terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Uma Controvérsia sobre a Revelação do Anticristo no Final dos Tempos.

Atualmente, no meio evangélico, existem duas correntes de pensamento em Escatologia sobre a revelação do anticristo e do falso profeta no final dos tempos.Estudiosos como Walid Shoebat, Joel Richardson, entre outros, têm uma  visão diferente sobre o tema baseado na visão eurocêntrica da Escatologia defendida desde a década de 1980 por Hal Lindsey, no best-seller A Agonia do Grande Planeta Terra,"Deixados para Trás, de Tim LaHaye e em obras de outros autores.Na mesma linha de pensamento  de Hal Lindsey  e Tim LaHaye o pastor, escritor e conferencista internacional Thomas Ice tece dura crítica sobre a obra de Joel Richardson, The Islamic Antichrist [O Anticristo Islâmico] destacando supostas contradições do autor na interpretação das profecias bíblicas.
Para que o leitor deste blog possa fazer uma análise das duas correntes de pensamento sobre Escatologia bíblica e tirar suas conclusões,reproduzimos o artigo de Thomas Ice publicado no site da revista Chamada da Meia-Noite:www.chamada.com.br.

O Anticristo Será um Muçulmano?

Thomas Ice

Joel Richardson e alguns outros autores têm afirmado pela última década que o Anticristo que está por vir será muçulmano. Ele escreveu uma série de livros advogando esta visão. Sua última contribuição é The Islamic Antichrist [O Anticristo Islâmico].[1] Os seus principais argumentos baseiam-se na comparação da escatologia cristã com a islâmica, das quais ele retira uma determinada conclusão. Depois ele vai, em segundo plano, para a Bíblia em um esforço para tratar das passagens que contradizem sua conclusão. Este é um exemplo clássico de exegese de jornal em que um indivíduo vê algo acontecendo no mundo, depois vai à Bíblia e tenta fazer aquilo se encaixar no programa profético das Escrituras. Penso que Richardson e aqueles que concordam com ele estão absolutamente errados sobre esta questão, uma vez que o livro de Daniel afirma claramente que o Anticristo virá de Roma, não de uma nação islâmica.

Exegese de Jornal

Hoje, muitos mestres populares de profecias bíblicas empregam a exegese de jornal em suas análises de eventos atuais em relação às profecias. Richardson é um dos exemplos mais extremos disso em nossos dias. A abordagem adequada que todos os estudantes de profecia bíblica deveriam empregar é primeiramente estudar a Bíblia indutivamente para ver o que ela diz, não levando em consideração nenhum dos acontecimentos correntes. Deve-se primeiro verificar, a partir de uma interpretação adequada das Escrituras, o que é que o Senhor afirma sobre profecias bíblicas futuras. Uma vez que a pessoa verificou o que a Bíblia afirma, então será capaz de montar uma estrutura do plano de Deus para o futuro. Nosso Senhor não nos falou todos os detalhes; todavia, há muita informação que Ele nos forneceu. Portanto, somos capazes de construir um esboço bastante amplo sobre como será o período da Tribulação.
Assim que tiver manuseado adequadamente as Escrituras desta maneira, a pessoa pode, então, olhar os acontecimentos atuais e verificar determinadas tendências que podem estar se desenvolvendo e movimentando na direção que a Bíblia prediz. Por exemplo, a Bíblia tem dezenas de profecias sobre Israel ser uma nação em sua própria terra durante a Tribulação. Já vimos o retorno de milhões de judeus para sua terra natal e o estabelecimento da nação de Israel para acontecimentos que ocorrerão durante a Tribulação. Centenas de anos antes que isto ocorresse, muitos cristãos tomaram conhecimento, através da Bíblia, de que isso aconteceria e escreveram dezenas de livros explicando tal visão. Isto não seria exegese de jornal. Entretanto, Richardson teve a idéia de um Anticristo muçulmano lendo primeiro as notícias dos eventos atuais e passou a especular sobre sua idéia. Esta é uma abordagem errada à profecia bíblica.

A Falsa Visão de Richardson

Richardson acredita que há muitas semelhanças entre a escatologia cristã e a escatologia islâmica. Deve haver mesmo algumas semelhanças, pois muitas das crenças do islamismo se desenvolveram a partir de fontes cristãs e judaicas. Na época em que Maomé viveu, 50% dos habitantes da Arábia eram cristãos. Havia também uma forte presença de judeus na Arábia; sendo que os cristãos e judeus eram praticamente os únicos habitantes alfabetizados. Diz-se que um escriba judeu foi quem fez os principais registros do Corão. Além disso, o Hadith, que é uma coleção de cerca de 400.000 ditados, supostamente expressos por Maomé e escritos durante um período de mais de 200 anos depois de Maomé, contém muitas visões contraditórias sobre o futuro. Portanto, não surpreende que algumas idéias cristãs e judaicas tenham sido tomadas emprestado e trazidas para dentro do islamismo.
Dave Reagan, em uma palestra feita em uma Conferência de Grupos de Estudo Sobre Pré-Tribulacionismo, observou:
De acordo com o cenário do final dos tempos de Richardson, o Mahdi e o Jesus muçulmano (o Falso Profeta) unirão todo o mundo islâmico, reavivando o Império Otomano. Eles conquistarão Israel e estabelecerão o quartel-general de um Califado em Jerusalém. Seu governo chegará ao fim com a batalha de Gogue e Magogue, que está retratada em Ezequiel 38 e 39, e que acontecerá no final da Tribulação, quando o Senhor Jesus Cristo retornar. E, novamente, quando Jesus retornar, o mundo islâmico verá o verdadeiro Jesus como o Daijal, ou o Anticristo islâmico. Um problema evidente com este cenário é que a escatologia islâmica afirma que o Daijal, o Anticristo, virá primeiro, e seu surgimento será o sinal de que o Mahdi está para chegar. O cenário de Richardson coloca o aparecimento do Daijal islâmico no final da Tribulação, em vez de ser no início. Portanto, pergunto: Se alguém entra em cena afirmando ser o Mahdi antes do surgimento do Daijal, por que esse alguém seria aceito pelos muçulmanos?[2]

O Anticristo Será Romano?

Na passagem das 70 semanas de Daniel, Gabriel diz a Daniel que o Anticristo virá do mesmo povo que destruiria Jerusalém e o Templo, o que aconteceu no ano 70 d.C. Todos concordam que foram os romanos que realizaram essa destruição. A passagem se refere ao “príncipe que há de vir” (Dn 9.26). “Ele”, no versículo 27, se refere também ao “príncipe que há de vir” e é uma referência ao futuro Anticristo durante a Tribulação. Assim, esta passagem diz claramente que o Anticristo virá do Império Romano reavivado.
Depois de sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim virá num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Dn 9.26-27).

Daniel 7 fala da quarta besta (Dn 7.7), que é Roma. Isto se confirma no livro do Apocalipse, que fala sobre os mesmos impérios e diz:

As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição” (Ap 17.9-11). Os sete montes não se referem a Roma, pois o versículo seguinte diz tratar-se de sete reis. A quem eles se referem? Trata-se dos sete reis na história que perseguiram o povo judeu. O primeiro é o Egito, que escravizou Israel. O segundo são aos assírios, que levaram o Reino do Norte ao cativeiro. O livro de Daniel fala sobre o terceiro rei, que foi Nabucodonosor [Império Babilônio], que escravizou o Reino do Sul. O número quatro é o Império Medo-Persa, durante o qual ocorreu o que está relatado no livro de Ester e o povo judeu foi libertado. O quinto se refere aos gregos, à sua tentativa de helenizar os judeus e a perseguição que ocorreu no reinado de Antíoco Epifânio. O sexto se refere a Roma e à destruição de Jerusalém e do Templo sob o domínio do governo romano. Este é o império sobre o qual Apocalipse 17.10 diz “um existe”, uma vez que o Apocalipse foi escrito durante o tempo do Império Romano. Assim, o sétimo rei se refere ao Anticristo, que surgirá do Império Romano reavivado no futuro. O sétimo rei se refere ao Anticristo na primeira metade da Tribulação, enquanto que o oitavo é o Anticristo que foi morto no meio da Tribulação, depois é ressuscitado e provavelmente habitado pelo próprio Satanás.
O islamismo só foi fundado no Século VII d.C.; por isso, não pode fazer parte do Império Romano reavivado, especialmente porque Roma jamais fez parte do islamismo. Não há uma maneira pela qual Richardson consiga torcer a história o suficiente para tentar encaixar, mesmo que de modo espremido, suas idéias desviantes a ponto de incluir o islamismo nessa estrutura bíblica do passado ou do futuro. A Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, apóia a noção de que o Anticristo virá de alguma reforma do Império Romano. A atual União Européia (UE) também não é o cumprimento dessas profecias. Pode ser que a UE esteja estabelecendo o palco ou preparando o caminho para um futuro cumprimento de alguma forma do Império Romano reavivado.

Conclusão

Há muitas outras razões pelas quais o Anticristo não será um muçulmano, mas deverá ser do Império Romano reavivado. O espaço não me permite examinar tais razões aqui. Richardson também tenta dizer que Gogue, em Ezequiel 38 e 39, é o Anticristo que vem da atual Turquia. Ele também coloca o tempo desse acontecimento na Segunda Vinda. Esta visão é, da mesma forma, impossível porque a profecia diz que Gogue vem do lado do Norte (Ez 38.6). As mais distantes partes que estão ao norte de Israel só podem se referir à Rússia. O Anticristo certamente não virá da Rússia. Quando se estudam as passagens que falam sobre o lugar de onde virá o Anticristo, nos livros de Daniel e do Apocalipse, não há nada que defenda a falsa noção de que ele será islâmico. O islamismo não existia quando a Bíblia foi escrita, portanto, não é mencionado por ela. Parece que não há nada na Bíblia que antecipe especificamente o surgimento do islamismo. Como não há base bíblica para tal visão, então não importa o que alguém possa pensar sobre os acontecimentos atuais ou para onde as tendências parecem pender em relação ao islamismo, essa visão não é absolutamente mencionada na profecia bíblica e, especialmente, a Bíblia não menciona um Anticristo islâmico. Os muçulmanos serão como o restante do mundo incrédulo, que seguirá após o Anticristo romano reavivado, a menos que eles venham a confiar em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador durante os anos da Tribulação. Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - Chamada.com.br)

Notas:

  1. Joel Richardson, (Washington, D.C.: World Net Daily Books, 2015).
  2. Dave Reagan, “An Evaluation of the Muslim Antichrist Theory” (Uma Avaliação da Teoria do Anticristo Muçulmano), http://www.pre-trib.org/data/pdf/Reagan-AnEvaluationoftheMus1.pdf. Este trabalho é uma excelente refutação da visão do Anticristo islâmico que eu recomendo sinceramente, exceto por seus comentários no final a respeito do Salmo 83.





sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O Vergonhoso Evangelho Social

O Vergonhoso Evangelho Social

T. A. McMahon
Por várias razões, cristãos de diferentes tendências têm feito modificações no “Evangelho de Cristo”, como se este precisasse de ajustes. A maioria deles vai dizer que não se trata de alterações significativas, mas apenas de ínfimas pinceladas aqui e ali. Essas mudanças normalmente começam com alguém declarando que não existe modificação alguma envolvida e que está ocorrendo simplesmente um ajuste na ênfase. Contudo, não importa qual seja a argumentação, o que acontece realmente é que eles “se envergonham do Evangelho de Cristo”.
Envergonhar-se do Evangelho expressa-se por meio de uma série de atitudes diferentes, desde ficar embaraçado com ele até supor que alguém possa melhorá-lo um pouco para torná-lo mais aceitável. Um exemplo desse embaraço foi a recente declaração de um autor ligado à Igreja Emergente, que afirmou: o ensino de que Cristo pagou a pena total pelos pecados da humanidade através de Sua morte na cruz do Calvário em nosso lugar é irrelevante e “uma forma cósmica de abuso infantil”.
Exemplos mais sutis incluem tentativas de fazer o Evangelho parecer menos exclusivista, “abrandando” as conseqüências do pecado, como a ira de Deus e o lago de fogo, das quais o Evangelho de Jesus nos livra.
Prevalece entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), a promoção de um evangelho mais aceitável, que possa até mesmo ser admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular desse tipo de evangelho é conhecida como “evangelho social”.
Embora esse evangelho social seja comum entre os muitos novos movimentos evangélicos, ele não é novidade para a cristandade. Seu princípio moderno deu-se nos idos de 1800, quando pretendeu-se tratar das várias Os que apoiavam esse movimento também acreditavam que o alívio das condições miseráveis em que as pessoas viviam poderia melhorar a natureza moral dos que sofriam essas carências.
Outra força motivadora por trás doevangelho social foi a visão sobre os tempos finais (Escatologia) dos envolvidos nessa corrente de pensamento. Quase todos eles eram amilenistas e pós-milenistas. Os primeiros acreditavam estar vivendo em um Milênio simbólico, período em que Cristo estaria governando a partir do céu, Satanás estaria preso e eles seriam os obreiros escolhidos por Deus para estabelecer o reino milenar na terra. Os pós-milenistas também acreditavam já estar no Milênio, e seu objetivo era restaurar a Terra a um estado semelhante ao Éden, para que Cristo pudesse voltar do céu a fim de implantar aqui o Seu reino terreno.
evangelho social, em todas as suas variadas aplicações, ajudou a produzir algumas realizações (leis contra o trabalho infantil e a favor do sufrágio feminino), que contribuíram para o bem-estar social. Ele tornou-se a mensagem central dos teólogos católicos adeptos da Teologia da Libertação e das principais denominações protestantes durante o século 20. Embora sua popularidade tenha crescido e diminuído alternadamente, muitas vezes foi energizada pela combinação entre religião e políticas libertárias, por exemplo, de Martin Luther King Jr. e do movimento dos direitos civis. A médio prazo, através do século passado, o evangelho social influenciou movimentos como a Teologia da Libertação católica e o socialismo da ala esquerdista dos cristãos evangélicos. Contudo, foi no século atual que o evangelho social conseguiu sua promoção mais acentuada. Dois homens, ambos professando ser evangélicos, têm liderado esse caminho.
George W. Bush começou sua presidência instituindo o White House Office of Faith-Based & Company Initiatives (departamento da Casa Branca encarregado de lidar com iniciativas sociais religiosas e empresariais). Seu objetivo foi prover fundos governamentais às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estivessem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades. Bush acreditava que os programas desenvolvidos pelo “povo de fé” poderiam ser pelo menos tão efetivos no auxílio aos necessitados como os das organizações seculares, e talvez até mais do que elas, por seu compromisso moral de “amar e ajudar o próximo”. Quando se preparava para deixar o cargo, ele declarou que considera o seu programa “Faith-Based” como uma das mais relevantes realizações do seu tempo como presidente. Barack Obama, o novo presidente eleito, declarou que pretende dar prosseguimento ao programa “Faith-Based” com suas iniciativas comunitárias.
Rick Warren, autor dos livros recordistas em vendas “Uma Igreja Com Propósito” e “Uma Vida Com Propósito” alçou o evangelho social a um patamar jamais alcançado: ele não apenas está tendo alcance mundial, mas fazendo parte do pensamento e do planejamento dos líderes mundiais. Warren credita a Peter Drucker, o gênio em gerenciamento de negócios, o conceito básico do que ele está executando. Drucker acreditava que os problemas sociais como a pobreza, a doença, a fome e a ignorância estariam além da capacidade de resolução dos governos e das corporações multinacionais. Para Drucker, a solução mais viável seria encontrada no setor sem fins lucrativos da sociedade, especialmente nas igrejas, com as suas hostes de voluntários dedicados ao alívio dos males sociais dos carentes de suas comunidades.
Warren, ao reconhecer por vinte anos o falecido Drucker como seu mentor, certamente aprendeu suas lições. Seus dois livros “Com Propósito”, traduzidos em 57 idiomas e com mais de 30 milhões de cópias vendidas, revelam as regras do jogo que Drucker havia visualizado. Warren fez com que as igrejas locais colocassem em prática a visão dos seus livros através dos programas comunitários enormemente popularizados como “40 Dias com Propósito”. Até o presente, 500 mil igrejas em 162 nações tornaram-se parte dessa rede mundial. Elas formam a base do seu plano global chamado P.E.A.C.E. (“Paz”, em inglês).
Mas o que é o Plano P.E.A.C.E? Warren apresenta seu plano à igreja no site www.thepeaceplan.com. No vídeo ele identifica os “gigantes” que assolam a humanidade, como sendo vazio espiritual, liderança autocentrada, pobreza, doença e analfabetismo, que ele pretende erradicar pelo P.E.A.C.E: “P”: plantação de igrejas; “E”: equipamento de líderes; “A”: assistência aos pobres; “C”: cuidado dos enfermos; “E”: educando a próxima geração.
Warren usa a ilustração de um tripé para descrever a melhor maneira de liquidar esses gigantes. Duas das pernas seriam governo e negócios, até hoje ineficazes, do mesmo modo como um tripé de dois pés não pode se manter de pé. A terceira perna, muito necessária, é a igreja:
Existem milhares de vilas no mundo sem escolas, sem clínicas, sem comércio e sem governo – mas sempre têm uma igreja. O que aconteceria se mobilizássemos as igrejas para atacar esses cinco gigantes globais?
Já que existem 2,3 bilhões de cristãos no mundo inteiro, Warren chega à conclusão de que eles poderiam formar o que Bush chamou de enorme “exército da compaixão” do“povo de fé”, como até hoje nunca se viu no mundo.
Warren expandiu sua “visão cristã” para uma visão inclusivista do Plano P.E.A.C.E., que tem atraído o apoio e o louvor dos líderes políticos e religiosos e das celebridades do mundo todo. No Fórum Econômico Mundial de 2008 [em Davos, na Suíça], Warren declarou: “O futuro do mundo não é o secularismo, mas o pluralismo religioso...”Referindo-se aos males que atacam o mundo, ele afirmou:
Não podemos resolver esses problemas sem envolver as pessoas de fé e suas instituições religiosas. De outra forma não será possível. Neste planeta existem aproximadamente 20 milhões de judeus, 600 milhões de budistas, 800 milhões de hindus, mais de um bilhão de muçulmanos e 2,3 bilhões de cristãos. Se excluirmos o povo de fé da equação, estaremos excluindo 5/6 da população mundial. E se deixarmos apenas nas mãos dos seculares a solução desses problemas, ela não será realizada”.condições da sociedade que seriam causadoras do sofrimento da população. A crença era de que o Cristianismo atrairia seguidores quando demonstrasse o seu amor pela humanidade. Isso poderia ser mais bem realizado aliviando os sofrimentos causados pela pobreza, pelas enfermidades, pelas condições opressoras de trabalho, pelas injustiças sociais, pelos abusos dos direitos civis, etc.
Os que apoiavam esse movimento também acreditavam que o alívio das condições miseráveis em que as pessoas viviam poderia melhorar a natureza moral dos que sofriam essas carências.
Outra força motivadora por trás doevangelho social foi a visão sobre os tempos finais (Escatologia) dos envolvidos nessa corrente de pensamento. Quase todos eles eram amilenistas e pós-milenistas. Os primeiros acreditavam estar vivendo em um Milênio simbólico, período em que Cristo estaria governando a partir do céu, Satanás estaria preso e eles seriam os obreiros escolhidos por Deus para estabelecer o reino milenar na terra. Os pós-milenistas também acreditavam já estar no Milênio, e seu objetivo era restaurar a Terra a um estado semelhante ao Éden, para que Cristo pudesse voltar do céu a fim de implantar aqui o Seu reino terreno.
evangelho social, em todas as suas variadas aplicações, ajudou a produzir algumas realizações (leis contra o trabalho infantil e a favor do sufrágio feminino), que contribuíram para o bem-estar social. Ele tornou-se a mensagem central dos teólogos católicos adeptos da Teologia da Libertação e das principais denominações protestantes durante o século 20. Embora sua popularidade tenha crescido e diminuído alternadamente, muitas vezes foi energizada pela combinação entre religião e políticas libertárias, por exemplo, de Martin Luther King Jr. e do movimento dos direitos civis. A médio prazo, através do século passado, o evangelho social influenciou movimentos como a Teologia da Libertação católica e o socialismo da ala esquerdista dos cristãos evangélicos. Contudo, foi no século atual que o evangelho social conseguiu sua promoção mais acentuada. Dois homens, ambos professando ser evangélicos, têm liderado esse caminho.
George W. Bush começou sua presidência instituindo o White House Office of Faith-Based & Company Initiatives (departamento da Casa Branca encarregado de lidar com iniciativas sociais religiosas e empresariais). Seu objetivo foi prover fundos governamentais às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estivessem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades. Bush acreditava que os programas desenvolvidos pelo “povo de fé” poderiam ser pelo menos tão efetivos no auxílio aos necessitados como os das organizações seculares, e talvez até mais do que elas, por seu compromisso moral de “amar e ajudar o próximo”. Quando se preparava para deixar o cargo, ele declarou que considera o seu programa “Faith-Based” como uma das mais relevantes realizações do seu tempo como presidente. Barack Obama, o novo presidente eleito, declarou que pretende dar prosseguimento ao programa “Faith-Based” com suas iniciativas comunitárias.
Rick Warren, autor dos livros recordistas em vendas “Uma Igreja Com Propósito” e “Uma Vida Com Propósito” alçou o evangelho social a um patamar jamais alcançado: ele não apenas está tendo alcance mundial, mas fazendo parte do pensamento e do planejamento dos líderes mundiais. Warren credita a Peter Drucker, o gênio em gerenciamento de negócios, o conceito básico do que ele está executando. Drucker acreditava que os problemas sociais como a pobreza, a doença, a fome e a ignorância estariam além da capacidade de resolução dos governos e das corporações multinacionais. Para Drucker, a solução mais viável seria encontrada no setor sem fins lucrativos da sociedade, especialmente nas igrejas, com as suas hostes de voluntários dedicados ao alívio dos males sociais dos carentes de suas comunidades.
Warren, ao reconhecer por vinte anos o falecido Drucker como seu mentor, certamente aprendeu suas lições. Seus dois livros “Com Propósito”, traduzidos em 57 idiomas e com mais de 30 milhões de cópias vendidas, revelam as regras do jogo que Drucker havia visualizado. Warren fez com que as igrejas locais colocassem em prática a visão dos seus livros através dos programas comunitários enormemente popularizados como “40 Dias com Propósito”. Até o presente, 500 mil igrejas em 162 nações tornaram-se parte dessa rede mundial. Elas formam a base do seu plano global chamado P.E.A.C.E. (“Paz”, em inglês).
Mas o que é o Plano P.E.A.C.E? Warren apresenta seu plano à igreja no site www.thepeaceplan.com. No vídeo ele identifica os “gigantes” que assolam a humanidade, como sendo vazio espiritual, liderança autocentrada, pobreza, doença e analfabetismo, que ele pretende erradicar pelo P.E.A.C.E: “P”: plantação de igrejas; “E”: equipamento de líderes; “A”: assistência aos pobres; “C”: cuidado dos enfermos; “E”: educando a próxima geração.
Warren usa a ilustração de um tripé para descrever a melhor maneira de liquidar esses gigantes. Duas das pernas seriam governo e negócios, até hoje ineficazes, do mesmo modo como um tripé de dois pés não pode se manter de pé. A terceira perna, muito necessária, é a igreja:
Existem milhares de vilas no mundo sem escolas, sem clínicas, sem comércio e sem governo – mas sempre têm uma igreja. O que aconteceria se mobilizássemos as igrejas para atacar esses cinco gigantes globais?
Já que existem 2,3 bilhões de cristãos no mundo inteiro, Warren chega à conclusão de que eles poderiam formar o que Bush chamou de enorme “exército da compaixão” do“povo de fé”, como até hoje nunca se viu no mundo.
Warren expandiu sua “visão cristã” para uma visão inclusivista do Plano P.E.A.C.E., que tem atraído o apoio e o louvor dos líderes políticos e religiosos e das celebridades do mundo todo. No Fórum Econômico Mundial de 2008 [em Davos, na Suíça], Warren declarou: “O futuro do mundo não é o secularismo, mas o pluralismo religioso...”Referindo-se aos males que atacam o mundo, ele afirmou:
Não podemos resolver esses problemas sem envolver as pessoas de fé e suas instituições religiosas. De outra forma não será possível. Neste planeta existem aproximadamente 20 milhões de judeus, 600 milhões de budistas, 800 milhões de hindus, mais de um bilhão de muçulmanos e 2,3 bilhões de cristãos. Se excluirmos o povo de fé da equação, estaremos excluindo 5/6 da população mundial. E se deixarmos apenas nas mãos dos seculares a solução desses problemas, ela não será realizada”.
 A fim de acomodar a cooperação com pessoas de todas as crenças, Warren substituiu o “P” do seu P.E.A.C.E. (plantar igrejas evangélicas) para o “P” de “promover reconciliação”. O “E” de “equipamento de líderes” (de igrejas) para “equipamento de líderes éticos”. Warren reconhece sua virada para o pluralismo:
Quem é o homem de paz em qualquer vila... ou, quem sabe, a mulher de paz... que goza do maior prestígio entre os seus?... Não precisam ser cristãos. Na prática, poderiam até ser muçulmanos, mas que estejam abertos e tenham influência, para se trabalhar com eles para atacar os cinco gigantes (aos quais ele adicionou o aquecimento global).
Ele cita um líder secular que aprova o que ele está fazendo.: “Eu entendo, Rick. Locais de culto são os centros de distribuição de tudo o que temos a fazer”.
Warren agora é membro do Conselho da Faith Foundation [Fundação de Fé], criada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, recentemente convertido ao catolicismo romano. O alvo dessa instituição é fomentar a cooperação e o entendimento entre as seis maiores religiões: cristã, muçulmana, hindu, budista, sikh e judaica. Mas onde fica a cruz nesse ajuntamento ecumênico? Ora, ela não fica! Decisiva para a realização desse alvo ecumênico é a eliminação do problema das religiões exclusivistas, uma preocupação articulada com muita clareza por um dos painelistas no Fórum Econômico Mundial:
Existem alguns líderes religiosos de diferentes crenças que, para reforçar sua própria fé e legitimá-la... negam legitimidade e autenticidade às outras pessoas e suas crenças. Não creio que possamos continuar agindo assim sem... trazer à tona o tipo de ódio para o qual todos nós estamos tentando encontrar uma solução. Acho que a nós cabe pressionar os líderes espirituais, seja qual for sua fé. Insistimos em fortalecer aquilo que é belo em nossas tradições, enquanto nos negamos a denegrir outras tradições de fé sugerindo que elas sejam erradas ou predestinadas a ter um fim infeliz”.
 A Bíblia explica que todas as religiões do mundo são “ilegítimas” [“falsas”] e não simplesmente “predestinadas” a ter um “fim infeliz” – elas terão um fim “justo”. Somente a fé no Evangelho bíblico salva a humanidade. Lemos em Atos 4.12 e João 3.16: “E não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”... “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A história do evangelho social é, em quase cada caso, uma tentativa sincera de cristãos buscando fazer o que eles supõem que honrará a Deus e beneficiará a humanidade. Em cada caso, porém, a prática de “benefícios à humanidade” tem comprometido a fé bíblica e desonrado a Deus. Por que isso é assim? Porque Deus não deu à Igreja a tarefa de resolver os problemas do mundo. Os que tentam fazê-lo começam pela premissa falsa, como já diz Provérbios 14.12: “Há caminho que ao homem parece direito”, mas não é o caminho de Deus. Para onde leva esse caminho? “...mas ao cabo dá em caminhos de morte”, ou seja, à destruição. Além do mais, os problemas do mundo são apenas sintomas. A causa real é o pecado.
Qual a porcentagem do “povo de fé” (que engloba todas as religiões, que seriam 5/6 da população mundial) que entende e aceita o Evangelho – a única solução para o mal chamado pecado? Ou quantos dos 2,3 bilhões de “cristãos”, no mundo inteiro, crêem realmente no Evangelho bíblico? Os números caem exponencialmente. “Sim, mas... eles formam uma força maciça de voluntários e centros de distribuição muito além dos nossos recursos, aptos a liquidar os gigantes do mundo sofredor!” Mas, que aproveita se esses bilhões de “pessoas de fé” puderem aliviar alguns dos sofrimentos do mundo mas perderem justamente suas almas?
evangelho social é uma doença mortal para o “povo de fé”. Ele reforça a idéia de que a salvação pode ser obtida pela prática de boas obras, colocando de lado as diferenças em favor de um bem comum, tratando os outros como gostaríamos de ser tratados, agindo de forma moral, ética e sacrificial – e que, agindo assim, as pessoas vão se tornar agradáveis a Deus. Não! Esses são esforços auto-enganosos, que desprezam a salvação de Deus, negando o Seu padrão perfeito e rejeitando Sua perfeita justiça. A salvação não acontece por meio de obras, para que ninguém se glorie. Na realidade, ela se processa assim: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Jesus anunciava que Ele era a única esperança, para a humanidade condenada, reconciliando-a com Deus. Ele declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Não existe outro caminho, porque a perfeita justiça de Deus exige que a pena do pecado seja paga individualmente, pois “todos pecaram” (Rm 3.23).Somente o Homem-Deus perfeito e sem mácula tinha condições de pagar totalmente essa penalidade infinita, e o fez morrendo na cruz. Somente a fé em Jesus reconcilia o homem com Deus.
O vergonhoso evangelho social de hoje não apenas promove “outro evangelho” como ajuda a preparar um reino completamente contrário às Escrituras. Pois “...a nossa cidade está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). Ele voltará do céu (Jo 14.3) para arrebatar os que nEle crêem (Sua Noiva), ou seja, para elevá-los às nuvens e levá-los para o céu (1 Ts 4.17). O reino que ficar na Terra será o reino do Anticristo.
O que realmente importa ao coração de Deus é que “todos se arrependam” e creiam no Evangelho
Em concordância com seus princípios amilenistas/pós-milenistas, os esforços doevangelho social são tentativas terrenas de restaurar aqui o reino de Deus. Eugene Peterson infiltrou essa heresia em sua Bíblia “The Message”:
Deus não teve todo esse trabalho de enviar o Seu Filho simplesmente para apontar o seu dedo acusador, dizendo como o mundo era mau. Ele veio ajudar a colocar o mundo novamente em ordem (uma perversão de João 3.17).
Rod Bell, em seu livro “Velvet Elvis”, reflete a escatologia da “terra restaurada” de quase todos os líderes da Igreja Emergente:
Salvação é quando todo o universo é trazido à harmonia com o seu Criador. Isso tem conseqüências enormes na forma com que as pessoas apresentam a mensagem de Jesus. Sim, Jesus pode vir a nossos corações. Mas podemos nos juntar a um movimento que é tão amplo como o próprio universo. Rochas, árvores, pássaros, pântanos e ecossistemas. O desejo de Deus é restaurar tudo isso... O objetivo não é fugir deste mundo, mas transformá-lo no tipo do lugar para onde Deus possa vir. E Deus está nos transformando na espécie de gente que pode realizar esse tipo de obra.
Para Brian McLaren, líder da Igreja Emergente, essa é a futura maneira de ser dos cristãos. Numa entrevista ao ChristianPost.com de 28/7/2008 ele declarou:
Acho que no futuro também teremos de nos unir de forma humilde e tolerante a pessoas de outras crenças – muçulmanos, hindus, budistas, judeus, secularistas e outros – na busca pela paz, na preservação do meio-ambiente e na justiça para todos, as coisas que são importantes ao coração de Deus.
Não! O que realmente importa ao coração de Deus é que “todos se arrependam” e creiam no Evangelho.
Qualquer pessoa que deposita sua esperança nesse evangelho social, que usa “pessoas de fé” para “fazer deste mundo um lugar para onde Deus possa vir”, deve dar atenção às palavras de Jesus em Lucas 18.8b: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” Certamente Ele vai encontrar pessoas de todas as crenças, mas não a fé verdadeira, aquela fé pela qual Judas nos exorta a batalhar diligentemente (Jd 3). Que o Senhor nos ajude a todos para que jamais nos envergonhemos do Seu Evangelho! (T. A. McMahon - The Berean Call - Chamada.com.br)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Que o Apóstolos aos Gentios tem a nos Dizer Sobre Israel

O Que o Apóstolo aos Gentios tem a nos Dizer Sobre Israel 

Justamente Paulo, o apóstolo aos gentios (Gl 2.7-8), que também se designa “mestre dos gentios” (1 Tm 2.7; 2 Tm 1.11), é quem, na Carta aos Romanos, explana a posição básica de Israel nos planos de Deus.

Martim Lutero chamava a Carta aos Romanos de “a peça mais importante do Novo Testamento”.

Nessa carta o apóstolo Paulo proclama o maravilhoso plano da salvação onde o Deus justo justifica pecadores. A carta revela como o homem torna-se justo não por meio das obras da Lei, mas através do sacrifício de Jesus e mostra como a obra de Jesus Cristo traz mais glória a Deus e concede aos homens uma bênção maior do que aquilo que perderam pelo pecado de Adão. Também mostra como a graça possibilita uma vida santificada, jamais possível debaixo da Lei.

A Carta aos Romanos é o fundamento neotestamentário da nossa fé, e é justamente nesse texto que Paulo fala exaustivamente sobre Israel. Nos capítulos 9-11, em um trecho especial, ele explica a ação divina, os desígnios de Deus para Israel e com as nações. E no meio de suas palavras acerca da não-rejeição de Israel, o apóstolo sublinha em Romanos 11.13: “Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério”.

Em um quinto da Carta aos Romanos, o apóstolo testifica às nações (gentios) que Israel foi eleito de forma permanente.

Nenhum apóstolo aos judeus (como Pedro) proclamou dessa forma a posição de Israel nos planos de Deus como fez Paulo, o apóstolo aos gentios. É como se ele quisesse gravar essa realidade muito profundamente nas mentes dos gentios, de quem é apóstolo e mestre. Em lugar algum Paulo afirma que as promessas do Antigo Testamento feitas a Israel foram transferidas à Igreja.

Por isso deveríamos nos envergonhar de termos perdido de vista, no decorrer dos séculos, a doutrina paulina acerca de Israel. Nós, cristãos evangélicos, enaltecemos as profundas verdades da Carta de Paulo aos Romanos, mas parece que estamos esquecendo o que ele diz sobre Israel nos capítulos 9-11.

Paulo apresenta diversos argumentos, especialmente em Romanos 11, provando que Deus não desistiu de Seu povo. O que chama a atenção em sua argumentação é o empenho do apóstolo insistindo e sublinhando que Israel não foi rejeitado para sempre.

Primeiro argumento


Terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! Porque eu também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu...” (Rm 11.1-2).

A pequena expressão “de modo nenhum!” exprime, em grego, que é espantoso sequer admitir essa possibilidade.

Paulo repete essa exclamação por dez vezes na Carta aos Romanos, inclusive em relação a temas bem diferentes. Se quisermos questionar o “de modo nenhum!” em relação a Israel, teríamos de questionar igualmente seu uso em relação a outros assuntos, como em Romanos 6.15: “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!”.

E Paulo usa a si mesmo como argumento. Ele é judeu, da tribo de Benjamim. Se todo o Israel tivesse sido rejeitado para sempre, ele próprio não poderia ter chegado à fé no Messias.

Paulo ressalva, sim, que alguns israelitas foram endurecidos (Rm 11.7) e que alguns galhos foram arrancados da oliveira boa chamada Israel (Jr 11.16) por causa de sua incredulidade (Rm 11.20), mas que isso tem uma finalidade específica dentro do Plano de Salvação de Deus para com as nações. E mesmo neste tempo da Igreja, “também agora, no tempo de hoje”, Deus preservou um remanescente (Rm 11.5). Em outra ocasião, Paulo chama esse remanescente crente de “Israel de Deus” (Gl 6.16).

Segundo argumento


Já em Romanos 11.1 Paulo diz que Israel não tropeçou para que caísse nem para ficar caído e ser excluído completamente, sem restauração. “De modo nenhum!” também neste caso. O sentido mais profundo do tropeço de Israel é que, assim, os gentios foram salvos.

Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua transgressão, veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes” (Rm 11.11).

Terceiro argumento


O apóstolo segue com a explicação de que Deus não rejeitou Israel.

Paulo menciona já em Romanos 3.3 o relevante fato de que a incredulidade de Israel não anula a fidelidade de Deus. Deus não retribui o mal com o mal.

E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma!...” (Rm 3.3-4). E em Romanos 11 ele enfatiza: “Ora, se a transgressão deles redundou em riqueza para o mundo, e o seu abatimento, em riqueza para os gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.12).

No versículo 15 o apóstolo repete mais uma vez: “Porque, se o fato de terem sido eles rejeitados trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu restabelecimento, senão vida dentre os mortos?” (Rm 11.15).

– Tão certamente como veio a queda temporária de Israel, tão garantida está sua restauração e sua plenitude futura.

– Tão concretamente como houve uma rejeição temporária, tão assegurada está sua renovada aceitação.

Paulo, como nenhum outro, viu entre as nações o fruto advindo da queda de Israel na pessoa dos gentios salvos. Profeticamente ele já antevia toda a bênção que viria sobre as nações, no futuro Milênio de Deus sobre a terra, através da restauração espiritual de Israel.

Quarto argumento


Paulo não cessa de argumentar e continua explicando: “E, se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz, também os ramos o serão” (Rm 11.16).

“As primícias” devem ser entendidas como o Israel dos primeiros dias, o tempo dos patriarcas, bem como o Israel que surgiu no Egito, que Deus elegeu para Si e separou dizendo: “...vós me sereis... nação santa” (Êx 19.6).

Isso significa que se Israel foi santo no passado também será santo no futuro (separado para Deus).

A mesma coisa é expressa com a analogia dos ramos e da raiz, mostrando que houve um começo abençoado com Israel e que haverá um final abençoado, em santidade.

Zacarias fala da santidade futura de Israel, no reino messiânico divino sobre a terra: “Naquele dia, será gravado nas campainhas dos cavalos: Santo ao Senhor...” (Zc 14.20).

Quinto argumento


Paulo traz o exemplo da oliveira. Ramos judeus foram, sim, arrancados da oliveira boa chamada Israel por causa de sua incredulidade, mas os gentios que se tornaram crentes seriam enxertados como ramos bravos na oliveira boa. Isso não significa que as nações se tornaram Israel, mas que agora compartilham da mesma raiz com Israel (veja Ef 2.19; Ef 3.6). Paulo anuncia ainda que, mais tarde, Deus voltará a enxertar, como ramos naturais, os israelitas que se tornarem crentes (Rm 11.17-24).

A oliveira tem relação com os pais de Israel (os patriarcas), de quem se formou a futura nação de Israel.

Quando nós, como nações, somos enxertados na oliveira, ou seja, na fé de Abraão, somos aparentados com Israel (v.19). Em Romanos 4.16 Paulo diz que Abraão é “pai de todos nós”.

A igreja em Roma era formada por crentes judeus e gentios, mas os cristãos gentios se elevavam acima dos judeus. Por isso, Paulo os admoestou:

– “...sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz, a ti” (Rm 11.18). A salvação vem dos judeus (Jo 4.22). Abraão, Isaque e Jacó são a fonte da bênção para os gentios.

– “Não te ensoberbeças, mas teme” (Rm 11.20).

– Se não, poderia acontecer que Deus não poupará também a ti (Rm 11.21-22).

Mas no decorrer dos séculos esses alertas foram levados pelo vento, e ao invés de atentar às exortações de Paulo, a Teologia da Substituição foi ganhando terreno e Israel foi sendo rejeitado pelos cristãos.

Por essa razão, no fim dos tempos o cristianismo nominal será rejeitado pelo Senhor e o cristianismo institucionalizado sucumbirá diante do império anticristão. A Igreja verdadeira será arrebatada e todo o Israel será salvo e, assim, enxertado outra vez. Desse modo, a declaração de Paulo também é um alerta profético (Rm 11.21).

Sexto argumento


Posteriormente Paulo menciona que Israel continua sendo “amado” por causa dos patriarcas e que “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.28-29). Com essas palavras Paulo está se referindo à aliança abraâmica, uma aliança unilateral e indissolúvel.

Sétimo argumento


Finalmente, Paulo descortina um mistério (Rm 11.25-27), ou seja, que veio endurecimento em parte a Israel até que haja entrado a plenitude dos gentios no Corpo espiritual de Cristo. Depois disso todo o Israel será salvo; não apenas parte dele, como hoje (v.5). Portanto, a rejeição de Israel vai durar um período de tempo limitado e jamais foi definitiva.

Depois que o Corpo da Igreja, formada por judeus e gentios, unir-se ao Cabeça (Cristo) por ocasião do Arrebatamento, o Senhor voltará em glória para Sião, para salvar todo o Israel (Ap 14.1; Is 59.20; Ez 36.33; Sl 14.7).

No final, Deus voltará Sua misericórdia para os judeus da mesma forma que a demonstrou pelos cristãos gentios.

– Nós não críamos e experimentamos misericórdia.

– Eles não crêem agora mas experimentarão a misericórdia futura. Deus usará de misericórdia para com todos (Rm 11.30-32).

Paulo só consegue louvar e adorar diante dessa revelação e diante da sabedoria divina em lidar com Israel e com as nações.

Deus usa até a falha de Israel para transformá-la em bênção, o que conduz o apóstolo à adoração que encerra esse trecho de suas explanações: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro: Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36). (Norbert Lieth)

domingo, 19 de julho de 2015

PERSEGUIÇÃO E MORTE DE CRISTÃOS PELO ESTADO ISLÂMICO


Membro do Estado Islâmico destruindo uma lápide cristã em Mossul, Iraque, em abril de 2015. (imagem: MEMRI)


O Estado Islâmico Massacra Etíopes Cristãos
Apenas dois dias depois do Estado Islâmico (EI) ter publicado um vídeo mostrando seus membros massacrando 21 cristãos coptas na Líbia no domingo do dia 19 de abril, o grupo jihadista islâmico divulgou outro vídeo de mais cristãos na Líbia, cerca de 30 etíopes, referindo-se a eles, com desprezo, por meio do porta-voz do EI como "adoradores da cruz", sendo assassinados por não terem pago a jizya, extorsão exigida do "Povo do Livro" que serecusa a se converter ao Islã, de acordo com o Alcorão 9:29.
Alguns dos cristãos foram mortos pelas costas com um tiro na cabeça no estilo execução, os demais foram decapitados, como fizeram com os coptas.
O porta-voz do EI se dirigiu então aos "cristãos do mundo todo":
dizemos aos cristãos onde quer que se encontrem, o Estado Islâmico irá se expandir, com a permissão de Alá. E ele chegará até vocês mesmo que vocês estejam em fortalezas reforçadas. De modo que aquele que se converter ao Islã estará seguro e aquele que aceitar o contrato Dhimmah (subjugado, tratamento e status de cidadão de terceira categoria) estará em segurança. Mas todo aquele que se recusar não verá nada de nós além da ponta da lança. Os homens serão mortos e as crianças serão escravizadas e seus bens serão tomados como espólio. Esse é o julgamento de Alá e Seu Mensageiro.

Em uma declaração, a Igreja Cristã Copta do Egito assinalou que os mártires etíopes, assim como os 21 coptas, foram "assassinados somente por se recusarem a abandonar sua religião".

Al Shabaab Assassina 147 Pessoas, Separa Muçulmanos de Cristãos
Em 2 de abril no Quênia, homens armados do grupo Somali Islâmico, Al Shabaab, "a juventude (islâmica)", invadiram a Universidade Garissa, separaram os estudantes cristãos assassinando todos, alguns por decapitação. Um total de 147 pessoas foram mortas no ataque, tornando essa jihad mais "espetacular" ainda do que o ataque do Al Shabaab em 2013 no Shopping Westgate em Nairóbi que deixou 67 mortos (naquela ocasião os homens armados islâmicos também separaram os cristãos para serem massacrados).
Os homens armados islâmicos tiveram o cuidado de separar os cristãos dos muçulmanos antes com começar a carnificina, segundo testemunhas oculares. (Embora o Quênia tenha 83% de cristãos, ele ainda conta com 11% de minoria muçulmana). Collins Wetangula, vice-presidente da união dos estudantes, reportou que podia ouvir do quarto onde estava escondida, os homens armados abrindo portas e perguntando se os internos eram cristãos ou muçulmanos. "Se fosse cristão era imediatamente morto a tiros. A cada som de tiro eu achava que iria morrer".
O Al Shabaab tem uma longa história de separar cristãos dos muçulmanos para o massacre. Outros grupos jihadistas, incluindo o Boko Haram e o Estado Islâmico também entendem como questão de honra selecionar os cristãos antes de massacrá-los, fato este, não raramente omitido pela "grande mídia".
Igrejas Egípcias sob Ataque
Em 5 de abril, enquanto os cristãos coptas estavam comemorando o Domingo de Ramos, uma igreja foi atacada em Alexandria, Egito. Homens armados abriram fogo contra uma igreja durante a noite, ferindo um policial e dois civis.
Em 12 de abril, no Domingo de Páscoa, segundo o calendário ortodoxo, duas explosões atingiram duas igrejas na região de Zagazig. Um carro explodiu próximo a uma igreja ortodoxa copta e uma bomba explodiu perto de uma igreja evangélica na mesma região. Embora não houvesse vítimas, poderia ter havido um grande número, com base em casos anteriores. Por exemplo, em 1º de janeiro de 2011, quando os cristãos do Egito celebravam o Ano Novo, carros bomba explodiram próximo à Igreja Dois Santos em Alexandria, matando 23 crentes e ferindo dezenas gravemente.
Muçulmanos fizeram manifestações violentas porque o Presidente Sisi concordou que os coptas construíssem uma igreja em Al-Our, onde 13 dos 21 cristãos decapitados cresceram e onde suas famílias ainda residem. Muçulmanos locais iniciaram o tumulto logo depois das rezas islâmicas da sexta-feira, 3 de abril. Eles gritavam que jamais permitiriam que uma igreja fosse construída, que o "Egito é Islâmico"! Ao cair da noite, coquetéis Molotov e pedras foram arremessadas contra outra igreja copta, carros foram incendiados, inclusive o de um parente de um homem decapitado pelo Estado Islâmico e várias pessoas ficaram feridas.[1]
Um dia mais tarde, em 4 de abril, muçulmanos protestaram com violência e atacaram os cristãos da aldeia de Gala', bairro de Samalout. Após esperarem por anos a fio para restaurarem sua igreja dilapidada (clique aqui para visualizar as fotos), os coptas locais finalmente receberam os devidos alvarás para iniciarem a restauração. Logo pessoas, casas e negócios coptas foram atacados com pedras. Lavouras pertencentes a cristãos foram destruídas e as plantações arrancadas. Slogans islâmicos foram constantemente entoados, como: "não há outro Deus senão Alá" e "Islâmico! Islâmico"!
Após esperar 44 anos, os cristãos de Nag Shenouda, na cidade de Sohag, finalmente receberam o alvará necessário para construir uma nova igreja. Os muçulmanos promoveram tumultos violentos indendiaram a tenda que os cristãos tinham erguido para rezar. Os cristãos de Nag Shenouda foram forçados a comemorar a Páscoa no meio da rua (clique aqui para visualizar a foto). Quando um cristão tentou manter o serviço religioso em sua casa, uma turba de muçulmanos o atacou e também a sua família.
Mais Ataques Islâmicos contra Igrejas Cristãs
Síria: O Estado Islâmico destruiu pelo menos três igrejas sob seu controle:
no domingo de Páscoa o Estado Islâmico destruiu a Igreja Virgem Maria, uma igreja assíria construída e consagrada em 1934 em Tel Nasri, no norte da Síria. Tel Nasri, em tradução livre "Monte Cristão", é uma das dezenas de aldeias cristãs assírias ao longo do rio Khabur, todas foram atacadas e ocupadas pelo Estado Islâmico no final de fevereiro (clique aqui e aqui para mais visualizações).
Em 28 de abril a Igreja Assíria Santo Odisho em Tel Tal e a igreja Armênia Santa Rita Tilel em Aleppo, também foram destruídas.
Nigéria: Em 1º de abril uma turba de muçulmanos ateou fogo em uma igreja em uma aldeia cristã no Estado Kano no norte da Nigéria. Os muçulmanos estavam a procura de um jovem com o objetivo de assassiná-lo, ele tinha renunciado ao Islã e se reconvertido ao cristianismo. A turba munida de facões também atacou aldeias cristãs, ateou fogo na casa de um pastor e matou uma de suas filhas. De acordo com uma autoridade local, o General Dikko disse o seguinte:
a igreja e todas as propriedades foram queimadas na presença da comunidade cristã apesar de todos os apelos para que parassem com a destruição. Os incendiários juntaram espigas de milho dentro da igreja para aumentar ainda mais a destruição... Nós temos o direito de pertencer à religião de nossa preferência e residir em qualquer lugar desse país. Solicitamos às autoridades de todos os níveis para que assumam sua responsabilidade de protegerem a vida e a propriedade de cada cidadão desse país.
Paquistão: Dois criminosos em uma moto abriram fogo nos portões principais de uma escola cristã em Lahore, no fogo cruzado duas pessoas que passavam pelo local ficaram feridas.
Malásia: No domingo do dia 19 de abril uma turba muçulmana de cerca de 50 pessoas provocou tumulto e protestoem frente a uma pequena igreja protestante na capital de Kuala Lumpur. O motivo da fúria era uma cruz no topo da casa de orações. Membros da turba disseram que a cruz, símbolo do cristianismo, representava "uma ameaça ao Islã" e poderia "influenciar a fé dos jovens". A cruz foi retirada.
Mais Massacres Muçulmanos de Cristãos
Alto-mar: Em 16 de abril, durante a travessia da Líbia, imigrantes muçulmanos jogaram ao mar, segundo consta, cerca de 53 cristãos, de acordo com a polícia da Sicília. O motivo reportado era que as vítimas "professavam a religião cristã ao passo que os agressores eram muçulmanos". Outro relatório dizia que o motivo dos cristãos terem sido jogados ao mar foi em razão de um menino ter sido visto orando para o Deus judeu-cristão. Os muçulmanos ordenaram que ele parasse dizendo "aqui nós só oramos para Alá". Com o passar do tempo os muçulmanos, segundo as palavras de uma testemunha "surtaram", e começaram a gritar, "Allahu Akbar"! e em seguida começaram a jogar os cristãos no mar.[2]
Nigéria: "Todas as 276 alunas cristãs sequestradas pelo Boko Haram em 2014 podem estar entre um grupo demulheres massacradas pelo Boko Haram no último mês de (março), segundo a imprensa nigeriana noticiou na segunda-feira 6 de abril",[3] de acordo com o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU".
Síria: Rebeldes islâmicos lançaram foguetes em um bairro cristão em Aleppo na madrugada do dia 10 para o dia 11 de abril. O ataque causou enorme destruição na região oriental do bairro Sulaymaniyah, predominantemente assírio e armênio. Pelo menos 40 pessoas, em sua maioria assírios, inclusive mulheres e crianças, foram mortas. Uma catedral católica assíria também foi bombardeada, ferindo três civis. "Nossa festa de Páscoa se transformou em sofrimento", uma freira em Aleppo disse o seguinte: "algumas pessoas acordaram e de repente se viram sem casa e outros morreram entre os destroços, vítimas da violência".
Egito: Um muçulmano esfaqueou repetidas vezes uma mulher cristã e em seguida jogou seu corpo em um canal. A mulher copta, Gamila Basilious, de 48 anos de idade, casada, residia em Minya. De acordo com relatos da polícia, o homem, Mahmoud Hassan Abdulhamid, veio à sua porta perguntando pelo marido. Ao descobrir que o marido não se encontrava, aproveitou-se da situação atacando-a com uma faca, esfaqueando-a no pescoço e no tórax. Sendo "infiéis", os cristãos coptas são regularmente atacados no Egito. Os ataques incluem sequestro, ataques a igrejas e massacres aleatórios.
Ataques Islâmicos contra a Liberdade Cristã: Apostasia, Blasfêmia, Proselitismo
Uganda: Cinco homens muçulmanos estupraram coletivamente e espancaram a filha de 17 anos de um pastor cristão. Segundo consta, os ataques foram desfechados em "retaliação" a recusa do pastor de parar com os serviços religiosos cristãos em uma região de maioria muçulmana. Uma menina estava se aproximando da Igreja Nova Esperança onde seu pai trabalhava como pastor quando ela foi sequestrada e levada pelos estupradores para um matagal próximo. Em suas palavras:
os cinco muçulmanos me imobilizaram e me estupraram ali mesmo. Eu tentei gritar, eles ameaçaram me matar. Um deles disse, "seu pai deve parar com essas rezas na congregação e parar de tentar converter os muçulmanos ao cristianismo e fechar a igreja, nós o avisamos diversas vezes.
Os suspeitos fugiram quando membros da igreja chegaram para uma vigília das rezas que iria durar a noite toda. Eles a levaram apressadamente a uma clínica local onde ela foi tratada de graves ferimentos e trauma psicológico. De acordo com seu pai, "a menina ainda apresenta problemas para se comunicar. Ela apenas diz algumas palavras e depois fica em silêncio. Ela necessita de acompanhamento psicológico". Mais cedo, o pai tinha recebido avisos ameaçando-o e exigindo que ele parasse com os serviços religiosos cristãos. Uma das mensagens dizia "esteja avisado de que nós não queremos sua igreja nessa região. Se o seu culto religioso continuar, você se arrependerá".
Bangladesh: Uma turba muçulmana atacou um ex-muçulmano e sua esposa por terem se convertido ao cristianismo. O casal foi atacado ao voltar para casa após ser batizado. O homem recebeu bofetadas de um imã muçulmano na frente dos dois filhos do convertido. A turba muçulmana destruiu a cerca da casa da nova família cristã e disse que iria expulsar os "apóstatas" da aldeia por eles terem deixado o Islã. O homem que batizou o casal também foi atacado, espancado pela turba em sua própria casa, mais tarde acabou perdendo o emprego.
Egito: Gad Yunan, um professor cristão copta e cinco dos seus alunos foram presos sob a acusação de "desrespeito às religiões". O "crime" deles foi o de fazer um vídeo de 30 segundos no iPhone de Yunan, zombando do Estado Islâmico, que ao que tudo indica, os muçulmanos egípcios e as autoridades equiparam com zombar do Islã, ainda que os muçulmanos no Ocidente insistam em afirmar que o EI "nada tem a ver com o Islã". Yunan foi "banido" da sua aldeia de al-Nasriya na tentativa de acalmar os muçulmanos locais, eles reagiram ao vídeo com violência, inclusive arremessando pedras contra casas e comércio dos cristãos. Nas palavras de Khamis, irmão de Yunan: "não vejo nada de ofensivo ao Islã no vídeo. Eles estavam brincando e zombando do Daesh (sigla do EI em árabe), não do Islã. Meu irmão não teve a intenção de ofender a religião islâmica". [4]
Etiópia: Gemechu Jorgo e o Xeque Amin, dois homens que estavam distribuindo Bíblias na região de Melka na Etiópia foram presos. A lei islâmica proíbe a propaganda e a disseminação de qualquer religião que não seja o Islã. Enquanto estiveram encarcerados, ambos foram molestados e sofreram abusos físicos das autoridades. A certa altura, Jorgo lembrou ao administrador do distrito Jamal Adam de seu direito constitucional de praticar livremente sua religião cristã. Em resposta, o administrador muçulmano usou a Bíblia de Jorgo para esbofeteá-lo três vezes. Amin, que já foi um xeque muçulmano e líder de oração de uma mesquita, recentemente se converteu ao cristianismo. Enquanto esteve encarcerado, as autoridades prisionais viviam pressionando-o a abandonar Cristo e retornar ao Islã. Ele se recusou. No final ambos foram soltos. A Etiópia é uma nação de maioria cristã, embora os muçulmanos constituam um terço da população.
Uzbequistão: Apareceram relatos em abril sobre assédio, encarceramento e multas de vários cristãos por praticarem seu direito à liberdade de religião ou crença. Um dos prisioneiros políticos o Batista Doniyor Akhmedov do Conselho das Igrejas, foi multado em um salário mínimo por mais de três anos após sua soltura em que esteve preso por 15 dias. Outros prisioneiros políticos que estiveram presos por pouco tempo foram: um protestante em Bukhara, sentenciado a sete dias de prisão por atividade religiosa "ilegal" e outro também protestante sentenciado a 10 dias de prisão por "lecionar religião ilegalmente". Suas identidades continuam no anonimato por receio que eles possam sofrer mais represálias. Mais nove protestantes foram multados por "armazenarem ilegalmente" material e literatura cristã. Suas casas foram atacadas pela polícia, que confiscou livros cristãos, CDs e DVDs. "As minorias religiosas são monitoradas de perto no Uzbequistão, são impedidas de exercerem abertamente suas crenças sem sofrerem punições como cadeia ou pesadas multas", conforme reportagem do Forum 18 News.
Dhimmitude: Violência Generalizada e Hostilidade contra Cristãos
França: Em 15 de abril, 215 lápides cristãs e cruzes no cemitério de Saint-Roch de Castres (Tarn) foram danificados e profanados (clique aqui para visualizar as imagens). O responsável foi depois detido. Segundo o promotor, Charlotte Beluet: "o suspeito, detido às 12h45 da quinta-feira, corresponde à descrição de uma testemunha, um funcionário do cemitério, que passou pelo homem vestido em uma djellaba branca (vestimenta árabe/muçulmana) e o seguiu... O homem fica repetindo orações muçulmanas, baba e não consegue se comunicar: sua condição foi declarada incompatível com a detenção anterior". Ele foi hospitalizado sob o pressuposto de ser "mentalmente desequilibrado".
Iraque: O Estado Islâmico publicou fotos em que seus membros estão destruindo lápides e cruzes em cemitérios sob seu controle, inclusive o mais antigo cemitério cristão de Mossul próximo a Catedral Ortodoxa da Síria. O EI cita escrituras islâmicas para justificar suas ações. Vários Websites jihadistas postaram as fotos. Algumas mostravam membros do Estado Islâmico usando marretas para destruírem as lápides e apagarem as cruzes esculpidas nelas. 
Bangladesh: No dia da Páscoa, uma aldeia cristã católica da tribo Khasia foi atacada por muçulmanos. Syed Ara Begum, muçulmano, proprietário de uma plantação de chá juntamente com uma turba de muçulmanos, atacaram a aldeia cristã enquanto seus moradores participavam da missa. O proprietário da plantação, segundo consta, estava querendo tomar a terra dos cristãos. Ao que parece, após ouvir os gritos de seu rebanho, o Pe. James Kiron Rozario correu para a cena do ataque. Chegando lá, a multidão de muçulmanos o atacou com uma faca, ferindo-o gravemente, ameaçando-o de morte. A turba muçulmana prosseguiu roubando objetos no valor de cerca de US$4.000. Ela também destruiu Bíblias, cruzes, imagens sagradas, instrumentos musicais e casas, além de matar a esmo galinhas e cabras. De acordo com o Monsenhor Bejoy N. D'Cruze OMI, Bispo de Syleht, "vivemos com medo. ... Queremos justiça e segurança para nossos padres e crentes. Temos a esperança que o governo irá encontrar uma solução pacífica e que nossa gente poderá viver livre de tensões... Ela (Khasia Católica) é uma comunidade por demais pacífica, mas é frequentemente vítima da maioria Bengali (muçulmana)".
Paquistão:Na manhã de 17 de abril, homens armados, islâmicos, suspeitos, abriram fogo contra a escola católica St Francis High School, fundada em 1842 em Lahore, há muito tempo considerada uma das melhores escolas da cidade. Um estudante e dois seguranças ficaram feridos e foram levados ao hospital. Muito embora a motivação do ataque ainda não tenha sido estabelecida, o advogado cristão Sardar Mushtaq Gill, um importante defensor dos direitos dos cristãos no Paquistão, manifestou em um parecer que esse "novo ataque mostra a deterioração da situação dos cristãos no Paquistão e espalha ainda mais medo".
Em 29 de março, Shamim Masih, um repórter cristão que expõe a perseguição muçulmana, foi atacado em Islamabad por dois homens em uma moto. De acordo com o líder do Partido do Congresso Cristão Paquistanês, Nazir S. Bhatti: "os atacantes da moto desceram e começaram a espancar Shamim Masih... Eles quebraram seu braço e o ameaçaram, caso ele não parasse de fazer reportagens sobre questões cristãs, que eles conheciam sua família e sua casa e que dariam uma lição a ele e à sua família". Como de costume, a polícia não registrou o incidente. Nas palavras de Bhatti: "como Shamim Masih é um jornalista cristão... a polícia e a administração não estão dando nenhuma atenção ou mostrando qualquer interesse em investigar o incidente".
Em 1º de abril, militantes islâmicos balearam e feriram o irmão e ativista do advogado cristão Sardar Mushtaq Gill. Esse é o último ataque contra Gill e sua família por militantes islâmicos, furiosos, ao que tudo indica, por ele ter criticado as controvertidas leis da blasfêmia, desculpa essa rotineiramente usada para atacar a minoria cristã paquistanesa. De acordo com o defensor dos direitos humanos "Pervaiz Gill (seu irmão) sofreu um ferimento em consequência de um tiro na região lombar, sendo então transferido às pressas ao Jinah Hospital em Lahore onde a bala foi retirada". No entanto "a polícia não está atrás do atirador", já identificado como Muhammad Bilal, "nossas vidas correm perigo se o atirador não for detido". No último mês de agosto, a casa de Gill foi metralhada durante a noite, pela segunda vez.
Síria: Desde que a cidade de Idlib caiu nas mãos dos rebeldes em 28 de março, os habitantes cristãos vem sendo atacados, o sacerdote ortodoxo grego de 57 anos Ibrahim Farah, presidente da paróquia grego-ortodoxa dedicada à Virgem Maria foi sequestrado. Segundo relatos recentes, Farah, que optou por permanecer na cidade e cuidar dos cristãos incapazes de fugir, estava aguardando um "julgamento".
Palavras Animadoras, Não Atitudes
Pelo fato da perseguição dos cristãos pelos muçulmanos estar aumentando exponencialmente, cada vez mais líderes cristãos e políticos estão começando a se manifestar a respeito, embora não haja uma resposta proporcional. Em uma missa em abril, o Papa Francisco disse que a Igreja de hoje é uma "Igreja de mártires". Ele continuou:
nos dias de hoje há quantos Estevãos no mundo! Pensemos em nossos irmãos que tiveram as gargantas cortadas na praia da Líbia "pelo Estado Islâmico", pensemos no jovem menino que foi queimado vivo, pensemos naquelesimigrantes jogados ao mar por outros imigrantes por serem cristãos, pensemos, que foi antes de ontem, que osetíopes foram assassinados porque eram cristãos... e pensemos em muitos outros. Muitos outros sobre os quais nem temos conhecimento e que estão sofrendo em prisões por serem cristãos... A Igreja hoje é uma Igreja de mártires: eles sofrem, dão sua vida e nós recebemos a bênção de Deus pelo seu testemunho.
O Patriarca Kirill de Moscou e de Toda a Rússia, que certa vez escreveu uma carta para Barack Obama implorando ao presidente que reconsiderasse sua política externa que permite a perseguição de cristãos na Síria, se manifestou novamente sobre a ameaça dos cristãos serem extintos no Oriente Médio:
eu recebo constantemente relatos sobre crimes hediondos que são cometidos naquela região contra cristãos, especialmente no norte do Iraque. Eu visitei aqueles lugares e lembro que havia muitas igrejas e mosteiros. Só na cidade de Mossul havia 45 igrejas. Hoje já não há mais nenhuma. As construções foram destruídas. Quatrocentas igrejas foram destruídas na Síria... O cristianismo agora é a religião mais perseguida. A mesma coisa está acontecendo na Nigéria, Paquistão e no norte da África.
De acordo com o escritor saudita Hani Naqshabandi "nossas instituições religiosas não nos dão espaço para exercitarmos a liberdade de pensamento... Elas (instituições sauditas) dizem que o cristão é um infiel, um habitante do inferno, um inimigo de Alá e do Islã. Então dizemos: Alá amaldiçoe-os". Ele também realça o fato pouco conhecido de que os "cristãos necessitam de proteção... O que aconteceu com os cristãos no Iraque e na Síria e em regiões mais distantes como a Argélia, não recebeu cobertura da imprensa árabe, no que tange à questão humana, independentemente da religião".
Até mesmo o Primeiro Ministro do Reino Unido David Cameron, que comumente é criticado por ser tolerante demais em relação aos islamistas, teceu os seguintes comentários em sua mensagem de Páscoa:
também temos a obrigação de nos manifestarmos diante da perseguição de cristãos ao redor mundo. É traumático que em 2015 ainda haja cristãos sendo ameaçados, torturados, até mortos em virtude da sua religião. Do Egito à Nigéria, da Líbia à Coréia do Norte. Por todo o Oriente Médio os cristãos estão sendo caçados em suas casas, forçados a fugirem de uma aldeia a outra, muitos são forçados a renunciarem a sua religião ou serem brutalmente assassinados. Para todos os cristãos corajosos no Iraque e na Síria que praticam sua religião ou que acolhem pessoas, dizemos "estamos com vocês.


Sobre essa Série de Artigos

Embora nem todos, nem mesmo a maioria dos muçulmanos esteja envolvida, a perseguição aos cristãos está aumentando. A série "Perseguição Muçulmana aos Cristãos" foi desenvolvida para reunir algumas, nem todas, as instâncias de perseguição que aparecem a cada mês.
Ela documenta o que a grande mídia frequentemente deixa de noticiar.
Ela postula que esse tipo de perseguição não é aleatória e sim sistemática, e que ocorre em todos os idiomas, etnias e lugares.
Notas:

[1] De acordo com um padre local e porta-voz copta, o ataque muçulmano em uma igreja cristã copta que seria construída, com a permissão do Presidente Sisi, para homenagear os 21 cristãos coptas que foram massacrados pelo Estado Islâmico na Líbia, não foi nada além do padrão e um lembrete que a atitude da Sharia Islâmica continua a solapar a soberania do estado egípcio. Em uma entrevista, ele afirmou:
primeiramente o que aconteceu foi o seguinte, quando tomamos a decisão no que diz respeito à igreja e não fomos capazes de implementá-la (construir a igreja) porque alguns muçulmanos não a querem, porque eles não querem a igreja, isto significa, antes de mais nada e acima de tudo, o fracasso do estado e de sua autoridade e a falência do estado de direito. Quando um grupo se opõe (com violência, vários coptas ficaram feridos) e a polícia nada faz, é como uma doença que irá se disseminar para todos os lados.
Hoje por exemplo foi tomada uma decisão, mas há, digamos 3 ou 4 membros da Irmandade Muçulmana ou Salafistas que são contra e o governo aparece protestando juntamente com eles, nesse caso foi dado a todos que querem se opor (com violência) a oportunidade de se oporem.
[2] De acordo com a Associated Press:
A polícia de Palermo afirmou ter detido 15 suspeitos do ataque ocorrido em alto mar, ataque este que a polícia tomou conhecimento enquanto entrevistava os sobreviventes, aos prantos, da Nigéria e de Gana que chegaram a Palermo na manhã de quarta-feira após serem salvos do mar pela embarcação Ellensborg.
Os 15 foram acusados de múltiplos homicídios com a agravante de ódio religioso, conforme declaração da polícia.
Os sobreviventes disseram que tinham subido em um bote de borracha em 14 de abril na costa líbia com 105 passageiros a bordo, parte da onda de imigrantes que estavam aproveitando a calmaria e o clima quente para se arriscarem na travessia a partir da Líbia, de onde se origina a maioria das operações de contrabando.
Durante a travessia, os imigrantes da Nigéria e de Gana, segundo consta eram cristãos, foram ameaçados de serem abandonados em alto mar por cerca de 15 passageiros da Costa do Marfim, Senegal, Mali e Guiné Bissau.
No final a ameaça se concretizou e 12 passageiros foram lançados ao mar. O motivo declarado era que as vítimas "professavam a religião cristã ao passo que os agressores eram muçulmanos".
Os cristãos sobreviventes, segundo a declaração, só conseguiram permanecer a bordo por meio da formação de uma "corrente humana" para resistir ao ataque...
[3] O influente jornal This Day revela que Zeid Ra'ad al Hussein disse que "a recente recuperação de territórios no nordeste da Nigéria trouxe à luz cenas macabras de valas comuns e outros sinais evidentes de assassinatos cometidos pelo Boko Haram". Ele citou vários relatórios obtidos pelo seu escritório em Genebra que "incluem o assassinato de mulheres de combatentes, mulheres e meninas escravizadas".
[4] Um lojista copta contou como foi violenta a reação dos muçulmanos após saberem do vídeo:
houve três ou quatro marchas em diferentes lugares da aldeia, uma vez que nossa aldeia é consideravelmente grande. Eles entoavam slogans contra os cristãos e o cristianismo. Eles cantavam: "com nossas almas e nosso sangue, nós o defenderemos, oh Islã! Não o abandonaremos, nós o vingaremos"!
Eles atiravam pedras nas casas dos cristãos, batiam violentamente em portas e janelas, atacavam lojas de cristãos coptas. Eles destruíram a porta da minha loja e o estúdio fotográfico pertencente ao pai de um dos meninos.
Durante quatro dias vivemos aterrorizados e em pânico. Ficamos dentro de casa e nossos filhos não frequentaram as aulas. Também não pudemos ir à igreja para participar das missas da Semana Santa (Copta).
Outro copta local descreveu como sua casa foi atacada:
na noite de quinta-feira (9 de abril), manifestantes muçulmanos atacaram nossa residência. Atacaram-na com pedras e nos insultaram. Eles gritavam "oh kafirs (infiéis), não podemos deixá-los viver por aqui. Nós expulsaremos vocês da nossa aldeia". Eles também roubaram as janelas da nossa casa... Não tivemos condições de ir à igreja durante esses eventos. Além disso, não fomos à igreja no sábado para participar da missa de Páscoa. Até o presente momento estivemos dentro de casa com medo que os ataques contra nós recomeçarão.


Raymond Ibrahim
 é o autor de Crucified Again: Exposing Islam's New War in Christians (publicado por Regnery em cooperação com o Gatestone Institute, abril de 2013).