quinta-feira, 27 de julho de 2017

As 5 Coroas - Meno Kalisher (tradução consecutiva)

Tribunal de Cristo


O Tribunal de Cristo

Thomas Lieth
Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10).
Os destinatários da Segunda Carta aos Coríntios eram filhos de Deus, pessoas renascidas que um dia estarão com o Senhor. Apesar disso, 2 Coríntios fala de um tribunal e de um julgamento que ainda virá. Está escrito que “todos nós”compareceremos diante do tribunal de Cristo. O apóstolo Paulo inclui a si mesmo ao usar o plural, nós. À primeira vista, essa passagem parece estar em contradição com João 5.24, que diz: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. Mas essas passagens serão contraditórias apenas se não levarmos em consideração que haverá diversos julgamentos futuros. Em sua carta aos coríntios, Paulo está mencionando um julgamento bem diferente daquele a que Jesus se refere no Evangelho de João. Nós cristãos também teremos de prestar contas diante de um tribunal. Mas neste estará em julgamento apenas nosso galardão e não a sentença por nossos pecados. Nossa culpa foi expiada pelo sangue do Senhor Jesus, que Ele derramou na cruz do Calvário, onde pagou por toda a nossa culpa de uma vez por todas! “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados... Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades para sempre” (Hb 10.14,17). Em Colossenses 2.13-15, a Bíblia fala que o Senhor rasgou o escrito de dívida que era contra nós e que Ele triunfou sobre o pecado e a morte. Existem passagens que dizem que somos participantes dessa vitória de Cristo, por exemplo 2 Coríntios 2.14: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo...” Que triunfo seria esse se um cristão acabasse perdendo sua salvação outra vez? Que vitória seria essa se o Deus Todo-Poderoso, que não poupou Seu próprio Filho, permitisse que Satanás lhe arrancasse novamente Seus filhos salvos e eleitos? Isso não seria triunfo! Mas nós somos vencedores por meio dEle, já e desde agora: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57).
Nossa culpa foi expiada definitivamente e nosso pecado está esquecido. O escrito de dívida foi rasgado, não apenas colocado de lado para uma cobrança futura. Isso é perdão pleno e completo! Não há mais nada que acuse os filhos de Deus. É por essa razão que não entraremos mais em juízo. “Quem nele crê não é julgado...” (Jo 3.18).

O Tribunal de Cristo julga o quê?

Como podemos imaginar o Tribunal de Cristo? Obviamente qualquer tentativa de comparação é deficiente, mas eu gostaria de traçar alguns paralelos com a premiação do Oscar. Todos os convidados não vêm ao evento para serem insultados ou zombados; são personalidades escolhidas e privilegiadas participando dessa grande festa. Muitos deles são homenageados, recebem um Oscar, um buquê de flores, um beijinho no rosto ou alguma outra distinção. Mas nem todos recebem o prêmio máximo, que é a estatueta do Oscar. Obviamente haverá os frustrados por terem sido preteridos enquanto outros recebem as honrarias. Mas apesar das decepções, todo mundo fica feliz por estar ali, participando. É algo bonito, mesmo que os níveis de alegria e satisfação não sejam iguais para todos.
Segunda Coríntios 5.10 diz: “importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. Portanto, nossas obras estarão em julgamento, ou seja, o que fizemos ou deixamos de fazer com os dons e talentos que nos foram confiados – depois de salvos. Que fruto produzimos, que semente plantamos? Essas coisas serão reveladas no Tribunal de Cristo e condicionarão o que receberemos como recompensa. Um cristão deve produzir fruto e não contentar-se apenas com sua própria salvação. Deve servir com boas obras para alegrar seu Senhor. Essa é nossa tarefa: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

Mas, o que são boas obras?

São aqueles atos e palavras que contribuem para a glorificação do nome de Deus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16). Entendemos bem? Cada palavra e cada ato que contribui para que o nome do Senhor seja glorificado é uma boa obra.
O malfeitor na cruz não tinha nenhuma oportunidade de fazer o bem, apenas sua confissão: “Nós, na verdade, com justiça, ...recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” (Lc 23.41). Essa foi uma boa obra, porque glorificou o nome de Jesus. Por exemplo, se eu prego a Palavra e depois do culto a igreja fica falando que eu sou o máximo como pregador, então minha mensagem certamente não foi uma boa obra, já que evidentemente desviei a atenção dos ouvintes do que é essencial, que é o Senhor, e a dirigi à minha própria pessoa. Mas se os ouvintes chegam à conclusão: “Como é grande o nosso Deus! Que salvador maravilhoso nós temos! Louvado seja o nome do Senhor!”, então essa minha mensagem foi uma boa obra. Ela honrou o Senhor e contribuiu para Sua glória.

Qual seu alvo ao fazer boas obras?

Pergunto: No que você faz ou deixa de fazer, sua motivação é agradar aos outros, agradar a si mesmo ou agradar ao Senhor e exaltar o Seu maravilhoso Nome? Cada um de nós tem a responsabilidade de usar para a glorificação de nosso grande e Todo-Poderoso Deus todos os dons que recebeu. O que realmente importa não é o quanto alguém faz mas a motivação de seu coração e a consagração e fidelidade em tudo o que realiza.
Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1 Co 4.2). Deus não espera de nós atos grandiosos e heróicos. Ele espera nossa fidelidade genuína – nada mais e nada menos. Uma coisa é bem certa: o Senhor conhece nosso coração. Não conseguimos enganá-lO de forma alguma. Como é fácil ficar dizendo: “Tudo para o Senhor! Tudo para a glória de Deus!”, enquanto nosso coração fala uma linguagem bem diferente!

No Tribunal de Cristo

Não será nossa arte dramática e nossa capacidade de representar e fingir que estará sendo avaliada quando estivermos diante do Tribunal de Cristo, mas a verdadeira disposição de nosso coração. Tudo o que um cristão possui na vida é dom de Deus. E quanto mais recebemos, mais teremos de prestar contas quando estivermos diante de Cristo. O parâmetro não é termos tido muitos admiradores para nossos dons ou sua apreciação e seu louvor para o que fizemos em vida, mas se fizemos o uso correto e adequado, de coração sincero, de tudo aquilo que o Senhor nos concedeu.
Entre os cristãos existem muitas capacidades enterradas porque ficamos preguiçosos demais e perdemos a coragem de servir.
Você tem o dom de falar? Então não fique falando superficialidades, mas proclame o Senhor ressuscitado! Você tem o dom de escrever? Então não escreva extensos tratados de filosofia – que tão pouco proveito trazem, mas escreva de seu Senhor! Você tem o dom de contribuir? Então não jogue fora seu dinheiro em caça-níqueis ou jogos de azar mas use-o para Deus! Você tem o dom de servir? Então não sirva organizações seculares – “deixe os mortos sepultar seus mortos” –, sirva ao Senhor. Você tem mãos habilidosas? Então não construa uma casa sobre a areia mas na rocha, que é Jesus! Não há igreja ou obra missionária que não seja grata por ajuda, seja da forma que for. Entre os cristãos existem muitas capacidades enterradas porque ficamos preguiçosos demais e perdemos a coragem de servir. Muitos cristãos vivem sonolentos, desperdiçando seus dons, sem usar tudo aquilo que receberam do Senhor e que poderia contribuir tanto para a honra dEle. Assim, muitas igrejas vivem no marasmo. Vamos imaginar cada filho de Deus usando plenamente todos os seus dons e talentos na obra do Senhor. Que força concentrada isso representaria na terra! Ao invés disso, muitas igrejas ficam atacando as outras. Vemos apenas as coisas que nos separam e gastamos muito tempo em batalhas na trincheira, enquanto o inimigo está lá fora. Sempre deveríamos colocar o Senhor Jesus no centro de nossos esforços conjugados. Aí nossa luta não será em vão.

Obras com fundamento

Em 1 Coríntios 3.11-15 está escrito: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.
devemos ter em mente que poderá ser vergonhoso quando for revelado como desonramos o Senhor enquanto vivemos.
O fundamento dos crentes é Jesus Cristo. Esse fundamento está assentado sobre a graça de Deus. É um presente. Vamos fazer a comparação com uma casa. O fundamento está posto e é o mesmo para todos os cristãos. Mas agora cada um dos cristãos começa a edificar individualmente a sua casinha sobre esse fundamento. O que edificamos são as nossas boas obras. Aí nos perguntamos, curiosos: será que a casa vai agüentar as provações? Tormentas, enxurradas e até o fogo? Aqueles cuja obra permanecer são os que edificaram sobre o fundamento de Cristo e receberão recompensa no Tribunal de Cristo: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão” (2 Co 3.14; veja 2 Tm 4.8). Porém, aquele cuja obra queimar, sofrerá dano (v.15). Mas o fundamento permanecerá intacto. Ou seja, a salvação, que se firma sobre o fundamento e é sua base, não será perdida pelo cristão: “...mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (v.15). Lembremos da comparação com a premiação do Oscar. O convite foi feito, irrevogavelmente. Estamos lá na festa, talvez nominados para algum prêmio, mas não recebemos nenhum. Porém, isso não fará com que nos expulsem do recinto. Naturalmente, precisamos ter cuidado com esse tipo de analogia, para não pensarmos de forma demasiadamente humana. Em relação a todas essas coisas que se referem ao futuro, precisamos ter em mente que tocamos uma área que supera em muito nossa capacidade de imaginação e desafia por completo toda a nossa lógica. Alguém poderia argumentar: “Tudo bem, estar lá já será ótimo. Por que almejar um Oscar? Participar ainda é melhor do que não ter sido convidado. O que importa é estar salvo!” Outro poderá ficar pensando: “Como deve ser terrível o Tribunal de Cristo, quando eu perceber que grande recompensa eu poderia estar recebendo e que me coube tão pouco!” Não sei como será realmente quando estivermos diante do Tribunal de Cristo, mas deveríamos ficar bem conscientes de que ali não será um lugar de juízo e castigo, mas de recompensa e premiação. Por outro lado, devemos ter em mente que poderá ser vergonhoso quando for revelado como desonramos o Senhor enquanto vivemos: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados” (1 Jo 2.28). Alguém disse: “Quem exagera o aspecto triste do Tribunal de Cristo faz do céu o inferno. Quem negligencia o aspecto triste do Tribunal menospreza o valor da fidelidade”.

Como podemos receber galardão no Tribunal de Cristo?

Os apóstolos já se ocupavam com a questão: quem seria o maior e quem se assentaria à direita ou à esquerda do Senhor? (Mt 20.20ss.; Mc 9.33ss.). O homem é e continuará sendo egoísta e egocêntrico. Isso não é perceptível apenas nos discípulos daquela época, mas em todos, inclusive em nós. Seria tão bom se de fato levássemos a sério o que dizemos e cantamos com tanta facilidade. “Tudo, ó Cristo, a Ti entrego!” é mais uma frase piedosa do que um desejo sincero que vem do nosso coração. Em geral nossa preocupação primordial não é a glória de Deus, mas nosso próprio reconhecimento, nossa glória, honra e louvor. Tantas vezes nosso temor aos homens é tão maior que nosso temor a Deus!
Por que você quer mesmo ir para o céu? Há aqueles que desejam ir ao céu para não acabarem no inferno. Outros querem ir para o céu para reencontrar seu marido ou sua esposa que já faleceram. E existem aqueles que pretendem chegar ao céu para apanhar seu “Oscar”. Cada uma dessas três motivações é altamente egoísta. Será que alguém teria a gloriosa idéia de dizer: “Eu quero chegar ao céu para servir ao meu grande Deus e Salvador. Quero chegar ao céu para dizer ‘Muito obrigado!’ a Jesus”. A maior recompensa para nós é sermos salvos, termos a vida eterna e podermos ver Deus face a face. Tudo isso já está prometido a nós quando cremos no Filho de Deus ressurreto – é nosso e ninguém poderá tomá-lo de nós. Estaremos na premiação do “Oscar” e nosso “cartão de entrada” é o sangue derramado de Jesus! Mas as recompensas, que serão entregues diante do Tribunal de Cristo, são simbolizadas na Bíblia por meio de coroas (Tg 1.12; 1 Pe 5.4; Ap 3.11).

A coroa incorruptível

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.24-27).
Como em uma luta na arena, nós também deveríamos empreender todos os esforços pela causa do Senhor. Não para receber alguma recompensa humana ou para nossa própria vanglória. Essa seria uma recompensa corruptível. Nossa luta espiritual é por uma coroa de vitória que não estraga nem se deteriora. Para isso vale a pena se preparar bem, exercitar-se de verdade e, bem motivados, empenhar-nos por uma coroa incorruptível, lançando mão de todos os nossos dons para servir o Senhor e cumprir nossa missão. Enquanto estivermos aqui na terra devemos estar dispostos a servir. E essa prontidão não ficará sem recompensa. Como já disse o Senhor Jesus a seus discípulos: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mc 10.43).

O exemplo do lutador

Um lutador, para voltar ao exemplo usado por Paulo, não irá se embriagar ou exagerar na comida pouco antes da luta. Ele se absterá do que lhe faz mal e priorizará uma alimentação saudável. Por que não fazemos igual? Abstinência. De quê? Das coisas sem valor, que só pesam e atrapalham – é ficar longe do pecado, que impede uma vida de santificação. No lugar delas, vamos nos alimentar de comida boa, espiritualmente saudável. O que é alimento espiritual para nós, cristãos? Não são barrinhas de cereal ou energéticos açucarados, mas a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus Cristo. Paulo estava convicto de que era imprescindível abrir mão de todas as coisas mundanas para conseguir uma coroa de vitória não-perecível, para receber pleno galardão e para, um dia, estar diante do Senhor servindo-O em posição privilegiada, “para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.27).

A certeza da salvação não está em questão

Paulo não tinha qualquer dúvida acerca de sua salvação. Ele tinha a mais plena certeza – uma certeza que qualquer cristão pode ter. Ele não tinha receio acerca da garantia de sua salvação, mas estava cônscio do fato de que se pode perder o galardão. Assim, todas as exortações dentro desse assunto não são no sentido de cuidarmos para não perdermos a salvação, mas de estarmos atentos e empenhados em não perder a recompensa: “Ninguém se faça árbitro contra vós...” (Cl 2.18). A Bíblia de Estudo MacArthur diz: “Paulo adverte aos colossenses a não permitir que os falsos mestres os enganassem a respeito das bênçãos passageiras ou do galardão eterno...”. E o prêmio pela luta não tem relação com a salvação, e sim com as coroas, com a recompensa que receberemos no Tribunal de Cristo. “Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão” (2 Jo 8). Portanto, é possível perder parte dele, e nessa perda, mais uma vez, não é a salvação que está em discussão. É a recompensa na eternidade. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
Paulo também teve lutas como cada um de nós, mas podia dizer: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.27). Como Paulo conseguia isso? Pelo poder do Espírito Santo. Ele se mantinha sempre ligado ao Senhor em oração, servindo-O com alegria. Dessa forma ele conseguia dominar seu corpo, impedindo que a carne assumisse o controle. Quanto mais você ora, quanto mais serve, quanto mais estuda as Escrituras – deixando o Senhor falar com você – menos tempo terá para ocupações inúteis ou pensamentos imorais. O Espírito Santo deseja transformar você. Quer transformá-lo na imagem do Senhor Jesus. A questão é: você dá lugar e reserva tempo para o Espírito Santo fazer Sua obra? A salvação é de presente. Não podemos dar nada ao Senhor em troca, pois jamais poderíamos pagar por ela (Hb 10.18). A única coisa que devemos ao Salvador, a única coisa que podemos trazer a Ele é uma vida de consagração e de absoluta fidelidade, oferecendo nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1-2). Essa consagração, essa entrega de si mesmo, certamente não ficará sem retribuição.

Qual será a recompensa no Tribunal de Cristo?

Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo; pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas” (Cl 3.23-25). Tudo para o Senhor! Quanto antes você começar a perseguir esse alvo, maior será sua herança!
Ainda que não saibamos exatamente como será a vida na presença de Deus, creio poder dizer que pelo menos uma das atividades será louvar e servir ao Senhor. “Quero ir para o céu para louvar e servir ao meu grande Deus e Salvador...” Sim, eu creio que esse é o rumo. Nossa recompensa poderia consistir em serviço a Deus. Mas será que iremos mesmo servir a Deus na eternidade? “Servir no céu? Então prefiro tocar harpa!”, dirão alguns. Calma, irmão! Vejamos Apocalipse 22.3: “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão”.

Quem são esses “servos de Deus e do Cordeiro” que O servirão?

São os salvos, que um dia estarão com o Senhor! Sendo assim, a maior alegria será de fato servir o Salvador. Esse serviço na eternidade não será serviço de escravo ou trabalho de servo no sentido comum. Nós serviremos a Ele. De fato, somos chamados de servos, assim como somos chamados de sacerdotes e reis, irmãos e amigos de Jesus, bem como de filhos de Deus e herdeiros Seus. Por exemplo, em Apocalipse 21.7 está escrito: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho”.A Bíblia diz ainda que iremos reinar com Ele, pois conforme Apocalipse 22.5 os servos de Deus “reinarão pelos séculos dos séculos”. Esse reinado em conjunto com Cristo também é um serviço. Não reinaremos para nós mesmos mas para o Senhor e com o Senhor.
Atentemos: Apocalipse 22.4 fala que veremos Sua face e que Seu nome estará em nossa fronte. Seu nome, Seu santo nome estará em nossa fronte. Isso demonstra que somos propriedade dEle e que nada mais poderá nos separar do amor e da presença de Deus e do Cordeiro. Para todo o sempre somos Seus! Que privilégio poder servir na imediata presença do Deus santo e todo-poderoso Criador! Será no lugar que Apocalipse 21 descreve assim: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles... Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram”. Usufruir do agrado do Deus santo e todo-poderoso, fazer parte do Seu círculo mais íntimo, ficar sempre perto do Salvador – isso tudo não é uma recompensa altamente desejável? Podemos dizer com convicção que este será um trabalho privilegiado, que Paulo almejava e que será motivo de alegria transbordante para cada um de nós. Será um servir cheio de satisfação, sem preocupações e sem privações – um serviço celestial no sentido literal da palavra. Mesmo não conseguindo compreender plenamente essa realidade com nosso raciocínio limitado, não haverá nada mais belo, e jamais teremos experimentado algo mais sublime do que estar na imediata presença de Deus, servindo e adorando a Ele. Com palavras nunca conseguiremos exprimir nem descrever vagamente tudo aquilo que um dia experimentaremos e viveremos na presença de Deus. Não podemos nem imaginar o que realmente significará reinar com Ele, ser filhos e herdeiros Seus e estar servindo a Ele para todo o sempre.

Um poderoso estímulo

O fato de que cada cristão estará diante de Deus no Tribunal de Cristo, prestando contas a Ele, deveria nos estimular a sermos fiéis e a direcionar as prioridades da nossa vida de acordo com a avaliação que nossos atos terão diante da eternidade. Não terão importância as belas palavras e os elogios proferidos junto à nossa sepultura. Importante será o que o Senhor nos dirá na hora do julgamento diante do Tribunal de Cristo, quando nosso Salvador pesará e avaliará nossas obras. Uma coisa é bem certa: nesse julgamento a alegria será preponderante, já que teremos parte na vida eterna e estaremos vendo o Senhor face a face, adentrando a indescritível glória eterna.
diante da eternidade, Não terão importância as belas palavras e os elogios proferidos junto à nossa sepultura.
Tudo isso será motivo de alegria, júbilo e adoração: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança...” (1 Jo 2.28). Diante de toda essa alegria indizível que espera por nós, enquanto andarmos aqui na terra animemos e incentivemos uns aos outros a servir ao Senhor de todo o coração e a sermos administradores fiéis, para que “dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda”. Louvado seja o Senhor por Seu amor e pela fidelidade que tem demonstrado para conosco. Queremos ser fiéis por amor Àquele que nos amou primeiro e que entregou tudo, mas tudo mesmo – por nós, por mim e por você! (1 Jo 4.9-11,14-16,19). (Thomas Lieth — Chamada.com.br

Israel, um Povo Especial


Israel, Um Povo Muito Especial - Parte I

Thomas Lieth
Depois que as primeiras pessoas caíram em pecado, Deus falou à serpente: “... Já que você fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida. Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3.14-15).
Esse acontecimento da queda em pecado causou a separação entre o homem e Deus. No entanto, apesar de não poder mais manter comunhão direta com o homem pecador, mesmo assim o santíssimo Deus não o abandonou. Em Sua graça e amor infinitos, imediatamente após essa catástrofe com consequências extremas dos tempos mais remotos, o Senhor já prometeu um Redentor, um Salvador, uma alternativa, e a partir do Novo Testamento sabemos quem é essa Pessoa: Jesus Cristo!
Além disso, já em Gênesis 3 temos a explicação sobre a inimizade do mundo contra Israel. Sim, sem o conhecimento dos acontecimentos bíblicos não há como explicar o chamado conflito do Oriente Médio, muito menos compreendê-lo. E por quê? Leiamos novamente: [Eu] Porei inimizade entre você e a mulher”. Aqui temos três pessoas envolvidas: 1. “Eu”: o Criador; 2. “Você”: a serpente; 3. “A mulher”: Israel.
Os dois primeiros personagens são facilmente identificáveis. No caso da terceira pessoa, o livro do Apocalipse nos confirma que de fato se refere a Israel: “...O dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse. Ela deu à luz um filho, um homem, que governará todas as nações com cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono. A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil duzentos e sessenta dias. [...] Então a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, para alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. A terra, porém, ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão fizera jorrar da sua boca. O dragão irou-se contra a mulher e saiu para guerrear contra o restante da sua descendência, os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus” (Ap 12.4-6,15-17).
Assim, no caso dessa mulher, não se trata de ninguém mais além de Israel. Pois, nem Eva, a única mulher que vivia quando Deus pronunciou a maldição sobre a serpente, nem Maria, a mulher que gerou a Jesus, foram perseguidas dessa maneira pelo dragão do Apocalipse. Além da mulher, também a serpente (isto é, o dragão) de Gênesis aparece novamente no livro do Apocalipse. Essa guerra da serpente (Satanás) contra a mulher e seus descendentes não é uma guerra contra Eva ou Maria, mas uma guerra contra Israel e sua descendência.
A passagem de Gênesis 3.15 esclarece que o descendente da mulher, isto é, Jesus Cristo, “ferirá a cabeça” de Satanás.
Apesar disso, Eva e Maria também são incluídas. Deus disse que o Libertador (Messias, Cristo) viria da semente da mulher. Assim, ele não seria descendente de um homem, ou de uma mulher e um homem, mas unicamente da semente de uma mulher. Vemos que já em Gênesis 3 é mencionado o nascimento virginal de Jesus Cristo, que foi realizado através da virgem Maria. Todas as pessoas que descendem da semente de Adão nasceram em pecado (Rm 5.12). Jesus, no entanto, não nasceu da semente de um homem. Ele também foi o único que viveu na terra, em todos os tempos, que não teve pecado ou culpa. Assim, esse Jesus, plenamente inocente, foi o único que poderia tomar o pecado do mundo sobre Si (ver 1Pe 2.22; Jo 1.29).
O texto de Gênesis 3.13 continua: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela...” Surge então a pergunta: quem são esses descendentes de Satanás (serpente) e o(s) descendente(s) da mulher (Israel)?
Creio que podemos dizer que tudo e todos que não pertencem a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo, e não possuem o Espírito Santo, podem ser considerados como descendência da serpente (Satanás). Isso, então, se refere a tudo que for anticristão, incluindo, por exemplo, o Islã e qualquer outra religião, assim como todos os ateus e cristãos nominais.
A descendência da mulher (Israel), em primeiro lugar, é constituída pelo Filho de Deus, Jesus Cristo, nascido como judeu, em Israel! A ela pertencem, em última análise, todos – tanto judeus como gentios – que creem no Senhor Jesus (ver Ef 2). A passagem de Gênesis 3.15 esclarece ainda que o descendente da mulher, isto é, Jesus Cristo, “ferirá a cabeça” de Satanás. De fato, o Senhor Jesus destruiu o poder de Satanás, venceu a morte e, assim, feriu a cabeça da serpente (Satanás) (Hb 2.14; ver Rm 16.20). Além disso, Gênesis 3.15 diz que a serpente (Satanás) ferirá o calcanhar de Jesus Cristo. Isso poderia ser uma alusão clara ao Gólgota. Ali, onde Jesus Cristo, a semente de Israel, feriu a cabeça da serpente, Seus pés foram perfurados e pregados na cruz.

Jesus Cristo morreu, porém, não permaneceu entre os mortos, mas ressuscitou dentre os mortos no terceiro dia! Desse modo, já bem no início, a Bíblia mostra o Plano de Salvação de Deus para o homem, que culmina em Seu Filho Jesus Cristo. Nesse plano, um determinado povo desempenha um papel de importância descomunal: Israel. Também já podemos ver a luta das forças anticristãs contra o povo de Deus, Israel, contra o Filho de Deus, Jesus Cristo e contra a Igreja do Deus vivo. Acontece que também nós, os gentios, que cremos em Jesus Cristo, somos incluídos nessa guerra, porque afinal também pertencemos à semente da mulher, Jesus Cristo. Assim, a guerra do islamismo anticristão não é dirigida somente contra Israel, mas finalmente é uma guerra contra nós, os cristãos, contra a Igreja de Jesus Cristo. Ao trazermos as afirmações de Gênesis 3 para os dias atuais, poderemos compreender claramente por que o Islã – mas também tudo o que é anticristão – briga com tanta veemência pela posse da área do Templo. Trata-se de uma guerra entre Deus e Satanás, entre a Luz e as trevas. — Thomas Lieth

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Das Águas Amargas Para a Água da Vida


Das Águas Amargas Para a Água da Vida

Burkhard Vetsch

A caminho das águas amargas

É muito impressionante passear pelo deserto de ônibus com ar condicionado, ou mesmo fazer uma caminhada de algumas horas no deserto. Mas foi algo bem diferente quando um povo de vários milhões de pessoas, com suas crianças, seus animais e seus utensílios domésticos, andou pelo deserto durante três dias, padecendo com o calor, os perigos, a fome, a sede, o cansaço e a exaustão. É verdade que eles conseguiram escapar dos patrões egípcios que os mantinham como escravos e o exército egípcio foi "tragado de todo" pelo mar, como diz Hebreus 11.29. Em Êxodo 15.1 está escrito: "Então, entoou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, e disseram: Cantarei ao Senhor, porque triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro." Que grande livramento foi esse milagre de Deus! Por detrás de Israel estava a poderosa e protetora mão de Deus, que afugentava os inimigos; sobre o povo de Israel estava a nuvem da glória que dirigia, conduzia e indicava a presença de Deus; diante dele estava a Terra Prometida que oferecia leite e mel – mas debaixo de seus pés só havia areia quente e pedras! Assim eles vaguearam pelo deserto de Sur e não encontraram água. As gargantas estavam secas, as crianças choravam, os animais berravam. Então, depois de três dias – e não foi uma miragem! – eles viram muita água. Com alegria e expectativa eles correram depressa para lá. Água! Água! Mas, que horror! Ela era muito amarga, um líquido intragável e venenoso. Todos gritaram: "Mara! Mara!" (= amargor!). Que dolorosa e amarga decepção! "Moisés, o que é isso? Tu nos guiaste até aqui para que morramos de sede?", gritaram as pessoas indignadas. "E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?" (Êx 15.24). Agora reinava a indignação e a raiva no meio daquela grande multidão sedenta. Até mesmo uma multidão disciplinada pode fugir ao controle quando é exigida além de suas capacidades. Mas nem ao povo escolhido de Deus, nem a nós é permitido fazer-Lhe a pergunta repreensiva: "Por que permites que teus filhos experimentem tanta frustração e amargura?!"
Queda dágua
Nós cristãos também passamos por decepções de vez em quando, decepções por parte de pessoas ou de circunstâncias adversas. Como conseguimos nos arranjar com essas amargas frustrações? Como reagimos quando somos sacudidos e perdemos o rumo por falta de vigilância interior? Reagimos segundo a natureza do Cordeiro, de Jesus, que deveria ser também a nossa natureza, ou ficamos indignados? A amargura é uma erva daninha que procura nos sufocar, uma raiz que sempre procura se alastrar em nossas vidas. Mas em nós não deve acumular-se muita "água de amargura", pois quando ela fica represada em nosso íntimo, Satanás prontamente estará a postos transformando essa amargura em rebelião e ira. Ele, porém, não deve alcançar esse objetivo! "Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados", adverte-nos o Senhor em Hebreus 12.15. Quando falamos com amargura sobre outras pessoas, contaminamos os que estão ao nosso redor e nos tornamos culpados, pois pecamos. Jesus quer libertar-nos desse pecado! Quem não quer vencer ou abandonar a amargura em nome de Jesus, não precisa admirar-se quando fica melancólico e triste. Conheci pessoas que se afogaram no "lago da amargura". Mas na cruz de Jesus há poder para a vitória! Quem afirma que ao seguirmos a Jesus estamos livres de temores e decepções, está mentindo. Jesus disse: "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo" (Jo 16.33). Devemos reivindicar para nós essa vitória sobre a amargura em nome de Jesus, devemos tomar posse dela pela fé. O apóstolo Paulo, aprovado no discipulado de Jesus, testemunha: "...que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (At 14.22).Andar no caminho estreito e penoso tem valor eterno, pois ele conduz ao alvo celestial: "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Rm 8.18), garante-nos Paulo. Um poeta lírico escreveu uma oração muito bonita, que também deve ser a nossa: "Faze com que eu me aquiete, meu Senhor e Deus. Que eu ouça somente a Tua voz na felicidade e na aflição. Estende Tuas mãos caridosas sobre meu caminhar, faze com que minha vista e meus pensamentos estejam direcionados somente para Ti".

Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos

Por que Deus levou Seu povo pelo deserto, ao invés de conduzi-lo pelo caminho direto, plano e cômodo junto ao litoral, em direção à Terra Prometida? Encontramos uma primeira explicação em Êxodo 13.17: "Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito." Naturalmente Deus, que sonda os corações, conhecia Seu povo e sabia das suas limitações. Oxalá nós mesmos conheçamos nossas limitações! No deserto eles não tinham outra alternativa do que seguir a nuvem que ia adiante deles. Mas existem ainda duas explicações mais profundas porque o povo de Israel foi conduzido exatamente nesse caminho em sua jornada para a Terra Prometida. Encontramos uma delas em Isaías 60.16: "...saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, o teu Redentor, o Poderoso de Jacó." Agora, nessa situação, o alvo de Deus era levá-los a conhecer esse Salvador e Redentor. Eles deveriam aprender a confiar nEle! Será que nós também conseguimos ver e reconhecer a ação de Deus em nossas vidas, ensinando-nos e levando-nos a reconhecer Sua intenção mais elevada para conosco? Até o dia de hoje é assim, pois Deus não deixa Seus filhos seguirem sempre por caminho cômodos e sem obstáculos. Cantamos em um hino: "Ele apenas quer que sejamos aprovados em meio ao temor e à aflição". Jesus nos diz: "Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela" (Mt 7.13-14). São os caminhos de morte, os caminhos estreitos, que conduzem para a vida!
Gota dágua
O próprio Deus dá também a segunda explicação: "Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos" (Dt 8.2). "Para saber o que há no seu coração!", esse é o alvo mais profundo quando Ele conduz você por provações! Para ilustrar, encha um copo de água, coloque um pouco de terra nele, e deixe-o assim por algum tempo. Ao agitar o copo, o sedimento sobe. Às vezes, Deus sacode Seus filhos e os submete à prova de fé. Então, quando sobe o sedimento escuro em nosso coração, podemos reconhecer o que há em nós. A fé precisa ser provada pela obediência. Está escrito claramente em Êxodo 15.25, que o Senhor provou Seu povo. Quando o Senhor nos prova, não precisamos ficar com medo, pois então Ele também assume plena responsabilidade por nós. Ele não abandona nenhum de Seus filhos. "Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (1 Co 10.13). E o desfecho da provação foi maravilhoso para Israel! O importante é aprendermos as lições através de algum problema pelo qual estejamos passando no momento, o essencial é que cresçamos e amadureçamos: "...para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (1 Pe 1.7). Esse também é o tema central do apóstolo Paulo, que nos adverte insistentemente: "Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef 4.15). Se não quisermos passar por provações, tornar-nos-emos superficiais e indiferentes e perderemos as maiores bênçãos.

Uma lição divina

Deus apresenta Israel diante dos nossos olhos como um espelho! Aliás, enxergamos muito melhor as fraquezas e os defeitos na vida dos outros do que em nossa própria vida. Israel ainda conhecia muito pouco a seu Deus quando passou por essa situação de angústia. Mas a ajuda do Senhor não estava longe. Temos um Deus clemente e misericordioso, que gosta de ajudar no tempo oportuno. Ele também nos anima a vir a Ele: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hb 4.16). Em relação a Israel está escrito: "Na verdade, amas os povos; todos os teus santos estão na tua mão; eles se colocam a teus pés e aprendem das tuas palavras!" (Dt 33.3). Também Jeremias conhecia e sabia da benevolência de Deus. Ele pôde anunciar em nome do Senhor: "Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem" (Jr 32.41).
Árvore 
perto de lago
O socorro no deserto estava preparado: "Então, Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces" (Êx 15.25). Será que conseguimos entender isso? Não era truque, não era mágica! Deus queria mostrar de onde vem o socorro. Um exemplo: quando acontece alguma coisa grave a uma criança e ela fica caída imóvel no chão, a amorosa mão do pai levanta sua cabecinha e diz: "Olhe para mim, não se preocupe, eu ajudo você". Deus, nesse caso, realizou um trabalho didático, educando Seu povo, dizendo-lhe: "Não o esqueçam: voltem-se para Mim, eu ajudo vocês. Não murmurem! Não reclamem!"
O que significa essa árvore que transformou a água amarga em água doce? A ação realizada por Moisés tem por base um significado profético muito profundo. Já naquele tempo muito remoto da história de Deus com a humanidade, a árvore foi uma forte referência àquele madeiro do Calvário, onde nosso Salvador nos tirou da miséria do pecado e da perdição. Mais tarde o cajado de Moisés teve o mesmo significado. Vamos continuar lembrando desse fato, pois ele levou a Israel e a nós ao acontecimento central da salvação, ele nos conduz à cruz. Para Israel, a árvore que Moisés lançou nas águas foi a salvação! Qualquer um que, em sua angústia e aflição, vier até a cruz, experimentará ajuda abundante. No madeiro maldito aconteceu nossa salvação, a libertação dos laços do pecado e da morte. Nosso louvado Senhor e Salvador, que na cruz consumou o ato mais difícil e grandioso, também é capaz de solucionar a nossa miséria e as perturbações pelas quais estivermos passando no momento. Nossas dificuldades são Suas oportunidades. Acheguemo-nos à cruz com elas! A água amarga tornou-se doce em um instante, no momento em que entrou em contato com a árvore. Esse é um convite insistente para que nos abriguemos debaixo da cruz! Jesus transforma aquilo que é amargo em doce.
Jesus também ofereceu essa água doce à mulher samaritana no poço de Jacó. Creia-me, essa água viva também jorra para você. Beba abundantemente dela!
Splash!

O médico celestial

Nesse primeiro estágio da peregrinação de Israel encontramos também a conhecida e incompreendida, e muitas vezes citada declaração: "...eu sou o Senhor que te sara" (Êx 15.26). Gostamos de reivindicar essa maravilhosa promessa para nós ou consolamos a outros com ela, sem avaliar toda a sua profundidade. Evidentemente é maravilhoso conhecer o médico celestial. Mas, de modo superficial, freqüentemente a interpretamos assim: "Esse médico está disponível para consultas a qualquer hora, ele sempre apresenta o diagnóstico correto, cura qualquer enfermidade com certeza absoluta, não onera a previdência social nem o nosso bolso, pois não cobra honorários". De fato, temos um glorioso médico celestial. Mas quão pouco atentamos para as condições ao marcarmos a nossa consulta! Devemos ler todo o versículo e tomá-lo em consideração! Deus disse: "Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor, que te sara" (Êx 15.26). Esse é o nosso maior problema. Obedecer, ou não obedecer. Desejamos a cura, mas será que obedecemos ao Senhor? Entretanto, não queremos sustentar nenhuma teoria antibíblica barata, que diz: aquele que teme a Deus vai bem, e só o pecador fica doente. A questão não é tão simples assim! Pois nós não conhecemos os desígnios e planos de Deus com cada pessoa individualmente. "Bem-aventurado é o homem a quem Deus disciplina; não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso. Porque ele faz a ferida e ele mesmo a ata; ele fere, e as suas mãos curam. De seis angústias te livrará, e na sétima o mal te não tocará" (Jó 5.17-19). "Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!" (Rm 11.33).Elias não adoeceu – ele subiu ao céu num redemoinho. Mas Eliseu morreu de uma enfermidade. Na verdade, Deus quer um povo sadio, mas Ele também quer obediência. Caso Ele nos conduza por um caminho de sofrimentos, bem-aventurados somos se pudermos dizer: "Senhor, seja feita a Tua vontade!" E bem-aventurados somos se soubermos que temos uma igreja que intercede por nós. Quando Jesus ouviu que Seu querido amigo Lázaro estava enfermo, Ele fez uma declaração muito importante, que também é muito significativa para nós: "Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado" (Jo 11.4). Isso também vale para nós! Em caso de enfermidade podemos pedir sinceramente a cura, mas devemos deixar por conta do Senhor o Seu proceder, seja curando-nos pela fé, seja ajudando-nos por meio de tratamento médico, ou seja até tomando-nos para Si. De qualquer maneira, tudo deve ser para a honra de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado em nossas vidas! Infelizmente, muitos filhos de Deus estão fixados apenas na cura física e não pensam que na enfermidade Deus também pretende dizer e ensinar-nos muitas coisas que servem para o nosso bem. Assim como Deus conduziu Seu povo com mão segura através do deserto para a Terra Prometida, Ele também quer preparar-nos para o lar celestial, tanto em dias de saúde como em dias de enfermidade. Confiemos nEle em obediência à Sua Palavra! (Burkhard Vetsch)