quinta-feira, 31 de maio de 2012

PODER GLOBAL E RELIGIÃO UNIVERSAL


As engrenagens de um engodo espiritual.

A rigor, Poder Global e Religião Universal (Ecclesiae, 2012), do Monsenhor Juan Claudio Sanahuja, não traz informações novas nem secretas, mas traz informações fundamentais expostas de forma ordenada, o que lhes dá uma inteligibilidade que geralmente lhes falta, ainda as reputando a personagens e iniciativas bastante concretas – com o que dá nome aos bois. O leitor brasileiro que opina sobre política já não tem desculpas para ignorar ou dar de ombros diante do projeto totalitário de governo mundial que canta como sereia à elite do ocidente: isso, porque tanto A verdadeira história do Clube Bilderberg (Planeta, 2006), do jornalista espanhol Daniel Estulin, como Corporação (Cultrix, 2008), do scholar inglês Nicholas Hagger, estão publicados no Brasil – claro, são só uma ponta do iceberg, mas pelo menos são uma ponta que abre caminho em nosso mercado editorial. Caminho esse, enfim, que é o mesmo do livro de Mons. Sanahuja, que ainda acrescenta uma peculiaridade aos estudos da matéria: o enfoque da “espiritualidade” que há décadas vem sendo forjada e promovida como caixa de ressonância na qual, para o cidadão comum, fará sentido a destruição sistemática de tudo que de mais honrado temos.

Livros como False Dawn, de Lee Penn, interessam-se mais pela “doutrina” (Helena Blavatsky, Alice Bailey, Barbara Hubbard, Teilhard de Chardin etc.), se assim podemos chamá-la, e pelos grandes promotores da religião universal que se quer baixar como decreto. Já ao Mons. Sanahuja interessam os estratagemas com os quais se baixam o decreto: o desenvolvimento de novos “paradigmas éticos” e “paradigmas religiosos” em uma operação multilateral – e cujo controle foge até mesmo aos grandes engenheiros sociais – de imposição de definições sempre mutáveis de “direitos humanos”, “desenvolvimento sustentável” e outras belas palavras que o leitor bem conhece, e cuja fonte irradiadora próxima o autor localiza nas grandes conferências internacionais da década de 1990, inspiradas no Relatório Kissinger (1974). Mas vamos por partes.

Primeiro: em que consiste o projeto de uma nova religião universal? Consiste na tentativa de “dar uma resposta única e universal a todas as questões que possam ser propostas pelos seres humanos, em qualquer situação em que se encontrem e onde quer que estejam. Para tanto, é necessário, como é lógico, colonizar a inteligência e o espírito de todos e de cada um dos habitantes do planeta”, especificamente através de um “credo religioso”, de todo oposto ao cristianismo (“a ética judaico-cristã não poderá ser aplicada no futuro”, afirmou Hiroshi Nakajima, ex-diretor geral da OMS). O leitor mais precavido poderá fazer um muxoxo ao tentar se lembrar de quando viu, se viu, algum João Batista a pregar o novo Messias da ONU. De fato, são raros os sacerdotes de um novo culto paramentados em praça pública a anunciar seu credo. Mas existem muitos burocratas, ongueiros e professores simpáticos a distribuir, como se fez em setembro do ano passado, em Recife, 50 mil exemplares da Carta da Terra (documento oficial da ONU) em forma de cordel a crianças de escolas públicas (
http://www.recife.pe.gov.br/2011/09/30/prefeitura_do_recife_lanca_carta_da_terra_em_literatura_de_cordel_179066.php ). É um dos principais documentos da “espiritualidade ecologista” que põe homem e besta no mesmo nível, ao estilo de um panteísmo verde grosseiro à la Mikhail Gorbachev e sua Cruz Verde Internacional, cujos agentes defendem publicamente a substituição dos Dez Mandamentos pelo decálogo da Carta.

É tortuoso o percurso até a elaboração de um documento como esse. Em 1991, aponta Mons. Sanahuja, uma das agendas de trabalho da UNESCO dava conta da elaboração de uma “ética universal de vida sustentável”. De forma muito clara ali era posta a pedra fundamental do discurso ambiental alarmista que hoje conhecemos bem: “É necessário lembrar a verdade indiscutível de que os recursos disponíveis e o espaço da Terra são limitados” (UNESCO, Diez Problemas Prospectivos de Población, Documento de Trabajo, Caracas, Febrero 1991, pp. 6-9).

Vale a pena aqui citar mais extensamente Poder Global e Religião Universal:

“Nestes documentos de trabalho, a nova ética aparece quase como um paradigma messiânico: um ‘chamado a viver uma nova ética que terá que iluminar as interrelações complexas entre os fatores econômicos, o meio-ambiente e a população’. Seus preceitos, afirmam, deverão guiar a tomada de decisões dos governos, já que estas ‘não deverão ser consideradas como medidas sobre assuntos nacionais, mas sobre assuntos de interesse internacional’, pois, por exemplo, o alto crescimento demográfico de um país pobre cria necessariamente um fluxo migratório para países com melhor nível de desenvolvimento, os quais não têm capacidade de acolher novos imigrantes.”

Apontava-se, no mesmo documento, a necessidade de frear o desenvolvimento industrial em países do terceiro mundo (“o progresso industrial dos países desenvolvidos não se estenderá aos Países do Terceiro Mundo”) com vistas a preservar o meio ambiente; mas, de modo incompreensível, chama atenção Mons. Sanahuja, “o documento acrescenta que a única causa de degradação ambiental nesses países é o fator demográfico, e que é intolerável que ‘os pobres, que serão a maioria no futuro, prejudiquem os ecossistemas do mundo para conseguir se desenvolver a qualquer preço’”.

O que ali se plantava depois se colheria nos Princípios para viver de forma sustentável (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, 1991), em que se lê que “deve-se alcançar o equilíbrio entre a capacidade de carga da Terra, o volume da população e os estilos de vida de cada indivíduo”. Poucos poderiam, à época da apresentação desses princípios, imaginar que a massificação do aborto e do gayzismo seriam meios de salvar o planeta... É que não se pode perder de vista o que Mons. Sanahuja chama de “paradigma da reinterpretação dos direitos humanos”, assentado sobre a idéia de que os direitos humanos são “evolutivos”. Por exemplo, a Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW, 1979) reivindicara programas de “planejamento familiar”. Posteriormente o comitê de monitoramento dessa convenção “interpretaria” tal reivindicação como referência ao estímulo à esterilização, à contracepção e ao aborto, sem que nada disso constasse no texto original. Mais absurdo é o caso do comitê de monitoramento do Tratado Internacional contra a Tortura, que, por uma hermenêutica jurídica feérica, interpretaria o impedimento ao aborto como um ato de tortura contra a mulher.

Notem que isso não se limita a discussões chiques em salões da ONU: em 2009, o Comitê contra a Tortura efetivamente aplicou tal interpretação ao julgar que a Nicarágua, ao proibir o aborto terapêutico, violava o tratado.

Aliás, muitos desses documentos sequer necessitam ter vigência no direito internacional para que “painéis intergovernamentais” se ponham a trabalhar no que em curto prazo já será matéria universitária respeitável e, em seguida, política de governo. Um exemplo são os “Princípios de Yogyakarta”, que, embora não contem com o aval da “comunidade internacional”, vão pouco e pouco divulgando os “direitos humanos em perspectiva homossexual” através de estudos acadêmicos e cumplicidade de autarquias governamentais. Como se vê, atira-se de todos os lados, mas o alvo é um só: pois a destruição dos modelos correntes de sociabilidade (casamento gay, etc.) e a completa desvalorização da vida humana (aborto, etc.) são aríetes a abrir caminho para um novo projeto civilizacional, cujo esteio popular é o bom-mocismo da devoção ecológica à “Terra como Grande Mãe, Magna Mater, Inana e Pachamama”, como disse Leonardo Boff – sim: o homem é ainda hoje muito influente – na Assembléia Geral das Nações Unidas em 2009.

Os capítulos 5 e 6 de Poder Global e Religião Universal, “A confusão dentro da Igreja” e “Notas para uma conduta cristã”, endereçam-se especialmente ao leitor católico, delineando estratégias de oposição ao presente estado de coisas. Curiosíssima é a resenha apresentada, no capítulo quinto, de um livro pouco conhecido, o romance Os três diálogos e o relato do Anticristo, escrito em 1900, do filósofo russo Vladimir Soloviev. Trata-se de uma distopia em que o diabo, no fim dos tempos, apresenta-se como “pacifista”, “ecologista” e “ecumenista”... O leitor há de julgar o que vai ou não de profético aí.

O livro do Mons. Sanahuja se encerra com dois apêndices: o artigo “Obama e Blair. O messianismo reinterpretado”, do filósofo belga Michel Schooyans (que inclusive viveu no Brasil), tratando do governo Obama no que diz respeito, por exemplo, a políticas abortistas; e a conferência “A Terra e seu Caráter Sagrado”, que a irmã canadense Donna Geernaert apresentou no Plenário da União Internacional de Superioras Gerais (UISG, Roma, 2007), e a qual ilustra bem o modo como pessoas de dentro da Igreja pervertem a verdade de Cristo e a põem a serviço da adoração da “Mãe Terra” do novo culto sem altar.


Ronald Robson
é jornalista e ensaísta


segunda-feira, 28 de maio de 2012

UMA PALAVRA SOBRE ISRAEL


Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que a minha destra esqueça a sua habilidade com a harpa!” Salmos 137:5 (NLT)

Israel é hoje um dos temas mais quentes que você pode encontrar na mídia. O nome, por si só, evoca sentimentos de conflito e indignação. As opiniões são diversas e fortemente divididas. Na Suécia, a inimizade com Israel alcançou proporções gigantescas nos últimos anos e não é anormal ouvir as opiniões mais bizarras que, ao serem expressas abertamente, demonstram tanto a ignorância quanto o enorme preconceito. Algumas pessoas, se houver, ousam expressar publicamente a sua inclinação positiva para Israel.

Uma nação e o seu povo não podem ser entendidos ou apreciados sem terem a sua história conhecida. Isso se aplica a Israel mais do que a qualquer outra nação no mundo. Aplica-se, e muito, quando nós olhamos para o atual conflito no Oriente Médio. A menos que sejam situados num contexto histórico, os eventos atuais serão vistos por uma perspectiva distorcida e a sua imagem não será fiel à realidade.

Se você está caminhando numa estrada e observa um homem irritado num jardim, gritando com uns adolescentes, você pode acabar se inclinando para o lado dos adolescentes porque essa situação parece um tanto desagradável. Mas você não viu o que esses jovens fizeram e o que provocou a reação deste homem. Se for constatado que vandalizaram o jardim e furaram os pneus do carro daquele homem, provavelmente a nossa simpatia mudará imediatamente. Por quê? Nós tivemos imagens diferentes. Nós vimos um cenário como se fosse inteiro e, de repente, percebemos que a história era completamente diferente.

No Oriente Médio, com um contexto extremamente complexo e muitos relacionamentos feridos, não conseguimos visualizar uma imagem completa da situação. Estamos sendo, de forma contínua, emocionalmente carregados, às vezes de maneira muito superficial e fora do contexto – tiradas de um fundo histórico. A maior imagem é frequentemente perdida. Então, quando o verdadeiro contexto é finalmente apresentado, já perdemos o interesse. A gritaria da mídia é muito alta, a vida continua e checar os fatos verídicos, indo um pouco mais a fundo, exige muita energia.

Apenas um exemplo, embora existam muitos outros: quantos de nós temos lido na mídia sobre os milhares de mísseis que têm sido frequentemente lançados de Gaza para cidades israelenses próximas, aterrorizando-as continuamente? Isso tem ocorrido por anos, mas não é algo que tempos lido a respeito, e o pouco que tem sido publicado é, normalmente, muito obscuro. Eu me lembro do que o Presidente Shimon Peres disse quando visitamos o congresso sueco há alguns anos. Ele disse: “Vocês veem as nossas reações e nos julgam, mas vocês não veem as ações que nos levaram até este ponto”. Há muita verdade nisso! A imagem oferecida é distorcida e borrada, focando apenas a situação momentânea, e levando isso para fora do contexto pode ser usada para propósitos errados.

O povo judeu tem uma história que remonta a milhares de anos. Eles são as únicas pessoas da terra que perderam suas terras, mantiveram sua língua através dos milênios e, em seguida, contra todas as possibilidades, receberam de volta sua antiga terra natal. Isso é um fato absolutamente único na história mundial.

Nenhuma outra nação tem uma história como essa. Essa nação foi, não uma vez, mas centenas de vezes, odiada, perseguida e assediada. Essa nação tem seu povo como vítima de tentativas de aniquilação total e de um Holocausto, onde 6 milhões foram brutalmente assassinados durante a Segunda Guerra Mundial. Nenhuma outra nação tem essa história. Não conseguem chegar nem perto.

É um povo que se levantou das cinzas do Holocausto e, legal e legitimamente, com a aprovação da Liga das Nações – e poderíamos acrescentar a má consciência da Liga por causa da indiferença que tiveram diante da trágica situação dos judeus sob o Nazismo -, declararam-se um Estado independente. É um povo que retornou e que em meio à resistência e ao ódio, e à contínua e incansável guerra desde o primeiro dia da sua existência, ainda foi capaz de construir sua própria nação, a única realmente democrática no Oriente Médio, com exceção do Iraque – que nós ainda não temos muita certeza. Eles têm se desenvolvido em meio aos seus vizinhos que teimosamente se negam a aceitar sua existência, fazendo ameaças intermináveis de novos holocaustos. Tais como o Irã e o Hamas, para citar apenas alguns que estão ameaçando destruir e exterminar Israel do Oriente Médio. Muitos são os vizinhos que aberta ou silenciosamente negam o direito do povo judeu de viver em sua pátria, Israel.

Tendo em vista o contexto do Holocausto e as cinzas de Auschwitz, eu com certeza posso entender a relutância do povo judeu em compreender o desejo de muitos que gostariam que eles desaparecessem. Hoje o povo judeu tem uma pátria. Ela é a garantia, de alguma forma, contra a possível ocorrência de um novo Holocausto.

É um povo que durante 2.000 anos de Diáspora permaneceu unido num único caminho, com um profundo desejo e uma esperança eterna de um dia, finalmente, serem capazes de voltar para Jerusalém. Em cada Pesach (Páscoa) eles falavam uns para os outros, não importa onde eles estivessem no momento: “ano que vem em Jerusalém”.

É um povo que tem sido caçado de um país para o outro. Expulsos da Inglaterra, da França, da Espanha e, nos tempos modernos, de todas as nações muçulmanas do Oriente Médio. Tiveram posses confiscadas, dignidade e honra tiradas, e têm sido acusados por seus inimigos dos crimes mais horríveis para justificar o ódio contra eles. Apesar de tudo, eles permaneceram preservando sua identidade, sua integridade e sua esperança eterna de que um dia no futuro seriam capazes de voltar para a terra que Deus havia prometido para os seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó.

Agora eles voltaram, apesar dos protestos de ódio e as queixas ao redor do mundo contra eles. Eles retornaram para nunca mais deixar a sua terra novamente. Eles vieram para ficar! Hoje Israel está no mapa, não importa o que o mundo árabe tente fazer para negar e recusar a inclusão do nome “Israel” nos seus mapas. Apesar dessa hostilidade, existe um lar para o povo judeu em Israel, um país antigo e ao mesmo tempo moderno.

Nós, cristãos, temos laços inquebráveis com o povo judeu, e isso significa que com Israel também. Nós não somos ingênuos românticos por Israel, que se envolvem em fantasias doentias escatológicas, onde Israel é apenas uma peça no complicado quebra-cabeça do fim dos tempos. Nem acreditamos que tudo é perfeito em Israel e que eles sempre fazem as coisas certas em todas as situações, e que nunca eles cometem erros ou equívocos. Seria justo destacar que nenhuma nação é perfeita e que nós não temos nenhum direito moral de nos sentarmos em nossos cavalos elevando o padrão de Israel como se fosse uma nação totalmente diferente das outras. Isso é hipocrisia!

Cada nação, povo/grupo e indivíduo luta contra suas imperfeições, problemas e injustiças. O mesmo acontece com Israel! E se existe alguém que deveria entender sobre imperfeições e fraquezas humanas, somos nós cristãos.

No entanto, o assunto aqui não é sobre perfeição, mas sobre a solidariedade para com o povo judeu e a nação de Israel. Uma solidariedade baseada numa convicção fundamental sobre o direito de Israel existir, baseada no direito do povo judeu de retornar e viver em sua antiga pátria, e baseada na luta contra o terrível antissemitismo. Isso significa que nós tomamos como garantido que os judeus deveriam ser capazes de viver em liberdade e dignidade em qualquer lugar que desejassem viver – em qualquer cidade do mundo, inclusive Jerusalém.

Isso também significa que nós devemos combater todas as tentativas de usar a existência de Israel ou as circunstâncias complicadas do Oriente Médio como desculpas para odiar e perseguir os judeus. O antissemitismo é e sempre será mais um termômetro espiritual que expõe a saúde moral de uma nação. Portanto, o antissemitismo deve ser interrompido a qualquer custo, independentemente de encontramos na Rússia, na França, no Oriente Médio ou em nossas cidades. Judeus, em muitos lugares do mundo, não se atrevem a andar em público com uma Estrela de Davi no pescoço, por medo de serem perseguidos e maltratados. Isso é uma mancha de vergonha nessas democracias e confirma a indiferença das autoridades.

Nós, cristãos, temos muitas razões para sermos gratos ao povo judeu. Infelizmente, não temos demonstrado tanto assim. Quando você olha para a história e percebe os crimes cometidos contra o povo judeu em nome do cristianismo, também encontra rastros de sangue.

Portanto, é algo muito positivo que milhares de cristãos de todo o mundo estejam redescobrindo suas raízes históricas e tenham um novo e genuíno interesse pelo povo e a terra que fazem parte das origens da nossa fé. E isso não é apenas por interesses históricos. Nós crentes não estamos só interessados no que Deus já fez, mas também no que Ele está fazendo nos dias de hoje e no que fará amanhã. Juntamente com a fé judaica, cremos num Deus que se move, age e continua dando seus passos na história, dirigindo-se ao seu objetivo final.
  •    Através do povo judeu, a civilização ocidental recebeu os Dez Mandamentos;
  •  Através do povo judeu nós recebemos a Bíblia com todas suas promessas de bênção para a Sua Igreja e promessas que o Senhor deu ao povo da Sua aliança;
  •    Através do povo judeu nós recebemos o Messias, nossa salvação, nosso futuro e nossa esperança;
  •     Através do povo judeu nasceu a Igreja cristã, sua linguagem simbólica, orações e formas de expressão. Todos os apóstolos eram judeus. No cenáculo, onde o Espírito Santo caiu, não havia gentios. O povo judeu é o útero do cristianismo, a sua matriz.
  •     A visão de mundo, o padrão moral e a ética judaico-cristã, e a compreensão do tempo são uma herança dos patriarcas judeus.

Devido a isso nos encontramos num relacionamento muito mais próximo, temos mais em comum, temos uma dívida de gratidão muito mais grande do que atualmente podemos compreender.  O apóstolo Paulo expressou isso muito apropriadamente no capítulo 11 da sua carta aos romanos, quando ele disse que o povo judeu são as raízes e nós somos os ramos, e que são as raízes que têm os galhos, não vice-versa. Ele também alertou quanto à arrogância e o orgulho em relação aos judeus. Então a questão que fica é: como nós podemos demonstrar nossa gratidão por tudo que temos recebido?

Mostrando nosso apoio a Israel – sem jamais odiarmos os árabes e demonstrarmos indiferença quanto aos enormes problemas e necessidades que os palestinos vêm passando. Há uma grande necessidade lá e muito sofrimento humano. É importante que se diga isso! Como cristão, sei que Deus ama toda a humanidade. Mas isso não significa que eu tenho que engolir tudo o que a mídia me diz sobre o conflito no Oriente Médio.

Existem muitas agendas políticas ao redor e é importante entender as mensagens que estão nas entrelinhas, que na maioria das vezes são, infelizmente, contra Israel e, por vezes, traiçoeiramente embrulhados e oferecidos. A paz no Oriente Médio nunca poderá ocorrer em detrimento do direito de existência do povo judeu, da sua existência, da sua antiga terra natal.

Quanto mais longe você está do conflito, parece que mais autoconfiante você fica ao falar sobre ele. Uma coisa que nos ajuda a ver além da superficialidade e da agenda política é visitar a terra. Para mim e minha esposa Birgitta, que já estivemos lá cerca de 60 ou 70 vezes, foi de uma grande ajuda viver lá por três anos. Isso nos ajudou de muitas maneiras a entender muito mais e a perceber as nuances que são impossíveis de se entender por meio da mídia ou a distância. Foram anos importantes!

Nem todo mundo é capaz de perceber isso, mas nós podemos visitar a terra e, como cristãos, deveríamos ir. É mais importante do que você imagina!

Finalmente, para resumir:

  •    Nosso apoio a Israel deve se inspirar na nossa antiga fé em comum e na entrega da Palavra de Deus para Seu povo escolhido.
  •    Nosso apoio a Israel deve se inspirar num direito básico de que todas as pessoas devem – e isso inclui os judeus – viver em liberdade em qualquer lugar que escolherem viver. Isso implica numa obra de compaixão, dando assistência aos judeus em circunstâncias difíceis a retornarem a sua terra. Eles tem o direito óbvio disso!
  •    Nosso apoio deve se inspirar na história do povo judeu; na nossa missão de derrubarmos o antissemitismo a qualquer custo, onde quer que esteja, e de jamais permitirmos que o Holocausto se repita.
  •  Nosso apoio a Israel deve se inspirar no fato de que a existência de Israel nunca será uma coincidência nem um acidente, mas um direito autoevidente que deve ser preservado independentemente do que o mundo disser. Nós não podemos ser indiferentes e nos esquecermos disso.

Deus abençoe, cuide e proteja Israel. E obrigado, Senhor, por uma paz justa, decente e verdadeira no Oriente Médio.

Esta mensagem foi dada em 27 de julho de 2011, pelo Pr. Ulf Ekman, do Ministério Word of Life, com sede em Uppsala, na Suécia.