pai em nome de Jesus; a oração através da sua pessoa seria a garantia do atendimento. Isso mostra o que Jesus Cristo realizou e a que dimensão ele eleva todos os que nele creem. Ele se identifica com as nossas orações em seu nome.
É frequente sermos confrontados com a dúvida sobre podermos orar diretamente a Jesus ou se devemos sempre orar em seu nome a Deus Pai. A resposta encontra-se no mesmo discurso já citado, em que Jesus disse aos seus discípulos: “E eu farei tudo o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14.13-14).
Com isso, o Senhor Jesus confirma duas coisas:
1. A oração em seu nome será atendida por ele mesmo: “Farei tudo”.
2. A oração em seu nome é atendida pelo Pai: “Dará a vocês tudo”.
Isso deixa claro que o Senhor Jesus é da mesma essência que o Pai. Depois da sua ressurreição, o apóstolo Tomé confirma isso ao dizer: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28). Além disso, os evangelhos também relatam casos de pessoas que se prostram diante do Senhor Jesus e lhe pedem algo (Mt 8.2; 9.18; Lc 8.47). Isso certamente pode ser considerado como oração.
Em Romanos 10.9-10 Paulo enfatiza a importância de confessar o Senhor Jesus como Senhor, porque isso leva à salvação eterna. No versículo 11 ele enfatiza mais uma vez que todo o que crer nele (Jesus) não será envergonhado. E no versículo 13 Paulo cita uma passagem do Antigo Testamento relacionando Deus mesmo ao Senhor Jesus. Quem confessar Jesus como Senhor e o invocar será salvo.
Com isso fica patente que não só podemos como devemos invocar o nome do Senhor (Jesus Cristo). A carta aos Coríntios também alude a isso quando fala de “todos” os que “em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.2). Todos os cristãos podem invocar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em todo lugar, ou seja, orar a ele muito diretamente.
Para isso é necessária a chamada “oração no Espírito”. “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.18). “Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo” (Jd 20).
O Espírito Santo, que habita em nós, deseja entre outras coisas induzir-nos à oração (Rm 8.14). Ele quer que oremos no Espírito, não na carne, ou seja, não carregados de ira, egoísmo, inveja, ganância etc. (Tg 4.3). Ele quer que oremos a qualquer hora. Ele quer nos lembrar, incentivar, dirigir, alertar etc.
Além disso, o Espírito Santo é quem nos representa diretamente diante de Deus. “Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26-27).
Muitas vezes não sabemos nem o que devemos orar, nem como. Como é bom então saber que o Espírito vai ao encontro do que balbuciamos e se encarrega da nossa fraqueza. O Espírito Santo representa Jesus em nós e sempre é atendido.
O que importa é orar sempre. Nas palavras de Corrie ten Boom: “A oração deve ser nosso volante e não nosso estepe”. – “Orai sem cessar” (1Ts 5.17, RA). “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.18).
Essas declarações não podem significar que devamos orar 24 horas por dia, ininterruptamente. Trata-se antes de uma constante atitude de oração porque o espírito da oração habita em nós. Temos, pois, o privilégio de sempre que nos lembrarmos de algo, podermos orar imediatamente por aquilo. Não precisamos de grandes introduções, formulações, liturgias ou tradições – como estamos constantemente em Cristo, podemos orar sempre e em toda parte. Como o Espírito Santo sempre habita em nós, sempre chegamos imediatamente ao destino. Podemos, assim, orar de improviso, bem no sentido de “em todas as ocasiões”.
Charles H. Spurgeon disse: “Podemos orar a qualquer tempo – sei que podemos. Mas receio que aqueles que não oram em horas determinadas de qualquer modo orarão raramente”. Vista assim, a oração também é uma lei. George Müller dizia: “É preciso cultivar as horas tranquilas com Deus, porque só elas é que proporcionam força e alimento à vida íntima. Nada pode compensar a perda de horas santas sob a Palavra e a oração”. O Novo Testamento contém inúmeras exortações para orar, bem como indicações, exemplos e parábolas que testificam da necessidade da oração (Lc 18.1).
Muitas vezes se enfatiza como Jesus procurava locais solitários e o silêncio para orar. Ele passava noites inteiras em oração (Mt 14.23; 26.36; Lc 6.12; 9.28; 11.1). Depois do Pentecostes, a igreja primitiva surge como uma comunidade em oração, que dava extremo valor à busca da face do Senhor (At 1.14; 2.42; 3.1; 4.31; 6.4; 10.9; 14.23; 16.13). O apóstolo Paulo e seus colaboradores oravam muito, e ele certamente não enfatizou isso para se vangloriar, mas para dar um testemunho e um estímulo (Rm 1.9-10; Ef 1.16; Cl 4.12; 2Tm 1.3; Fm 4). Assim, nas cartas apostólicas, são numerosas as ordens e convocações diretas a orar (Ef 6.18; Cl 4.3; 1Ts 5.17; 2Ts 3.1; Hb 13.18; Tg 5.16).
Alguém disse com relação à oração: “O número de frequentadores dos estudos bíblicos revela a popularidade da igreja, o número de frequentadores do culto revela a popularidade do pastor, mas o número de frequentadores das reuniões de oração revela a popularidade de Jesus”.

Como Devemos Orar?

Diz-se que, caso alguém queira envergonhar um cristão, basta perguntar-lhe sobre sua vida de oração. E orar é tão fácil.
Nada é mais urgente e simples de realizar do que a oração. É o que mostra o Novo Testamento. Não são necessárias fórmulas especiais, nem mesmo é preciso memorizar a oração do Pai Nosso. 
Ainda assim, orar não é lei. Consta que Martinho Lutero teria dito: “Uma boa oração é meio estudo... Tenho tanto trabalho que não consigo ficar sem dedicar todos os dias pelo menos três horas do meu melhor tempo à oração”. Para ele aquilo era o procedimento certo, mas não podemos forçar tais exemplos para a nossa própria vida de oração e ficar insatisfeitos se não conseguirmos passar tanto tempo orando. Uma dona de casa e mãe que precisa cuidar dos seus filhos dificilmente poderá orar por três horas ininterruptas. Ninguém deve se frustrar ou se deixar subjugar – o que importa mesmo é que se ore. Este também era, por sinal, o propósito do próprio Lutero, que se opunha a todo tipo de legalismo “neomonástico” e que certamente se irritaria tremendamente se soubesse que hoje existem cristãos que elevam seu próprio testemunho de oração à categoria de lei.
Convém que todos oremos, de preferência muito, mas para alguns a manhã é melhor para isso; para outros, a noite. Alguns conseguem orar durante um passeio, outros só em um quarto isolado, e ainda outros só de joelhos.
Jesus Cristo é o nosso maior modelo de oração. Ele orava com frequência e muitas vezes também demoradamente. Ainda assim ele advertiu contra certas orações legalistas não sinceras: “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas” (Mt 23.5). “E, quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt 6.7).
Certa vez Jesus encorajou seus ouvintes com uma parábola sobre a oração iniciando com as palavras: “Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘Amigo, empreste-me três pães’” (Lc 11.5).
“Amigo, empreste-me três pães.” Há três coisas que podemos aprender desse pedido:
1. Não é possível formular esse pedido de modo mais breve.
2. O pedido é concreto e vai direto ao que importa.
3. O pedinte não tem escrúpulos de ser inconveniente. Ele procura seu amigo no meio da noite. Ele pede com ousadia.
Assim, talvez a seguinte oração chinesa, que vai direto ao ponto, possa servir como reflexão:
“Senhor, desperta tua igreja
e começa comigo.
Senhor, edifica tua igreja
e começa comigo.
Senhor, leva teu amor e tua verdade
a todos os homens
e começa comigo.”

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Manipulações Financeiras Profetizadas


Manipulações Financeiras Profetizadas

Wilfred Hahn
Apocalipse 13 diz que a besta (o Anticristo) e seu braço direito (a segunda besta) controlarão o comércio global no final dos tempos. Como isso é possível de maneira prática?
Haverá um mundo sem dinheiro em espécie em algum ponto no futuro? Esse é um tópico grandemente contestado e geralmente mal interpretado. O dinheiro em espécie ainda tem um papel essencial no mundo, facilitando cerca de 40% das transações nos Estados Unidos, por exemplo. Muitos países possuem uma confiança ainda maior nas transações em dinheiro. No entanto, a Bíblia indica claramente que um novo sistema transacional global existirá já na época dos acontecimentos de Apocalipse 13. Será, de fato, um sistema sem dinheiro em espécie.
Neste artigo, exploramos o assunto a partir de um enfoque um pouco diferente. Por que as instituições financeiras e os governos continuam a tentar suprimir o uso do dinheiro em espécie, introduzindo sistemas de pagamentos “sem dinheiro em espécie” em nossos dias atuais, quando há relativamente pouco incentivo aos consumidores para fazerem isso?

Desenvolvimentos Monetários Sem Sentido

Observamos uma conspiração sem sentido da “humanidade global” atuando no desenvolvimento monetário mundial.
Imagine que sistemas de pagamento sem dinheiro em espécie tenham sido introduzidos há muitas décadas. Algumas tentativas com cartões digitais, por exemplo, não foram bem-sucedidas. Não obstante, a guerra de baixo nível para remover de circulação o dinheiro em espécie continua.
Quem está forçando a desmonetização? Não são os consumidores. Bem poucas pessoas veem a necessidade de novas tecnologias relativas ao dinheiro... certamente não veem a abolição completa do dinheiro em espécie. Por exemplo, pagar com cartão de crédito em um caixa pode levar um tempo de 25% a 50% maior do que pagar com dinheiro em espécie. As pesquisas mostram que os consumidores gostam de usar dinheiro em espécie em determinadas transações, e não veem razão para sua completa erradicação.
Da mesma forma, a afirmação de que uma sociedade sem dinheiro em espécie tenha mais segurança do que as que empregam o dinheiro físico não tem base em fatos. Roubos e crimes envolvendo dinheiro físico são, na verdade, bastante modestos quando comparados a crimes envolvendo a propriedade física (isto é, carros roubados etc.). Todavia, novas tecnologias voltadas para o dinheiro em espécie continuam a avançar e medidas governamentais contrárias ao uso do dinheiro em espécie continuam a aumentar. Isso é ainda mais intrigante dado o fato de que o uso de sistemas de pagamento eletrônico é bastante dispendioso. Fornecer serviços através desses sistemas de pagamento é geralmente mais caro do que fazer as negociações com dinheiro em espécie.
Logicamente que, como um motivo de lucro imediato não pode explicar o contínuo avanço da desmonetização, deve haver outras razões. Por que as instituições financeiras e os governos continuam a promover os sistemas de pagamento sem dinheiro em espécie embora sejam dispendiosos, no máximo marginalmente lucrativos, e concentrados no capital?
Taxas de juros negativas em depósitos bancários fazem com que as pessoas movimentem parte de seus bens para a “moeda corrente em circulação”
Supostamente, se um sistema financeiro único pudesse ser construído, o qual TODAS as transações fossem forçadas a usar, um enorme “aluguel” poderia ser cobrado. Um sistema assim monopolístico poderia ser enormemente lucrativo, contanto que todos os outros meios de pagamento fossem suprimidos ou banidos. Contudo, para que isso seja feito é necessária uma “conspiração”... um acordo coletivo mundial... para que isso seja feito por outros motivos peculiares. Quais devem ser esses motivos? Apresentamos vários.
1. A ocorrência de taxas de juros negativas em muitos países cria um importante problema para os legisladores, que estão tentando pilotar as economias mundiais. Taxas de juros negativas em depósitos bancários fazem com que as pessoas movimentem parte de seus bens para a “moeda corrente em circulação” (esta sendo dinheiro em espécie). Isso faz sentido uma vez que a pessoa estaria evitando cobranças em sua conta bancária. (Dinheiro guardado em um colchão é mais produtivo do que em um banco que cobra juros negativos.) Com taxas de juros negativas, o dinheiro deixará o sistema bancário. A desmonetização, por outro lado, eliminaria esse “vazamento” dos sistemas monetários. (Alguns bancos na Europa já eliminaram as negociações usando dinheiro em espécie.)
2. Quanto mais todas as transações possam ficar confinadas a um sistema de pagamentos sem dinheiro em espécie, mais os governos são capazes de rastrear o Produto Interno Bruto (atividade econômica). Por sua vez, isto permite a maximização das receitas orçamentárias dos impostos. Incidentalmente, uma tentativa centralizada para atingir esse resultado está agora se desenrolando na Índia. Notas com denominações mais altas (dinheiro de papel) estão sendo removidas de circulação a fim de forçar as transações não documentadas para dentro do sistema bancário e para dentro da economia registrada. Grécia e Portugal (dentre outras nações) recentemente abaixaram o tamanho da transação máxima que usasse dinheiro em espécie.
3. Dada a continuação mundial da crise financeira e a expectativa de que novos e mais ponderosos instrumentos da política monetária serão necessários, um sistema desmonetizado deve estar funcionando, o que dá convenientemente aos legisladores mais opções para “controlarem” as sociedades e as ações humanas.
4. Como muitos estudos mostraram, o dinheiro em espécie é imundo – literalmente. Notas de papel podem estar carregadas de bactérias e cobertas com fungos ou coisas piores. Pode parecer surpreendente que uma grande quantidade de papel moeda esteja contaminada por drogas como a cocaína. Em resumo, alguns defendem a eliminação do dinheiro em espécie simplesmente porque isso seria mais saudável.
Os motivos acima mencionados certamente satisfariam os objetivos de vários legisladores “humanos”. Ao fazerem isso, essas elites globais mostram sua arrogante perspectiva: que eles sabem o que é melhor para a humanidade coletiva e seu futuro. Isso se encaixa como uma luva relativamente às necessidades de um governador único para o mundo, que deseje expressamente enredar os seres humanos e forçá-los a reconhecê-lo como um deus. Esta é a conspiração já em andamento nos dias de hoje.

O Último Economista Financeiro Fracassado

Voltamos à nossa pergunta inicial: como podemos saber que a Bíblia prediz um sistema monetário que não use o dinheiro em espécie? Lemos em Apocalipse 13.15-17: “Foi-lhe [à segunda besta] dado poder... Também obrigou todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, a receberem certa marca na mão direita ou na testa, para que ninguém pudesse comprar nem vender, a não ser quem tivesse a marca, que é o nome da besta ou o número do seu nome”.
Aqui verificamos que um sistema transacional global estaria funcionando. Ele se aplica a “todos” os povos da terra, não importando sua posição privilegiada, nem seu status econômico ou político. Todos estarão sujeitos a esse novo sistema. Apenas aqueles que receberam a “marca” e adoraram a primeira besta (v. 15) terão permissão para “comprar” e “vender”. Não sabemos qual será a forma da “marca”. Todavia, pode-se deduzir, com validade, que esse sistema transacional proporcionado pela “marca” deverá ser controlado centralmente. Pensando-se de maneira logística, como mais esse sistema poderia ser colocado em funcionamento mundialmente? Não é possível “comprar” e “vender” nada fora desse novo sistema. Deve ser um sistema de pagamentos impossível de ser penetrado e que não pode ser burlado pelo dinheiro em espécie – ou mesmo pelo ouro.
Não existe um mecanismo mais poderoso e possível de controle mundial dos seres humanos do que um sistema financeiro integrado sem uso do dinheiro em espécie.

Profecia por Escolha

Como foi mencionado, a profecia bíblica confirma que um sistema sem dinheiro em espécie será colocado em vigor algum dia. Embora tenha sido profetizado, também é verdade que Deus não força a humanidade a se conformar e realizar o cumprimento de suas profecias. Em outras palavras, a humanidade não desenvolverá uma sociedade sem dinheiro em espécie por obediência à Bíblia. Ao contrário, a humanidade o faz por sua livre vontade e por suas próprias razões. A profecia (com frequência) revela antecipadamente aquilo que a humanidade irá livremente “escolher” fazer no futuro. Contudo, ao mesmo tempo, embora a livre agência (escolha) humana esteja envolvida, tudo o que está profetizado na Bíblia será cumprido. É admissível que a lógica neste caso possa parecer meio enrolada.
É estarrecedor verificarmos que a humanidade irá optar por fazer escolhas não inteligentes – escolhas inexplicáveis –, que não demonstram nenhuma lógica ou bom senso. É como se a humanidade preferisse fazer mal a si mesma, agir em seu detrimento, do que ser obediente a Deus. O salmista faz uma pergunta paralela: “Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?” (Sl 2.1). “Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles” (v. 4).

Próximos Passos para tal Cenário

Essencialmente, para que Apocalipse 13.17 seja cumprido (grosseiramente simplificado), pelo menos quatro coisas precisam acontecer:
1. Deve existir um sistema financeiro globalmente integrado e fechado. Tecnologias comuns e necessárias devem estar em funcionamento. Isso significa que nem ao menos um pequeno banco na cidade de Tupelo, no Mississippi, ou na ilha de Tuvalu, será capaz de realizar qualquer tipo de transação (seja para comprar alimentos ou para vender uma casa) fora desse sistema fechado.
2. Um sistema bancário central deve ser endossado em todos os lugares e coordenado centralmente. Isso deve resultar numa filosofia monetária compartilhada em todo o mundo, que, essencialmente, exerça uma forte influência sobre o mercado e sobre o comportamento humano. Em outras palavras, o mundo inteiro deve concordar em agir de acordo com as mesmas regras e valores, desta forma obedecendo e seguindo as ações dos oficiais do setor monetário (o equivalente a suseranos do dinheiro moderno).
3. Os estatutos legais e as instituições regulatórias que supervisionam as atividades financeiras de países individuais devem ser substituídos por uma autoridade mundial centralizada para que as ações unificadas entrem em vigor e sejam impostas.
4. Finalmente, uma “economia política” global unificada que seja poderosa deve existir (ou na forma de um grupo muito pequeno de países poderosos ou na forma de um único autocrata).
Os passos 1 e 2 já estão amplamente completos. O passo 3 está em andamento. Entretanto, um desenvolvimento posterior nessa direção é difícil. Por quê? Porque países individuais devem primeiramente desistir de uma medida de soberania para que isso ocorra. Eles o farão somente com muita relutância. Contudo, como sabem muito bem os tecnocratas e os estrategistas políticos, não há nada tão eficiente como uma crise para unificar o consenso político ou para provocar mudanças. Citando Milton Friedman (conhecido economista financeiro): “Somente uma crise, real e visível, produz a verdadeira mudança”.
Em tempos de desespero, achando que não têm mais escolhas, as pessoas farão maus negócios, abrindo mão da liberdade e potencialmente sendo mantidas reféns. Um exemplo dessa tendência é apresentado no relato de Gênesis, no Antigo Testamento, a respeito dos sete anos de escassez durante o tempo de José. Em seus estágios posteriores, as pessoas ficaram tão desesperadas que disseram: “Compra-nos, e compra as nossas terras, em troca de trigo, e nós, com as nossas terras, seremos escravos do faraó” (Gn 47.19).
Não devemos achar que os acontecimentos da tribulação serão adiados se os elementos do passo 3 não estiverem completos. Como observamos durante as profundezas da recente crise financeira global, os legisladores repetidamente ignoraram as leis e quebraram as regras. Eles se sentiram justificados ao fazerem isso, dada a gravidade da crise. Uma vez que o Anticristo esteja em cena, tendo recebido a autoridade de 10 reis e o poder do dragão, ele poderá passar por cima de todas as leis e convenções.
Desta forma, os acontecimentos de Apocalipse 13 podem estar muito mais próximos do que comumente se imagina. Os acontecimentos finais da era da igreja e os acontecimentos preparatórios para a tribulação ocorrem “inesperadamente” (Lc 21.34), “de repente” (1Ts 5.3) e em cerca de “uma hora” (Ap 17.12).

Pensamentos para Reflexão

Não existe um mecanismo mais poderoso e possível de controle mundial dos seres humanos do que um sistema financeiro integrado sem uso do dinheiro em espécie. Vemos que a besta prontamente aproveita a oportunidade da inclinação da humanidade para adorar Mamom. Cristo nos admoestou que: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. Portanto eu digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?” (Mt 6.24-25).
Os controles monetários são colocados em atuação pela submissão e adoração à “força” da primeira besta (sendo esta o Anticristo, que recebe seu poder do dragão). A ameaça de perder o acesso à comida, bebida e roupas leva os adoradores de Mamom a receber a “marca”. Por outro lado, aqueles que rejeitam as súplicas da besta serão os que não se preocupam com sua própria vida, nem com o que irão se alimentar. Eles sabem que a vida é “mais importante que a comida”.
A Bíblia diz que todos aqueles que se recusarem a adorar a primeira besta (“aquele que perseverar até o fim” – Mt 24.13) serão mortos. Essa é a política de um regime tribulacional discriminatório (que dura 42 meses), que busca consolidar a obediência à primeira besta, rejeitando a Deus e ao Cordeiro e a todos aqueles cujos nomes estão no livro da vida. Não obstante, o Senhor tem a palavra final. João, o que recebeu a revelação, nos mostra o resultado final. “Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap 20.4).
Aqueles que haviam, por falta de visão, dado sua adoração ao Anticristo também encontrarão um regime discriminatório. Lemos a respeito disso: “Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: ‘Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro, e a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre. Para todos os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem recebe a marca do seu nome, não há descanso, dia e noite’” (Ap 14.9-11).