segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ESTES BÁRBAROS

‘Salomé com a cabeça de João Batista’, Caravaggio, 1609/10.)

Por Edson Camargo www.midiasemmascara.org Novembro 2012

Estes bárbaros desfrutam hoje da hegemonia cultural, que se traduz em votos. Tudo o que atacam parece fazer cada vez menos sentido na cultura que persistem em tentar remodelar. A sacralidade da vida? Não! Nas velhas eras pagãs, valia a lei do mais forte, ou o desejo dos líderes. Sexualidade saudável, dentro da família? Não! No mundo antigo, tudo se resumia a penetrador e penetrado. E gritam: “somos a vanguarda, num novo ‘momento histórico’”. Mas o que promovem mesmo é o retorno aos velhos tempos pagãos pré-cristãos.

Estes bárbaros desprezam a individualidade da pessoa, bem como seu valor intrínseco. Nivelando todos os valores, dizendo que são todos subjetivos, querem mesmo é que César diga o que é certo ou errado. O resto não passa de “constructo social”. Da suprema blasfêmia a essa paganismo segue um trecho: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens sejam criados de modo igual e providos pelo Criador de certos direitos inalienáveis; entre eles, a vida, a liberdade e busca da felicidade”.
Estes bárbaros enaltecem o poderio de César. Pela saúde, pela paz, pela educação, alegam. Sempre se frustram, mas não se permitem atentar para o real. E, para tanto, não são nada discretos em sua sanha de controlar escolas, mídia e a produção cultural, visando uma modelagem comportamental em larga escala. Subjetividade e autonomia da consciência individual é escândalo ao mundo antigo: “Estes homens, ó Nabuconosor, não te respeitaram; a teus deuses não serviram, nem adoraram a estátua de ouro que levantaste”. Os bárbaros não toleram o homem livre, senhor de suas próprias ideias e princípios.
Estes bárbaros sacralizam a natureza. Que não toquem nas árvores e nos micos-leões! E que em nome deste panteísmo não se plante, não se construa, não se aumentem as famílias e a população. “Não é ‘sustentável’”, clamam. Agora com legitimidade jurídica, o humano volta a ser uma besta servil de forças misteriosas das florestas, como nas velhas eras pagãs.
Estes bárbaros abortam. Para eles vale mais o bem estar da tribo do que a vida por si mesma. E os fetos se reduzem a assunto de saúde pública, a consequências indesejáveis da promiscuidade das militantes que, sem dó, esquartejam e expelem suas crias. Nas velhas tribos bárbaras, deidades crúeis sacralizavam o prazer. No velho mundo bárbaro, as chamas de Moloque recebiam os pequeninos, e as trombetas do deus pagão cobriam seus últimos e agonizantes choros.
Estes bárbaros, ontem, como hoje, desprezam o Deus de Israel e seus princípios. Não é à toa que abominam o Ocidente, fruto civilizacional da cosmovisão judaico-cristã, que em tudo afronta esses nostálgicos das eras pagãs. Que em tudo denuncia a barbárie decorrente da ausência daquele Espírito que, onde habita, ali há liberdade (II Co. 3:17).
Estes bárbaros mal disfarçam em ideologias suas velhas crenças pagãs. O pastor Wurmbrand bradou: “Marx era, na verdade, um satanista”. A bruxa Margot Adler fez questão de mostrar o quanto o paganismo inspirou o feminismo desde seus primeiros momentos. Eric Voegelin e outros autores perceberam o quanto as ideologias utópicas que mataram milhões no século XX se assemelham, em tantos aspectos, a antigas crenças gnósticas. Peter Gay afirmou que o Iluminismo foi o berço do paganismo moderno e outros historiadores já afirmaram que este período, para além da imagem pública, foi mesmo um festival de bruxaria e ocultismo. Dentre os inspiradores da United Religions Initiative, hoje tentáculo da ONU, não se pode excluir nomes como Madame Blavatsky e Aleister Crowley. Como Lee Penn bem denuncia em seu livro False Dawn, esta instituição está claramente determinada a obstruir a evangelização cristã, sempre em nome da promoção ecumênica da paz mundial, incriminando os cristãos conservadores como intolerantes. Buscando reduzir o cristianismo a mero ativismo social, promove uma nova espiritualidade global, uma religião de plástico que irá dar novo valor a velhas práticas ocultistas e teosóficas.
Estes bárbaros também sabem se disfarçar de cristãos. Estes bárbaros sabem se infiltrar em instituições e veículos de mídia que se afirmam como defensores e divulgadores do cristianismo. Estes bárbaros sabem que a fé cristã diz respeito a todas as áreas do conhecimento: política, arte, economia, psicologia, ciência, filosofia, etc. E por isso que em tudo atrapalham os cristãos, impedindo-os a perceber as inúmeras riquezas deste legado com o qual Deus os presenteou, tendo anteriormente concedido a eles a salvação, por meio do sacrifício do Senhor Jesus Cristo.
Estes bárbaros sabem que, no momento em que os cristãos se posicionam e contra eles se opõem, começam a ter sérios problemas.
Estes bárbaros, seguindo o deus deste século, sabem que vivem na mentira. E que “não prevalecerão no dia do juízo” (Sl 1:5).

(Imagem: ‘Salomé com a cabeça de João Batista’, Caravaggio, 1609/10.)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

PALAVRA PROFÉTICA


O livro de Joel contém muitas promessas. A mais marcante é que Deus mantém-se ao lado de Sua terra e de Seu povo Israel. É um livro cheio de profecia – para Israel e para todos os povos. No livro do profeta Joel encontramos, inclusive, o Evangelho claro para nós hoje.
Em relação ao livro de Joel temos duas perguntas que devem ser formuladas de início para podermos ter uma visão panorâmica: onde nos encontramos cronologicamente? Qual era a situação reinante quando esse livro foi escrito?
O tempo de atuação de Joel não é mencionado, mas pelos paralelos históricos sabemos que ele exerceu seu ministério na Judéia por volta de 840-810 a.C. Portanto, ele é um dos mais antigos “profetas menores”. Se nosso ponto de partida são essas datas, então Joel profetizou durante o reinado de Joás. Lemos a respeito deste em 2 Reis 12.1-21 e 2 Crônicas 24.1-27. Vemos que Joás reinou 40 anos. Sob a liderança divina, por meio do sacerdote Joiada, o jovem Joás deu início a uma renovação espiritual entre seu povo. Seu interesse principal estava voltado para o Templo e os sacrifícios. Mas quando Joiada morreu, os príncipes de Judá convenceram Joás a reintroduzir a adoração a Baal. Na última fase de seu reinado, Joás afastou-se mais e mais de Deus.
Pouco se sabe a respeito do próprio Joel. Seu nome significa “Javé (Yahweh) é Deus” (Jo-El). Provavelmente ele vivia em Jerusalém. Seu pai se chamava Petuel, que significa “convicto por Deus” ou “simplicidade divina”. Seu tema é o vindouro “Dia do Senhor”, o grande dia do juízo, e as conseqüências desse evento. O “Dia do Senhor” acontecerá quando Jesus vier a esta terra visivelmente para estabelecer Seu reino milenar de paz.
O livro de Joel pode ser assim dividido:
Capítulo 1: a parte histórica; a praga de gafanhotos.
Capítulos 2-3: a parte profética; o exército de Javé.
Três coisas desempenham um papel importante no livro de Joel. Não as encontramos apenas neste livro profético, uma vez que se estendem por toda a Bíblia, perpassam a história secular e o Plano de Salvação, chegam até hoje e vão ainda além. Se quiser avaliar sua posição espiritual pessoal ou a de sua igreja, basta perguntar a si mesmo ou à sua igreja qual a postura em relação a estas três coisas:
1. Israel:
O livro de Joel foi escrito para o povo de Israel. O versículo 2 do capítulo 1 se dirige a “todos os habitantes da terra [de Israel]”.
Por que Israel é um assunto tão provocante, não apenas para a sociedade mas também para as igrejas e, talvez, para cada um de nós? Israel é o povo eleito por Deus. Lemos em Joel 2.17: “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?”. Deus escolheu e elegeu para Si este povo de Israel, para servi-lO. A morada de Deus, a “Casa do Senhor”, é em Israel. Não é apenas o povo de Israel como um todo, mas uma cidade específica em Israel, Jerusalém, e, mais restritamente, o monte Sião que estão em questão nesse livro profético (Jl 2.32). O livro de Joel é encerrado com as palavras: “...porque o Senhor habitará em Sião” (Jl 4.21). Sião é o centro!
Para Deus sempre é importante não ficar apenas na superfície – Ele avança até o ponto central. Em sua vida, Deus não quer ser apenas um personagem coadjuvante; Ele quer ser o centro de toda a sua existência.
 “Sião” é, para todo judeu, a mais elevada representação do que significa “pátria”. Por isso foi chamado de sionismo o movimento destinado a levar os judeus de todo o mundo de volta para Israel.
“Sião” é, para todo judeu, a mais elevada representação do que significa “pátria”. Por isso foi chamado de sionismo o movimento destinado a levar os judeus de todo o mundo de volta para Israel. O profeta Joel fala de sua terra pátria, de sua cidade natal – fala do lugar onde Deus se encontra com os homens: o Templo no monte Sião. No livro de Joel Deus é muito específico no que fala. Ele diz 14 vezes “meu povo”, “minha terra”, “meu santo monte Sião”. Em Joel 2.26 Deus chega a dizer que Seu povo jamais será envergonhado. Ele promete que Israel não deverá mais ser zombado ou escarnecido. Deus toma partido por Seu povo escolhido!
Existe um problema: muitos tentam descartar e substituir Israel. Em Joel 3.2-3 lemos: “Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre os povos, repartindo a minha terra entre si. Lançaram sortes sobre o meu povo, e deram meninos por meretrizes, e venderam meninas por vinho, que beberam”. Na Palavra de Deus está escrito muito claramente que foram as nações gentias que dispersaram Israel e o desprezaram. Infelizmente, uma ala da Igreja de Jesus, que segue a horrível Teologia da Substituição, faz parte das “nações gentias” que afirmam que a Igreja é o novo Israel. Não vêem mais a real posição de Israel. Mas o que Deus diz em Joel 3.2? Ele fala de “meu povo”, “minha herança”, “minha terra”! Lemos a palavra “meu” por três vezes! Isso não é a Igreja! Quem ensina que essas expressões se aplicam à Igreja de Jesus está com sua visão embaçada ou não consegue ler direito... sem dúvida, há muitos analfabetos teológicos! O povo de Israel tinha naquela época e tem ainda hoje um status único, pois foi e continua sendo o povo de Deus. Conceda a Israel a sua devida importância espiritual, bíblica e pessoal.
2. Profecia:
O conteúdo básico de Joel é a profecia. Cinqüenta dos seus 73 versículos são proféticos, ou seja, 68% do livro é profecia. Elas falam do “Dia do Senhor”, que é o tema central de Joel (cinco vezes é mencionado o “Dia do Senhor”: 1.15; 2.1; 2.11; 2.31; 3.14). Basicamente, o “Dia do Senhor” é um tempo em que o Senhor vai ao encontro do Seu povo com juízo ou bênção, ou com ambos ao mesmo tempo.
Se lemos a Bíblia e tentamos entender mais e mais o agir de Deus, precisamos nos distanciar do nosso pensamento ocidental e tentar captar a maneira judaica de raciocinar e de se comportar. Se não fizermos isso, não conseguiremos compreender muitas das coisas que as Escrituras dizem. Por exemplo, é importante levar em conta que o dia judaico começa à noitinha, com o pôr-do-sol. Portanto, primeiro vem um tempo de escuridão para depois raiar a luz.
Esse é um espelho exato da maneira com que Deus lidará com Seu povo: primeiro virá o juízo (a escuridão) e depois a bênção (a luz). Primeiro virá para Israel o tempo da Tribulação, e depois o Milênio. No final do tempo de tribulação haverá a grande e terrível batalha do Armagedom, descrita no Apocalipse (Ap 16.16). É justamente essa batalha que Joel, como profeta, antevê e prediz no capítulo 3.2,9-14. Ela culminará no vale da Decisão, como o chama Joel, que é o vale de Josafá. Josafá pode ser traduzido por “o Senhor/Javé faz justiça” ou “o Senhor/Javé julgará”. Essa batalha é mais uma luta contra Israel, mas uma luta sem igual. Não pode ser equiparada nem com a luta do início da Tribulação, quando o rei vindo do Norte (Ez 38-39) se levantará contra Israel. No final dessa grande batalha Jesus, o Cordeiro, julgará a partir de Sião e colocará um ponto final no conflito. É disso que fala Joel 3.14,17: “Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do Senhor está perto, no vale da Decisão. Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela”.
Como todos os outros profetas, Joel viu apenas alguns fatos relevantes do futuro. Por essa razão, muitos eventos distantes não são mencionados no livro de Joel. Mas quando pesquisamos em outros livros da Palavra de Deus, adquirimos uma visão panorâmica geral e exata do decorrer específico da profecia. Ao estudar as profecias, é importante reconhecer sempre do que o profeta está falando, a que ele está se referindo, a qual acontecimento ele está aludindo. Os profetas nem sempre relatam suas visões proféticas de forma cronológica e completa.
O “Dia do Senhor” não é o “Dia de Jesus Cristo” (Arrebatamento), igualmente mencionado na Bíblia. O “Dia do Senhor” diz respeito à volta visível de Cristo, quando Seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras (Zc 14.4).
O “Dia do Senhor” não é o “Dia de Jesus Cristo” (Arrebatamento), igualmente mencionado na Bíblia. O “Dia do Senhor” diz respeito à volta visível de Cristo, quando Seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras (Zc 14.4). Isso é muito importante para encaixá-lo corretamente na profecia bíblica. Também é importante saber sempre em que época nos encontramos dentro da cronologia profética da Bíblia. A profecia nos ajuda a reconhecer o quanto estamos próximos de eventos bíblicos como o Arrebatamento, das dores de parto dos tempos finais, etc. Exatamente isso torna a Bíblia tão atual! Muitos crentes dizem: “Não exagerem tanto com a profecia bíblica. O que importa é que Jesus nos ama!” Mas a Bíblia é 30% profecia, ou seja, 1/3 da Palavra de Deus é profecia! O que fazem os cristãos quando chegam a 2 Pedro 1.19, que diz: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”? Talvez leiam os versículo 18 e 20 mas, na hora de ler o versículo 19, têm problema de falta de foco em sua visão. Onde encontramos a verdadeira profecia? Somente na Palavra de Deus, na Bíblia! Por essa razão deveríamos ser muito precavidos em relação a tantos profetas auto-proclamados e a profecias particulares. Para ter esse discernimento, é necessário que conheçamos muito bem a Palavra de Deus, a Sagrada Escritura.
Atente à palavra profética! Seja vigilante e reconheça o tempo em que vivemos!
3. Palavra de Deus (Evangelho):
Onde encontramos a verdadeira profecia? Somente na Palavra de Deus, na Bíblia! Por essa razão deveríamos ser muito precavidos em relação a tantos profetas auto-proclamados e a profecias particulares. Para ter esse discernimento, é necessário que conheçamos muito bem a Palavra de Deus, a Sagrada Escritura.
Podemos crer que o pai de Joel ensinou-lhe a devida reverência à Palavra de Deus. Seu nome lembra disso, pois Petuel significa “convicto de Deus”, “simplicidade divina”. Quando estamos convictos de alguma coisa, podemos transmiti-la de forma mais convincente, de todo o coração. Foi o que Joel fez em toda a sua simplicidade. Ele não diz: “Aqui tenho a palavra do Senhor e vou indicar o rumo para vocês”. Ele se inclui e fala de “nosso Deus” (Jl 1.16). Também dirige-se a pessoas individualmente: a sacerdotes, a anciãos, ao povo de Israel. E o profeta também tem uma mensagem para os povos gentios. Com isso vemos que a Palavra de Deus diz respeito a todos e se dirige a todos. A mensagem do livro também cabe dentro do Novo Testamento: o que o Evangelho diz, é dito igualmente pelo livro de Joel.
A Palavra de Deus, o Evangelho, nos conclama a quê?
A narrar: “Narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração” (Jl 1.3). Nós, você e eu, temos a incumbência de ir e pregar o Evangelho às pessoas. No Salmo 96.3 está escrito: “Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas”.
A despertar: “Ébrios, despertai-vos e chorai; uivai, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque está ele tirado da vossa boca” (Jl 1.5). Esse versículo é uma conclamação de despertamento vinda da parte de Deus para o povo de Israel, mas é válido para nós também. As pessoas precisam ser acordadas. Precisamos dizer-lhes que necessitam de Jesus. Um chamado ao despertamento não pode ser em tom baixo e suave. Certa vez entrei no quarto da minha filha porque era tarde e ela ainda estava escutando música. Aí vi que ela adormecera apesar da música. Ela nem ouviu quando a chamei. Tive de sacudir sua cama para que ela acordasse. A nós fica a pergunta: em que sentido precisamos ser despertados e acordados? Em que área da nossa vida a Palavra de Deus precisa nos sacudir outra vez?
A se converter: “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Jl 2.12-13). O capítulo 2 fala que devemos dar meia-volta. Converter-se não é um ato exterior como, por exemplo, rasgar as vestes. O renascimento somente acontece quando a meia-volta é de todo o coração. Por isso Joel repete duas vezes a sua conclamação. Novo nascimento não é apenas voltar-se para Deus exteriormente; a reviravolta precisa vir de dentro para fora. Não basta levantar a mão durante um culto evangelístico. Primeiro precisa haver uma decisão de coração, e então seguem-se os atos exteriores. É o que Joel diz em alto e bom som ao povo de Israel, e é o que precisamos hoje, você e eu: uma decisão de coração, uma meia-volta, um retorno ao Pai do céu. Então nosso rumo estará corrigido, e ele será em direção a Jesus Cristo. É o que vemos no capítulo 3.
As pessoas precisam ser acordadas. Precisamos dizer-lhes que necessitam de Jesus. Um chamado ao despertamento não pode ser em tom baixo e suave.
Invocar o nome do Senhor: “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo...” (Jl 2.32). Depois da meia-volta acontece a salvação pela invocação do nome de Jesus. Apenas quem O invoca é salvo. Por isso Paulo cita essa passagem: “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.12-13). Em qualquer situação nesta semana, neste mês, neste ano, podemos ter certeza: Jesus está aqui, e com Ele está a salvação! Então poderemos experimentar o que o povo de Israel experimentou:
Mudança: “Eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que mudarei a sorte de Judá e de Jerusalém...” (Jl 3.1). Justamente para o povo de Deus a transformação é tão importante. Israel voltará a florescer e a crescer: “Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a figueira e a vide produzirão com vigor” (Jl 2.22). Isso pode e deve ser assim na sua e na minha vida: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Deus é o futuro de Israel e seu forte refúgio: “...o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel” (Jl 3.16). E Ele quer ser essa segurança também para você: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28).
Deus habitará com Seu povo e Jerusalém será santa: “Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela” (Jl 3.17). Exatamente assim Ele habita entre nós (1 Co 6.19) e nós também somos santos (Cl 3.12).
O Senhor habitará e ficará para sempre em Sião: “...o Senhor habitará em Sião” (Jl 3.21). Da mesma forma Ele estará para sempre conosco, até o fim dos dias: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20).
Diariamente podem acontecer transformações na sua e na minha vida – confiemos que Deus tem o poder de executá-las! A Palavra de Deus é a base de tudo na vida. Você pode se apoiar nela completamente!
Joel é um livro cheio de promessas: 1. Que Deus está do lado de Sua terra e do Seu povo Israel. 2. É cheio de profecia – para Israel e para todos os povos. 3. Contém até mesmo o claro Evangelho para nós hoje.
O Senhor está acima de tudo, e por isso o nome de Joel significa que o Senhor é Deus acima de tudo! Deus também é o Senhor da sua vida? Se Ele for seu soberano, então você pode enfrentar o futuro confiadamente! (Johannes Vogel - http://www.beth-shalom.com.br)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

CRISTÃOS ESQUECIDOS

O SILÊNCIO RELIGIOSO SOBRE A PERSEGUIÇÃO CRISTÃ

Por que o pastor iraniano encarcerado Youcef Nadarkhani não é conhecido dos ativistas, políticos e cidadãos do Ocidente?



Neste mês, o pastor Youcef Nadarkhani (foto) completa mil dias de cárcere em Lakan, uma notória prisão no norte do Irã. Acusado de apostasia, o Sr. Nadarkhani encara uma sentença de morte por não renegar sua fé cristã, que é sua religião desde a infância. Embora ele seja um exemplo de devoção sincera e represente o que acontece com outros milhões que sofrem a mesma repressão, a história dele é pouco conhecida.
A coragem do Sr. Nadarkhani e a tenacidade de seus apoiadores – muitos deles meros fiéis espalhados pelo Twitter e outras redes sociais alertando o mundo para essa situação – lembram grandes campanhas pelos direitos humanos dos últimos tempos: a luta contra o apartheid na África do Sul e a mobilização para ajudar os judeus soviéticos a emigrarem dos países da Cortina de Ferro. Assim como Mandela representou a oposição ao racismo na África do Sul e Anatoly Sharansky exemplificou as justas demandas dos judeus soviéticos, o Sr. Nadarkhani hoje simboliza a situação crítica a qual líderes da Igreja alegaramm que 100 milhões de cristãos espalhados pelo mundo sofrem.
Mesmo assim o Sr. Nadarkhani não tem praticamente nenhum reconhecimento se comparado aos Srs. Mandela e Sharanski. Apesar da crescente brutalidade com que se alvejam os cristãos – atentados à bomba na Nigéria, discriminação no Egito (cristãos são presos lá até mesmo por construírem ou reformarem igrejas) e decapitações na Somália – os americanos continuam amplamente desinformados sobre o quão crítica a situação se tornou, particularmente no mundo islâmico e nos países comunistas como a China e Coreia do Norte.
A principal razão pela qual a opinião pública não foi alertada sobre a perseguição de cristãos é o fato de vários líderes das várias igrejas ignorarem ou tergiversarem a respeito do problema. Se não houver pronunciamentos enérgicos sobre esse assunto, então é falta de realismo esperar que os governos democráticos o façam.
Pegue o Vaticano como exemplo. Em várias ocasiões nos últimos anos, o Papa Bento XVI falou sobre a perseguição de cristãos no Egito, Paquistão, Somália e outros lugares. Mas nem o Papa nem um oficial sênior do Vaticano propuseram uma opção política para combater essa repulsiva tendência. Algumas dessas opções podem ir desde uma vinculação comercial e assistência financeira de modo a demonstrar um comprometimento com a liberdade religiosa, até melhorar a segurança em igrejas e outras instituições ou reforçar a ajuda militar a países como Nigéria e Quênia, onde milícias islâmicas estão aterrorizando os cristãos.
Nos Estados Unidos, cleros de todas as denominações, especialmente os influentes evangélicos, poderiam levantar na Casa Branca e no Departamento de Estado os arquivos sobre a perseguição aos cristãos. As condições são propícias para uma campanha pública organizada e os esforços judiciais em nome dos judeus soviéticos oferecem um modelo valioso.
Vinte e cinco anos atrás, uma passeata em Washington D.C. pela causa dos judeus soviéticos atraiu mais de 250.000 participantes de todos os setores da comunidade judaica. Dado que uma parte significativa dos 250 milhões de cristãos deste país é engajada politicamente, não é exagero acreditar que uma iniciativa semelhante em nome dos cristãos perseguidos poderia atrair uma multidão de mais de um milhão.
Mas para isso acontecer, primeiro é preciso um mar de mudanças no pensamento dos líderes das igrejas ocidentais. Para começar, eles devem se despir da aura de ingenuidade que turva seus testemunhos a respeito das perseguições. Ao longo dos anos sombrios da existência da União Soviética, os bispos ortodoxos se desesperaram com a disposição dos forasteiros para tomar ao pé da letra as suas garantias – oferecida com o olhar nervoso das autoridades – de que a vida não era tão ruim assim. Podemos constatar uma tendência similar hoje em dia em relação ao mundo islâmico.
Líderes cristãos dos países muçulmanos estão preocupados se sobrevivem para um novo dia. Podemos ajuda-los não entrando em diálogos insossos, mas compelindo seus governantes a respeitarem a liberdade de culto, bem como seu desejo de conter a enxurrada de cristãos que fogem da opressão para portos mais seguros.
As igrejas também precisam dar um reset nas suas prioridades. É uma amarga ironia que Israel, o único país no Oriente Médio onde os cristãos podem viver em liberdade, seja o principal foco de opróbrio das igrejas.
Numa convenção anual realizada neste mês, presbiterianos da América aprovaram uma campanha de desinvestimento visando comunidades judaicas na Cisjordânia. O Pastor Nadarkhani não foi sequer mencionado. Nos dias de convenções episcopais, mais tarde, as resoluções sobre Gaza e o processo de paz israelense-palestino entraram na pauta, mas o pastor iraniano foi igualmente ignorado. Quanto aos atentados às igrejas na África e na Ásia, é como se eles nunca tivessem acontecido.
Ben Cohen mora em Nova York e é escritor de assuntos relacionados à política internacional.
Keith Roderick é padre episcopal na Diocese de Springfield, Illinois.
Tradução: Leonildo Trombela Junior

sábado, 14 de julho de 2012

IGREJA EVANGÉLICA INDÍGENA

Igreja Evangélica Indígena completa 100 anos de existência
 
por Valder Damasceno em 14 de julho de 2012
Este ano a Igreja Evangélica Indígena está comemorando 100 anos de existência. O centenário será comemorando durante o 7º Congresso Nacional do CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas), que acontecerá na cidade de Chapada dos Guimarães, interior do Mato Grosso, entre os dias 18 e 22 de julho.


A primeira ação missionária que deu origem a igreja aconteceu no ano de 1912, começando um importante trabalho com as comunidades indígenas brasileiras. Atualmente, os próprios indígenas contribuem para o crescimento da igreja, evangelizando os próprios parentes e outros membros da comunidade, conforme informou Ricardo Poquiviqui, pastor e secretário executivo da Missão UNIDEMAS.


“Nos últimos dez anos testemunhamos um crescimento inédito em termos de evangelização dos povos indígenas no Brasil. Este avanço foi alavancado por vários movimentos missionários entre as agências que trabalham em muitos campos indígenas, sejam elas de acesso fácil ou não”, relataram Henrique Terena e Joshua H. Chang, no prefácio do livro comemorativo “CONPLEI – Movimento da 3ª onda missionária.

As programações do evento em comemoração aos 100 anos da Igreja Evangélica Indígena tais como palestras, devocionais, músicas e testemunhos, serão conduzidas pelos próprios índios.

http://noticias.gospelmais.com.br/igreja-evangelica-indigena-completa-100-anos-existencia-39262.html.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

PODER GLOBAL E RELIGIÃO UNIVERSAL


As engrenagens de um engodo espiritual.

A rigor, Poder Global e Religião Universal (Ecclesiae, 2012), do Monsenhor Juan Claudio Sanahuja, não traz informações novas nem secretas, mas traz informações fundamentais expostas de forma ordenada, o que lhes dá uma inteligibilidade que geralmente lhes falta, ainda as reputando a personagens e iniciativas bastante concretas – com o que dá nome aos bois. O leitor brasileiro que opina sobre política já não tem desculpas para ignorar ou dar de ombros diante do projeto totalitário de governo mundial que canta como sereia à elite do ocidente: isso, porque tanto A verdadeira história do Clube Bilderberg (Planeta, 2006), do jornalista espanhol Daniel Estulin, como Corporação (Cultrix, 2008), do scholar inglês Nicholas Hagger, estão publicados no Brasil – claro, são só uma ponta do iceberg, mas pelo menos são uma ponta que abre caminho em nosso mercado editorial. Caminho esse, enfim, que é o mesmo do livro de Mons. Sanahuja, que ainda acrescenta uma peculiaridade aos estudos da matéria: o enfoque da “espiritualidade” que há décadas vem sendo forjada e promovida como caixa de ressonância na qual, para o cidadão comum, fará sentido a destruição sistemática de tudo que de mais honrado temos.

Livros como False Dawn, de Lee Penn, interessam-se mais pela “doutrina” (Helena Blavatsky, Alice Bailey, Barbara Hubbard, Teilhard de Chardin etc.), se assim podemos chamá-la, e pelos grandes promotores da religião universal que se quer baixar como decreto. Já ao Mons. Sanahuja interessam os estratagemas com os quais se baixam o decreto: o desenvolvimento de novos “paradigmas éticos” e “paradigmas religiosos” em uma operação multilateral – e cujo controle foge até mesmo aos grandes engenheiros sociais – de imposição de definições sempre mutáveis de “direitos humanos”, “desenvolvimento sustentável” e outras belas palavras que o leitor bem conhece, e cuja fonte irradiadora próxima o autor localiza nas grandes conferências internacionais da década de 1990, inspiradas no Relatório Kissinger (1974). Mas vamos por partes.

Primeiro: em que consiste o projeto de uma nova religião universal? Consiste na tentativa de “dar uma resposta única e universal a todas as questões que possam ser propostas pelos seres humanos, em qualquer situação em que se encontrem e onde quer que estejam. Para tanto, é necessário, como é lógico, colonizar a inteligência e o espírito de todos e de cada um dos habitantes do planeta”, especificamente através de um “credo religioso”, de todo oposto ao cristianismo (“a ética judaico-cristã não poderá ser aplicada no futuro”, afirmou Hiroshi Nakajima, ex-diretor geral da OMS). O leitor mais precavido poderá fazer um muxoxo ao tentar se lembrar de quando viu, se viu, algum João Batista a pregar o novo Messias da ONU. De fato, são raros os sacerdotes de um novo culto paramentados em praça pública a anunciar seu credo. Mas existem muitos burocratas, ongueiros e professores simpáticos a distribuir, como se fez em setembro do ano passado, em Recife, 50 mil exemplares da Carta da Terra (documento oficial da ONU) em forma de cordel a crianças de escolas públicas (
http://www.recife.pe.gov.br/2011/09/30/prefeitura_do_recife_lanca_carta_da_terra_em_literatura_de_cordel_179066.php ). É um dos principais documentos da “espiritualidade ecologista” que põe homem e besta no mesmo nível, ao estilo de um panteísmo verde grosseiro à la Mikhail Gorbachev e sua Cruz Verde Internacional, cujos agentes defendem publicamente a substituição dos Dez Mandamentos pelo decálogo da Carta.

É tortuoso o percurso até a elaboração de um documento como esse. Em 1991, aponta Mons. Sanahuja, uma das agendas de trabalho da UNESCO dava conta da elaboração de uma “ética universal de vida sustentável”. De forma muito clara ali era posta a pedra fundamental do discurso ambiental alarmista que hoje conhecemos bem: “É necessário lembrar a verdade indiscutível de que os recursos disponíveis e o espaço da Terra são limitados” (UNESCO, Diez Problemas Prospectivos de Población, Documento de Trabajo, Caracas, Febrero 1991, pp. 6-9).

Vale a pena aqui citar mais extensamente Poder Global e Religião Universal:

“Nestes documentos de trabalho, a nova ética aparece quase como um paradigma messiânico: um ‘chamado a viver uma nova ética que terá que iluminar as interrelações complexas entre os fatores econômicos, o meio-ambiente e a população’. Seus preceitos, afirmam, deverão guiar a tomada de decisões dos governos, já que estas ‘não deverão ser consideradas como medidas sobre assuntos nacionais, mas sobre assuntos de interesse internacional’, pois, por exemplo, o alto crescimento demográfico de um país pobre cria necessariamente um fluxo migratório para países com melhor nível de desenvolvimento, os quais não têm capacidade de acolher novos imigrantes.”

Apontava-se, no mesmo documento, a necessidade de frear o desenvolvimento industrial em países do terceiro mundo (“o progresso industrial dos países desenvolvidos não se estenderá aos Países do Terceiro Mundo”) com vistas a preservar o meio ambiente; mas, de modo incompreensível, chama atenção Mons. Sanahuja, “o documento acrescenta que a única causa de degradação ambiental nesses países é o fator demográfico, e que é intolerável que ‘os pobres, que serão a maioria no futuro, prejudiquem os ecossistemas do mundo para conseguir se desenvolver a qualquer preço’”.

O que ali se plantava depois se colheria nos Princípios para viver de forma sustentável (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, 1991), em que se lê que “deve-se alcançar o equilíbrio entre a capacidade de carga da Terra, o volume da população e os estilos de vida de cada indivíduo”. Poucos poderiam, à época da apresentação desses princípios, imaginar que a massificação do aborto e do gayzismo seriam meios de salvar o planeta... É que não se pode perder de vista o que Mons. Sanahuja chama de “paradigma da reinterpretação dos direitos humanos”, assentado sobre a idéia de que os direitos humanos são “evolutivos”. Por exemplo, a Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW, 1979) reivindicara programas de “planejamento familiar”. Posteriormente o comitê de monitoramento dessa convenção “interpretaria” tal reivindicação como referência ao estímulo à esterilização, à contracepção e ao aborto, sem que nada disso constasse no texto original. Mais absurdo é o caso do comitê de monitoramento do Tratado Internacional contra a Tortura, que, por uma hermenêutica jurídica feérica, interpretaria o impedimento ao aborto como um ato de tortura contra a mulher.

Notem que isso não se limita a discussões chiques em salões da ONU: em 2009, o Comitê contra a Tortura efetivamente aplicou tal interpretação ao julgar que a Nicarágua, ao proibir o aborto terapêutico, violava o tratado.

Aliás, muitos desses documentos sequer necessitam ter vigência no direito internacional para que “painéis intergovernamentais” se ponham a trabalhar no que em curto prazo já será matéria universitária respeitável e, em seguida, política de governo. Um exemplo são os “Princípios de Yogyakarta”, que, embora não contem com o aval da “comunidade internacional”, vão pouco e pouco divulgando os “direitos humanos em perspectiva homossexual” através de estudos acadêmicos e cumplicidade de autarquias governamentais. Como se vê, atira-se de todos os lados, mas o alvo é um só: pois a destruição dos modelos correntes de sociabilidade (casamento gay, etc.) e a completa desvalorização da vida humana (aborto, etc.) são aríetes a abrir caminho para um novo projeto civilizacional, cujo esteio popular é o bom-mocismo da devoção ecológica à “Terra como Grande Mãe, Magna Mater, Inana e Pachamama”, como disse Leonardo Boff – sim: o homem é ainda hoje muito influente – na Assembléia Geral das Nações Unidas em 2009.

Os capítulos 5 e 6 de Poder Global e Religião Universal, “A confusão dentro da Igreja” e “Notas para uma conduta cristã”, endereçam-se especialmente ao leitor católico, delineando estratégias de oposição ao presente estado de coisas. Curiosíssima é a resenha apresentada, no capítulo quinto, de um livro pouco conhecido, o romance Os três diálogos e o relato do Anticristo, escrito em 1900, do filósofo russo Vladimir Soloviev. Trata-se de uma distopia em que o diabo, no fim dos tempos, apresenta-se como “pacifista”, “ecologista” e “ecumenista”... O leitor há de julgar o que vai ou não de profético aí.

O livro do Mons. Sanahuja se encerra com dois apêndices: o artigo “Obama e Blair. O messianismo reinterpretado”, do filósofo belga Michel Schooyans (que inclusive viveu no Brasil), tratando do governo Obama no que diz respeito, por exemplo, a políticas abortistas; e a conferência “A Terra e seu Caráter Sagrado”, que a irmã canadense Donna Geernaert apresentou no Plenário da União Internacional de Superioras Gerais (UISG, Roma, 2007), e a qual ilustra bem o modo como pessoas de dentro da Igreja pervertem a verdade de Cristo e a põem a serviço da adoração da “Mãe Terra” do novo culto sem altar.


Ronald Robson
é jornalista e ensaísta