segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Natal:Tempo de Felicidade

Natal: Tempo de Felicidade

Norbert Lieth
Por que existe tão pouca felicidade verdadeira em nosso mundo? Afinal, você tem todos os motivos para ser feliz.
Era uma época de guerras. Elas causaram pobreza e enfermidades. Multidões de refugiados inundavam o país. A sangrenta Batalha de Leipzig, em outubro de 1813, trouxe consequências devastadoras para um número incontável de pessoas. No entanto, o casal alemão Johannes e Caroline Falk resolveu enfrentar a calamidade. Eles abrigaram crianças órfãs, essas que seguiam as tropas militares através do país na esperança de conseguirem algo para comer. O casal Falk havia perdido quatro de seus sete filhos, vítimas de tifo. Contudo, apesar de sua própria dor, o casal fundou um orfanato e um amplo trabalho social para jovens. A motivação de seu trabalho altruísta estava em Deus.
Ele interferiu nas suas vidas e abriu-lhes o horizonte da infinita eternidade. Eles foram dominados pelo ilimitado amor que o Deus Pai deseja conceder às pessoas por meio de seu Filho Jesus Cristo. Isso os estimulou.
No ano de 1815, Johannes Falk dedicou um cântico àquelas crianças adotadas e desabrigadas. Hoje ele talvez seja o cântico natalino mais famoso em alemão: “O du fröhliche” [Ó tu feliz (tempo de Natal)].
As palavras escritas pelo apóstolo Paulo poderiam muito bem ser aplicadas à vida e atitude de Johannes e Caroline Falk: “Entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo muitos outros; nada tendo, mas possuindo tudo” (2Coríntios 6.10). Eles superaram todas as dificuldades por meio do amor de Deus.
Por que, afinal, existe tão pouca felicidade verdadeira em nosso mundo, sendo que a maioria, olhando externamente, não parece estar vivendo tão mal? A resposta é basicamente sempre a mesma: porque há carência de um verdadeiro relacionamento com o próprio Deus. “O mundo estava perdido”, escreveu Johannes Falk em seu cântico.
Eles superaram todas as dificuldades por meio do amor de Deus.
O maior inimigo da humanidade é o pecado. Ele é a causa de toda perdição. A culpa que carregamos, o ódio, a inveja, o ressentimento, a violência e todas as demais transgressões são venenos em qualquer relacionamento. O pecado desmonta casamentos, famílias e amizades, dividindo a sociedade. Entre as nações existem guerras e discórdias – motivadas por um egoísmo incontido, por avareza, por orgulho, por todas as ações destrutivas possíveis. O pecado é semelhante a um narcótico que aprisiona e rouba a liberdade e a verdadeira felicidade.
Há tantas pessoas que sofrem por solidão; estão destruídas e desesperadas, apátridas de coração e em fuga. A Palavra de Deus observa corretamente: “Mesmo no riso o coração pode sofrer, e a alegria pode terminar em tristeza” (Provérbios 14.13).
Por isso: “Ó tu feliz, ó tu bendito tempo da graça do Natal! O mundo estava perdido; Cristo nasceu”. Jesus Cristo é a resposta para toda aflição, para o pecado e a morte, para qualquer falta de alegria e paz. Sua vinda traz a grande mudança.
Quando ele chegou ao nosso mundo, foi dito: “Não tenham medo. Estou trazendo boas-novas de grande alegria para vocês, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.10-11). Assim, essa foi a primeira festa de Natal.
Em que consiste a alegria e o contentamento que Jesus traz? A fé cristã já proclama isso há séculos:
Ele, o eterno Filho de Deus, desceu do céu e nasceu em forma humana. Nele Deus veio ao nosso encontro. Ele veio suave e bondoso – como bebê, tornando-se semelhante aos homens em tudo. Ele não veio na forma de um fantasma ou de um ser espiritual místico, mas como verdadeiro homem. Ninguém conhece melhor do que ele a atmosfera das nossas vidas. Ele escolheu uma mãe que ele próprio, sendo o eterno Filho de Deus, havia criado.
Ele veio para nos salvar – não para nos julgar e condenar, pois, se o seu objetivo fosse julgar, ele não precisaria ter assumido a forma humana. O fato é: o Diabo, o inventor do pecado, derrota as pessoas e as aprisiona. No entanto, o homem Jesus venceu o Diabo e nos concede a libertação. Deus se tornou Filho para que nós pudéssemos ser filhos de Deus. O próprio Oleiro transformou-se em barro.
O apóstolo Paulo exclama, admirado: “Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo...” (1Timóteo 3.16). Isso significa: Deus se tornou um ser humano em Jesus Cristo.
Jesus nunca teve, não tem e jamais terá pecado. Ele tomou sobre si o pecado do mundo todo e morreu voluntariamente na cruz. Por quê? Para nos livrar da morte e de sua consequência mais drástica, ou seja, da morte e da perdição, de ficar separado de Deus. Ele ressuscitou dentre os mortos porque a morte não conseguiu segurá-lo, o Inocente. Ele, o perfeito Deus homem ressurreto para a eternidade, retornou ao céu, e está à direita do Deus Pai. E num certo dia ele voltará. O reino que ele estabelecerá será a resposta para tudo o que há de devastador neste mundo. A ressurreição que ele proporciona será a resposta para a morte; a glória eterna que ele traz, a resposta para todo o sofrimento.
Alguém certa vez constatou: “O nascimento de Jesus, o choro de um bebê na manjedoura, talvez seja a mais singular declaração de amor que o mundo jamais havia ouvido. Deus se tornou homem. Esse é o profundo motivo para a nossa alegria natalina em meio a um mundo no qual muitas pessoas, mesmo na véspera do Natal, estão mais propensas a chorar. Deus está aqui! Ele veio por nós! Ele veio por você! Com o nascimento de Jesus, Deus nos faz esta promessa: ‘Eu estou com você!’. Nós nunca teríamos conseguido chegar até ele. Jesus se tornou o caminho que nos leva a Deus”.
A ressurreição que ele proporciona será a resposta para a morte; a glória eterna que ele traz, a resposta para todo o sofrimento.
Com Jesus Cristo vindo em forma humana, Deus diz: “Eu vou até vocês do jeito que o mundo é, não como vocês desejam. Eu vou até a sua situação tal como ela é, não como ela deveria ser. Eu lhe dou perdão e transformação para que você se torne aquilo que você deve ser: meu filho. Eu sou o seu Pai nas suas circunstâncias. Junto a mim você tem paz. Meu céu existe para suprir a sua falta de um lar”.
Aquilo que Deus outrora prometeu ao povo de Israel também pode valer hoje para você pessoalmente. Basta incluir o seu nome: “Cante e alegre-se, ó cidade de Sião! Porque venho fazer de você a minha habitação, declara o Senhor” (Zacarias 2.10).
O nascimento de Jesus é o maior milagre que já aconteceu, e tudo porque Deus quer que você esteja junto dele. Esse é o valor que você tem para ele. Jesus diz: “Asseguro a vocês que aquele que crê [em mim] tem a vida eterna” (João 6.47).
Sua fé em Jesus Cristo o conecta com uma Pessoa que venceu o pecado, a morte e o Diabo por você. Sua fé traz a ressurreição e a vida infinita na glória eterna. Quando você começar a crer nisso e a falar com Deus sobre isso em seu coração, então este se abrirá e Jesus nascerá em seu próprio coração. Você conseguirá se livrar da perdição. Peça isso a ele! – Você tem todos os motivos para ser feliz.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Ser Jovem Significa Enfrentar Lutas!


Ser jovem significa enfrentar lutas!

Daniel Lima
Uma característica do jovem é a energia para lutar e vencer. Na vida espiritual, algo muito semelhante acontece. O cristão que deseja continuar até a maturidade precisa vencer batalhas espirituais. Que batalhas são essas? O que é necessário para vencê-las? Quais são as consequências de não lutar ou de não vencer essas batalhas?
Você deve conhecer alguém assim... a pessoa conhece a Jesus, se emociona, faz uma oração e decide que seguir a Jesus é seu projeto de vida. Após algumas semanas de envolvimento, as primeiras batalhas aparecem. A alegria e emoção da primeira fase já se foram. Fórmulas fáceis não funcionam. Chega finalmente um momento em que ele ou ela tem de tomar uma decisão de continuar seguindo a Jesus ou tomar um desvio. Uns tomam a decisão difícil e após algum tempo atravessam aquela crise vitoriosos. Tornam-se cristãos mais maduros e continuam crescendo, tornando-se eventualmente exemplos para cristãos que também atravessam suas crises. Outros infelizmente optam por atalhos ou desistem. Podem até continuar frequentando a igreja e convivendo com os irmãos, mas perdem o “brilho nos olhos”, desenvolvem o discurso de que já fizeram o suficiente ou de que isso não é para eles. Muitos deixam o convívio com outros cristãos e, se perguntados, afirmam que são ex-evangélicos ou evangélicos não praticantes...
No último artigo, “O normal é crescer!”, tratei das evidências claras na Bíblia que apontam que a vida cristã pressupõe crescimento e não estagnação. Somos redimidos para nos tornarmos cada vez mais semelhantes ao nosso Senhor Jesus. Isso é um processo que ocorre de dentro para fora. Em Gálatas 4.19, o apóstolo Paulo afirma que ele sofre até que “Cristo seja formado em vocês”. No entanto, é nos escritos do apóstolo João que encontramos talvez a melhor descrição do crescimento esperado entre cristãos:
12Filhinhos, eu escrevo a vocês porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus. 13Pais, eu escrevo a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevo a vocês porque venceram o Maligno. 14Filhinhos, eu escrevi a vocês porque conhecem o Pai. Pais, eu escrevi a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevi a vocês, porque são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno. (1João 2.12-14)
Já tratamos das características dos “filhinhos”. Hoje, gostaria de tratar das características dos jovens espirituais. É importante observar novamente que a expressão não trata de jovens na idade cronológica, mas jovens em seu crescimento espiritual. Conheço alguns idosos cronologicamente que ainda são bebês espirituais e alguns adolescentes que exercem um cuidado sobre outros que os caracteriza como “pais espirituais”. João indica pelo menos 3 características sobre os jovens espirituais: (1) são fortes, (2) em vocês a Palavra permanece e (3) venceram o Maligno.

Jovens espirituais são fortes

O termo original apenas confirma a ideia de força, capacidade ou mesmo coragem. No entanto, é bem possível que o próprio apóstolo João tivesse em mente outra passagem que trata da questão de força e fraqueza: Romanos 14. Neste texto, em que o apóstolo Paulo discute as tensões entre aqueles que eram mais e menos exigentes quanto aos costumes, fica evidente que os mais intolerantes eram os fracos, provavelmente mais influenciados pelos rituais judaicos. Paulo exorta os mais fracos a não julgarem os mais fortes e exorta os mais fortes a não desprezarem os mais fracos.
Podemos definir o jovem cristão como aquele que tem sua fé baseada em suas próprias convicções e não meramente devido a seus pais ou líderes.
Seguindo esta linha de pensamento, podemos definir o jovem cristão como aquele que tem sua fé baseada em suas próprias convicções e não meramente devido a seus pais ou líderes. Em outras palavras, o jovem espiritual é capaz de permanecer em sua fé mesmo que seus referenciais se desviem! O autor Don Willett destaca que há pelo menos 3 alertas para os fortes: primeiramente, ser forte é ter convicção! No final do verso 5 daquele capítulo lemos: “Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente”. É muito comum ouvir cristãos com anos de experiência, mas sem convicções pessoais. Ou baseiam suas decisões nas convicções de outros ou simplesmente não têm convicções fundamentadas. Com isso, quando são desafiados com posições não cristãs, estes cristãos sucumbem, pois são incapazes de se manter “em pé” com base em seu próprio entendimento.
Em segundo lugar, o forte espiritual é alguém que reconhece que Jesus é seu Senhor. Na verdade, ele ou ela entendem que toda a sua vida tem uma relação direta com o Senhor, e por isso tomam decisões alinhadas com esta perspectiva. O verso 8 de Romanos 14 afirma: “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”.
Por fim, o terceiro alerta para o jovem espiritual é que, em última análise, todos nós prestamos contas ao Senhor. É por isso mesmo que nossa fé precisa ser pessoal e não baseada na fé de outros. Ninguém poderá chegar diante de Deus ao final da vida e afirmar que viveu de certa forma pois foi isso que aprendeu de outro... Mais uma vez o capítulo 14 de Romanos, no verso 12, dá claro testemunho desta realidade: “Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus”.
O jovem espiritual é então alguém que está desenvolvendo suas próprias convicções, compreende que tudo em sua vida está ligado ao senhorio de Cristo e sabe que no final prestará contas a Deus de suas convicções, e não das ideias ou convicções de outros. Ainda permanece a pergunta sobre como isso ocorre na vida de um cristão? Eu creio que a segunda característica vai responder essa questão.

A Palavra de Deus permanece nos jovens espirituais

Como desenvolver suas próprias convicções e firmar-se nelas para um dia prestar contas a Deus? A resposta é tão simples quanto profunda: firmando-se na Palavra de Deus. Os testemunhos bíblicos sobre a relevância da Palavra para o crescimento espiritual são múltiplos: Salmo 119, João 17.17, 2Timóteo 3.16, entre outros. Sabemos como cristãos que o caminho da maturidade espiritual passa obrigatoriamente por um aprofundamento na Palavra. No entanto, temos sido muito relapsos nesse quesito. Uma investigação rápida revela que a grande maioria dos cristãos nunca leu a Bíblia toda e uma porcentagem enorme simplesmente nunca lê e medita sobre a Bíblia individualmente. Não deve ser surpresa então que tenhamos, de modo geral, um cristianismo tão fraco e irrelevante.
Na carta aos Hebreus, o autor explica de forma bastante clara, em uma exortação, como podemos crescer em nosso discernimento usando a Palavra como base. O texto é Hebreus 5.11-14. Nos primeiros versos (11-13) o autor repreende seus leitores quanto ao fato de ainda serem crianças na fé. No verso 14 ele destaca o que marca um cristão adulto: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Versão Almeida Revista e Atualizada).
Tratando do tema de amadurecimento, o texto afirma que adultos têm suas faculdades exercitadas pela prática. Esta é uma expressão curiosa, mas de compreensão bastante direta. A palavra usada para “faculdades” trata-se de uma expressão muito usada para o órgão de percepção, sendo possível inferir daí que se trata do próprio intelecto e da capacidade de julgamento ou avaliação. Portanto, aquele cristão que se aplica a compreender a vontade do Senhor tem sua capacidade de entendimento e julgamento exercitada, fortalecida. E, portanto, é capaz de discernir o bem e o mal. Resta saber como exercitar esta capacidade.
Pelo menos duas outras passagens nos orientam nisso: Atos 17.11: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”. Repare que o que tornava os bereanos mais nobres era o fato de que comparavam o que estavam ouvindo com as Escrituras. A segunda passagem é 2Timóteo 3.16-17:
16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, 17para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
Ao descrever o propósito das Escrituras, Paulo nos indica que, ao investigar a própria Bíblia, somos ensinados, repreendidos, corrigidos e instruídos.
Espiritualmente falando, o jovem é aquele que enfrenta aquilo (ou aquele) que se opõe a Deus, pois seu alvo é tornar-se mais e mais como Jesus.
O jovem espiritual então é alguém que, além de ter suas próprias convicções, tem se exercitado em compreender e aplicar a Palavra às mais variadas situações da vida. Com isso, ele ou ela desenvolvem uma capacidade de discernimento, a fim de fazerem escolhas sábias. Em termos gerais, não é isso que se espera de jovens? Esperamos que jovens, baseando-se na verdade, aprendam a tomar decisões sábias.

Jovens espirituais vencem o Maligno

Além de terem suas próprias convicções a partir de um envolvimento com a Palavra, o apóstolo João descreve o jovem espiritual como alguém que tem vencido o Maligno. Existe um debate se este Maligno se refere a Satanás ou apenas ao mal como tudo o que é contrário ao bem. Na prática, ambas posições chegam ao mesmo ponto: um jovem, espiritualmente falando, é aquele que enfrenta aquilo (ou aquele) que se opõe a Deus, pois seu alvo é tornar-se mais e mais como Jesus.
Ao desenvolver suas próprias convicções, o cristão passa a vivê-las em seu dia a dia. Com isso, precisa tomar muitas decisões e fazer sacrifícios pessoais. No entanto, conhecemos muitos cristãos – e nós mesmo passamos por isso – que enfrentam uma tremenda luta para viver de acordo com suas convicções. O próprio apóstolo Paulo descrevia de maneira muito vívida sua luta ao afirmar: “Quando quero fazer o bem, o mal está junto de mim” (Romanos 7.21b). Essa tensão representa a essência da batalha espiritual. Ao invés de encontros estrondosos e ruidosos, com maior frequência a verdadeira batalha espiritual ocorre no coração do cristão.
É na segunda carta aos Coríntios que o apóstolo Paulo descreve esse conflito e nos ajuda a compreender de que modo o cristão pode vencer o Maligno.
3Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. 4As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. 5Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. (2Coríntios 10.3-5)
A expressão “fortaleza” refere-se aos acampamentos fortificados que os romanos usavam para controlar toda uma região. Estes postos avançados em terras inimigas permitiam aos romanos manter o controle, muito embora não estivessem em todo lugar. O Diabo nos mantém escravos da mesma forma, muito embora ele não tenha direito sobre nossa vida uma vez que nascemos de novo. Esse controle é mantido por meio de mentiras, nas quais acreditamos. Por meio delas ele nos mantém prisioneiros. Cada vez que decidimos tomar um passo por Jesus, essas mentiras entram em ação e nos paralisam ou nos levam em outra direção.
Como então combater essas fortalezas? O próprio apóstolo Paulo nos dá a resposta no verso 5: (1) destruindo argumentos, (2) destruindo toda pretensão e (3) levando todo pensamento cativo a Cristo. A palavra usada para “argumentos” no original é sofisma, que significa uma mentira tão bem elaborada que aparenta ser verdade. Não existem dois modos de combater uma mentira. O único modo é contando a verdade. Isso nos remete às palavras da oração sacerdotal de Cristo em João 17.17: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Quando o cristão identifica em sua vida uma mentira que tem poder de verdade, ele precisa confrontar esta mentira com a verdade. Por exemplo: se, em seu coração, um cristão acredita que só terá valor se for bem-sucedido profissionalmente, ele precisa confrontar esta poderosa mentira com a verdade que nosso valor está no fato de quem somos em Cristo. Se uma cristã acredita que para sobreviver tem de ser amada por todos, ela precisa passar a crer que é amada por Deus e que isso é suficiente. Assim se destrói sofismas.
A segunda postura é destruir ou confrontar a pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus. Na verdade, pretensão humana é nossa característica de viver como se soubéssemos mais do que Deus. Ele nos ensina o perdão, mas por vezes cremos que algumas coisas são melhor resolvidas com amargura. Ele nos ensina a graça, mas continuamos a buscar o merecimento. Destruímos a pretensão por meio da humildade ou do quebrantamento. Quando eu, como cristão, confronto a mim mesmo naquilo que nega ou desafia a Deus, estou no caminho de destruir a pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus.
Não existem dois modos de combater uma mentira. O único modo é contando a verdade.
Por fim, a terceira maneira de combatermos o Maligno é levando todo pensamento cativo a Cristo. Ou seja, quando meus pensamentos começam a correr em direções que eu sei que são contrárias à vontade de Deus, eu combato e venço o inimigo aos trazer novamente meus pensamentos em obediência a Cristo. Certamente esta não é uma decisão única ou um só ato. Precisamos cultivar em nossa mente o conceito de levar cada pensamento à presença de Cristo e submetê-lo à sua aprovação.

Conclusão

O jovem espiritual é então aquele que busca a Palavra como seu fundamento, desenvolve suas próprias convicções e confronta seu próprio coração ou pensamentos com a verdade de Cristo. É óbvio que este é um processo longo e às vezes cansativo. No entanto, essa etapa faz parte essencial de amadurecer em Cristo. Minha oração é que tanto você como eu estejamos praticando estes passos do jovem espiritual, pois mesmo após se tornar um pai espiritual, certas práticas devem ser cultivadas para que possamos continuar crescendo em direção à semelhança de Cristo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Quem é o seu Rei e Conselheiro?


Quem é o seu Rei e Conselheiro?

Meno Kalisher
A cada ano, no Natal, temos um culto especial e singular na igreja. Não temos nenhuma árvore de Natal no palco da igreja nem em casa. Não mantemos nenhuma tradição não bíblica. Usamos a noite na igreja para dar enfoque ao nosso Senhor Jesus (Yeshua) e para orar para que os convidados que não são crentes sejam salvos. Todos os anos ministramos sobre uma profecia diferente relativa ao nascimento de Cristo. Uma das profecias mais importantes, porém mais ignoradas, é a que está em Miqueias 4.8-9.
“‘Quanto a você, ó torre do rebanho, ó fortaleza da cidade de Sião, o antigo domínio será restaurado a você; a realeza voltará para a cidade de Jerusalém.’ Agora, por que gritar tão alto? Você não tem rei? Seu conselheiro morreu, para que a dor seja tão forte para você como a de uma mulher em trabalho de parto?”

A Respeito do Profeta Miqueias

O nome do profeta é uma forma abreviada do nome Michayahu, que significa: quem écomo tu, ó Senhor, dentre os deuses? (Êx 15.11; Mq 7.18). O nome do profeta está ligado à mensagem que ele transmite, uma vez que ele está afirmando que Deus é soberano sobre todos os homens e todas as nações. As Escrituras não apresentam o profeta usando o nome do seu pai, mas de acordo com a sua cidade. A cidade de Moresete fica localizada nas proximidades de Quiriate-Gate, da Filístia, na área de Laquis. O significado da palavra Moresete é: “o necessário”, “o desejado”.

Contexto Histórico

Miqueias, o profeta, ministrou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, ou seja, durante a segunda metade do século VIII a.C. Sua mensagem foi contra os reis de Judá e de Israel. Miqueias foi contemporâneo de Isaías. Durante o reinado de Jotão (758-743 a.C.), Judá controlava a parte sul da Transjordânia e a área de Amom (2Cr 26.8; 27.5). Mais tarde, os amonitas se revoltaram contra Judá. Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel (lembrando que as 12 tribos estavam divididas em dois reinos: Israel e Judá) fizeram uma aliança e juntos lutaram contra Judá (2Rs 15.37). Esses ataques contra Judá continuaram durante os dias do rei Acaz (741-726 a.C., ver Is 7).
O reino de Judá perdeu seu território em Edom e em Elate no Sul (2Rs 16.6; 2Cr 28.17), e os filisteus tomaram posse do território de Judá no Oeste e no Neguev (2Cr 28.18). Em 734 a.C., o reino de Judá perdeu sua independência e começou a pagar impostos para o reino da Assíria.
O rei da Assíria, Tiglate-Pileser III, tomou posse da Síria (2Rs 16.9) e, em 733 a.C., conquistou o leste da Transjordânia (1Cr 5.26) e a Galileia israelense (2Rs 15.29). O rei Acaz (726-697 a.C.) deixou para o rei Ezequias um reino de Judá pequenino e pobre, subjugado à Assíria. Durante o reinado de Ezequias, a situação econômica de Judá melhorou muito (2Rs 20.13; 2Cr 32.27-28; Is 39.2).

A Mensagem de Miqueias, o Profeta

Como outros profetas contemporâneos, Miqueias também criticou o povo rico de Judá, que abusava dos pobres e necessitados. A corrupção em todos os níveis da sociedade destruiu as células familiares, destituiu as viúvas de sua renda e de seus direitos sociais (Mq 2.2,8-9; 3.9-11). Os pobres e necessitados clamavam em alta voz, mas o único que os ouvia era Deus. A corrupção governamental era tão terrível que o profeta Isaías chamou os governantes de Judá de “governantes de Sodoma” e “povo de Gomorra” (Is 1.10).
A mensagem principal do profeta Miqueias foi: vocês quebraram as promessas da aliança que fizeram com Deus no Sinai. Portanto, vocês sofrerão os castigos escritos em Deuteronômio 28 e em Levítico 26.
O pior castigo era o exílio. O exílio destrói tudo o que uma nação conquistou. O exílio destrói as famílias e traz a nação de volta ao estágio inicial de pobreza. A profecia de Miqueias se cumpriu em Samaria no ano 722 a.C. e em Judá em três estágios: 604, 597 e finalmente em 586 a.C.
Não obstante o severo castigo aguardando Judá, o profeta Miqueias tinha certeza de que Deus mantém a esperança para o seu povo. Deus é fiel às suas promessas dadas a Abraão. Deus é fiel ao seu nome. Portanto, embora admoestando o povo de Judá quanto a uma punição vindoura, o profeta apresenta o belo futuro, quando o Messias, filho de Davi (Jesus) governará o mundo, mas também encoraja o povo a se arrepender e a restaurar seu relacionamento com Deus. Judá e Israel devem confiar no Senhor e ter fé nele, e não deveriam colocar sua confiança em reis que adoram ídolos estrangeiros.
Depois de avisar o povo de Israel sobre o severo e imediato castigo, o profeta Miqueias volta os olhos para o futuro – os últimos dias. Ele descreve o bendito período em que Cristo regerá o mundo a partir de Jerusalém. Sim, no futuro próximo, Jerusalém e o templo serão destruídos, mas nada nem ninguém são capazes de destruir o plano de Deus para o mundo e para seu povo escolhido – o povo de Israel (Jr 31).
Miqueias 4.1-7 apresenta a descrição do mundo sob o reinado do Messias. Descreve a situação e o relacionamento do remanescente de Israel e do remanescente das nações do Deus Messias no futuro. A passagem 4.1-7 é paralela à Isaías 2.1-4; 4.2-6; 11.1-16; 12.1-6; Zacarias 14.16-21; Apocalipse 20.1-6 e outras.
Quando o Messias Yeshua voltar à terra, com a igreja que foi arrebatada, no final da grande tribulação, ele destruirá todos os reis e exércitos que lhe forem contrários (Ap 19.11-21; Is 63.1-6; Sl 2). O período da tribulação refinará espiritualmente a população mundial, inclusive o povo de Israel. Zacarias 13.8-9 diz que dois terços da nação morrerão e que a terça parte que sobreviverá será salva e aceitará Jesus como Senhor e Salvador (ver Zc 12.10). Esses são os remanescentes de Israel e todos serão salvos (Rm 11.26). Então, e somente então, Israel cumprirá seu chamado inicial dado em Êxodo 19: vocês serão reino de sacerdotes!
Durante os 1.000 anos do reinado terreno de Cristo, todas as nações subirão a Jerusalém para ouvir a Palavra de Deus diretamente da boca de Cristo, o Rei do mundo. O mundo desfrutará de genuína paz porque o pecado será restrito (Is 11; 65-66; Ap 20). Todos os judeus habitarão na terra prometida (Ez 36–37; 47–48).
Nos versículos 8-9 do capítulo 4 de Miqueias, o profeta retorna ao tempo presente. Ao lermos nas entrelinhas, podemos ouvir o profeta dizer:
Se tais são as futuras bênçãos que virão sobre aqueles que confiam no Senhor e andam na sua luz, por que tu, Israel, não aspiras a tal fé e confiança nele hoje? Por que não estás almejando por um relacionamento assim bendito hoje? Por acaso Deus mudou? Será que ele não é capaz de defender você hoje?
Nesse ponto, o profeta Miqueias encoraja o povo a retornar ao Senhor em fé e confiança, e não colocar sua confiança em homens. Lemos em Miqueias 4.8-9:
“Quanto a você, ó torre do rebanho, ó fortaleza da cidade de Sião, o antigo domínio será restaurado a você; a realeza voltará para a cidade de Jerusalém. Agora, por que gritar tão alto? Você não tem rei? Seu conselheiro morreu, para que a dor seja tão forte para você como a de uma mulher em trabalho de parto?”
Lembremo-nos que o povo de Judá está se afastando das promessas da aliança feita no Sinai. Eles estão se arriscando a trazer contra eles mesmos terríveis punições. O remédio é simples e está perto, entre eles. Judá e Israel, não tenham medo dos reinos estrangeiros nem dos poderosos exércitos. Seu protetor vem de Migdal-Éder.
O profeta personifica uma localidade geográfica pelo nome: Migdal-Éder (torre do rebanho). Migdal-Éder está localizada logo do lado de fora de Belém-Efrata. É mencionada em Gênesis 35.21. Fica, de fato, nos campos dos pastores. É a torre para os guardas observarem animais selvagens e pessoas más, que podem colocar o rebanho em risco. Os campos dos pastores em Migdal-Éder eram os lugares onde as ovelhas eram criadas para se tornarem sacrifícios no templo (Lc 2). O profeta Miqueias personifica Migdal-Éder como a fortaleza e a defesa para Israel.
O que há de tão único em Migdal-Éder, que está localizada nos campos de Belém?
O Santo de Israel, o Messias Jesus, nasceu exatamente ali. O redentor de Israel, o Maravilhoso Conselheiro, o Deus Forte, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz está entre vocês! (Is 9.6-7). O defensor de Israel nasceu nos campos dos pastores de Belém-Efrata.
Não obstante o severo castigo aguardando Judá, o profeta Miqueias tinha certeza de que Deus mantém a esperança para o seu povo. Deus é fiel às suas promessas dadas a Abraão.
O profeta continua a falar e diz de Migdal-Éder: “... ó fortaleza da cidade de Sião”.
Fortaleza é um sinônimo de lugar de segurança e força – abrigo, cidadela etc. (Is 32.14; Ne 3.26; 11.21; 2Cr 27.3; 33.14). Cidade de Sião é sinônimo para Jerusalém (Is 1.8; 16.1; Jr 48.18). Em palavras simples, o profeta está dizendo: Jerusalém (Judá), sua segurança e vida vêm vindo de Migdal-Éder. O defensor de Judá virá dos campos dos pastores de Belém-Efrata.
Miqueias continua no versículo 8, dizendo: “... o antigo domínio será restaurado a você; a realeza voltará para a cidade de Jerusalém”.
O que é o antigo domínio?
A maioria dos estudiosos concorda que o antigo ou primeiro domínio está relacionado ao reinado de Davi. Em outras palavras, Deus promete restaurar o reinado da casa de Davi (2Cr 13.8-13), e esse reinado começará em Migdal-Éder. Uma prova de tal conclusão nos é apresentada em Miqueias 5.2: “Mas tu, Belém-Efrata, embora pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos”.
A única pessoa que se encaixa em todas as profecias messiânicas, e que nasceu em Belém-Efrata, é o Senhor Jesus (Yeshua). (Ver também Lc 2.1-21; Mt 1.18-25.)
A força de Jerusalém vem da fé e da confiança em Jesus (Yeshua) como seu Senhor redentor.
Como essas palavras estavam relacionadas ao povo de Judá nos tempos de Miqueias?
O povo de Judá está horrorizado pelo levante de potências estrangeiras. Devido à falta de fé em Deus, eles estão tentando encontrar segurança e paz nos lugares errados. Colocam sua fé nos reis que adoram ídolos gentios em vez de confiarem em Deus. O resultado é terrível. Essa é a razão para o versículo 9: “Agora, por que gritar tão alto? Você não tem rei? Seu conselheiro morreu, para que a dor seja tão forte para você como a de uma mulher em trabalho de parto?”.
As tristes consequências de terem abandonado a Palavra de Deus aparecem nos rostos do povo de Judá. O medo os paralisou.
O profeta está perguntando: uma vez que o Rei do mundo está vindo de vocês, por que estão gritando de medo? Por que estão se parecendo com uma mulher com dores de parto? Vocês não têm um rei? Seu rei não tem bons conselheiros? (Jeremias usa uma expressão semelhante no capítulo 8.19 de seu livro.)
Havia um rei em Judá, mas esse rei iníquo não trazia paz nem segurança para o povo. Ele tinha conselheiros, mas eles falavam para o rei o que este queria ouvir e não a verdade da Palavra de Deus. Como este rei se afastou da fé, ele trouxe maldições sobre os habitantes de Judá. O único rei que irá vencer todas as ameaças e trazer paz eterna virá de Migdal-Éder.
Com um pouco de sarcasmo e crítica, o profeta Miqueias oferece um rei melhor e um conselheiro melhor. Tanto rei como conselheiro encontram o cumprimento em Jesus Cristo, o Rei de Israel e do mundo.
A resposta de Miqueias ao povo é muito clara. O temor paralisante veio sobre o povo de Judá porque eles se afastaram de Deus e rejeitaram sua verdade, que está em sua Palavra. Se você tivesse Deus em seu coração, todas as guerras e dificuldades não o tocariam nem lhe fariam mal algum. Sua paz e segurança se encontram no seu Rei Yeshua, que virá dos campos dos pastores de Belém-Efrata (Migdal-Éder).
Neste Natal, quem é o seu rei e conselheiro? Você reconheceu aquele que veio de Migdal-Éder, de Belém-Efrata?
Coloque sua confiança no único que é o Redentor de todo

domingo, 2 de dezembro de 2018

10 Coisas que Você deve Saber sobre os Dez Mandamentos



10 Coisas que Você deve Saber sobre os Dez Mandamentos

Êxodo 20:1–2 introduz uma das seções mais famosas da Bíblia – na verdade, uma das mais importantes peças de literatura religiosa do mundo inteiro, os Dez Mandamentos. Estranhamente, eles nunca são chamados de os Dez Mandamentos.
A expressão hebraica, que ocorre três vezes no Antigo Testamento (Êxodo 34:28; Deuteronômio 4:13; 10:4), significa, literalmente, “dez palavras”. É por isso que Êxodo 20 é muitas vezes referido como o Decálogo. Deka é a palavra grega para “dez”, e logos significa “palavra”. Estas são as Dez Palavras que Deus conferiu aos israelitas no Monte Sinai e também as Dez Palavras que Deus quer que todos nós sigamos.
  1. Eles nos mostram quem Deus é.
A lei é uma expressão do coração e do caráter do Legislador. Devemos pensar sobre isso antes de dizermos: “Não me importo com as leis”, ou antes de nos arrepiarmos com a ideia de “fazer” e “não” fazer. Os mandamentos não apenas nos mostram o que Deus quer; eles nos mostram como Deus é. Eles dizem algo sobre sua honra, seu valor e sua majestade. Eles nos dizem o que importa para Deus. Não podemos desprezar a lei sem desrespeitar o legislador.
  1. Eles nos afastam do mundo.
Como cristãos, somos um reino de sacerdotes e uma nação santa (1 Pedro 2:9). Precisamos estar preparados para ficarmos sozinhos, para parecermos diferentes e termos regras que o mundo não entende. Claro, nem sempre somos as pessoas santas que deveríamos ser, mas é o que Ele nos chamou para ser. É quem somos. Somos o povo de Deus, separados para viver de acordo com os caminhos de Deus.
  1. Eles não tiram nossa liberdade, mas a endossam.
Muitas vezes, pensamos que os Dez Mandamentos nos restringem, como se os caminhos de Deus nos mantivessem em escravidão e impedissem a realização de nossos sonhos e de alcançar nosso potencial. Esquecemos que ter Deus significa ter vida abundante (João 10:10) e a verdadeira liberdade (João 8:32). 1 João 5:3 nos diz que suas leis não são onerosas.
Deus não está tentando nos esmagar com burocracias e regulamentos. Os dez mandamentos não são barras de prisão, mas leis de trânsito. Talvez existam alguns anarquistas por aí que pensam: “O mundo seria um lugar melhor sem nenhuma lei de trânsito”. E alguns de nós dirigimos como se fosse assim. No entanto, mesmo que você fique impaciente quando estiver em um sinal vermelho, tente aumentar o zoom e vire à esquerda em um tom rosa muito forte. No geral, você não está feliz com a aparência de lei e ordem? As pessoas param e vão. As pessoas diminuem a velocidade ao dirigir pelas escolas. Elas param para os ônibus escolares. Você não seria capaz de dirigir seu carro até o supermercado sem leis. Quando você passa por um retorno em um desfiladeiro de montanha, você amaldiçoa os trilhos de guarda que o impedem de mergulhar para uma morte prematura? Não, alguém os coloca lá com grande despesa, e para nosso bem, para que possamos viajar livremente e com segurança.
Os dez mandamentos não são instruções para sair do Egito; eles são regras para pessoas livres permanecerem livres.
  1. Eles não foram estabelecidos para merecermos a salvação.
Algumas pessoas veem o Cristianismo como: Deus tem regras, e se eu segui-las, Deus vai me amar e me salvar. Não foi o que aconteceu na história de Êxodo. Os israelitas eram um povo oprimido, e Deus disse: “Eu ouço seu clamor. Eu vou te salvar porque eu te amo. E, quando você for salvo, livre e perdoado, vou lhe dar uma nova forma de viver.
A salvação não é a recompensa pela obediência; a salvação é a razão da obediência. Jesus não diz: “Se obedecerem aos meus mandamentos, eu os amarei”. Antes, ele lava os pés dos discípulos e diz: “Se vocês me amam, guardarão os meus mandamentos” (João 14:15). Todo o nosso trabalho é apenas por causa do que ele fez definitivamente por nós.
  1. Eles são mais confiáveis ​​do que nossa intuição ou código cultural.
Vivemos em uma era paradoxal onde muitos afirmam: “Certo e errado é o que você decide por si mesmo”, e ainda assim essas mesmas pessoas irão repreender os outros por violar qualquer número de códigos morais. Como cultura, podemos ser relativamente livres e liberais quando se trata de sexo, mas devemos ser absolutamente fundamentalistas quando se trata das reivindicações morais da revolução sexual. Os velhos palavrões não podem mais nos escandalizar, mas agora há outras palavras – ofensas e/ou insultos – que rapidamente excluem alguém de sua educação. Nós ainda somos uma sociedade com um código moral.
Mas a Bíblia diz que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Provérbios 9:10). A maneira de encontrar instrução moral não é ouvindo seu instinto, mas ouvindo a Deus. Se queremos diferenciar o certo do errado, se queremos saber como viver a boa vida, se queremos saber como viver de modo que abençoamos nossos amigos e vizinhos, seríamos sábios em fazer as coisas do jeito de Deus, o que significa prestar muita atenção aos Dez Mandamentos.
  1. A instrução mais importante da igreja foi baseada neles.
Historicamente, a igreja colocou os Dez Mandamentos no centro de seu ministério de ensino, especialmente para crianças e novos crentes. Durante séculos, a instrução catequética baseou-se em três coisas: o Credo dos Apóstolos, a oração do Pai Nosso e os Dez Mandamentos.
Em outras palavras, quando as pessoas perguntavam: “Como fazemos discipulado? Como ensinamos nossos filhos sobre a Bíblia? O que os cristãos novos precisam saber sobre o Cristianismo?”, as respostas sempre incluíam uma ênfase nos Dez Mandamentos.
  1. Eles são críticos para nossa compreensão do restante da lei do Antigo Testamento.
Embora seja verdade que a Bíblia não diz para imprimir os Dez Mandamentos em negrito, não devemos subestimar seu papel especial no antigo Israel. Eles vieram de Deus enquanto Ele falava cara a cara com as pessoas (Deuteronômio 5:1-5), e eles vieram do Monte Sinai em meio a fogo, nuvem, escuridão e voz alta (Deuteronômio 5:22– 27). Êxodo 20 marca um ponto alto literal e espiritual na vida de Israel. Não é de se admirar que as tábuas da lei, junto com o maná e a vara de Arão, tenham sido colocadas dentro da arca da aliança (Hebreus 9:4). Existem muitas outras leis no Antigo Testamento. Mas essas dez primeiras são fundamentais para o resto. Os dez mandamentos são como a constituição de Israel, e o que segue são os estatutos reguladores.
  1. Eles são a base para a ética do Novo Testamento.
Pense em Marcos 10:17, por exemplo. É aqui que o jovem rico vem a Jesus e pergunta: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus diz a ele: “Você conhece os mandamentos”. Assim ele lista a segunda tabela da lei, os mandamentos que se relacionam ao nosso próximo: “Não mate, não adultere, não roube, não dê falso testemunho, não defraude, honre seu pai e sua mãe” (v. 19).
Jesus não está traçando um caminho para ganhar a vida eterna. Sabemos, pelo resto da história, que Jesus está preparando o jovem para uma queda, porque o único mandamento que ele obviamente não obedeceu é aquele mandamento que Jesus pula – não cobice (v. 20-22). Contudo, é digno de nota que, quando Jesus tem que dar um resumo conveniente de nossos deveres com o próximo, ele vai direto para os Dez Mandamentos.
  1. Eles ainda são relevantes para os cristãos nos dias de hoje.
Podemos guardar todos os mandamentos perfeitamente? Não. Eles servem para nos mostrar o nosso pecado e nos levam à cruz? Indubitavelmente. Porém, os mandamentos também nos mostram o caminho para viver, o caminho para amar o próximo e o caminho para amar a Deus de todo o coração e alma.
Ainda precisamos das Dez Palavras proferidas no Sinai. Elas foram mudadas em alguns aspectos pela vinda de Cristo? Sim, transformadas, mas não destruídas. Não podemos observar os Dez Mandamentos corretamente a menos que os mantenhamos em Cristo, por meio de Cristo e tendo em vista a grandeza suprema de Cristo. Como novas criações em Cristo, a lei não é apenas nosso dever, mas também nosso deleite. Se queremos amar a Cristo como Ele merece e como Ele deseja, guardaremos seus mandamentos (João 14:15).

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

O Normal é Crescer


O normal é crescer!

Daniel Lima
Se o projeto de Deus é nossa transformação à imagem de Cristo, por que tantos cristãos ficam estagnados em seu crescimento? Quais são os passos do crescimento cristão?
Após um início de juventude buscando paz em muitos lugares, esta jovem finalmente se encontrou com Cristo. Seus primeiros meses de caminhada com ele foram de puro entusiasmo. Ela se envolvia em quase qualquer atividade na igreja. Lia muito, buscava ativamente orientações de sua discipuladora e falava constantemente de Jesus. Esse ímpeto ficou evidente e seu compromisso com Jesus era demonstrado em decisões acertadas mesmo diante de situações muito difíceis. Em dado momento, ela começou a exercer liderança em um ministério evangelístico. No entanto, ao tentar recrutar a ajuda de um membro da igreja com muitos anos de caminhada e na terceira geração de cristãos da família, ela ouviu, juntamente com uma recusa, o seguinte: “Não se preocupe, agora você está entusiasmada, mas dentro de algum tempo você estará como todos nós...”.
George Barna, conhecido pesquisador norte-americano, afirma que um cristão norte-americano para de crescer em sua vida espiritual em média após 7 anos. Muito embora esta seja um fato de difícil avaliação, a realidade é que tanto no exemplo da jovem acima, que continuou em seu crescimento, como diante do dado apresentado acima, qualquer observador cuidadoso vai concordar que grande parte dos cristãos não continua crescendo em sua vida cristã de forma perceptível.
É verdade que crescimento na fé é um tema no mínimo delicado. Muitas tentativas de medir crescimento realmente se tornaram meras listas comportamentais, promovendo mais o legalismo do que um incentivo a um crescimento saudável. Diante disso, será legítimo esperar crescimento de cristãos? Esse deveria ser um alvo para todos os cristãos, ou será que crescimento é apenas para os cristãos excepcionais? E, caso a expectativa de crescimento seja algo legítimo e desejável, de que modo a Bíblia nos instrui a esse respeito?
Paulo trata do tema com bastante clareza ao afirmar: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.29). Ao tratar novamente do tema da nova aliança, Paulo afirma ainda: “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2Coríntios 3.18). Pelo menos duas realidades são muito evidentes: (1) uma vez salvos, o propósito de Deus para nós é um processo de transformação à semelhança de Cristo; e (2) este processo é contínuo durante toda a vida do cristão nesta terra.
Se o propósito de Deus é nosso crescimento rumo à imagem de Cristo, por que tantos “param de crescer”? O que nos faz estacionar? Como me avaliar e saber se estou crescendo ou estagnado? Existe um padrão de crescimento pelo qual devo ou posso acompanhar meu desenvolvimento espiritual? É legítimo pensar em algo assim?
É na primeira carta do apóstolo João que encontramos um trecho que pode nos servir de orientação para o crescimento. Em 1João 2.12-14 lemos:
Filhinhos, eu escrevo a vocês porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus. Pais, eu escrevo a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevo a vocês porque venceram o Maligno. Filhinhos, eu escrevi a vocês porque conhecem o Pai. Pais, eu escrevi a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevi a vocês, porque são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece, e vocês venceram o Maligno.
Há uma unanimidade entre estudiosos que essa lista não se refere a idades cronológicas, mas sim a etapas ou estágios de crescimento. Neste artigo, quero tratar com mais cuidado do primeiro estágio, dos filhinhos. No próximo trataremos dos jovens e pais.
Para os filhinhos, aqueles que estão começando sua caminhada cristã, João tem 3 recomendações: (1) seus pecados foram perdoados; (2) conhecem o Pai; e (3) vocês fazem parte de uma família.

Seus pecados foram perdoados...

Essa parece uma verdade muito simples para aqueles que caminham com Cristo e talvez tenham crescido em famílias cristãs, mas, na verdade, é uma afirmação complexa e que embasa o próprio evangelho. Em primeiro lugar, temos o fato do pecado. O ser humano sempre procurou se afastar da questão do pecado. Ao mesmo tempo, praticamente toda cultura tem rituais ou mecanismos de “pagar pelo pecado”. Pecado significa não atender a determinado padrão ou referência. Isso pressupõe que exista uma referência externa ao homem, um padrão ou critério contra o qual o homem se mede e determina que não atingiu o esperado.
Nossa relação com Deus depende de assumirmos que um padrão absoluto existe e que eu não atinjo esse padrão.
Contra esta noção de que há um padrão absoluto já se ergueram muitos pensadores e filósofos. Desde a clássica frase de Protágoras – “O homem é a medida de todas as coisas...” – até o conceito de verdade fluída contemporânea, o homem tem lutado pela afirmação de que não há uma verdade absoluta, especialmente no campo da moral. No entanto, toda sociedade, quando levada ao extremo do relativismo, volta a afirmar que, na prática, há um padrão externo absoluto. O dilema é que, para afirmar que meus pecados foram perdoados, eu primeiro preciso reconhecer que tenho pecados e para isso preciso admitir que há um padrão ou princípios diante dos quais eu não atingi ou me submeti.
Esse é um passo fundamental para que alguém seja cristão, pois nossa relação com Deus depende de assumirmos que um padrão absoluto existe e que eu não atinjo esse padrão. Uma atitude assim deveria levar todo cristão ao quebrantamento como estilo de vida. Isso destoa enormemente da postura tantas vezes arrogante de cristãos que se apresentam como tendo “tudo resolvido” em suas vidas. O efeito de uma postura de quebrantamento contrasta tanto com a hipocrisia dos religiosos como com a arrogância do homem moderno, que afirma não ter pecado.
O primeiro passo não é meramente admitir pecados, mas afirmar que seus pecados foram perdoados. Essa frase introduz um conceito novamente radical: o perdão. O conceito de pecado ao longo da história da humanidade, definido de muitas formas diferentes, não é raro ou estranho, embora sempre resistido. O conceito de perdão, por sua vez, é algo inexistente fora da fé judaico-cristã. Diante dos deuses gregos o homem poderia reconhecer seu pecado e tentar de alguma forma pagar por eles, assumir suas consequências ou ser punido pelos deuses. Caso não houvesse punição, não era devido ao perdão por parte da divindade, mas era por esta ter ignorado a falta ou não ter percebido ela.
O conceito de perdão inclui necessariamente o conceito de relacionamento, mais uma ideia extremamente rara nas muitas expressões teológicas pagãs. Na teologia pagã nórdica, por exemplo, os deuses não querem um relacionamento com as pessoas, eles querem ser honrados e servidos ou então querem se divertir com os humanos, mas não um relacionamento. Perdão, por outro lado, significa uma possibilidade de retomar um relacionamento. No perdão, o ofendido abandona seu direito de revidar a ofensa e abre a possibilidade de retomar o relacionamento. Por isso a conhecida frase: “Eu te perdoo, mas não quero mais te ver...” soa tão falsa. Enquanto não houver uma abertura para o voltar a relacionar-se, não houve perdão, houve ruptura.
Em contrapartida, uma vez compreendido a verdade de que nossos pecados existem e são ofensas contra um Deus perfeito e amoroso, mas podem ser perdoados, podemos viver em completa liberdade. Ao invés da tendência humana de diminuir, esconder ou relativizar pecados, posso livremente admiti-los, pois estes foram perdoados; não apenas ocultos, mas plenamente reconhecidos e perdoados. Essa experiência elimina por um lado a hipocrisia de ocultar pecados como também o desespero e a vergonha de ter de viver com eles.

Conhecem o Pai...

A segunda expressão é mais um conceito fundamentalmente judaico-cristão. O conceito de Deus como Pai, e não apenas Criador, não é apenas desconhecido como também revolucionário. Na maciça maioria das expressões culturais, deus é visto como distante e perigoso. Nas culturas em que se concebia paternidade divina, esta era reservada a reis e sacerdotes. O conceito de ser aceito e adotado pelo Deus do universo ultrapassa em muito a compreensão humana comum.
O texto bíblico que talvez melhor represente esse conceito de paternidade é a famosa parábola do filho perdido, ou filho pródigo (Lucas 15). No caso, um homem tinha dois filhos. Um se rebela e, tomando sua herança, se distancia e gasta tudo. Em sua situação de miséria, ele se dá conta de que estaria muito melhor como servo do pai do que na presente realidade. Ao retornar, na esperança de ser admitido como servo, ele é abraçado e colocado mais uma vez na condição de filho. Ao perceber isso, o filho mais velho se revolta e expressa em suas palavras como também não se percebia como filho: “... todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço...” (Lucas 15.29). Este filho se via e vivia como escravo, ainda que na casa do pai.
O conceito de ser aceito e adotado pelo Deus do universo ultrapassa em muito a compreensão humana comum.
Com frequência vemos cristãos que vivem em um destes dois desvios: ou se rebelam e rompem com os padrões do Pai ou se comportam como escravos debaixo de um senhor cruel e exigente. Os primeiros vivem de modo desregrado, sofrendo e causando dores a todos ao seu redor e a Deus. Os segundos vivem de modo sofrido, sem usufruir da relação que têm com o Pai. É somente quando aprendemos a ver Deus como Pai é que podemos viver a vida cristã com liberdade, leveza e prazer.

Vocês fazem parte de uma família

Embora esse conceito não esteja expresso diretamente, ninguém pode negar que as palavras usadas e o contexto apontam para uma nova realidade relacional. O cristão é agora membro da família de Deus (Efésios 2.19). Não só o apóstolo João usa termos familiares (filhinhos, jovens e pais), mas a ênfase no relacionamento com o Pai destaca essa imagem de família. Esse conceito é de novo radicalmente diferente da maioria das religiões pagãs e infelizmente não tão divulgado e compreendido na própria cristandade. Nossas igrejas com frequência se parecem mais com instituições do que com famílias. Existe mais uma sensação de controle do que de pertencimento.
Por isso, talvez, existam tantos hoje no Brasil que se apresentam como ex-evangélicos, ou evangélicos não praticantes. São pessoas que talvez ainda mantenham uma fé cristã, talvez ainda afirmem serem perdoados e que Deus é seu Pai, mas não se conectam com um grupo local de cristãos. Muitos destes foram feridos, outros tantos se recusam a prestar contas, mas o resultado final é que são cristãos (quando o são) que deixam de crescer em sua jornada de fé. Ao se desvincularem com um grupo comprometido, esses cristãos se tornam estagnados em seu crescimento e, com muita probabilidade, reverterão a costumes não cristãos.

Conclusão

Nesta primeira etapa da caminhada cristã, os 3 passos são: primeiro, compreender e tomar posse do perdão de seus pecados. Segundo, compreender e experimentar a realidade de ser filho de Deus; entrar em um relacionamento seguro de filho amado do Pai. Terceiro, assumir que, uma vez cristão, eu faço parte de uma família e é essencial para meu crescimento que eu participe ativamente dela.
Minha oração é que cada cristão faça uma revisão desses passos. Com frequência encontro cristão com anos de caminhada, mas que ainda não aprenderam esses primeiros passos. O resultado nesses casos é a eventual estagnação. Oro para que tanto você como eu possamos aprender as verdades fundamentais dessa etapa, para podermos avançar em tudo aquilo que Deus tem para nós.